Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Síndrome da Dispnéia Suspirosa: Um Desafio para a Medicina, Notas de estudo de Medicina

Uma detalhada descrição da síndrome da dispnéia suspirosa, uma condição caracterizada por dificuldades respiratórias e sintomas neurológicos. Os autores discutem suas teorias sobre a causa e o diagnóstico desta síndrome, incluindo ações de oxigênio e anidrido carbônico, esgotamento metabólico e intoxicação do centro respiratório bulbar. Além disso, são discutidos diferentes tratamentos, como a administração de cálcio e carbogênio.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Jose92
Jose92 🇧🇷

4.6

(178)

223 documentos

1 / 14

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
ANAIS
DA
J<'ACULDADg
DE
MEDICINA
DE
POTITO
ALEGHE
133
SíNDROMA
DA
DISPNÉIA SUSPIROSA
DR.
CÉSAR
SANTOS.,
DOCENTE·
LIVRE
DA
FACULDADE(
DE
MEDICINA
DE
PORTO
ALEGRE
S
INONí'llUA.
Dispnéia Suspirosa é
a
"Sighing
Dyspnéia" de Maytum
(2),
mais ou menos equivalente a
o o o a
''
suspmus
resp1rat10n
de
vV
alshe e de
Gairdner ( 1). Autores como Dieulafoy,
Bouchard, Brissaud, Combi, Hucharcl etc.
usam nos seus tratados as expressões:
ps-~u
cl?-asma, pseudo-angina, dispnéia-dolorosa,
dispnéia-sintomática, asma-nervosa, quiçá
alg~mas
vezes engloLando o síndroma ago-
ra mdividualizado.
Cf!NCEITO.
E'
um síndrorna dispnéico,
cons1derado como sendo de fundo psico-
nervoso, sem lesões orgânicas, caracterizado
~or
respiração incompleta, irregular, angus-
tiOsa,
acompanhada de bocejos e suspiros,
suscetível de
ser
engravecido pela alcalose,
determinante da excitabilidade neuro-mus-
cul~r,
convulsões, espasmos, enfim, da te-
tanta.
HlSTORICO.
Certas
cancterísticas
da
entidade
haviam sido percebidas e desta-
cadas desde muito tempo por autores como
,:Valshe que, em 1873, empregara o têrmo
suspirius", referindo-se a sintoma de pseu-
do-angina.
H Baker, examinando doentes no National
eart Hospital e em dois hospitais gerais,
confessa-se surt)reendido com o número
co
··
1
11
S!-<
eravel dos que se apresentavam com
;es~Jração
difícil, sufocada, suspirosa, cur-
a,
Irregular, com
ou
sem esfôrço,
cujo
tra-
ço
predominante
era
a respiração suspirosa,
~ato
que o levara a procurar literatura sô-
ref
a matéria,
tendo encontrado numa ta-
re
a.
d
W
ar
ua
tres
trabalhos
(Mund,
H. e
19
~;sen~ann,
S.
---_,Wien
Arth,
f.
-inn.
Med.
l.
M
XIV,
335; c.allavardin,L.
--·
]ourn.
Wh· ed. de Lyon 1933,.
ccccxxxix,
556;
Me~te
D.
e
Hahn,
R.
G.
---
Amer,
Jour.
(<Se.,
1929,
elxxvii,
179) ( 1 ).
,,
,ahot,
em
1927, escreve textualmente:
.Alguns enfermos nos intrigam muito quei-
X<tn(lo-s"
1 . . . · -
·"
( c 1 C!;plraçao curta, a-pesar-da
nossa incapacidade de encontrar um sinal
de enfermidade pelo exame clínico.
Um
interrogatório mais minucioso revela, às ve-
zes, que por
curta
respiração o paciente quer
indicar uma situação de incapacidade de res-
pirar
-tão
profundamente
como
deseja.
Sua
respiração pode
não
ser acelerada ou di fíéil,
mas tem a sensação de não poder c!i'stender
plenamente os pulmões." Observa
ess-as
per-
turbações com mais frequência nos
n~al
dor~
midos, fatigados, pouco alimentados, além
do que não tem idéia da
sua
expliCação.
( 16).
White
e
Hahn
foram os primeiros
que descreveram o síndroma,
em
1929,
de-
monstrando que a "dispnéia Suspirosa" in-
dependia das doenças
do
coração, dos pul-
mões, dos rins e
da
tiroíde (
1,
2) V areia
Fuentes com Canzani (2) e depois com
A.rana Ifiiguez e Correa Bas (3) publica
os
primeiros casos
na
América do Sul, em
1939 e 1942 respectivamente, estudando no
seu notável livro "Acidosis e Alcalosis
en
la Clínica" a fisiopatologia da forma grave
do mal.
ÉTIO-PATOGENIA.
São
acordes
os
poucos que
trataram
do
assunto
em
consi-
derarem
as
causas psico-nervosas, atuando
em pacientes portadores de temperamento
neuropático como significativas
na
produ-
ção
do
quadro mórbido.
Fuentes assinala que o grave mal
para
o
doente principia, quando êste percebe que
"não
pode mais respirar profundamente",
porque desde êsse momento vigia
tôda
a
sua atividade respiratória, o que amplia o
seu estado angustioso.
Os repetidos movimentos respiratórios
para
ultimação. de uma inspiração satisfa-
tória, ocasiona a hiperventilação pulmonar
voluntária, determinante
da
fuga abundan-
te
do
C02,
cuja
consequência
será
a alca-
lose gasosa, responsável pela tetania esbo-
çada
ou
franca, mecanismo êsse muito bem
estudado•por V. Fuentes, que diz ser a disp-
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Síndrome da Dispnéia Suspirosa: Um Desafio para a Medicina e outras Notas de estudo em PDF para Medicina, somente na Docsity!

ANAIS DA J<'ACULDADg DE MEDICINA DE POTITO ALEGHE (^133)

SíNDROMA DA DISPNÉIA SUSPIROSA

DR. CÉSAR SANTOS.,

DOCENTE· LIVRE DA FACULDADE( DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE

S

INONí'llUA. Dispnéia Suspirosa é a "Sighing Dyspnéia" de Maytum (2), mais ou menos equivalente a

'Í suspmuso o resp1rat10no a '' de vV alshe e de

Gairdner ( 1). Autores como Dieulafoy, Bouchard, Brissaud, Combi, Hucharcl etc. usam nos seus tratados as expressões: ps-~u cl?-asma, pseudo-angina, dispnéia-dolorosa, dispnéia-sintomática, asma-nervosa, quiçá alg~mas vezes engloLando o síndroma ago- ra mdividualizado. Cf!NCEITO. E' um síndrorna dispnéico, cons1derado como sendo de fundo psico- nervoso, sem lesões orgânicas, caracterizado ~or respiração incompleta, irregular, angus- tiOsa, acompanhada de bocejos e suspiros, suscetível de ser engravecido pela alcalose, determinante da excitabilidade neuro-mus- cul~r, convulsões, espasmos, enfim, da te- tanta. HlSTORICO. Certas cancterísticas da entidade já haviam sido percebidas e desta- cadas desde muito tempo por autores como ,:Valshe que, em 1873, empregara o têrmo suspirius", referindo-se a sintoma de pseu- do-angina. H Baker, examinando doentes no National eart Hospital e em dois hospitais gerais, confessa-se surt)reendido com o número co (^11) S!-<·· (^1) eravel • dos que se apresentavam com ;es~Jração difícil, sufocada, suspirosa, cur- a, Irregular, com ou sem esfôrço, cujo tra- ço predominante era a respiração suspirosa, ~ato que o levara a procurar literatura sô- ref a matéria, só tendo encontrado numa ta-

re W a. ar• d ua tres• trabalhos (Mund, H. e

19 ~;sen~ann,^ S.^ ---,Wien_^ Arth,^ f.^ -inn.^ Med.

l. M XIV, 335; c.allavardin,L. --· ]ourn.

Wh· ed. de Lyon 1933,. ccccxxxix, 556;

Me~te ?· D. e Hahn, R. G. --- Amer, Jour.

(<Se., 1929, elxxvii, 179) ( 1).

,, ,ahot, em 1927, escreve textualmente: .Alguns enfermos nos intrigam muito quei- X<tn(lo-s"·" (^) (1. c 1. .C!;plraçao · - curta, a-pesar-da

nossa incapacidade de encontrar um sinal de enfermidade pelo exame clínico. Um interrogatório mais minucioso revela, às ve- zes, que por curta respiração o paciente quer indicar uma situação de incapacidade de res- pirar -tão profundamente como deseja. Sua respiração pode não ser acelerada ou di fíéil, mas tem a sensação de não poder c!i'stender plenamente os pulmões." Observa ess-as per- turbações com mais frequência nos n~al dor~ midos, fatigados, pouco alimentados, além do que não tem idéia da sua expliCação. ( 16). White e Hahn foram os primeiros que descreveram o síndroma, em 1929, de- monstrando que a "dispnéia Suspirosa" in- dependia das doenças do coração, dos pul- mões, dos rins e da tiroíde ( 1, 2) V areia

Fuentes com Canzani (2) e depois com

A.rana Ifiiguez e Correa Bas (3) publica os primeiros casos na América do Sul, em 1939 e 1942 respectivamente, estudando no seu notável livro "Acidosis e Alcalosis en la Clínica" a fisiopatologia da forma grave do mal. ÉTIO-PATOGENIA. São acordes os poucos que trataram do assunto em consi- derarem as causas psico-nervosas, atuando em pacientes portadores de temperamento neuropático como significativas na produ- ção do quadro mórbido. Fuentes assinala que o grave mal para o doente principia, quando êste percebe que "não pode mais respirar profundamente", porque desde êsse momento vigia tôda a sua atividade respiratória, o que amplia o seu estado angustioso. Os repetidos movimentos respiratórios para ultimação. de uma inspiração satisfa- tória, ocasiona a hiperventilação pulmonar voluntária, determinante da fuga abundan- te do C02, cuja consequência será a alca- lose gasosa, responsável pela tetania esbo- çada ou franca, mecanismo êsse muito bem estudado•por V. Fuentes, que diz ser a disp-

'---~-----------------^134 ANAl:O^ DA^ FACELVADJ•:^ DE^ MGIHCINA^ DJ<;^ PôR'l'O^ ALgQl<J..}

néia psíquica a única capaz de produzir te- tania, porquanto as outras são· conpensado- ras de acidoses e sempre insuficientes para neutralizar estas addoses (2, 3).

Straub menciona dispnéia ·cerebral com alcalose em hipertensos e histéricos; Por- ges c Adlesrsberg falam na "tctania respi- ratória neurótica" (8). A ação do oxigênio e do anidrido carbô- nico, bem como o esgotameuto e a intoxica- ção do centro respiratório bulbar têm sido matéria repassada pelos autores no estudo das dispnéias. \V assermann interpreta as sensações de úogamento, de opressão, de angústia, da' asma cardíaca típica como expressão de ca- rência nervosa central··de oxigêni-o. ( 6) Kraus admite que a prtipria dispnéia da insuficiência circulatória é de origem cen- tral, enquanto Basch é a favor da presença ele uma rigidez pulmonar produzida por êxtase dos capilares do pulmão como causa elo fenômeno ( 5). Vin:-::nt, segundo a concepção de Brener e Hering, admite a influência do vago, re- jeita tôda a regulação respiratória reflexa de origem mecúnica pulmonar, crendo que a hiperpnéia. a dispnéia. a apnéia seriam unicamente de origem central direta e não reflexa(lS). Brissaud trata das "pseudo-asmas sinto- máticas'', que chama mental ao menos em aparência (9). Matthes, referindo-se a transtornos res- piratórios simultântos, cardíacos e nervo- sos, chama atenção para a frcquência com que êsses pacientes recorrem a comparações dos seus sintomas, descrevendo, segundo

l(r.~hl, o que chama característico da natu·

reza neurastênica da dispnéia: têm a sen- sação de que não podem respirar, havendo alguma coisa que os obriga a respirar pro- fundamente, ou ainda a respiração se lhes detém ele súbito, ficando a inspiração in- t<:•rrompida por aspirações forçadas. Manifestações atmosféricas e telúricas têm sido fartamente relacionadas com per-

turbações dêste gê~1ero ( 17, 22).

Condições personalíssimas eletivas:

A) Constituição: O "temperamento neu- ropático" tem sido destacado em quase tôdas as observações publicadas de do- entes com o diagnóstico do sínclroma. B) Idade: Baker diz que a idade preferen- cial para o acometimento está entre 20 e 40 anos, sendo, contudo, ocasional- mente observado em crianças por oca- sião de exames médicos ( 1). Em dois dos pacientes estudados no presente trabalho rnani festara-se antes dos 20 anos. C) Sexo: Opina-se que a mulher esteja mais sujeita ao mal que o homem. D) Raça: Os casos encontrados na litera- tura r e ferem-se à raça branca, estando distribuídos pela Europa e América.

5'INTOMATOLOGIA. Comumente, num tempo variável, após preocupações morais, emoções etc. o indivíduo passa a ter as suas crises dispnéicas. Sente o desejo de tomar uma ampla respiração que lhe inunde os pulmões de ar, o que se lhe torna difícil, porquanto os movimentos respiratórios in- completos c irregulares dão-lhe a idéia de incapacidade para tal. Levado à mobiliza- ção do seu psiquismo, atenta na observân- cia do fenúmeno. As tentativas para uma inspiração satisfatória vào sendo repetidas. Bocejos {retruentes e suspiros profundos fa- zem parte característica do cortejo dos sin- tomas. Quando se trata ele uma peq ltena

crise, que poderíamos chamar pri111ária, a

sintomatologia ficaria por aí, ou ganharia t~scassas nuanças; mas, quando os movimen- tos respiratc'Jrios se tornam intensos, hiper- pinéicos, arrastando o doente a uma alca- lose gasosa, então, vamos assistir à fase grave, ,1·ecundâria, do acesso: o paciente apresenta-se-nos lívido, de bôca aberta, nu- ma sêdc infinita de ar, angustiado, oprimi- do, com a sensação de constrição torácica e precordial, progredindo para tetania, com formigamentos nos dedos, espasmos, rigi- dez muscular generalizada, convulsões, si- nais ele Trousseau, Cvosteck etc. Estudamos acima uma crise com as sua.s duas fases.

l

l

136 ANAIS^ DA^ I<'ACULDADE^ DE^ MED!CINA^ DI<:^ PóRTO^ ALEGR!ê

White e Hahn recomenelan.;_ delimitar a extensão elo síndroma, quando presente nas lesões orgânicas do coração ( 1). Gallavardin, comentado por Baker, cogi- tara, ~ândo, escrevendo sôbre "síndroma de esf§rço em afccçõcs cardioaórticas", d:: singular perturbação circulatória de ordem nervosa; ocorrida por defeito funcional elo diafragma, manifestada em repouso, s·em influência de esfôrço e nada tendo em co- mum com a verdadeira dispnéia. DIACNOSTICO. O quadro dispnéico ccorrido, principalmente, nos indivíduos de temperamento neuropático após emoções ou grandes prec:çupaçõcs morais, acompanha- dos de bocejos c suspiros, com respiração irregular, sem tacpnéi~t, com opressão pre- cordial e necessidade ang11stiosa ele realizar uma inspiração satisfatória, seguida ou não de unia fase secundária, alcalósica, já des- crita, integra os elementos característicos da SíNDROMA DA DISPNÉIA SUSPI- ROSA típico. D/J{GNOSTICO DIFERENCIAL. To- do o · dispnéico, elas si ficado no sínclroma, d·~verá ficar com a sua situação mórbida o mais possível esclarecida, por meio de exa- mes radiológicos, eletrocarcliográficos, labo- ratoqaJs etc. No seu admirável tratado, pontifica Jimenez Diaz: "Há grande inte- rêsse de se conhecer doentes tidos como doentes orgânicos do coração, sem razão, com graves prejuízos, ou como simples

. "neurosis" sem mais definição" ( 11).

Sergent manda não confundir 'a dispnéia cardíaca com a dos portadores de distensão gastrocólica gasosa e nem com a daqueles que simplesmente por hiperexitabilidade nervosa se queixam de não poderem respi- rar profundamente, desencadeando, muitas vezes, movimentos respiratórios sucessivos cada vez mais profundos, terminados por suspiro prolongado, que seria o sinal do

suspiro ( 4).

· Martinet trata de uma dispnéia polipnéi- c;,~. de origem nevropática, própria das pes- soas histéricas, nunca permanente, mas pa- roxística ( 24). Engel, depois de preconizar a exploração elétrica e a dosagem do cálcio para o diag- nóstico diferencial da tetania brônquica in-

fantil, aconselha evitar a confusão fácil e funesta entre dispnéia expiratória e inspi- ratória (7). A dispnéia mecânica, inspiratória, deve- rá ser lembrada na diferenciação diagnós- tica. PROGNóSTICO. É bom nas formas simples e leves, apenas engendrando nal- guns acometidos complexos psíquicos de te- mor ela doença. Nas formas graves, que desdobram a fase secundária do síndroma, o prognóstico JX){te mudar muito, sendo mes- mo até reservado qnod vitam, quando se desencadear no curso de afecções ou mo- léstias sérias, perigosas. TERAPitUTICA. Preconiza Maytum três orientações principais de tratamento: c:) respiração numa atmosfera rica de C02; nas crises agudas, para corrigir a alcalose gasosa; b) psicoterapia, sobretudo pela per- suasão, esclarecendo o doente sôbre a natu-

reza do mal; c) tratamento medicamentoso

por meio de sedativos, tais os bromuretos e o luminal (2). Quando se usa o C02 deve haver no ar cêrca de 4 ou 5o/o (12). Varela Fuentes, Arana lfíiguez e Correa Bas trataram um dos seus observados com carbogênio (mistura de 5 % de C02 em 95 o/o de 02) e cloreto de cálcio venoso, três vezes ao dia, tendo a dispnéia desapa- recido completamente ( 3). Bromureto de potássifl em altas doses, 4 a 8 gramas diárias, constituía para Huchard a medicação de escolha no tratamento da dispnéia nervoreflexa" (13). Rene Leriche Rene Fontaíne descreve- ram um interessante C"dso relativo a um pa- ciente diagnosticado como angina de peito, cujo quadro se it1iciara após grande susto, com dispnéia inspiratória periódica,precor- dialgia, irradiação dolorosa para o hraço, esquerdo, formigamento nas mãos, sensa- ção de constrição, torácica e com verifica- ções radiológicas e eletrocardiográficas ne-

gativas. o qual fôra ctirado. depois de 9 y;

anos de doença por uma dupla estelecto-

mia ( 10).

Em referência à tlimatotcrapia podere-

mos aproveitar os ensinamentos de Hasscl- bach ( 1905) e de Hasselhach e Linclhard

ANAIS DA l•'ACULDADF: DE ME:DICINA DE PóHTO ALBXHtF~ (^137)

(1911 ), que estudaram a ação do clima sô- hre a frequência respiratória; dizem eles: a altitude acelera a respiração, enquanto a insolação diminue o ritmo e aumenta a am- pliturie. Essas modificações da exitabili- d'ade do centro respiratório se fariam, se- gundo êles, pela luz solar através (la p-ele e dos órgão~ dos sentidos (23).

OBSER VAÇüES:

I caso:

G. H., com 40 anos de idade, branco, ca- sado, comerciário, alemão, residente na Ave- nida Mercedcs, 58, nesta Capital (P. Ale- gre). Sofre desde a il'iack~ de 18 anos de crises de dispnéia angustiosa, com bocejos e sus- piros, que a assaltam de tempos ·em tem- pos. Os primeiros acometimentos sobrevie- ram~lhe, quando ainda estava na sua pátria, após a guerra de 14, seguindo-se um perío- do de cura, interrompido por novos ataques d~t doença, quando já no seu segundo ano de estada no Brasil. Tem passado meses sem qualquer incômodo, respirando perfei- tamente bem e praticando esportes e ginás- tica. Os seus períodos de doença duram al- guns dias, prolongando-se em ocasiões até semanas, com poucas ou numerosas crises clispnéicas, cuja intensidade é variável: ora leve ou esboçada, ora intensa ou terrí v.el. Nos 'ilccssos leves sente apenas dificuldade para realizar uma r<'spiraçií.o completa, rc- p~tindo movimentos rcspiratonos, quase S·empre entremeados ou terminarlos pqr bo- c~jos e suspiros. Nas crises graves, dqJOis de algumas tentativas para respirar profun- damente, é tomado de nec,•ssidade imperios~~· de respirar, gastanrlo nessa luta angustiosa tempo e esfôrço considcr[tveis. Sedento de ar em abunrláncia, abre a hrka, pftlido, cn os lábios a filarlos, sente rloerem-lhe as costas e <>.s articulações dos maxilar-es, sente-se lí vi- do, cem os músculos da face contratnrados c. as mãos amortecidas... até que esta Sltnaçfw vai nwlhorando, quand(), lllllitas vt·- zes, se sente livre para susj,irar e bocejar fartamente. _i_ parecem-lhe ôsses acesso,; a qualquer hora, se111 relação com o es fflrço praticado. Julga ser-lhe mais salutar o cli- lll'<l do norte.

O paciente, homem esclarecido, tendo sempre trabalhado em meios médicos e te.n- do também já r·esidido no Rio de Janeiro, não tem poupado esforços para esclarecer o ~eu caso. Teve sempre negativos: exames clínicos, traçados elctrocardiográficos, exa- mes radiológicos do coraçãó c dos pulmões, bem comu exames laboratoriais, para inves- tigação da função renal e metabólica. Crê haver no seu mal um grande fundo nervoso. Portador de constituição hipcrhipofisária, nada de relevância destaca para anteceden- tes mórbidos pessoais e familiares, a tJão s~r um passado de apreensõ-es e pr·eocupa- ções, vindo da grande guerra. A') simples interrogatório principiou a esboçar uma cri- se, dizendo-nos então que pelo fato de ter que recordar a sua docnça, já estava adoe- cendo. Depois ele ouvir o csclarecim::nto do seu caso, com a denominação do síndroma, feito à guisa (k psicoterapia persuasiva, dis- se-nos que "dispnéia suspirosa" deveria ser mesmo o melhor nome da dn::nça. pots ex- pntma as suas características.

11 caso:

N. H., com 31 anos de idade, branca, ca- sada, brasileira, professora, residente na rua General :-..J.cto, 258, nesta Capital.

Compareceu à consulta por se achar des-

de alguns dias com incomodativa falta de ar, qw:: a acompanha, por períodos, desde os seus 15 anos. A paciente explica: só estar doente nesses períodos, em geral, de dura- ção inferior a uma semana e separados uns dos outros por tempo de semanas ou meses. /\i nela explica a sua· dispnéia não ser cons- tante, durante todo um período, mas sobre- vir por crises, separadas por horas ou dias. Nos rx~ríodos de doença boceja constante-

mente e suspira. A sua falta de ar é carac-

terizada por respirações incompletas, tendo ' que abrir a bôca repetidamente, para consc- g·uir cnchc>.r 0s pulmões de ar. Ao relatar os sintomas, repetiu-se-lhe no consultório uma crise primária, com n~spira~:;ão curta c bocejos. Essa dispnéia ~uivem-lhe a qual- quer hora, independente de csfi>rço, de pre- fcri'nCÍa quando não está trabalhando. Soh a açftn de esforços cansa-se, mas não sente dispnéia. Não se queixa de qualquer outra

.ANAIS DA FACULDADE DE MEDICINA DE PORTO ALEGRE i

S ôro-diagnóstico da lues: W asserma1_1n. Jacocobsthal, Calmette-Massol, Hecht- Wem- berg, Kahn foram negativos.

Em 23 de dezembro de 1942. Todos êstes exames estavam assinados pelo Dr. Oswaldo K. Ludwig.

Dosagens quím.icas: Uréa - Gr. 0,279 por mil (no sangue total) ; Reserva alcalina - 53,2 volumes de C02% (no plasma) ; Cálcio - Mgrs 10% (no sôro) Cloretos (em NaC1) - Grs. 5,850 0/ (no sôro)

Exmn:· comum de urina:

Alhumina........... Traços leves Pseudo albumina ..... nítidos

Sangue .............. ., leves

Piina ................ levíssimos

Ph................. 5.

Densidade.......... 1004.0 ( 15°L") (! ?)

Em 23-X TI-19:~2. Torlos êstc~ exames es-

tavam assinados pelo Dr. C. Bordine Flô-

rfs.

Frsrs: pC'squisa ele protozoários c rk ov·>s ri<' parasit·,.,;, resultado n:·gativo. Assinado

pelo nr. W. Carneiro f ung. Em 20-X II -42.

P.xamr radiológho dn coração com os va- sos ria has<~ c dos pulmões, praticado pelo

Dr. Edmundo Nascim::'nto. nada c;msigna

de -anormal para os mesmos. (Fig. 1)

Flctrocardiografia feita pelo Dr. João Rechden. Eis sua (Fig. 2).

JNTEI<PRETAÇAO:

Ritmo: Sinusal. regular. Frcquên.cia auricular c ventricular: Média

.. rle 80 ciclos por minuto. !:1..-ro tfhrico: Sem prep,mderfmcia defi- nida. Onda aurintlar P: Srm alkraçÕC's -apreciá- veis a consignar.

F.sj:aço 1'-(J: :\ormal (0,14").

Grupo QRS: Onda Q: Em esbôço em I e II deri- vações. Onda R: Positiva nas 4 derivações, forma e amplitude normais; Ond'à S: Pouco ampla (4mms) em DIV-F. Duração de GRS: Normal (0,06"). Segmento RS-T: Levemente desnivelado para cima em DI; desnível acentuado em DII; discreto desnivelamento su- perior em DIII; duração de 0,09". Onda T: Positiva em DI, DII e DIV-F; iso-elétrica em DIII; de baixa volta- gem em DI e DII; muito ampla e agu- çada (onda T "gigante") em DIV-F; duração de 0,19". Espaço Q-T: Prolongado (0,40") para esta frequência.

CONCLUSOES:

Ritmo ca.rdíaco normotópico, regular. Eixo elétn:co sem desvio definido. Não há transtôrno da condução intrauri- cular, aurículovcntricu!ar c i.ntmucll- trictt/a.r. Retardam.ento da ((sístole elétrica" ( cspa.ço Q- T) que surge, principalmente, nos l'stados de hipocalcemia. 5)inais clctrocardiográficos de notável abai- xamcnio do meNtbolism.o miocárdico."

/Jiagnástico: Síndronm ria Dispnéia Suspi- rosa, forma primária (. .. ).

Tratamento: Cloreto <.le cálcio e VItamina h, na veia, em dias alternados e bromoneu- rin per os.

/// caso:

Dr. R. V., com 27 anos de idade, branco, casado, advogado,' brasileiro. residente no interior do Estado.. Vem agora à Capital. pela s·egunda vez, para tratar rle uma c\ispnéia periódica, que o <.·stá impressionando. Conta ter-lhe apa- recido o mal há um ano, em época de grande trabalho e pn~ocupação profissional. :\o in- terior diversos exames clínicos a que se sub-

ELÉTROCARDIOGRAMA

Gabinete "Alvaro Alvirn" SANTA CASA DE MISERICORDIA Fone 8411

CLIENTE_l)~.6- ~ M~il·•

DATA-···············--·····································^ d-Xif-^ ~L

CLINICA DO DR. ,_f:€':..f.<!...~.J.~.tr./'.'J.

Cada linha vertical 1/25 seg.

Padronização

Cada Unha horizontal 1 nvtn.

I<'ig. 2

142 ANAIS^ DA^ FACULDADJ<~^ DE^ MEDICINA^ DE^ PORTO^ ALEGRE

Fig. 4

Eletrocardiografia efetuada pelo Dr. João Rcchden cem a seguinte

"INTERPRETAÇÃO:

Ritmo: Sinusal, levemente irregular.

Frequhtcia a.-v.: Média de 75 ciclos por minuto.

Eixo elétrico: Sem preponderância defi- nida.

Onda auricular: Positiva nas 4 derivações, de baixa voltagem em relação com os demais acidentes, de pouca duração (0,07"), de ápice rombo e com um pe- queno entalhe em II derivação onde ês- te acidente apenas está esboçado a-pc-

sar-de não haver negatividade em DI

ou DIII (lei de EINTHOVEN).

Espaço P-Q: Com tendência a ser prolon- gado (0, 18").

Comple.ro QRS:

Onda Q: Esboçada em II e III de- rivações. Onda R: Positiva em tôclas as deri- vações, sendo flecha dominante nas três derivaçôes stanclarcl; as- pecto normal. Onda S: Presente, com 2 mms. de voltagem em DI; esboçada em Dil

c DIII; muito ampla, ultrapassan·

do a largura do filme (com 30

ELÉTROCARDIOGRAMA

Gabinete "Alvaro Alvim" SANTA CASA DE MISERICORDI~ Fone 8411

CLIENTE ••....R...... ~.................................

DATA ....................................................................

CLINICA DO DR..................................

Cada linha verticlll 1/25 seg.

Padronização

Cada linha horizontal 1 mm.

I

Derivação IV ... 1

~----------------------------- 6 SEG. -----------------------------~

Jt'ig. 5

ANAIS DA I<'ACUJ,DADE DE MEDICINA DE PõRTO ALEGRE (^145)

Algum.as considerações sôbre os casos ob· servados

Ao iniciar estas considerações testemu- nhamos os nossos melhores agradecimentos aos distintos colegas Dr. João· Rechden e Augusto Andrade, do Gabinete "Alvaro Alvim"; ao Dr. Edmundo Nascimento, elo Depar:tamento Esradual de Saúde; aos Drs.

Oswaldo K. Ludwig, C. Bordini Flores e

W. Carneiro Jung, elo Laboratório Cirne

Lima pela valiosíssima colaboração neste trabalho, com os exames gentilmente pra- ticados.

Todos os observados, em número de qua- tro padecem de crises temporárias e inter- valados com as características fundamen- tais elo síndroma: respiração curta acom- panhada ele bocejos e suspiros, etc. Um dos doentes sofre a 16 anos, outro .a 22,

0 quarto a mais ele 10 anos e o III a um ano.

Dois dêles apresentam certas alteraçõe~ nos respectivos traçados eletrocardiográfi· cos.

. Um dos pacientes que acusa ligeira

~hspnéia de esfôrço, distingue esta daque-

a,. que lhes sobrevem em repouso com bo- ceJos.

Os pacientes dos casos II, revelando ela- quente in.fluenciabilidade psíquica, esboça- ttm um acesso ao se recordarem das suas :.esagradávcis crises, o que poperá ser um mal do sindroma ( ?).

Os pacientes dos casos li e III revela~

;a~nf' !in focitose moderada a custa dos neu·

ro ttos. o. ç ,p~ctente do caso I achara a denomina- clao • rhspnéia suspirosa" a mais expressiva m^ e todas^ q^ h^ ·^ ·

a.^1 ·^ tte^ con^ ece,^ para^ expntntr^ o^ seu

o.

c! pactcnte elo caso III, pessoa esclareci-

~ega,^ advoga.. {o^1 no ·mtenor,^. em carta, usa as ,, ·^ · Utntes· e^ xpressoes,-^ caractensttcamcnte:·^ · d~ · ·sensação de não h a ver respirado de mo-

só c1^ que • satisf• · a~,"a, penoc'^1 o^ angustioso,· que Z('s."esaparcce depois de bocejar várias ve-

Toc!os c' , I)s'. tco-ncr^ ·^ ·^5. onservados. ,.^ reconhecem^ causas suas. vosas passtvets de influírem nas

. perturbações.

Todos se sentiram como que aliviados das suas apreensões, quando ouviram a interpre- tação dos seus respetivos casos, fornecida à guisa de psicoterapia persuasiva. Distinguimos duas espécies de crises nos doentes; uma leve, comum a que chamamos

crise primária, que irá caracterizar a forma

primária do mal, e uma outra, grave, tetâ- nica muitas vezes, menos comum, consti- tuindo verdadeiro ace~so, designamos por crise secundária, que irá caracterizar a for- ma secundária. Dois dos pacientes (primários) sentiram- se bem com a ministração de vitamina b 1 e cloreto de cálcio, na veia,. em dias alterna- elos,. além de bromoneurin, via bucal. ~ste síndwma deve ser abundante nas suas diversas intensidades e quem sabe quantas vezes teri-a sido o epílogo de molés- ttas.^ ?....

Resumo

O A. inicia o seu trabalho estudando me- todicamente o "Síndroma da Dispnéia Sus- pirosa"; descreve depois quatro casos do mesmo ocorridos na sua clínica. Trata-se de um síndroma pela primeira vez descrito na América do Sul por Varela Fuentes e cola- boradores, em 1939 e 1942. O A. define-o

com as seguintes palavras: "E' um síndro-

ma dispnéico, considerado como sendo de fundo psico-nervoso, sem lesões Drgânicas, caracterizado por respiração incompleta, curta, irregul-ar, angustiosa, acompanhada de bocejos c suspiros, suscetível de ser en- gravecido pela alcalose, determinante de excitabilidade ncuro-muscular, convulsões, espasmos, enfim, da tetania." Considera nas crises duas fases: uma primária, constante e outra secundária, tetânica, rara. Pode ocor- rer no curso de afecções ou moléstias, mo- dificando-lhes o prognóstico.

Bibliografia

  1. Doris M. Baker - "Sighing Respira-

tion as a Symptom", The Lancet, I:

  1. Vareta Fuentes - "Aciclosis e Alca- losis en la Clínica": 392-394, 1941.

146

S)

A"'AlS DA FACULDADE; DI•; M~DICINA Dg PôRTO ALEGRE

Vareta Fuentes, Arana Híignez c Cor- rea Bas - "Dispnea Suspirosa", Arch. Urug. Med. Cirurg. e Espec., 20: 255-262, 1942. Emüe Sergent - "Traité Elementai- rc D'Exploration Clinique Medicale" 254, 1937. M. Matthes - "Diagnóstico diferen- cial de las enfermedades internas": 439-441' 1932. S. Wassermann- "Wien. klin. Arch., 12, 1936. Pfaundler e SchlossJwznn - "Trat. de

Ped.", VI: 111, 1940.

f. e F. Klemperer - .!'Trat. Compl.

Cl. Med.": 88, I, 1935..

Charcot, Bouchard e Brisscmd -

"Trait. de Med.": 241, VI, 190l.

R. Leriche e R. Fontaine - Arch. du

Ma1ad. du Coeur e Vaiss. : 936, 10,

f imenez Diaz - "Leciones ele Pato!.

Med.": 863, I, 1940. C. H. Best e N. B. Taylor - "As Bases Fisiol. da Prat. Med.": 663, I,

H. Huchar - "Trait Clinique eles Malaclies du Coeur et de 1' Aort": 511, I, 1899.

ABSTRACT

A. Trousseau - "Clinique Med. de !'Hotel Dieu de Paris", I: 161, 1901. C. Heymans - "Traité de Physiol. N orm. et Pato!. - Roger e Binet". v: 377. 1934.

R. C. Cabot - "Diagnost. Di f", I:

f ose ph W. ,)'chereschcwsky - "Pra- tic of iV[ed.", VI: 395, 1940.

David Scherf e L. f. Boyd - "Ele-

trocardiografia clínica": 39, 1942. F. Kisch - "Dos Elektrokarclio- gramms Herzkranker heim [nspirat. Atmanhalten." Klin. \Vchn~chr: 686,

f orge C. V dela -- '' Variacioncs Res- pimtorias dei Electrocardiograma". Tese, Buenos Aires: 154, 1942.

Pedro Cassio - "Rcv. Argentina de

Cardiologia" : 192, julho-agosto cJ.e

S. faccoud- "Traité de Pathol. Int.", li: 407, 1883.

M. Piery - "Traité de Climatotcra-

pic Biol, et .Medical·e". I: 721, 1934.

A. MC11rtinet - ''Diagnóst. Clinique":

The anthor bcgins his work stndying rnethoditall the "Sindronw Sighing He~ piratio;n"; describes afterwards four cases of the same rleseaoe obeserveded in bis cll· nlc. It is a síndrome ilescríbecl by the rirst time in South Ameríca !Jv Varela B'uentes and his co-workers in 1939 and 1942. 'l'he atÍthor ilescribes it in th~se words: "lt is a dispnelc sindrorne consideretl as nervous·psiquic, without física! injure earacterJsed by incomplete respiration, short, irregulàr, anxious, followed by vawning and sig· hings, susceptible of being improved by alcalose, that c!Btermines neuro-muscular excl- tabillty convulsions, spasms and final! v tetany! "Hesides that the author abo deseribe 3 the criHes as being caracterized by two phases: one, primary, eonstant arHI the otller secumlary, tetanic, rare. It may occnr during the curHe of afrections or Hi(:kness, rno- difying their prognostics.