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Shantala - Uma Arte Tradicional - Massagem para bebês - Frédérick Leboyer, Notas de estudo de Medicina

Massagem para bebês

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 29/12/2009

laura-lima-11
laura-lima-11 🇧🇷

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SHANTALA

massagem para bebês:

uma arte tradicional

Tradução de

Luiz Roberto Benati

e

Maria Silvia Cintra Martins

Dedico este livro à minha mãe. A todas as mães. A Shantala. E, por seu intermédio, à Índia, minha segunda mãe, de quem tanto aprendi.

O que começa é o medo. O medo e a criança nascem juntos. E nunca se deixarão. O medo, companheiro secreto, discreto como a sombra

e, como ela, fiel, obstinado.

O medo que não nos abandonará, a não ser no túmulo,

para onde, com fidelidade,

nos conduzirá.

Já contei a epopéia do nascimento*. E o nascimento do medo. Mostrei o jovem cavaleiro andante, atacado, a partir do momento em que se arrisca a sair do refúgio, por mil monstros, sensações do mundo exterior. Elas o esperam e o assustam com seu extraordinário rumor. Mostrei o jovem herói quase a sucumbir, atordoado, não pelo sofri- mento, mas com a surpresa e o terror. E tentei mostrar como, com um pouco de inteligência e tato, podería- mos mudar muita coisa.

"E depois?", perguntaram-me. O que lhe ocorreu nos primeiros dias, nas primeiras semanas? E verdade: as provações não terminaram. A criança vai encontrar no- vos monstros. Nosso Argonauta terá de travar diferentes combates. Para bem compreender do que se trata, voltemos, uma vez mais, para trás.

*Nascer sorrindo. (^) Editora Brasiliense, SP, 1979.

E o silêncio. Repentinamente, o mundo ao redor congelou-se, coagulou-se, numa imobilidade completa e terrível. E, enquanto la lora laz-se completo vazio, eis que aqui dentro alguma porção no ventre agarra torce morde... "Mamãe! Mamãe!" Ah, que pavor!

No ventre? Não ali na escuridão! Sim, no escuro há um animal. Sim, sim, um tigre, um leão... "Eu o escuto! Eu o percebo! Mamãe! Mamãe!"

Um animal? Na escuridão? Prestes a saltar sobre a criaça para devorá-la?

Um lobo, talvez? Um lobo transformado em avó e que espreita Chapeuzinho Vermelho preparando-se para devorá-lo?

Um lobo? Onde? Na cama? Embaixo da cama? Atrás do biombo?

Não! Está bem ali no ventre. E se chama fome.

A fome é um monstro? A fome é sensação agradável. Não é verdade? Porque, de fato, com muita satisfação, a vemos repetir-se várias vezes por dia. Para nós, uma agradável satisfação. Porque nós sabemos muito bem que iremos comer.

Dentro, a fome fora, o leite. E, entre os dois, a ausência, a espera, sofrimento indizível. E que se chama tempo.

E é assim que, tão-somente do apetite, nasceram o espaço e a existência*.

(*) No original, lê-se la durée, conceito difundido por Henri Bergson c que, segundo o nosso (^) Aurélio, aplica-se à "sucessão das mudanças qualitativas dos nossos estados de consciência, que se fundem sem contornos precisos e sem possibilidades de medição". (N. do T.)

Se os bebês berram sempre que acordam não é porque a fome os atormente. Eles não morrem de inanição. Eles são aterrorizados pela novidade da sensação. Por essa "coisa qualquer interior" que assume imensas proporções, justamente por- que o mundo exterior esta mono. É preciso alimentar os bebês. Sem dúvida alguma. Alimentar a sua pele tanto quanto o ventre. E, além disso, nesse oceano de novidades, de desconhecido, é pre- ciso devolver-lhe as sensações do passado. Só elas nesse momento podem oferecer-lhe um sentimento de paz, de segurança. A pele e as costas não esqueceram. Já contei como as primeiras contrações no ventre materno aterrori- zaram a criança. Já disse como, passada a surpresa, o pequeno ser começou a amar, a esperar por essa força que dele se apoderava, o esmagava e, por isso, o deixava assombrado e saciado. E como, semana após semana, o abraço ficava mais apaixonado, mais poderoso, Para, finalmente, culminar no delírio, a embriaguez do parto, do trabalho. Seria grave erro imaginar que o nascimento é necessariamente doloroso para o bebê. A fatalidade da dor não existe. Não mais que a fatalidade do parto.

Assim como dar à luz pode ser para a mulher liberada do medo uma

experi ência inebriante, com a qual nada se pode comparar,

O que fizemos no nascimento temos de repetir todos os dias, durante semanas e meses, visto que, por muito tempo, sempre que acorda, o bebê espanta-se com o fato de reencontrar o mundo do avesso: as sensações fortes "dentro" do ventre, do estômago, e "fora", coisa alguma! E necessário restabelecer o equilíbrio. E alimentar o "de fora" com o mesmo cuidado que o "de dentro". Para ajudar os bebês a atravessar o deserto dos primeiros meses de vida, a fim de que eles não sintam mais a angústia de estar isolados, perdidos, é preciso falar com suas costas, é preciso falar com sua pele que têm tanta sede e fome quanto o seu ventre.

Sim! Os bebês têm necessidade de leite. Mas muito mais de ser amados e receber carinho.

Sentir... Para o nariz, sentir é perceber o mundo mais adiante do que a mão pode alcançar. Ouvir é explorar mais longe ainda. E ver, ah! ver... é acariciar com os olhos o universo milhares de quilô- metros ao redor. Cada sentido fala o mundo para nós. Seu mundo. E a harmonia se faz. Cada sentido afasta um pouco mais além as fronteiras, tornando mais vasto, mais variado e mais rico o universo. Apalpar, porém, é por aí que tudo, de modo muito simples, começou. A língua. que sabe tantas coisas, lembra-se disso: "E comovente... * De fato, amigo, estou comovido, muito comovido ** por sua atenção..." Nos bebês, a pele transcende a tudo. É ela o primeiro sentido. É ela que sabe. Como ela se inflama com facilidade em todas as criancinhas! Erupções, eritemas, pústulas... Micróbios? Infecção? Não, Não. Mal-apanhadas. Mal-acabadas. Mal cuidadas. Mal conduzidas. Mal-amadas***. Ah, sim, é preciso dar atenção a esta pele, nutri-la. Com amor. Mas não com cremes.

TÉCNICA