Baixe Sistema de Agua e Esgoto - Dimensionamento e Patologias e outras Resumos em PDF para Hidráulica, somente na Docsity!
São Paulo – SP
PAULO CEZAR CORRÊA VIEIRA
2ª Edição
SUMÁRIO
- 1 INSTALAÇÃO PREDIAL DE ÁGUA FRIA .........................................................................................
- 1.1 Importância da água na vida humana................................................................................
- 1.2 Sistemas de abastecimento .................................................................................................
- 1.2.1 Sistema particular ..........................................................................................................
- 1.2.2 Sistema público..............................................................................................................
- 1.2.3 Sistema misto ................................................................................................................
- 1.3 Sistemas de distribuição .......................................................................................................
- 1.3.1 Sistema direto ................................................................................................................
- 1.3.2 Sistema indireto sem bombeamento ......................................................................
- 1.3.3 Sistema indireto com bombeamento ......................................................................
- 1.3.4 Sistema hidropneumático ..........................................................................................
- 1.4 Reservatórios ...........................................................................................................................
- 1.4.1 Tipos de reservatórios ...................................................................................................
- 1.4.2 Esquema típico de ligações em reservatórios
- 1.4.3 Dimensionamento de reservatórios
- 1.4.4 Roteiro para dimensionamento
- 1.4.4.1 Cálculo da população (P)
- 1.4.4.2 Cálculo do consumo diário (CD)...............................................................
- 1.4.4.3 Cálculo da reserva de incêndio (Ri) .........................................................
- 1.4.4.4 Cálculo da reserva total (VT) ....................................................................
- 1.4.4.5 Cálculo do volume do reservatório superior (RS) ................................
- 1.4.4.6 Cálculo do volume do reservatório inferior (RI)
- 1.4.4.7 Cálculo da altura de incêndio (hi).............................................................
- 1.5 Sistemas de recalque
- 1.5.1 Terminologia nos sistemas de recalque................................................................
- 1.5.2 Dimensionamento......................................................................................................
- 1.5.2.1 Cálculo da vazão (Q) .....................................................................................
- 1.5.2.2 Cálculo do diâmetro de recalque (Dr)
- 1.5.2.3 Cálculo do diâmetro de sucção (Ds)
- 1.5.2.4 Cálculo da perda de carga no recalque (jr)
- 1.5.2.5 Cálculo da perda de carga na sucção (js)
- 1.5.2.6 Cálculo da altura manométrica (Hm)......................................................
- 1.5.2.7 Potência do conjunto motobomba (P) .....................................................
- 1.5.2.8 Controle das pressões no recalque...........................................................
- 1.5.2.9 Cavitação.........................................................................................................
- 1.5.2.10 NPSH – Disponível x Requerido ...............................................................
- 1.6 Instalações prediais de água fria ........................................................................................
- 1.6.1 Composição do projeto hidráulico predial ..............................................................
- 1.6.2 Trechos de uma instalação hidráulica predial
- 1.6.3 Dimensionamento das instalações de água fria....................................................
- 1.6.3.1 Dimensionamento dos sub-ramais
- 1.6.3.2 Dimensionamento dos ramais
- 1.6.3.3 Dimensionamento de colunas de distribuição ......................................
- 1.6.3.4 Dimensionamento de barriletes
- 1.6.4 Ligações prediais ..........................................................................................................
- 1.6.4.1 Dimensionamento do ramal predial
- 1.6.5 Materiais e dispositivos para instalação de água fria .........................................
- 1.6.5.1 Tubos e conexões de ferro galvanizado ...................................................
- 1.6.5.2 Tubos e conexões de cobre.........................................................................
- 1.6.5.3 Tubos e conexões de CPVC ........................................................................
- 1.6.5.4 Tubos e conexões de PPR ............................................................................
- 1.6.5.5 Tubos e conexões de PVC ............................................................................
- 1.6.5.6 Registros
- 1.6.5.7 Registros de gaveta
- 1.6.5.8 Registros de pressão
- 1.6.5.9 Registros de esfera
- 1.6.5.10 Válvulas de retenção
- 1.6.6 Recomendações para execução de I.P.A.F
- 1.6.7 Recomendações para manutenção de I.P.A.F
- 2 INSTALAÇÃO PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO ....................................................................
- 2.1 Esgotos .....................................................................................................................................
- 2.2 Instalação predial de esgoto sanitário ...............................................................................
- 2.2.1 O projeto de instalações de esgoto..........................................................................
- 2.3 Esgoto primário x esgoto secundário................................................................................
- 2.3.1 Esgoto primário .............................................................................................................
- 2.3.2 Esgoto secundário .......................................................................................................
- 2.3.2.1 A caixa sifonada .............................................................................................
- 2.3.3 Ventilação ......................................................................................................................
- 2.4 Traçado de instalações de esgotos ....................................................................................
- 2.5 Identificação dos trechos de uma instalação predial de esgotos sanitários............
- 2.6 Dimensionamento de instalações prediais de esgoto
- 2.6.1 Ramais de descarga .....................................................................................................
- 2.6.2 Ramais de esgoto ........................................................................................................
- 2.6.3 Tubo de queda
- 2.6.4 Dimensionamento de subcoletor ............................................................................
- 2.6.5 Dimensionamento do coletor predial
- 2.6.6 Ramal de ventilação ....................................................................................................
- 2.6.7 Coluna de ventilação...................................................................................................
- 2.6.8 Caixas de esgoto........................................................................................................
- 2.6.8.1 Caixa de gordura .........................................................................................
- 2.6.8.2 Caixas de inspeção
- 2.7 Recomendações para execução de IPES
- 2.8 Recomendações para manutenção de IPES
- 2.9 Problemas recorrentes nas IPES.......................................................................................
- 3 DISPOSIÇÃO FINAL DE EFLUENTES
- 3.1 Fossa séptica
- 3.1.1 Tipos de fossas sépticas
- 3.1.2 Critérios para o uso da fossa séptica......................................................................
- 3.1.3 Dimensionamento da fossa séptica de câmara única
- 3.1.3.1 Caso de fossas sépticas prismáticas
- 3.1.3.2 Caso de fossas sépticas cilíndricas
- 3.2 Fossas de câmaras múltiplas
- 3.3 Sumidouros.............................................................................................................................
- 3.3.1 Sumidouro – conceito e aplicações
- 3.3.2 Teste de infiltração no solo para sumidouros.....................................................
- 3.3.2.1 Ensaio de infiltração em cova prismática-metodologia......................
- 3.3.3 Dimensionamento dos sumidouros
- 4 INSTALAÇÃO PREDIAL DE ÁGUAS PLUVIAIS ........................................................................
- 4.1 Critérios para projeto e execução .....................................................................................
- 4.2 Por que dotar a edificação de uma Instalação de Águas Pluviais?
- 4.3 Terminologia – NBR 10.844:1989
- 4.4 Aspectos do Esgotamento de Águas Pluviais
- 4.5 O sistema de Águas Pluviais
- 4.5.1 Área de contribuição de telhados e acréscimos .................................................
- 4.5.1.1 Conceitos básicos..........................................................................................
- 4.5.2 Dimensionamento de calhas ...................................................................................
- 4.5.3 Condutores verticais..................................................................................................
- 4.5.3.1 Dimensionamento dos condutores verticais
- 4.5.4 Condutores horizontais
- 4.5.5 Materiais para instalações prediais de águas pluviais.....................................
- 5 PATOLOGIAS HIDROSSANITÁRIAS ............................................................................................
- 5.1 Introdução ...............................................................................................................................
- 5.2 Por que estudar as patologias hidrossanitárias?..........................................................
- 5.3 Objetivos .................................................................................................................................
- qualidade das edificações ................................................................................................... 5.4 A importância do estudo das patologias nas instalações hidrossanitárias para a
- 5.5 Instalações prediais de água fria
- 5.5.1 Componentes da IPAF.............................................................................................
- 5.5.1.1 Reservatórios
- 5.5.1.2 Tubulações
- 5.5.2 Principais patologias da IPAF
- 5.5.2.1 Rupturas em tubulações
- 5.5.2.2 Contaminação da água em tubulações e reservatórios
- 5.5.2.3 Vazamentos em tubulações embutidas ................................................
- 5.5.2.4 Ruídos e vibrações
- 5.5.2.5 Incidência de ar nas tubulações
- 5.5.2.6 Desacoplamento em juntas de tubulações plásticas
- 5.6 Instalações prediais de água quente ................................................................................
- 5.6.1 Principais patologias na IPAQ
- 5.6.1.1 Perda de calor nas tubulações de água quente
- 5.6.1.2 Deficiência no aquecimento de água .....................................................
- 5.6.1.3 Deformação e ruptura em tubulações de plástico ...........................................................
- 5.7 Instalações prediais de esgoto sanitário
- 5.7.1 Principais patologias na IPES
- 5.7.1.1 Mau cheiro em instalação de esgotos
- 5.7.1.2 Retorno de espuma......................................................................................
- 5.7.1.3 Entupimentos em tubulações
- 5.8 Instalações prediais de águas pluviais............................................................................
- 5.8.1 Principais patologias na IPAP
- 5.8.1.1 Rompimentos em condutores verticais
- 5.8.1.2 Vazamentos em calhas e condutores
- 5.8.1.3 Entupimentos em calhas e condutores..................................................
- 5.9 Materiais e métodos ............................................................................................................
- 5.9.1 Seleção das unidades para pesquisa
- 5.9.2 Aplicação dos questionários – entrevistas.........................................................
- 5.9.3 Análise estatística
- 5.9.4 Importância do estudo para o pleno desempenho de edifícios residenciais
- 5.10 Resultados e discussão
- 5.11 Instalação predial de água fria – patologias
- 5.11.1 Vazamentos em bacias sanitárias
- 5.11.2 Rupturas em engates flexíveis
- 5.11.3 Trincas em conexões
- 5.11.4 Altas pressões
- 5.11.5 Vazamentos em registros de gaveta .....................................................................
- 5.11.6 Acúmulo de ar na tubulação ...................................................................................
- 5.11.7 Falta de água...............................................................................................................
- 5.11.8 Rompimentos em tubos
- 5.11.9 Motobombas não escorvadas ................................................................................
- 5.11.10 Vibração na tubulação ............................................................................................
- 5.11.11 Vazamentos em chuveiros ......................................................................................
- 5.11.12 Análise das patologias na IPAF x edifícios
- 5.12 Instalação predial de água quente – patologias ...........................................................
- 5.12.1 Aquecimento insuficiente .......................................................................................
- 5.12.2 Rompimento de tubo...............................................................................................
- 5.12.3 Análise das patologias na IPAQ x edifícios .......................................................
- 5.13 INSTALAÇÃO DE ESGOTO PREDIAL – PATOLOGIAS..............................................
- 5.13.1 Mau cheiro ..................................................................................................................
- 5.13.2 Retorno de esgotos ..................................................................................................
- 5.13.3 Ruídos nas tubulações
- 5.13.4 Caixas e ralos sifonados entupidos .....................................................................
- 5.13.5 Caixas de gordura e de inspeção obstruídas .....................................................
- 5.13.6 Retorno de espuma ..................................................................................................
- 5.13.7 Análise das patologias na IPES x edifícios .........................................................
- 5.14 Instalação predial de águas pluviais – patologias ......................................................
- 5.14.1 Infiltrações ..................................................................................................................
- 5.14.2 Retorno de águas pluviais ......................................................................................
- 5.14.3 Entupimento de condutores verticais e horizontais........................................
- 5.14.4 Ruptura em prumadas de águas pluviais ...........................................................
- 5.14.5 Análise das patologias na IPAP x edifícios
- REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................
12 SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO NAS EDIFICAÇÕES
Os sistemas prediais precisam fazer parte da obra com longa vida útil,
afinal a edificação merece “viver” 50 anos com qualidade e o projetista e insta-
lador devem conceber e executar as instalações hidrossanitárias para que haja
pleno uso da edificação.
Assim, podemos considerar que as instalações hidrossanitárias são par-
tes vitais da edificação porque, ao receber um comando do usuário, o sistema
responde com água para os diversos fins no edifício, além da coletar e conduzir
os efluentes para um destino final. Esse conjunto de tubos, conexões e disposi-
tivos hidráulicos diversos dão “vida” ao edifício e garantem que o desempenho
do sistema estará atendendo às expectativas de conforto e qualidade de vida
dos usuários.
1.1 IMPORTÂNCIA DA ÁGUA NA VIDA HUMANA
A vida no planeta teve a sua origem na água e a vida do homem é depen-
dente dela, assim como depende do alimento e do ar.
Como elemento vital, a água representa, aproximadamente, 75% do seu
peso. Assim, houve a necessidade de que o homem fixasse a sua moradia pró-
xima aos cursos de água.
O desenvolvimento tecnológico possibilitou que o abastecimento de água em
áreas urbanas ocorresse por meio de estações de tratamento de água, reserva-
tórios e redes de distribuição para atendimento aos domicílios.
A água para o consumo humano e uso doméstico deve ter características
de potabilidade, tais como: insípida, incolor e inodora. Podemos ainda citar o
pH em torno de 6, entre outras características.
Sendo um elemento indispensável à vida humana, é natural que houvesse
preocupação com a qualidade desse líquido. Abastecer os domicílios foi um
grande avanço, porém não havia a garantia da qualidade da água adequada
para a saúde das pessoas. A necessidade de tratar a água ficou evidente e as
ETAs (Estações de Tratamento de Água) fazem parte dos sistemas de abaste-
cimento, hoje em dia.
Sumariamente, a ETA é formada por etapas e cada uma delas cumpre uma
função fundamental no tratamento da água, senão vejamos:
CAPÍTULO 1 | INSTALAÇÃO PREDIAL DE ÁGUA FRIA 13
Captação – Localizada diretamente nas fontes de água, a captação envia
a água por bombeamento para o primeiro tanque, sendo o trajeto percorrido
entre a captação e o referido tanque através de uma tubulação normalmente de
grande diâmetro, conhecida por adutora de água bruta.
Floculação – Nessa etapa, a água estará em um tanque em que será adi-
cionado o sulfato de alumínio – Al 2 (SO 4 ) 3 – cuja finalidade é aglutinar as par-
tículas de impurezas existentes na água para a formação dos flocos, os quais
atingirão um determinado peso.
Decantação – Ao passar para o segundo tanque, a água estará com uma
grande quantidade de flocos, os quais se depositarão, no fundo naturalmente
pelo peso que adquiriram e ficarão retidos para posterior remoção.
Filtração – Nessa etapa, a água que foi liberada do decantador, sem os
flocos, será submetida ao processo de filtração para que eventuais resíduos de
impurezas remanescentes sejam retidos.
A filtragem ocorre com o uso de material com porosidade e constituição
granular formando camadas de areia que possibilitam a remoção das impure-
zas que conseguiram escapar no decantador.
Desinfecção – Aqui serão atacados micro-organismos que causam doen-
ças às pessoas. Nesse processo são utilizadas substâncias adicionadas à água.
Dentre outros, o cloro (Cl) é o desinfetante com eficácia comprovada em este-
rilização da água para fins de consumo e uso humano.
Fluoretação – É aplicada à água tratada para abastecimento público com o
uso de compostos à base de flúor (F), conforme a Lei n. 6050 de 24/05/1974 e
regulamentada pelo Decreto 76.872 de 22/12/1975. O flúor adicionado à água
tratada, em dosagens controladas, tem efeito preventivo em relação à cárie
dentária. Há referências de que as concessionárias de água e esgoto utilizam
dosagem média de 0,7 mg/l, o que pode variar com a temperatura do local.
A garantia de qualidade da água passa também pelo controle do pH,
adicionando-se cal. As águas do rio Negro, no Amazonas, possuem valores de
pH entre 3,8 e 4,9 (http://ecologia.ib.usp.br/guiaigapo). Tais valores revelam
tratar-se de águas ácidas, o que é decorrência de grande quantidade de matéria
orgânica na água, proveniente das áreas alagadas de florestas.
INSTALAÇÃO PREDIAL
DE ESGOTO SANITÁRIO
2.1 ESGOTOS
A partir do momento em que a edificação dispõe de água canalizada para
alimentação de todos os aparelhos e dispositivos hidrosssanitários, aparece
um problema. Trata-se dos esgotos sanitários domésticos que são os efluentes
resultantes do uso da água para fins de higiene pessoal, limpeza, produção de
alimentos e necessidades fisiológicas das pessoas.
Consideram-se esgotos domésticos, os efluentes produzidos nos edifícios
residenciais, comerciais e outros de uso institucional.
Os esgotos domésticos podem ser considerados:
Águas servidas – oriundas dos aparelhos sanitários utilizados para fins de
higiene, produção de alimentos e limpeza.
- lavatórios, pias de cozinha, banheiras, bidês, tanques de lavar roupas,
chuveiros, máquinas de lavar pratos, entre outros.
Águas imundas – oriundas dos vasos sanitários e mictórios. Uma das suas
características é a presença de sólidos.
2.2 INSTALAÇÃO PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO
É o sistema formado por tubulações, peças especiais, dispositivos e apa-
relhos sanitários que recebem e conduzem os esgotos domésticos para uma
destinação final adequada.
82 SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO NAS EDIFICAÇÕES
Destino final – Poderá ser um sistema particular (fossa/sumidouro ou fos-
sa/filtro) ou poderá ser a rede coletora de esgoto público, devidamente dotada
de uma ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS (ETE).
Aspectos normativos – As instalações prediais de Esgoto Sanitário devem
atender as condições mínimas de higiene, segurança e conforto dos usuários.
Para isso, a NBR 8.160/1999 estabelece exigências e recomendações para pro-
jeto, execução, ensaios e manutenção do sistema.
Principais exigências e recomendações da referida norma:
- O afastamento dos esgotos deve ser feito de forma rápida; - O escoamento deverá ser feito como condutores livres (a pressão no
interior da tubulação deverá ser a própria pressão atmosférica). Para
que isso aconteça, a tubulação deverá funcionar com apenas parte da
seção transversal;
Se um tubo de esgoto fun- cionar totalmente cheio, se transformará em conduto forçado, o que não pode ser admitido na condução de efluentes domésticos.
- As canalizações não devem conter sólidos depositados em seu interior; - As mudanças de direção não poderão ser feitas em ângulos de 90o. Uti-
lize sempre curvas e joelhos de 45o. Para curvas em 90o, aplique duas
curvas de 45o^ (válido para o plano horizontal);
- As tubulações deverão conter pontos de inspeção para eventuais ne-
cessidades de desobstrução. Para isso, existem conexões especiais de
inspeção (Te de inspeção, joelhos com visita, etc.);
- A declividade das canalizações está compreendida entre 0,5% e 4%,
inclusive;
- Trechos racionais com os menores comprimentos e mais retos possíveis.
2.2.1 O projeto de instalações de esgoto
O projeto de instalações prediais de esgotos sanitários se constitui de de-
senhos:
84 SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO NAS EDIFICAÇÕES
Figura 2.3 – Detalhe de uma instalação de esgoto. Fonte: O autor.
2.3 ESGOTO PRIMÁRIO X ESGOTO SECUNDÁRIO
As instalações prediais de esgoto domiciliar dividem-se em dois trechos
com características próprias e que precisam ser definidos adequadamente
para que o ambiente da edificação seja preservado de ocorrências indesejáveis,
principalmente aqueles relacionados com o mau cheiro.
2.3.1 Esgoto primário
São os trechos da tubulação de esgoto que contêm gases (odores) e inse-
tos, pois estão conectados diretamente à fossa séptica ou à rede coletora de es-
goto público. Seus diâmetros são: DN 50, DN 75 e DN 100, DN 150 e DN 200.
2.3.2 Esgoto secundário
São os trechos da tubulação de esgoto que devem ficar livres dos insetos
e odores desagradáveis, pois os mesmos estarão protegidos por um desconec-
tor, também denominado caixa sifonada. A proteção ocorre pela coluna líquida
CAPÍTULO 2 | INSTALAÇÃO PREDIAL DE ESGOTO SANITÁRIO 85
no interior do dispositivo. Essa coluna líquida se forma por meio dos efluentes
originados nos diversos pontos de utilização, exceto aqueles oriundos do vaso
sanitário. Os trechos secundários são executados no diâmetro DN 40 que é o
mesmo diâmetro de entrada existente nas caixas sifonadas.
Assim, também é possível identificar o trecho primário ou secundário por
meio do diâmetro da canalização.
2.3.2.1 A caixa sifonada
É uma das peças mais importantes da instalação de esgoto porque pro-
tege os banheiros ou ambientes em que estão instaladas. Fabricadas em PVC,
possuem corpo cilíndrico com números de entradas diversas e de acordo com
as dimensões das mesmas. As entradas sempre estão em ângulos de 45° ou
90° para melhor traçado dos ramais de descarga.
Normalmente em diâmetros de 100 e 150 mm, as alturas variam de 150
a 185 mm.
Algumas caixas no mercado apresentam-se em corpo monobloco e ou-
tras em corpos com partes soldadas, sendo opções para que o projetista espe-
cifique conforme as suas preferências. Há de se registrar que o septo removível
que algumas caixas sifonadas contêm, apresentam o inconveniente da possibi-
lidade de deslocamento de sua posição original por ocasião das ações de lim-
peza. Se assim ocorrer, os gases invadem o interior dos ambientes.
As Figuras 2.4 e 2.5 ilustram caixas sifonadas com 3 e 7 entradas, respec-
tivamente.
3 entradas de 40 mm e uma saída de 50 mm. 7 entradas de 40 mm e uma saída de 50 mm. Figura 2.4 – Caixa sifonada Tigre. Fonte: www.tigre.com.
Figura 2.5 – Caixa sifonada Tigre. Fonte: www.tigre.com.
112 SISTEMAS DE ÁGUA E ESGOTO NAS EDIFICAÇÕES
Em áreas não servidas por redes de esgotos públicos, torna-se obrigató-
rio o uso de instalações necessárias para a depuração biológica e bacteriana
das águas residuárias, conforme regulamento do Departamento Nacional de
Saúde Pública disposto no Decreto nº 16.300 de 31/12/1932. O despejo de
efluentes de esgoto lançados nos mananciais sem tratamento pode resultar
em proliferação de doenças inúmeras, entre as quais, tifo, disenterias, etc.
(CREDER, 2015).
3.1 FOSSA SÉPTICA
Definição: É uma unidade de tratamento de efluentes domésticos, de
fluxo horizontal e contínuo, em que há o tratamento primário dos dejetos, re-
sultando em eliminação parcial dos poluentes que foram incorporados à água
utilizada na edificação.
O ambiente séptico está relacionado com aqueles em que se encontram
bactérias. No caso da fossa séptica, esta funciona com base na ação das bacté-
rias anaeróbias existentes em seu interior.
3.1.1 Tipos de fossas sépticas
Prismático – Mais utilizado, podendo ser construído em concreto armado,
alvenaria de tijolos e deve ser totalmente impermeabilizada. A tampa
deve ter função estrutural e são feitas em concreto armado, sendo ne-
cessário prever aberturas para inspeções periódicas (Figura 3.1).
Cilíndrica – Utilizada em menor escala, podendo ser construída em alve-
naria e anéis de concreto, devendo haver impermeabilização. Também
deve possuir tampa em concreto armado e previsão de aberturas para
inspeção.
CAPÍTULO 3 | DISPOSIÇÃO FINAL DE EFLUENTES 113
3.1.2 - Critérios para o uso da fossa séptica
A NBR 7.229:1993, estabelece as seguintes recomendações e
exigências para a utilização da fossa séptica:
Não causar poluição às águas receptoras;
Não causar poluição ao solo;
Não prejudicar a vida nos cursos de água;
Permitir a limpeza periódica com facilidade, localizando-se na
parte frontal do terreno;
Distância horizontal da fossa para o manancial deverá ser, no
mínimo, 20m.
Distância vertical entre a fossa e o lençol, no mínimo 2,0m.
Fossa negra é aquela cujo fundo fica situado a menos de 1,5m
do lençol freático.
Figura 3.1-Esquema construtivo da fossa séptica prismática Fonte: NBR- 7229
Figura 3.1 – Esquema construtivo da fossa séptica prismática. Fonte: NBR-7229.
3.1.2 Critérios para o uso da fossa séptica
A NBR 7.229:1993, estabelece as seguintes recomendações e exigências
para a utilização da fossa séptica:
- Não causar poluição às águas receptoras; - Não causar poluição ao solo; - Não prejudicar a vida nos cursos de água; - Permitir a limpeza periódica com facilidade, localizando-se na parte
frontal do terreno;
- Distância horizontal da fossa para o manancial deverá ser, no mínimo, 20 m. - Distância vertical entre a fossa e o lençol, no mínimo 2,0 m. - Fossa negra é aquela cujo fundo fica situado a menos de 1,5 m do lençol
freático.
CAPÍTULO 3 | DISPOSIÇÃO FINAL DE EFLUENTES 115
Tabela 3.2 – Período de detenção dos despejos, por faixa de contribuição diária.
Contribuição diária (L)
Tempo de detonação Dias Horas Até 1500 1,00 24 De 1501 a 3000 0,92 22 De 3001 a 4500 0,83 20 De 4501 a 6000 0,75 18 De 6001 a 7500 0,67 16 De 7501 9000 0,58 14 Mais que 9000 0,50 12
Fonte: NBR 7.229/1993.
Para obter o período de detenção (T) deve-se verificar a contribuição diá-
ria (N x C), conforme a Tabela 3.2.
O valor de T deve ser considerado em dias.
Tabela 3.3 – Taxa de acumulação total de lodo (K), em dias, por intervalo entre limpezas e temperatura do mês mais frio.
Intervalo entre limpezas (anos)
Valores de K para faixas de temperatura t (°C) t < 10 10 < t < 20 t > 20 1 94 65 57 2 134 105 97 3 174 145 137 4 214 185 177 5 254 225 217
Fonte: NBR 7.229/1993.
3.1.3.1 Caso de fossas sépticas prismáticas
As dimensões das fossas sépticas são obtidas por meio do seu volume,
ou seja:
V= L.b.h
Como apenas o volume é conhecido, é necessário atribuir valores para
duas das três variáveis. Importante considerar na atribuição dos valores, a dis-
ponibilidade do local, principalmente a área e a profundidade do lençol freático.
Também deve ser observado o critério abaixo:
INSTALAÇÃO PREDIAL
DE ÁGUAS PLUVIAIS
Na impossibilidade de que as águas pluviais, que se precipitam sobre as
edificações, sejam lançadas na mesma canalização que os esgotos, torna-se
evidente a necessidade de se projetar uma instalação predial para esse sistema.
Ela é destinada à coleta e condução das águas de chuva para uma destinação
final, quais sejam, as redes públicas de drenagem, aos córregos e mananciais.
Neste capítulo abordaremos esse sistema considerado de suma impor-
tância para o desempenho pleno da edificação, principalmente nas regiões em
que são registrados altos índices pluviométricos, como a região amazônica,
bem como nas regiões em que as chuvas são raras, o que demonstra que é um
sistema de suma importância para as regiões chuvosas e também para aquelas
em que a estiagem é de longa duração.
Água de chuva atinge os edifícios e possui potencial para causar danos
às edificações e comprometer a durabilidade destas, além de provocar efeitos
negativos à aparência das construções.
4.1 CRITÉRIOS PARA PROJETO E EXECUÇÃO
A NBR 10.844:1989 estabelece alguns critérios que devem ser observa-
dos na elaboração dos projetos de instalações prediais de águas pluviais, entre
eles relacionamos:
a) recolher e conduzir a Vazão de Projeto até locais permitidos pelos dis-
positivos legais;
b) ser estanques;