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Este documento aborda os sistemas de aquecimento solar de água no brasil, com foco na medição individual do consumo de água quente. Ele descreve os sistemas de aquecimento solar em circuito direto e indireto, destacando as vantagens e desafios de cada configuração em relação à medição individualizada. O texto também discute a importância da integração entre a concepção do sistema de aquecimento e do edifício para alcançar a racionalização do uso de água e energia. Além disso, são apresentados os principais desafios a serem superados, como a capacitação de projetistas, o desenvolvimento de documentação de referência sobre consumo de água quente e a normatização de componentes e inovações para sistemas de água quente. Relevante para profissionais e estudantes interessados em sistemas prediais de aquecimento de água, eficiência energética e gestão de recursos hídricos.
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
A sustentabilidade ambiental dos edifícios implica, entre outros aspectos, na preservação dos recursos naturais, com o uso racional dos insumos, tais como a água e a energia.
O aquecimento de água no Brasil representa 24% do consumo médio de energia de uma residência, segundo dados do PROCEL (2007). A fonte energética mais empregada é a eletricidade e o equipamento mais largamente empregado para este fim, ainda é o chuveiro elétrico.
Contudo, no contexto da sustentabilidade do ambiente construído, o uso da energia solar como complemento de outra fonte energética é crescente, principalmente no aquecimento de água (energia termosolar).
No Brasil, a parceria da Cohab de Minas Gerais e a Cemig , e o projeto da CDHU e da CEF no Estado de São Paulo são exemplos da aplicação destes sistemas em conjuntos habitacionais de interesse social. Esses projetos propiciam a conservação de energia em áreas onde a distribuição de energia elétrica tem maior precariedade. Algumas cidades brasileiras, tais como Belo Horizonte (uma referência do uso da energia termosolar), Rio de Janeiro, Porto Alegre e São Paulo já apresentam leis específicas para incentivo e uso desta energia. A lei nº 14.459, de São Paulo torna obrigatória a previsão ou instalação de sistema de aquecimento de água com energia solar nas edificações cujos projetos foram aprovados na Prefeitura a partir de 22 de Julho de 2008. Este cenário demonstra certamente uma situação positiva e irreversível para o futuro dos edifícios residenciais nos centros urbanos.
Outro princípio a ser observado, dentro da mesma filosofia da sustentabilidade, é o uso racional de água. O binômio água-energia engloba dois importantes insumos prediais que, se tratados de forma abrangente, trarão grande contribuição à preservação do meio ambiente.
O uso racional de água pressupõe o conhecimento do que se consome, ou seja, a existência de um sistema setorizado de medição. Para tanto, no caso de edificações residenciais unifamiliares torna-se necessária a medição individual da água, com a instalação de um hidrômetro para cada unidade consumidora.
Aqui também se verificam várias iniciativas nos municípios brasileiros, com leis que obrigam a existência da medição individualizada. Além disso, algumas concessionárias de água já estão efetuando a leitura e cobrança dos volumes medidos por hidrômetros individuais, ao invés da simples leitura do medidor principal de cada edifício.
A medição individualizada e o sistema de aquecimento solar trazem a necessidade de novas concepções dos sistemas hidráulicos para os edifícios residenciais. O meio técnico tem como desafio, portanto, propor soluções que atendam a estes novos requisitos sem que sejam onerosos na construção ou que decorram em práticas perdulárias, tanto de água quanto de energia.
Um sistema de aquecimento solar sem a possibilidade da gestão individual do consumo de água poderá provocar nos usuários a sensação de “aquecimento gratuito”, levando a banhos demorados, com o consequente desperdício de água.
O sistema de aquecimento solar convencional - circuito direto
Denomina-se sistema de aquecimento solar em circuito direto aquele em que a água aquecida pelos coletores solares é gerada, armazenada em um reservatório térmico e distribuída diretamente aos pontos de consumo (ver figura 1). Prevê-se junto ao reservatório térmico uma fonte de calor complementar, usualmente gás ou a energia elétrica para os dias de energia solar insuficiente para o alcance da temperatura da água desejada.
A concepção hidráulica de um sistema de aquecimento de água solar convencional contempla colunas de distribuição que alimentam diretamente os ambientes sanitários em que serão realizadas as atividades de consumo. Apresenta a vantagem de distribuir a água quente da fonte aos pontos de consumo pelo menor trajeto, consumindo menor quantidade de materiais na execução e possibilitando menores perdas de calor para o meio ambiente.
No entanto, esta concepção não favorece a adequada instalação da medição individualizada. Isso se deve ao fato de que é necessária a instalação de mais de um medidor em cada unidade autônoma, em locais muitas vezes de difícil acesso, dificultando o sistema de leitura e suas manutenções corretivas e preventivas.
Os sistemas de aquecimento solar em circuito direto e a medição individual de água
Essencialmente, para implementar a medição individualizada de forma correta em um sistema de aquecimento solar de circuito direto seria necessária a instalação de medidores de água quente para cada unidade (ver figura 1). Nesse caso, uma coluna de distribuição de água quente parte da central de geração e retorna, mantendo a água quente em circulação para a manutenção da temperatura. Desta coluna, derivam os ramais de cada unidade, onde são instalados os medidores de água em local acessível e em área comum do condomínio, condição esta fundamental para a administração do sistema de medição.
Somente em situações muito específicas seria possível que cada ramal distribuísse a água quente aos ambientes sanitários da unidade sem que houvesse a previsão de um sistema retorno de água quente.
Figura 1: Sistema convencional de aquecimento solar – circuito direto com medição individualizada.
Uma possibilidade para a concepção do sistema de água quente com medição individual é descentralizar a fonte de energia complementar, instalando aquecedores privativos de passagem ou de acumulação abastecidos pela água pré-aquecida pelo sistema solar (ver figura 1).
A opção entre um aquecedor de acumulação ou de passagem está relacionada basicamente à capacidade de manutenção da temperatura de acordo com a demanda de água quente requerida e com a temperatura ambiente. Nos dois sistemas é possível a instalação de sistemas de recirculação internos à unidade, evitando o desperdício de
Reservatório térmico
Coletores solares
Medidor de água (hall de serviço)
Sistema de distribuição de água quente
Sistema de retorno de água quente
Ramal de distribuição de água quente
Sistema de aquecimento solar em circuito indireto
Nessa configuração, apresentada na figura 3, a água aquecida pelo sistema solar não é a que será consumida, ela circula um sistema fechado (sistema primário) e transfere o calor para trocadores de calor (placas ou reservatórios térmicos) nas unidades autônomas. A água que será consumida (circuito secundário) é medida em conjunto com o restante da água fria e será aquecida ao passar pelo trocador de calor, no qual circula a água aquecida pelo sistema solar.
A regulagem da temperatura é efetuada por válvulas de três vias ou misturadoras na saída do equipamento. O complemento da energia poderá ser realizado através de uma fonte centralizada ou individualizada.
Esta solução é largamente aplicada na Europa e apresenta grandes vantagens sobre o sistema em circuito direto:
O circuito primário ligado com água quente proveniente dos coletores solares transfere calor ao reservatório térmico por meio da serpentina inferior. Se a água atingir a temperatura pré-estabelecida ou superior, não há o acionamento do aquecedor de passagem ligado à segunda serpentina localizada na parte superior do reservatório. Por outro lado, caso o sistema solar não proporcione o aquecimento necessário, o aquecedor de passagem é acionado, complementando a temperatura da água, pela transferência de calor pela serpentina superior. Nesta situação tem-se a redução ou até a dispensa da reserva de água junto aos coletores solares, ficando apenas junto à unidade consumidora, o que requer mais espaço para a sua instalação. Além disso, o sistema de energia complementar pode ser totalmente individualizado.
TERMOSTATO
BOMBA
COLETORESSOLARES
CIRCUITO PRIMÁRIO
CIRCUITO SECUNDÁRIO
DE PASSAGEMAQUECEDOR
RESERVATÓRIO TÉRMICO(2 SERPENTINAS)
ENTRADA DE ÁGUA FRIA
SAÍDA DE ÁGUA QUENTE
T
T
T
CENTRAL
Figura 3: Sistema de aquecimento solar em circuito indireto, com fonte complementar de calor individualizada e reservatório térmico.
Outra opção é o emprego de um trocador de calor no lugar ao invés do reservatório térmico. Nesse caso, instala-se nas unidades apenas o trocador de calor, sendo a reserva de energia no tanque inercial junto aos coletores solares, podendo ou não trabalhar também aqui com trocadores de calor de placas. Na unidade, a água de saída do trocador de calor pode ter ou não a temperatura complementada pelo aquecedor de passagem, pela instalação de uma válvula de três vias regulada para uma temperatura mínima.
TERMOSTATO
COLETORESSOLARES
RESERVATÓRIO TÉRMICO AQUECEDOR DE PASSAGEM
TROCADOR DE CALOR
BOMBA
VÁLVULA TERMOSTÁTICA (3 VIAS) T
T
CENTRAL
SAÍDA DE ÁGUA QUENTE ENTRADA DE ÁGUA FRIA
CIRCUITO PRIMÁRIO
T
Figura 4: Sistema de aquecimento solar em circuito indireto, com fonte complementar de calor individualizada e trocador de calor de placas.
Os sistemas de aquecimento solar em circuito indireto e a medição individual de água
Como o sistema indireto de aquecimento não fornece água quente para consumo e sim energia térmica, a medição de água fica restrita à medição de água fria (ver figura 5).
Assim, cada unidade terá um reservatório para armazenamento de energia térmica, enquanto na cobertura, junto aos coletores solares, é gerada toda a energia necessária para a totalidade de abastecimento de água quente, com a instalação, por exemplo, de geradoras a gás combustível junto ao reservatório térmico principal.
Uma variação desta solução é a adoção de reserva única de energia na cobertura, ficando nos apartamentos apenas um sistema baseado em trocadores de calor por placas ou mesmo por tanques térmicos sem a adoção de aquecedores individualizados. O armazenamento de energia em um único reservatório térmico na central comporta-se de forma mais eficiente do que o armazenamento da energia nos vários sistemas individuais. Em uma simulação para um edifício de 52 unidades em São Paulo, esta solução proporcionou um rendimento 28% maior do que a solução formada por reservatórios térmicos individuais.
Há no mercado internacional equipamentos modernos que agregam todos os dispositivos necessários para transferência do calor proveniente do sistema solar, a regulagem da temperatura de saída, a medição do consumo individual de energia e com a vantagem de ter dimensões similares aos aquecedores de passagem.
Reservatório térmico
Válvula misturadora
Circuito primário
Medidor de Calorias
Medidor de água (hall de serviço)
Coletores solares
Reservatório térmico c/ apoio a gás
Figura 6: Sistema de aquecimento solar em circuito indireto, com fonte complementar de calor central.
Considerações finais
São várias as configurações para o projeto de um sistema de aquecimento solar. O sistema de circuito direto traz a simplicidade de instalação e baixo grau de aplicação de tecnologias (com exceção dos coletores) e consiste no sistema mais comumente empregado no país. No entanto, torna-se complexo a partir do momento em que é aplicado em edifícios altos e populosos, quando se faz necessário o armazenamento de grandes volumes de água quente e a divisão do sistema hidráulico em zonas de pressão diferentes. Quando associado à medição individualizada de água, torna necessária a instalação de medidores na tubulação que conduz água quente, com eficiência de medição de água somente em casos particulares.
Acrescentando novas alternativas de projeto, os sistemas indiretos proporcionam soluções que suprem as deficiências dos sistemas diretos. Por outro lado, implicam em um maior grau de tecnologia aplicada, necessitando que a manutenção seja efetuada por empresas especializadas.
Para os empreendedores e posteriormente para os administradores de condomínios, a utilização de sistemas indiretos apresenta algumas vantagens, tais como: menores dimensões dos reservatórios e menores diâmetros e comprimentos das redes hidráulicas, com percursos minimizados das tubulações nas áreas comuns e, finalmente, a alta pressão de operação, dispensando estações redutoras de pressão.
Porém, entende-se que a viabilidade técnica e econômica de uma concepção que contemple a racionalização do uso de água e energia só será alcançada se os estudos dos sistemas prediais forem realizados em conjunto com a concepção do edifício, permitindo a interação multidisciplinar da equipe de projeto. Não se deve imaginar que existam regras para a escolha da melhor alternativa de aquecimento para toda e qualquer solução arquitetônica e finalidade de um edifício.
A Tabela 1 apresenta um resumo das opções de sistemas de aquecimento de água tendo em vista a medição individual de insumos, independentemente da fonte energética considerada. As alternativas 2 a 4 são aquelas onde pode ser considerada a energia solar.
Sistema de distribuição de água fria
Sistema de distribuição de água quente
Sistema de recirculação de água quente
Ramal de distribuição de água quente