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Análise da Prática Social em Educação Física: Um Estudo em uma Escola Municipal, Manuais, Projetos, Pesquisas de Cultura

Este relato descreve o processo de elaboração de um plano de ensino semestral de educação física na escola municipal adentrei, com ênfase na análise documental e social da prática. O autor identifica a ausência de um referencial teórico sobre os aspectos motores e a necessidade de abordar aspectos culturais e sociais. Após entrevistas individuais e coletivas, o autor identifica a ausência de conhecimento sistematizado sobre jogos e brincadeiras populares, e propõe experiências de aprendizagem para socializar o saber sobre a cultura popular brasileira.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2022

Compartilhado em 07/11/2022

A_Santos
A_Santos 🇧🇷

4.4

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SISTEMATIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS DA CULTURA CORPORAL NA
EDUCAÇÃO INFANTIL: JOGOS E BRINCADEIRAS.
Caio Henrique Caldato Ferreira
EMEI Parque Internacional
O presente relato narra o trabalho desenvolvido nas aulas de Educação Física
escolar na Escola Municipal de Educação Infantil “EMEI Parque Internacional”, localizada no
bairro Parque Internacional no município de Campo Limpo Paulista, Estado de São Paulo. A
escola atende cerca de 120 alunos, organizados em 8 turmas, sendo 3 turmas de 1° etapa (4 e 5
anos) e 5 turmas de 2° etapa (5 e 6 anos), nos períodos manhã e tarde. Adentrei nessa unidade
escolar em meados do mês de março, com a missão de elaborar um plano de ensino semestral,
após o início do ano letivo. De início encontrei algumas dificuldades que a maioria dos
professores recém formados encontram em seu primeiro ano de docência: Qual o ponto de
partida? E qual o ponto de chegada? Quais conteúdos trabalhar? E Por que devo trabalhar esses
conteúdos? De fato, esses não foram os únicos questionamentos, mas aqueles que me levaram
a refletir sobre a elaboração do plano de ensino.
Após os momentos de reflexões acerca das dificuldades encontradas, dei início a
uma jornada de pesquisas, partindo da análise dos documentos primordiais para o embasamento
do plano de ensino. O primeiro documento que tive acesso foi o Caderno de orientações
didáticas para a educação infantil”, elaborado pela Secretaria Municipal de Educação, no qual,
encontrava-se presente na escola, a respeito da Educação Física, o documento elencava alguns
aspectos motores que deveriam ser trabalhados durante o ano letivo como coordenação motora
global, coordenação motora fina, esquema corporal, lateralidade e orientação espacial e
temporal, logo identifiquei que tal documento apresentava aspectos motores do
desenvolvimento e a ausência de um referencial teórico sobre os mesmos, deixando de lado
aspectos culturais e sociais da Educação Física. O outro documento que busquei analisar foi o
projeto político pedagógico da escola (PPP), porém fui informado pela coordenação da escola
que o mesmo encontrava-se na Secretária Municipal de Educação para a análise dos anexos
inseridos. Por fim, busquei ter acesso as Diretrizes Curriculares da Educação Básica Municipal
e o currículo municipal, e também fui informado que ambos estavam em fase de elaboração
pela Secretaria de Educação do município, juntamente com os professores da rede e a sociedade.
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SISTEMATIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS DA CULTURA CORPORAL NA

EDUCAÇÃO INFANTIL: JOGOS E BRINCADEIRAS.

Caio Henrique Caldato Ferreira EMEI Parque Internacional

O presente relato narra o trabalho desenvolvido nas aulas de Educação Física escolar na Escola Municipal de Educação Infantil “EMEI Parque Internacional”, localizada no bairro Parque Internacional no município de Campo Limpo Paulista, Estado de São Paulo. A escola atende cerca de 120 alunos, organizados em 8 turmas, sendo 3 turmas de 1° etapa (4 e 5 anos) e 5 turmas de 2° etapa (5 e 6 anos), nos períodos manhã e tarde. Adentrei nessa unidade escolar em meados do mês de março, com a missão de elaborar um plano de ensino semestral, após o início do ano letivo. De início encontrei algumas dificuldades que a maioria dos professores recém formados encontram em seu primeiro ano de docência: Qual o ponto de partida? E qual o ponto de chegada? Quais conteúdos trabalhar? E Por que devo trabalhar esses conteúdos? De fato, esses não foram os únicos questionamentos, mas aqueles que me levaram a refletir sobre a elaboração do plano de ensino.

Após os momentos de reflexões acerca das dificuldades encontradas, dei início a uma jornada de pesquisas, partindo da análise dos documentos primordiais para o embasamento do plano de ensino. O primeiro documento que tive acesso foi o “Caderno de orientações didáticas para a educação infantil”, elaborado pela Secretaria Municipal de Educação, no qual, encontrava-se presente na escola, a respeito da Educação Física, o documento elencava alguns aspectos motores que deveriam ser trabalhados durante o ano letivo como coordenação motora global, coordenação motora fina, esquema corporal, lateralidade e orientação espacial e temporal, logo identifiquei que tal documento só apresentava aspectos motores do desenvolvimento e a ausência de um referencial teórico sobre os mesmos, deixando de lado aspectos culturais e sociais da Educação Física. O outro documento que busquei analisar foi o projeto político pedagógico da escola (PPP), porém fui informado pela coordenação da escola que o mesmo encontrava-se na Secretária Municipal de Educação para a análise dos anexos inseridos. Por fim, busquei ter acesso as Diretrizes Curriculares da Educação Básica Municipal e o currículo municipal, e também fui informado que ambos estavam em fase de elaboração pela Secretaria de Educação do município, juntamente com os professores da rede e a sociedade.

Dado a análise documental, o próximo passo foi realizar a análise da prática social dos alunos e da comunidade local, entendemos a prática social a partir da concepção do materialismo histórico e dialético: É o saber acumulado pelo ser humano através de sua história. Neste sentido, a prática social é, por um lado, ação, prática, e por outro lado, conceito dessa prática que se realizou no mundo dos fenômenos materiais e que foi elaborado pela consciência que tem a capacidade de refletir essa realidade material. (TRIVIÑOS, 2006, p.121) Para chegar em uma análise mais elaborada da prática social, o processo se materializou a partir de entrevistas individuais com os alunos, entrevistas em grupo (rodas de conversa) e relatos narrados pela coordenação pedagógica sobre as características familiares dos alunos. Após identificadas as características culturais presente na comunidade local, de uma vasta e rica diversidade étnico-racial, posteriormente a identificação da prática social dos alunos, tendo um dos aspectos levantados a ausência do conhecimento sistematizado acerca dos Jogos e brincadeiras populares , ou seja, a ausência de um conhecimento teórico, que segundo Triviños (2006, p.122) é “um conjunto de conceitos sistematicamente organizados e que reflete a realidade dos fenômenos materiais sobre a qual foi construída e que serve para descrever, interpretar, explicar e compreender o mundo objetivo”. Eis que me deparo novamente com os questionamentos acerca dos conteúdos a serem trabalhados. Recorrendo aos documentos norteadores, as leis educacionais e a Base Nacional Comum Curricular, é encontrado o objeto de estudo da Educação Física na Educação Básica, a Cultura Corporal, e suas unidades temáticas. Agora com uma base mais sólida para a elaboração do plano de ensino, busquei pressupostos teóricos-metodológicos na Pedagogia Histórico-crítica para fundamentar meu trabalho pedagógico. Concebida por Dermeval Saviani, essa pedagogia de caráter revolucionário é baseada no materialismo histórico e dialético de Karl Marx, com fortes afinidades com a psicologia histórico-cultural da “Escola de Vigotski”. Nessa teoria: “A educação é entendida como o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”. (SAVIANI, 2005, p. 36). Os princípios didáticos metodológicos consistem em cinco momentos, representados por uma a) prática social inicial; b) problematização; c) instrumentalização; d) catarse; e) prática social atualizada. Através da Pedagogia Histórico-crítica consegui elencar os conteúdos a serem trabalhados naquele semestre com as turmas da 1° e 2° etapa, tendo como conteúdo da Cultura Corporal os Jogos e Brincadeiras, seguido pelo subtema: Jogos e Brincadeiras da Cultura

produzida na II Semana da consciência negra, promovida pela Universidade Federal do Pará. Para os Jogos e Brincadeiras de Origens Europeias, utilizei uma apostila de “Jogos Tradicionais: Países da União Europeia”, elaborada pela Comissão Europeia, contendo jogos tradicionais de 12 países da União Europeia, disponibilizada na Biblioteca de Informação Europeia em língua portuguesa. O último eixo temático jogos e brincadeiras populares do Brasil, seria norteado por uma pesquisa realizada pelos familiares enviada através dos alunos, os familiares deveriam preencher a folha conforme as orientações, inserindo um Jogo ou brincadeira popular de uma região do Brasil. Nesse eixo temático iriamos socializar as pesquisas e escolher quais Jogos ou brincadeiras que as crianças gostariam de fazer, identificando as características semelhantes com os jogos e brincadeiras já jogados e brincados em outro eixo temáticos. A sistematização dos conteúdos propostos resultaram além do plano de ensino, um material de apoio, que reunia a descrição de todas aulas que seriam ministradas durante o semestre, os instrumentos e estratégias de ensino a serem utilizados, a metodologia adotada e os instrumentos de avaliação, o conjunto dessas aulas foi denominado “Unidade Didática”. O primeiro eixo temático da Unidade Didática a ser trabalhado foi o “Jogos e Brincadeiras da Cultura Indígena”, desenvolvido durante 6 aulas, em todas aulas foram utilizados recursos audiovisuais (vídeos de curta-metragem e filmes); Sonoros (caixa de som e instrumentos musicais para ambientação do eixo temático) e registro fotográfico para composição de amostra fotográfica para reunião de pais. A “aula 1” foi a apresentação do eixo temático com um curta- metragem dos Jogos e Brincadeiras da Cultura Indígena, da Aldeia dos Índios Panará:

E em seguida realizamos uma “dança circular indígena”, em preparação para os rituais de luta, introduzi aos alunos o significado/sentido das lutas praticadas nas aldeias indígenas e os convidei a vivencia e aprender a luta corporal (sem agressão física). A luta é uma manifestação cultural presente em diversas tribos e aldeias indígenas no Brasil, sua prática está relacionada a celebrações de rituais, casamentos, e até mesmo nas brincadeiras infantis. A brincadeira proposta para essa aula, consistiu na luta agachada, na qual, as crianças em duplas, agachadas teriam que empurrar o parceiro da dupla até o mesmo encostar o “bumbum” no chão.

No final da aula, na roda de conversa, levantamos a questão da força física utilizada para impulsionar o corpo contra o colega durante a luta. Na “aula 2” vivenciamos duas brincadeiras. Tivemos um diálogo inicial sobre diversas maneiras de fazer uma peteca com os mais variados materiais possíveis. Apresentei uma peteca feita de borracha e pena de pássaro, fornecida pela escola. Em seguida instrumentalizei o movimento do “rebater”, e solicitei para que os alunos formassem duplas e trocassem as petecas entre si, exercitando o movimento do “rebater”. Na sequência brincamos de “Cobra-cega” conhecida popularmente por esse nome, essa brincadeira também está presente no repertório do povo indígena. Com um tecido vendando os olhos, crianças de diversas etnias e culturas brincam de perseguir umas às outras. Demos início a brincadeira vendando os olhos de uma criança, e pedindo para as demais se espalharem pelo espaço. A criança com os olhos vendados foi instruída a encontrar as outras, segurando-a e tateando para acertar o nome de quem tinha sido pego. Já na “aula 3” apresentei um vídeo sobre como fazer uma peteca com diferentes materiais nas mais diversas regiões e cultura do Brasil (Território do Brincar). Nessa aula a proposta era confeccionar a peteca com palha de milho, assim como as crianças da tribo Panará faziam.

A “aula 4”, consistiu na apresentação do Vídeo sobre as “Espingardinhas” confeccionadas pelos índios Panará (Território do Brincar), essa brincadeira começa pela construção de uma “Espingardinha” feita de pequenos tubos cilíndricos de uma espécie de planta nativa da região, utilizados para disparar uns contra os outros. Dado o fato da especificidade do material, realizei uma adaptação para a confecção das “Espingardinhas”, utilizamos canudos plásticos. Em seguida sugeri as crianças para sairmos em uma expedição de caça pela floresta, disparando nos objetos espalhados pela escola.

A “aula 5”, começamos pela apresentação do vídeo sobre a brincadeira “Corrida de Tora” praticada pelas crianças da Aldeia dos Panará (Território do Brincar). A brincadeira consiste em uma corrida com toras de madeiras sob os ombros, brincada somente por meninos da tribo. Nossa adaptação aconteceu na organização de dois grupos mistos de ambos os sexos. Em seguida todos de cada grupo pegaram a tora do chão e colocaram sob os ombros e percorrerem por um caminho determinado, subsequente realizaram a mesmo percurso, porém com a corrida. Adaptamos também a tora de madeira com canos de pvc agrupados.

Já a “aula 6”, contou com o registro das atividades desenvolvidas, ou seja, desenhos dos alunos sobre todos os jogos e brincadeiras realizados durante o eixo temático. Após o término dos desenhos, cada aluno fez uma apresentação para sala sobre o que havia desenhado.

Dando segmento ao plano de ensino, o próximo eixo temático contemplado foi o “Jogos e Brincadeiras da Cultura Africana e Afro-brasileira”, desenvolvido durante 5 aulas. A “aula 7” começou com apresentação do eixo temático com o vídeo “Foli, there is no movement without rhythm (Foli, Não há Movimento Sem Ritmo)”, sobre os ritmos que são criados durante o cotidiano de uma tribo em Baro, Guineé, África. FOLI é a palavra para ritmo nas tribos Malinké. Após assistir o vídeo fizemos uma contextualização acerca dos elementos culturais identificados durante o vídeo e sobre as possíveis formas de compor ritmos e os diferentes sons que podem surgir de um instrumento ou até mesmo de uma brincadeira.

A “aula 9”, vivenciamos uma prática social contextualizada do teatro folclórico afro-brasileiro, baseado nas manifestações culturais pertinente a Capoeira. A cantiga que utilizamos foi a “Puxada de Rede”. Utilizamos um pedaço de tecido tnt azul, para representar o “mar” e um barco feito de papel para a nossa “jangada”. Convidei os alunos a formarem um roda em volta do tecido, e pedi para que todos segurassem o “Mar” com as mãos. Em seguida perguntei o que tinha no mar, e as repostas eram diversas: peixes, ondas, conchas. Depois pedi para que fizessem ondas com o tecido, enquanto nossa jangada, velejava em alto mar. No fundo a catinga “Puxada de rede” era reproduzida por uma caixa de som.

Vivenciamos também na mesma aula, a brincadeira do “Pegue a Cauda” (Gana e Nigéria). No “pegue a cauda”, adaptamos a dinâmica da brincadeira, ao invés de termos duas equipes formando filas para pegar apenas uma cauda do último jogador da fila, todas as crianças tinham cauda e cada uma era responsável pela sua cauda, possuindo dois objetivos, o de proteger sua cauda e de pegar a do colega, ganhava quem conseguisse pegar mais cauda. As crianças podiam correr por todo espaço livre da escola.

Na “aula 10” contemplamos a brincadeira “Mamba” (África do Sul). Dentro de um perímetro marcado uma criança foi escolhida para ser a “mamba” (cobra). A cobra tinha que correr dentro da área demarcada e tentar apanhar as demais crianças. Quando uma criança era pega, ela tinha que segurar sobre os ombros da criança que representava a cobra e assim sucessivamente. Somente o primeiro jogador (a cabeça da serpente) poderia pegar outras crianças. As outras crianças formavam o corpo da cobra e podiam ajudar na movimentação do corpo.

A segunda brincadeira que aprendemos na “aula 10” foi a do “Pengo Pengo” (Uganda), na qual, duas crianças eram escolhidas para serem os lideres, as demais tinham que escolher entre carne e arroz ou azul e verde. Após a escolha, as crianças eram direcionadas para trás de um líder correspondente a sua escolha_._ Depois que todas as crianças escolheram, cada líder posicionava sua equipe, uma de frente pra outra em linha reta, todos apanhavam a corda para puxar. O líder que fosse puxado para o lado da equipe adversária perdia. Adaptamos a brincadeira para maior aproximação do “Cabo de guerra”.

A “aula 11”, coincidiu com a semana do conselho de classe, ou seja, seria a aula de fechamento dos eixos temáticos trabalhados até a reunião de pais. Contamos com duas brincadeiras nesse dia a primeira foi a “Saltando Feijão” (Nigéria), iniciava com uma criança para ser o “balançador”, aquele que teria a corda em mãos, enquanto os demais se organizavam em uma roda envolta dele. Ao girar a corda no chão, as crianças que estavam entorno tinham que pular a corda para não ser atingido, quem era atingido saia da brincadeira. Em seguida aprendemos o jogo “Iitoti” ou “Meu Deus!” (Maputo e Niassa, cidades de Moçambique): Realizamos uma adaptação ao jogo para melhor compreensão dos alunos a respeito das regras, havia duas esquipes, uma era a construtora e a outra a demolidora. A equipe construtora era