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Este documento aborda o tema da psicologia da aprendizagem, explorando a fonte somática de aprendizagem, o desejo de conhecer e a importância da ludicidade nos processos de aprendizagem. O texto discute as teorias de locke, piaget e vygotsky, e sua influência na organização pedagógica moderna. Além disso, o documento discute a importância do professor na troca de aprendizagem e no despertar para o desejo de conhecer.
Tipologia: Esquemas
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Não perca as partes importantes!
AUTOR Juliane Paprosqui Marchi da Silva
AUTOR Juliane Paprosqui Marchi da Silva
Paulo Roberto Colusso
DIRETOR DO NTE
Camila Marchesan Cargnelutti Maurício Sena
Caroline da Silva dos Santos Siméia Tussi Jacques Keila de Oliveira Urrutia
Carlo Pozzobon de Moraes – Ilustrações Juliana Facco Segalla – Diagramação Matheus Tanuri Pascotini – Capa e ilustrações
Ana Letícia Oliveira do Amaral
Juliane Paprosqui Marchi da Silva
ELABORAÇÃO DO CONTEÚDO
REVISÃO LINGUÍSTICA
APOIO PEDAGÓGICO
EQUIPE DE DESIGN
PROJETO GRÁFICO
Ministério da Educação
APRESENTAÇÃO
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lá, sejam bem-vindos à disciplina de Psicologia da Aprendizagem! Na figura abaixo vemos uma das mais antigas máquinas de calcular, um exemplo de facilitação nos processos de ensino de matemática. Entender os processos de aprendizagem se apresenta como objetivo desta disciplina. FigUrA 01 – Ábaco
FONTE: https://goo.gl/XKWHgv
Os processos de aprendizagem há muito tempo são pensados e estudados, a capa- cidade do homem evoluir, sair das cavernas, e hoje dominar as tecnologias é de fato fantástico! Pensar nos processos de aprendizagem, que faz com que uma criança aprenda a falar, comunicar-se, andar, interagir com o mundo que a cerca. Pensar em como aprendemos a dirigir um veículo, como aprendemos novas línguas, nas milhares de sinapses que são feitas por nosso cérebro cada vez que aprendemos, são realidades do dia-a-dia que passam despercebidas, ou que não paramos para pensar, em tudo isso, seriam na verdade coisas automáticas? Entender como é constituído os processos de aprendizagem é um importante elemento na busca por uma educação de qualidade. Ao final desta disciplina espera- -se que você possa compreender os processos de aprendizagem e suas relações com as diferentes dimensões do fazer pedagógico, levando em conta o desenvolvimento e a aprendizagem continuada. A disciplina que agora se apresenta é um ponto de vista da autora do presente material didático, sendo que é um recorte subjetivo, pessoal com base nas teorias que serão apresentadas no decorrer das unidades. Para tanto, está organizado em quatro unidades perfazendo uma carga horária total de 60hs divididas entre teóricas e práticas, ao final de cada unidade são pro- postas atividades que auxiliarão na prática. Na primeira unidade serão abordados os fundamentos epistemológicos da aprendizagem nas concepções apriorista, empirista e interacionista, fazendo um resgate histórico destas teorias e os impactos das mesmas no campo educacional.
ATENçãO: faz uma chamada ao leitor sobre um assunto, abordado no texto, que merece destaque pela relevância.
iNTErATividAdE: aponta recursos disponíveis na internet (sites, vídeos, jogos, artigos, objetos de aprendizagem) que auxiliam na compreensão do conteúdo da disciplina.
sAiBA mAis: traz sugestões de conhecimentos relacionados ao tema abordado, facilitando a aprendizagem do aluno.
TErmO dO gLOssáriO: indica definição mais detalhada de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto.
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SUMÁRIO
Introdução 1.1 Concepção apriorista 1.2 Concepção empirista 1.3 Concepção interacionista
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Introdução
Introdução
Introdução
2.1 Princípios básicos do behaviorismo e implicações educacionais
4.1 O sujeito cognoscente e as novas tecnologias
2.2 Psicologia da Gestalt e implicações na aprendizagem
4.2 O fracasso escolar: abordagens atuais
2.3 Epistemologia genética de Jean Piaget
4.3 O aprender no contexto da Educação de Jovens e Adultos
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2.4 Perspectiva sócio interacionista de Vigotsky
4.4 A Educação Continuada como uma dimensão do desenvolvimento pessoal
2.5 A pedagogia crítica de Freire 2.6 A teoria da complexidade de Edgar Morin
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UNIDADE 3 – O SUJEITO PSÍQUICO E O APRENDER
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· 3.1 Fonte somática da aprendizagem 3.2 O desejo de conhecer 3.3 Agressividade e aprendizagem 3.4 O lúdico e o aprender
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FUNDAMENTOS
EPISTEMOLÓGICOS DA
APRENDIZAGEM
e d u c a ç ã o d o c a m p o | Psicologia da aprendizagem · 13
FigUrA 02: - Empirismo x Racionalismo
FONTE: Do autor, adaptado por NTE, 2017
sAiBA mAis: http://filosofiamedici1p.files.wordpress. (^3) com/2013/03/rene_descartes.pdf
Empirismo (John Locke)
Behaviorismo Conexionismo Inatismo Interacionismo/ Construtivismo Cognitivismo (Piaget) Sócio Interacionismo (Vvgotskv)
Nativismo
Apriorismo (Kant)
Racionalismo (René Descartes)
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A teoria apriorista tem como grande filósofo Immanuel Kant representado na imagem abaixo conforme a figura 03.
FigUrA 03 – Immanuel Kant (1724 – 1804)
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Friedrich_Heinrich_Jacobi_portrait.jpg
Para a teoria apriorista, o homem já nasce com as competências necessárias para aprendizagem, ou seja, essas competências são à priori da aprendizagem, ou seja, antes de aprender, inclusive sua personalidade e valores, sendo que o meio somente influenciará para fazer com que essas competências apenas aflorem. Essa teoria se apoia na teoria inatista e maturacionista. O inatismo defende que o ser humano traz suas potencialidades através de heranças hereditárias pré-determinadas e, para os maturacionistas, todas essas potencialidades serão despertadas no tempo certo, ou seja, na maturação normal ao longo da vida essas potencialidades vão se mostrando. É com base nessa teoria que temos alguns ditos populares tais como: “filho de peixe, peixinho é”; “pau que nasce torto, morre torto”; “o fruto não cai longe do pé” dentre outros, pois, acredita-se fortemente na programação hereditária, ou seja, nenhuma pessoa nascida de pais analfabetos, por exemplo, chegará muito longe, como já traz os traços hereditários não tem muito que fazer em relação a isso, é uma teoria extremamente determinista e fatalista. Algumas consequências para o ensino aprendizagem deixadas por essa teoria: Maturação: a idéia que a aprendizagem dependerá da idade em que a criança se encontra. Foco no que aprendeu: as avaliações são feitas em cima do que se aprendeu, não vai além, não é incentivado buscar conhecimentos novos. O ambiente externo tem pouca importância: não há necessidade de se criar na escola ambientes propícios para aprendizagem, uma vez que a criança já traz isso em seus traços biológicos, pouco importa o incentivo externo.
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A fi gura 4 apresenta a imagem do teórico John Locke (1963 - 1704)
FigUrA 04 – John Locke (1632 – 1704)
FONTE: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:JohnLocke.png
A concepção empirista, cujo principal fi lósofo foi o inglês John Locke, tem como um dos grandes marcos a sua teoria “Ensaios sobre o Entendimento Humano” lançado em 1690. Sendo que, a subunidade será guiada através dos pensamentos deste teórico, o empirismo se divide em duas correntes: behaviorismo que veremos mais adiante e o conexionismo.
Para o empirismo não é o fator genético que determina a aprendizagem, mas sim as experiências vividas ao longo da vida que determinam o aprendizado. O ser humano constrói o conhecimento através dos cinco sentidos, nasce sem qualquer “carga” que já determine seu destino, sua posição social, sua crença, sua trajetória ou seu nível de conhecimento, faz uma crítica a Descartes, e na sua obra “Ensaios sobre o entendimento humano” busca responder principalmente como a mente funciona. Fazendo um resgate bem superficial da obra, Locke nos diz que através dos objetos, que tem qualidades primárias (objetivas, tais como forma, tamanha, etc) e qualidades secundárias (subjetivas, tais como, cor, cheiro, etc), ao interagirmos temos sensações ou experiências com esses objetos que irão produzir ideias simples em nossa mente, sendo que, a mente para Locke é uma tábula rasa, ou seja, não tem ideias inatas como Descartes defendia, e através dessas impressões e reflexões que são feitas, com base nesses objetos, que temos o desenvolvimento de ideias complexas. Fazendo uma analogia, nossa mente seria como uma casa vazia, que através das experiências que temos advindas dos cinco sentidos, vamos mobiliando, ou seja, deixando marcas, imprimindo significados em nossa mente.
sAiBA mAis: http://goo.gl/oK4WU 3
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Os pensamentos de John Locke influenciaram muito a educação trazendo inclusive a prática da educação física para o meio escolar, por entender que um corpo saudável possibilita uma mente igualmente saudável. Apesar de em sua época a educação como um todo, deveria se destinar apenas aos filhos da burguesia, nobres como ele. A sua maior preocupação é ensinar para o aluno conteúdos que possam ter reflexos em sua prática na vida adulta. Então, a criança somente aprenderá aquilo que lhe será útil, pautado fortemente na moral e costumes, sendo que os senti- mentos de vergonha e de sentir-se honrado são muito eficazes para dominar a conduta da criança. No Brasil, durante a ditadura militar, existiam disciplinas voltadas para a edu- cação de moral e cívica que tinham o intuito de preparar o educando para viver moralmente dentro dos ditames da lei. Outra contribuição para a educação é a utilização de recursos visuais, Locke acreditava que a criança aprendia mais pelos meios visuais. Locke em suas obras não enaltece a figura do professor e sim da família, que tem um papel essencial no desenvolvimento da criança, porém como a teoria por ele desenvolvida configura o aluno como uma folha de papel em branco podemos observar, na organização pedagógica moderna, a utilização, em grande medida, do modelo de transmissão do conhecimento, através do professor, como pode ser visto em Becker (1993, p. 19).
O aluno aprende se e somente se, o professor ensina. O professor acredita no mito da transferência do conhecimento: o que ele sabe, não importa o nível de abstração ou de formalização, pode ser transferido ou transmitido para o aluno. Tudo que o aluno tem a fazer é submeter-se à fala do professor: ficar em silêncio, prestar atenção, ficar quieto e repetir tantas vezes quantas for necessária, escrevendo, lendo, etc., até aderir em sua mente o que o professor deu.
Aderindo a esse modelo a escola também assume um papel importante na busca por moldar os indivíduos, reforçando os comportamentos positivos. Os trabalhos individuais são enaltecidos, e para a escola, o aluno nada sabe, está ali para sen- tar, ouvir e aprender. Mas sobre isso, falaremos mais adiante quando abordarmos algumas questões sobre o behaviorismo.
TErmO dO gLOssáriO: é uma expressão latina que significa literalmente "tábua raspada", e tem o sentido de "folha de papel em branco”.
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Jean Piaget (1896 – 1980), para ele o desenvolvimento da criança é marcado por estágios, cada vez que a criança é submetida a algo novo, acontece um dese- quilíbrio com os aprendizados que já possui e isso desencadeia um processo de assimilação e acomodação. É pelo contato com o mundo que seus conhecimentos são construídos. Sua teoria ficou conhecida como construtivismo, que trataremos nas unidades posteriores. Porém, para sintetizar, o trabalho deste teórico pode ser compreendido em diversas fases: Entre 1920 e 1930 se deteve em estudar a evolução ontogética e os processos mentais, bem como o conceito construtivista. Entre 1940 e 1950 busca estudar os mecanismos funcionais da adaptação dos processos mentais, sendo que, a estrutura da mente passa a ser compreendida como um processo de reorganização continua, através da interação com o meio ambiente, passando do primeiro momento, das funções puramente biológicas, para os processos de adaptação ao ambiente. Lev Seminovitch Vygotsky (1896 – 1934) defende a mesma interação de Piaget, porém situada em um contexto sócio-histórico-cultural. Acredita que, assim como o homem transforma a natureza, este também sofre os efeitos de sua interação, sendo que, esses processos são intencionais, e a partir dessas trocas a aprendizagem é construída. Criou o conceito de zona de desenvolvimento proximal, que chamou da distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento potencial, ou seja, a distância entre aquilo que ainda não sei, mas que saberei. O surgimento desta teoria se deu no início do século XX, derivando da teoria do racionalismo, assim como a apriorista, ambientalista e inatista, mas com enfoques diferentes, pois discorda da teoria apriorista por desprezarem o papel do ambiente e das teorias ambientalistas por ignorarem os aspectos maturacionais, a concepção interacionista considera todas as dimensões do ser humano. Para essa concepção a aprendizagem deve ser centrada no aluno, o professor desempenha papel de orientador, sendo que o erro passa ser motivo de construção e não desconstrução, ou motivo de vergonha, essa ideia vem dos estudos de Piaget, que veremos mais adiante. Nesse sentido Becker (2001, p.24) pontua que:
O professor construtivista não acredita no ensino, em seu sentido convencional ou tradicional, pois não acredita que um conhe- cimento (conteúdo) e uma condição prévia de conhecimento (estrutura) possam transitar, por força do ensino, da cabeça do professor para a cabeça do aluno. Não acredita na tese de que a mente do aluno é tabula rasa, isto é, que o aluno, frente a um conhecimento novo, seja totalmente ignorante e tenha de aprender tudo da estaca zero, não importando o estágio do desenvolvimento em que se encontre. Ele acredita que tudo o que o aluno construiu até hoje em sua vida serve de patamar para continuar a construir e que alguma porta se abrirá para o novo conhecimento – é só questão de descobri-la; ele descobre isso por construção. (...) Professor e aluno determinam-se mutuamente.
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A escola nessa perspectiva passa ser um ambiente de trocas, de construção coletiva, não mais de competição, devendo a mesma propiciar esse ambiente harmônico. Ao contrário das teorias aprioristas o ser humano tem capacidades e competências iguais, somente o que muda é a forma com que aprendem determinados conteúdos relacionados a tipos de inteligência que também estudaremos mais adiante.