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Este documento discute a defesa sobre o uso de sinais icônicos na arte surda, inspirada na vida e obra do artista surdo-americano chuck baird. O texto aborda a importância dos sinais icônicos na comunidade surda e como eles são representados na arte. Além disso, são discutidos textos de strobel (2008) e perlin & miranda (2003) que contribuíram para a compreensão da estrutura da língua de sinais em relação aos sinais icônicos e à expressão visual. A oficina dialoga com os sinais icônicos produzidos nas obras do artista americano chuck baird, mostrando imagens e títulos de suas obras e seus respectivos sinais em american sign language (asl) e libras.
Tipologia: Notas de estudo
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Iconic Signs on the Deaf Art: An Educational Experience with Deaf and Hearing João Paulo Ferreira da Silva^1 RESUMO O presente trabalho é resultado de um relato de experiência sobre uma oficina pedagógica intitu- lada “Artes Surdas”, realizada no evento II Setem- bro Azul do INES em 2017. Fazemos o percurso de defesa sobre o uso de sinais icônicos na língua de sinais e suas mesclas com atividades artísticas por meio de uma inspiração baseada da vida/obra do artista americano surdo Chuck Baird (1947-2012). Discussões sobre cultura surda, assim como de povo surdo, têm por referências textos de Strobel (2008) e de Perlin & Miranda (2003). As artes plás- ticas de surdos compõem o campo da(s) Cultu- ra(s) Surda(s) que é muito fértil para novos olhares (^1) Pós-Graduando Lato-Sensu em Educação de Surdos: uma perspectiva bilíngue em construção, INES/ RJ; mestre em Diversidade e Inclusão pela Universidade Federal Fluminense (UFF/RJ); arte-educador da Secretaria do Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEEDUC/RJ). ABSTRACT The present work is the re- sult of an experience report on a pedagogical workshop entitled “Deaf Arts” held at the event INES II Blue Sep- tember 2017. We will follow the defense course on the use of iconic signs in sign language and their mixtu- res with activities based on an inspiration from the life/ work of deaf American artist Chuck Baird (1947-2012). Discussions about deaf cul- ture, as well as about deaf people, refer to texts by Strobel (2008) and Perlin &
reflexivos, críticos, multicores, híbridos, fruto de misturas e de diálogos para novas pesquisas que contribuam para a comunidade surda. reflexivos, críticos, multicores, híbridos, fruto de misturas e de diálogos para novas pesquisas que contribuam para a comunidade surda. PALAVRAS-CHAVE Arte Surda; Língua Brasileira de Sinais; Sinais icônicos. Figura 1 – Imagem de folder da programação Introdução Este texto é um relato de uma oficina pedagógica intitulada “Arte Sur- da”, realizada no II Setembro Azul do INES, em comemoração do mês do Surdo, no Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES), na cidade do Rio de Janeiro. A Figura 1 mostra a breve programação do evento realizado no dia Miranda (2003). The deaf arts make up the field of Deaf Cul- ture(s) that is very fertile for new reflective, critical, multi- -colored, hybrid, result of mi- xtures and dialogues for new researches that contribute to the deaf community. KEYWORDS Deaf Arts; Brazilian Sign Lan- guage; Iconic Signs.
Assim, considerando as mãos fatores relevantes como meio de expressão artística e como meio de comunicação, nos dedicamos aos meios de expressão da comunidade surda por meio da língua de sinais. Os sinais icônicos resgatam um registro de pertencimento do uso da língua de sinais pelos Surdos através do que podemos denominar de Arte Surda. Faremos o percurso de defesa sobre o uso de sinais icônicos na língua de sinais e de suas mesclas com atividades artísticas por meio de uma inspiração baseada na vida/obra do artista americano surdo Chuck Baird. O artista americano surdo Chuck Baird nasceu com surdez mo- derada em 1947 e faleceu em 10 de fevereiro de 2012. Quando criança estudou na Kansas School for the Deaf 2 , uma escola de surdos dos Estados Unidos. Na sua juventude, estudou na Gallaudet College 3 e no National Technical Institute for the Deaf 4 (NTID). Durante sua carreira artística, Chuck Baird trabalhou como ator e cenógrafo no teatro, assim como dedicou-se à pintura e à escultura. A Chuck Baird Foundation 5 foi coordenada pelo próprio artista, tendo como missão promover e contribuir para a formação de novos artistas surdos. Na maioria de suas obras de arte, o artista americano apresentou a língua de sinais como elemento da comunidade surda, a pintura como instrumento para divulgar a própria língua e mostrar a Arte Surda para o público apreciador de trabalhos artísticos no campo da pintura. Referencial teórico Para a discussão das questões acerca dos “Sinais Icônicos na Arte Surda: uma experiência educativa com surdos e ouvintes”, as referências bibliográficas (^2) A Escola Estadual de Surdos do Kansas (EUA) é a instituição educacional estadual mais antiga do estado do Kansas. A escola é conhecida por sua excelência acadêmica na preparação para a pré-faculdade e por seu programa de carreira e transição, que leva à colocação no trabalho após a graduação. A escola trabalha desde a Educação Infantil ao Ensino Médio. Link institucional: http://www.ksdeaf.org. (^3) A Universidade Gallaudet (EUA) é a única universidade do mundo cujos programas são desenvolvidos para pessoas surdas. É uma instituição privada, que conta com o apoio direto do Congresso desse país. A primeira língua oficial da Gallaudet é a American Sign Language (ASL), a língua de sinais dos Estados Unidos (o inglês é a segunda). Link institucional: https://www.gallaudet.edu. (^4) O Instituto Técnico Nacional para Surdos (EUA) é uma instituição privada das nove faculdades do Instituto de Tecnologia de Rochester, Nova Iorque, e abriga a primeira e maior faculdade tecnológica do mundo para alunos surdos e com deficiência auditiva. Link institucional: https://www.rit.edu (^5) A Fundação Chuck Baird é uma agência sem fins lucrativos para a promoção de artistas visuais surdos emergentes, tendo como missão promover e contribuir com a formação de novos artistas que buscam a arte como profissão. Link da instituição: <www.chuckbairdfoundation.org>.
para a oficina foram fundamentadas em textos de Fischer (1996) e Proença (2007) sobre o conceito de Arte. A contribuição teórica acerca da função e das origens da Arte, segun- do Fischer, nos faz refletir sobre a infinita capacidade humana. Tal capacidade faz o homem criar e recriar o modo de ver o mundo através da realidade em suas experiências e ideias como um processo consciente. Durante a oficina, os participantes tiveram seu momento de reflexão sobre as obras apresentadas para que em seguida pudessem transformar o conhecimento em arte e a arte em conhecimento. Discutir e teorizar sobre Arte nos remete a Proença (2007). Ela estabe- lece um panorama sobre a História da Arte, o modo como a produção humana se desenvolveu ao longo dos anos em relação ao entendimento do processo cul- tural do que hoje conhecemos como Arte.Tal contribuição nos ajudou a refletir sobre o conceito de Arte Surda através da História da Educação dos Surdos. Também foi utilizada na oficina, e neste artigo, a “Proposta Triangular do Ensino da Arte” sistematizada por Barbosa (2007) nos anos 90. Nessa pro- posta, a construção do conhecimento da Arte é a primeira ação que envolve o momento de descoberta, curiosidade, leitura e crítica. No segundo momento ou ação, a proposta é levar o educando ao ato de fazer, aprender fazendo, ou seja, fazer uma releitura com base no conhecimento e nas leituras de outras obras. Já no terceiro momento ou ação, a contextualização faz o aluno refletir e apreciar uma obra de arte, pois o contato com a Arte leva o aluno ao desenvolvimento da inteligência, do raciocínio, e da parte afetiva e emocional. Tal proposta de- senvolvida por Barbosa (2007) aponta caminhos para o ato do apreciar, fazer e refletir sobre o ensino da arte (ou da Arte propriamente dita). Discussões sobre cultura surda, assim como sobre o povo surdo, têm aqui por referências textos de Strobel (2008) e Perlin & Miranda (2003) res- pectivamente. As reflexões desses autores têm contribuído para um olhar mais criterioso sobre a comunidade surda, sua identidade, o sujeito surdo, a língua de sinais e a experiência visual dos próprios surdos. Esses conceitos apresentados pelos referidos autores foram de grande relevância para a construção da teoria e da prática da oficina. Por fim, este estudo aborda uma reflexão sobre a visualidade, com os autores Rosado & Taveira (2018), e os sinais icônicos, com Quadros & Karnopp
Bastos Barbosa^6 (1991; 2007). Referência em arte-educação do ensino da Arte no Brasil, ela afirma que: “não é possível conhecer um país sem saber e com- preender a sua história e a sua arte”. Essa proposta procura englobar vários pon- tos de ensino/aprendizagem ao mesmo tempo, entre os principais: conhecer, fazer e apreciar. Dessa maneira, o objetivo da minha oficina apresentada no II Setembro Azul foi estabelecer uma relação entre a Artes Surdas com os Sinais Icônicos apresentados nos trabalhos do artista americano Chuck Baird. Segundo Taveira (2014), esta opção educacional combina com o que afirma a pesquisadora surda Strobel, que o artista surdo cria a arte para que o mundo saiba o que pensa, como e de que modo pode interpretar e expressar suas culturas. Primeiro momento: conhecer Iniciou-se a aula com os alunos em suas carteiras, em formatos de “U” (semi-círculo), para que todos pudessem interagir uns com os outros. Os recur- sos utilizados para esse primeiro momento foram um computador, um datashow e uma parede branca para a projeção do assunto apresentado durante a oficina. O momento de conhecer, de acordo com a “Proposta Triangular do Ensino da Arte” de Barbosa (1991), está no campo da reflexão do ensino de Arte, para que possa ser entendido, e em seguida, ser realizada a execução de uma prática. Logo, nesse momento começamos a questionar – ou a definir co- letivamente – alguns conceitos tais como:
A oficina foi em Língua Brasileira de Sinais (Libras), tanto para/com ouvintes como para/com surdos, sem a presença de intérprete. As conversas, discursos e explicações foram elaborados em Libras em respeito à comunidade surda e à comemoração ao evento. Conceito de arte Para fundamentar o conceito de arte (ou Arte) com o grupo da oficina antes de abordar outros temas pertinentes à Arte Surda, foram relevantes autores como Fischer e Proença para tal discussão. Segundo Fischer (1966), a arte é o meio indispensável para a união do indivíduo com o todo, ou seja, com o instrumento da Arte, e o ser humano se encontra na capacidade de associação e pertencimento entre as partes, com possibilidades de trocas de experiências e ideias, uma vez que essa capacidade humana é cada vez mais criativa. Proença (2007) ressalta que o ser humano cria objetos não apenas para se servir deles, mas também para expressar seus sentimentos diante da vida. A representação dsses objetos pode ser encontrada de diferentes maneiras durante a História da Arte. Nesse primeiro momento, cada um teve que dizer numa única pala- vra sobre o que entendia por ARTE. Essa conversa reflexiva com o grupo foi para entender a pergunta sem muito a priori , delimitando simplesmente “ o que é arte? ” Arte surda O termo Arte Surda é um conceito contemporâneo. Para a oficina foi utilizado o site culturasurda.net^7 como referência para as diversas manifestações artísticas na/da Comunidade Surda, que no site subdividem-se em: “Cultura Surda”, “Culturas no plural” e “Cuidado com os estereótipos”. Entende-se como Arte Surda as produções artísticas relacionadas às cul- turas surdas, que expressam de diferentes maneiras: a história, as lutas, as línguas, as experiências cotidianas, os protagonismos, os marcadores culturais, as narrativas, as (^7) O site culturasurda.net foi criado em 2011, reúne produções culturais de, sobre e para surdos de diferentes países e é administrado por Hugo Eiji, paulista, ouvinte, mestre em Ciências da Cultura pela Universidade de Lisboa.
Segundo Strobel (2008) Antes a história cultural dos povos surdos não era reconhecida, os sujeitos surdos eram vistos como de- ficientes, anormais, doentes ou marginais. Somente depois do reconhecimento da língua de sinais, das identidades surdas e, na percepção da construção de subjetividades, motivada pelos Estudos Culturais, é que começaram a ganhar força as consciências polí- tico-culturais. Em determinados momentos, quando a luta por posições de poder ou pela imposição de ideias revela o manifesto política cultural dos povos surdos. (p. 90). Quando abordamos as Produções Culturais Surdas, faz-se necessário uma definição sobre o conceito de Comunidade Surda, parafraseando a autora Strobel (2008) a qual escreve que o sujeito surdo tem uma forma diferente de viver do sujeito ouvinte, com valores e crenças transmitidas de geração a ge- ração através do contato entre seus pares pelas Associações de Surdos – e pelas próprias vivências artísticas suscitadas nesses e noutros espaços. Língua de sinais Embora todos os participantes da oficina usassem a Libras como meio de comunicação como primeira língua (L1) ou segunda língua (L2), a explica- ção sobre o reconhecimento da Lei de Libras nº 10.436/02^8 só fez reforçar a importância da utilização dessa língua como meio de comunicação da comu- nidade surda. Sobre a língua de sinais, fizemos uma reflexão sobre a citação abaixo: A língua de sinais é uma das principais marcas da identidade de um povo surdo, pois é uma das peculiaridades da cultura surda, é uma forma de comunicação que capta as experiências visuais dos sujeitos surdos, sendo que é esta língua que vai levar o surdo a transmitir e proporcionar-lhe a aquisição de conhecimento uni- versal. (STROBEL, 2008, p. 44). Para essa citação, cabe aqui explicitar o conceito de povo surdo citado pela mesma autora: (^8) A Lei de Libras nº 10.436, de 24 de abril de 2002, dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Em seu Art. 1º, “É reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais –– Libras – e outros recursos de expressão a ela associados”.
Quando pronunciamos “povo surdo”, estamos nos referindo aos sujeitos surdos que não habitam no mesmo local, mas que estão ligados por uma origem, por um código ético de formação vi- sual, independente do grau de evolução linguística, tais como a língua de sinais, a cultura surda e quaisquer outros laços. (...) Se uma língua transborda de uma cultura, é um modo de orga- nizar uma realidade de um grupo que discursa a mesma língua como elemento em comum, concluímos que a cultura surda e a língua de sinais seriam uma das referências do povo surdo. (STROBEL, 2008, p. 31). Dessa forma, uma conversa enfatizando a importância das conquistas pela comunidade e a legislação em vigor foi realizada durante a oficina a partir de conceituações oriundas da própria comunidade acadêmica, que inclui pes- quisadores surdos e também ouvintes. Sinais icônicos Cada língua humana apresenta um padrão de organização dos seus ele- mentos como forma de estruturação linguística morfológica, sintática e semân- tica. O intuito dessa oficina não foi apresentar conceitos linguísticos, mas esta- belecer um diálogo entre a língua de sinais e a Arte Surda. Dessa maneira, o conceito de Sinais Icônicos foi apresentado sob a for- ma de imagens e, em seguida, brevemente, de forma teórica para que no segun- do momento a relação entre língua e Arte pudesse ser estruturada de uma forma única, coesa, amalgamada, linkada. Ou seja, não desejávamos voltar ao termo específico, duro, frio e distanciado de uma prática ou da vivência com o termo. Figura 5 – Imagens de objetos que possuem sinais icônicos na Libras Fonte: João Paulo Ferreira da Silva
Segundo Rosado e Taveira (2018), em relação à língua e à expressão visual, no momento em que o português perde seu aspecto central, ganham terreno: o corpo, a oralidade, a sinalidade e o visual.Volta-se ao referente - ao objeto -, à situação propriamente dita. Porém, isso não significa abrir mão do território simbólico (p. 503). Esses autores nos chamam a atenção para abrir mão da disputa entre lín- guas (Libras versus Língua Portuguesa) e observar o comportamento de cada uma na constituição dos suportes e de recursos referentes aos encadeamentos e às mis- turas entre imagem e texto, na Libras e em português, entre matrizes de linguagem (sonora, visual e verbal). O pouco entendimento sobre o que são as matrizes de linguagem e pensamento, principalmente quanto ao aspecto visual, causa equívocos e nos impulsiona ao estudo e à construção de outros olhares para desfazer mitos. Apresentação das obras de arte Como aspecto relevante para a oficina, também foi apresentada nesse primeiro momento para o grupo a história de quem foi o artista americano surdo Chuck Baird. Foram mostradas imagens do artista e suas obras de arte, e, a cada uma delas, demos o título ou tema e o sinal em American Sign Language (ASL) e Libras. No exemplo da primeira tela artística, Crocodilo, observe que há um espelho na água, um reflexo da “abertura de boca”, um provável “aboca- nhar” e esse seria o sinal de crocodilo (como também de jacaré). Figura 8 – Crocodilo (Arte de Chuck Baird) “CrocodileDunDee” By Chuck Baird Fonte: http://www.deafart.org/Biographies/Chuck_Baird
Veja que na próxima pintura há algo que se assemelha a um dedo no formato da cabeça da tartaruga saindo do casco. “Fingershell”, de Chuck Baird, brinca com a cultura surda, valorizando-a. Tanto o sinal da tartaruga quanto as datilologias têm um valor altamente visual e expressivo para a comunidade surda. Figura 9 – Tartaruga (Arte de Chuck Baird) “Fingershell” By Chuck Baird Fonte: http://www.deafart.org/Biographies/Chuck_Baird Já na pintura seguinte, a forma como a mão é representada na imagem se assemelha parcialmente à cauda de uma baleia. Esse sinal em ASL é representado da seguinte forma: braço esquerdo horizontal dobrado em frente ao corpo, mão horizontal aberta, palma para baixo, apontando para a direita; mão direita em Y horizontal em pequenos movimentos ondulados do cotovelo à mão esquerda. Figura 10 – Baleia (Arte de Chuck Baird) “Whale” By Chuck Baird Fonte: http://www.deafart.org/Biographies/Chuck_Baird
Divididos em duplas, os participantes sortearam uma palavra em portu- guês para ser representada em Libras por meio de uma obra de arte. Cada dupla sorteou uma única palavra:
1. Tartaruga 2. Borboleta 3. Hipopótamo 4. Aranha 5. Casa 6. Skate 7. Capoeira 8. Árvore 9. Balão 10. Barco Numa mesa central foram colocadas tintas guache coloridas, pincéis e papel A3. Não só as mãos dos alunos durante a oficina foram pintadas, mas um dos objetivos era que também se preocupassem com o plano de fundo, ou seja, durante a apresentação, o plano de fundo seria colocado para que as represen- tações das imagens nas mãos dos alunos tivessem uma visibilidade mais artística, diferentemente das obras do artista americano Chuck Baird, em que as mãos foram pintadas diretamente nas telas de arte. A seguir, o momento da criação das pinturas pelos alunos da oficina. No primeiro exemplo, observem as mãos pintadas: polegar de uma das mãos representando a cabeça da tartaruga e o dorso da outra mão, representando o casco. As duas mãos encaixadas formam o sinal em Libras para tartaruga. Essa mesma forma de representação dos sinais icônicos foi feita pelos outros grupos ao pintarem não só as mãos, mas os dedos, dorso, unhas, conforme as palavras sorteadas.
Figura 12 – “Tartaruga” em Libras (Artes Surdas) “Tartaruga” – Oficina de Artes Surdas/INES Fonte: João Paulo Ferreira da Silva A seguir, estou com uma máquina fotográfica e os cursistas com os seus “planos de fundo”, para que os posicionem atrás, e suas mãos pintadas, que ficarão dispostas à frente dos fundos. O fundo representa um cenário, ambiente para a figura principal, o sinal em Libras. Essa tarefa foi chamada de “composi- ção artística”. Figura 13 – Fotos da etapa de demonstração da montagem da “tela artística” ou “releitura de Chuck Baird” Figuras do Registro da Oficina de Artes Surdas/INES Fonte: João Paulo Ferreira da Silva
Figura 14 – Desenho de plano de fundo: “paisagem Desenho de Plano de Fundo - Oficina de Artes Surdas/INES Fonte: João Paulo Ferreira da Silva Figura 15 – Desenho de plano de fundo: “paisagem”, mais as imagens de “hipopótamo” e “borboleta” Figura 16 – Detalhe do “Sinal icônico em Libras” para “hipopótamo” e “borboleta”
Figura 17 – Composição para plano de fundo mais sinais “hipopótamo” e “borboleta” Registro da Oficina de Artes Surdas/INES Fonte: João Paulo Ferreira da Silva Nessas últimas figuras observamos o resultado completo da Oficina de Sinais Icônicos na Arte Surda. Com as imagens apresentadas em seus res- pectivos detalhes, observamos que o desenho do objeto no papel era apenas para representar o sinal que seria apresentado em Libras já que o sinal icô- nico poderia ser parcial, ou seja, se referia a uma parte do animal (hipopóta- mo) ou à sua totalidade (borboleta). De qualquer modo, ambos representam a realidade, seja ela parte do objeto ou de sua totalidade, diferentemente de um sinal arbitrário^9. Após a apresentação de cada dupla, conversamos sobre a oficina, assunto esse desenvolvido no terceiro momento: contextualizar. Terceiro momento: contextualizar A Proposta Triangular de Ana Mae Barbosa (1991) permite uma in- teração dinâmica no ensino da Arte; na oficina, os dois primeiros momentos existiram, segundo a proposta triangular, para que o participante pudesse, de (^9) Sinal Arbitrário, não há uma conexão intrínseca entre a palavra ‘cão’ e o animal que ela simboliza. Para uma classificação mais detalhada ver Quadros (2004).