

































Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Trabalho feito por Francisco Carlos Peres sobre o Fourier
Tipologia: Slides
1 / 41
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Inicialmente este texto pretendia ser apenas um auxiliar e um complemento para o estudo da Seção
4 (Séries de Fourier) e Seção 5 (Extensão periódica de uma série de Fourier) da Unidade 4 do livro
didático “Sequências Numéricas e Séries” , de autoria dos professores Carlos H. Hobold e Paulo J.
S. dos Santos (Unisul Virtual, 2011), utilizado na disciplina “Sequências e Séries” do bacharelado de
Matemática EAD, da UNISUL. Mas, na medida em que ia sendo escrito, seu escopo se ampliou para
uma apostila mais completa sobre o assunto, por dois motivos: (a) suprir uma falha na literatura em
português impressa e na internet de um texto que incluísse história e contexto do desenvolvimento
das Séries de Fourier, ao mesmo tempo em que explicasse passo-a-passo os pontos principais,
através de muitos exemplos; e (b) a satisfação e diversão cada vez maiores do Autor, na medida em
que avançava em seus estudos e pesquisas e percebia que compreendia cada vez melhor o assunto.
É expectativa do Autor que a leitura desta apostila seja tão prazerosa quanto foi sua redação, sem
esquecer que – por ser um texto de matemática – a “leitura” deve incluir a repetição manual dos
cálculos apresentados pelo Autor e a realização, em paralelo, de exercícios apresentados em outros
livros-texto.
Esta apostila não tem a pretensão de ser perfeita, podendo eventualmente conter erros de digitação
e/ou outros (afinal, apesar dos cuidados tomados, o Autor é apenas um estudante). Como a própria
Matemática, ela pode ser melhorada com a colaboração daqueles genuinamente interessados (e
um pouco esforçados). Por isso comentários e críticas, sugestões e correções serão bem vindos,
podendo ser endereçadas ao Autor através dos e-mails francperes@uol.com.br ou
xperes@labhoro.com.br
O Autor
Pretender estudar Matemática como se ela surgisse do ar, ignorando o contexto histórico,
geográfico e humano que cerca as grandes descobertas, é uma extrema injustiça com esta nobre
ciência e principalmente com os seus estudantes.
Jean-Baptiste Joseph Fourier (1768 – 1830), o inventor/descobridor das assim chamadas Séries de
Fourier, foi um homem do seu tempo [seu sobrenome pronuncia-se furriê ]. Tinha 20 anos quando
irrompeu a Revolução Francesa em 1789, sendo então professor de matemática na sua cidade natal
de Auxerre. Mesmo fora de Paris, envolveu-se profundamente na política, apoiando os
revolucionários com suas habilidades retóricas. Mas a crescente violência, como o uso da guilhotina
para decapitar adversários políticos, e a divisão dos revolucionários em inúmeras facções que
lutavam entre si, desgostaram Fourier. Ele chegou a ser preso em 1794, porém foi libertado em
seguida e nomeado em 1795 para a École Normale de Paris (instituição criada pela nova República
para ensinar os professores franceses), onde conheceu e teve como mestres Lagrange , Laplace e
Gaspard Monge – entre os maiores gênios da física e da matemática da época. Em 1798, quando
liderou uma expedição militar ao Egito (1798 – 1801), o então general Napoleão Bonaparte levou
consigo um grupo de cientistas e estudiosos para pesquisarem as riquezas históricas egípcias.
Fourier estava entre eles, tornando-se secretário do Instituto do Egito, criado por Napoleão no
Cairo, do qual o matemático Monge foi o primeiro presidente. No retorno da expedição à Europa,
após muitas lutas políticas, Napoleão torna-se Imperador da França (período 1804 – 1814), e nomeia
seu amigo Fourier como prefeito do Departamento de Isère, cargo equivalente a governador da
província. A habilidade política de Fourier era tão grande que, mesmo no período pós-napoleônico,
foi nomeado prefeito da cidade de Grenoble, segunda maior cidade da região sudeste da França,
depois de Lyon, e capital do departamento de Isère. Segundo uma biografia escrita por François
Arago (1857), o falecimento de Fourier ocorreu em maio de 1830, em Paris, aos 62 anos, devido às
suas frágeis condições de saúde agravadas pela queda de uma escada.
Esboço de Fourier, 1820 (fonte: Wikipédia)
Busto de Fourier, em Grenoble
Enquanto políticos, militares e homens de negócio desperdiçavam seu tempo e energias em
assuntos ordinários tais como guerras, revoluções e corrida atrás de dinheiro – que fazem as
manchetes dos jornais no dia, e os capítulos de livros de história durante alguns poucos séculos –
outro grupo de homens com interesses e ideais mais nobres, cientistas e filósofos, dedicavam-se a
enfrentar e resolver os verdadeiros problemas e desafios que afligem a Humanidade, gravando seus
nomes por infindáveis milênios do porvir, enquanto houver estudantes que refaçam seus passos
para aprender e preparar novos avanços na fronteira do conhecimento.
A principal obra de Fourier não foi a drenagem de pântanos em sua província, nem a construção de
estradas ligando sua cidade à Paris. Estas obras tiveram sua utilidade transitória. Entretanto, o nome
de Fourier ficou realmente gravado para a posteridade por causa de seus trabalhos intelectuais
relativos ao CALOR, um dos grandes desafios que a Física enfrentava na virada do século XIX, nos
quais ele desenvolveu a ideia hoje consagrada das Séries de Fourier.
Em 1807 Fourier apresentou o trabalho “Sobre a propagação do calor nos corpos sólidos” à
Academia de Ciências de Paris, no qual já afirmava que uma função arbitrária podia ser expandida
em uma série trigonométrica, opinião contrária à do grande Euler (1707 – 1783). Infelizmente, a
banca examinadora constituída por Lagrange, Laplace, Monge e Lacroix concordava com Euler e
recusou o texto, criticando-o por falta de rigor matemático. Mais tarde, a Academia lançou um
concurso sobre a propagação de calor nos sólidos para o prêmio de Matemática de 1811. Fourier
reapresentou seu trabalho anterior, acrescido de novos textos mais recentes, e ganhou o concurso,
porém houve algumas ressalvas dos examinadores que terminaram impedindo a publicação do
texto. Foi só em 1817 que o persistente Fourier foi eleito para a Academia de Ciências, e em 1822
conseguiu publicar a que é considerada hoje sua obra prima e um dos grandes clássicos da
matemática e da física: “Teoria Analítica do Calor” (Théorie analytique de la chaleur).
Uma excelente apresentação on-line com uma introdução histórica e matemática à Série de Fourier
pode ser obtida em https://www.youtube.com/watch?v=JFdBfemyXRU Trata-se da aula nº 11 do
curso de Cálculo IV do Instituto de Matemática e Estatística da USP, com o professor Cláudio Possani.
Figura 2.1 - Gráfico de f (x) = tan x
Exemplo 2. 2 : Para a função f (x) = sen x o período é T = 2 π então
No caso particular em que x = π/ 2 temos
Figura 2.2 - Gráfico de f (x) = sen x
Exemplo 2.3: Para a função f (x) = 2, - π < x < 0 e f (x) = x, 0 < x < π o período é T = 2 π
Esse tipo de função é bastante comum em Engenharia Elétrica e Engenharia Mecânica.
Figura 2. 3 - Gráfico de f (x) =
a) f (x) = 2, - π < x < 0
b) f (x) = x, 0 < x < π
Exemplo 2. 4 : A função f (x) = x é uma
função não-periódica definida em toda a
reta R, e seu gráfico é:
Figura 2.4.1 - Gráfico de f (x) = x
Entretanto, é muito importante observar que a função periódica f (x) = x, 0 < x < 1 (com período
T = 1) é outra função diferente, também definida em toda a reta R, cujo gráfico está abaixo:
Neste segundo caso temos uma
função periódica porque os valores
de f (x) se repetem a cada
período, e a função possui um
ponto mínimo e um ponto máximo
(o que não ocorre com a função
original não periódica).
Figura 2.4.2 - Gráfico de f (x) = x, 0 < x < 1
Exemplo 2. 5 : A função f (x) = x
2
é uma função
não-periódica definida em toda a reta R, e seu
gráfico é
Figura 2.5.1 - Gráfico de f (x) = x
2
Entretanto, a função periódica f (x) = x
2
, - π < x < π (com período T = 2 π) é outra função
diferente, também definida em toda a reta R, cujo gráfico está abaixo:
Esta segunda função, definida como periódica, possui pontos
de máximo e de mínimo (enquanto a função original possui
apenas ponto de mínimo, sem ponto de máximo).
Figura 2.5.2 - Gráfico de f (x) = x
2
, - π < x < π
valor da função f (x) em toda a reta real, desde que f (x) seja uma função periódica, e por serem
baseadas nas funções seno e cosseno podem ser diferenciadas infinitas vezes.
𝑎 0
2
𝑛
cos(𝑛𝑥)
∞
𝑛= 1
𝑛
∞
𝑛= 1
=
𝑎
0
2
𝑛
cos(𝑛𝑥)
∞
𝑛= 1
𝑛
Como os termos desta série são funções trigonométricas periódicas com período 2π, a soma S (x)
será também uma função períodica de período 2π. Por isso a Série de Fourier é estudada num
intervalo de comprimento 2π, como por exemplo (-π, π) ou (0, 2π) ou (-2π, 0). Depois veremos o
caso geral de um intervalo de amplitude 2L.
Para que uma função f (x) qualquer possa ser aproximada pela Série de Fourier, precisamos
determinar o valor dos coeficientes.
Partimos de f (x) =
𝑎
0
2
𝑛
cos(𝑛𝑥)
∞
𝑛= 1
𝑛
E integramos os dois lados entre (-π, π)
𝜋
−𝜋
1
2
0
𝜋
−𝜋
𝑛
cos(𝑛𝑥) 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
∞
𝑛= 1
𝑛
𝜋
−𝜋
Resolvendo primeiro as duas parcelas entre colchetes, temos
𝑛
cos
𝜋
−𝜋
𝑛
∫ cos
𝜋
−𝜋
1
𝑛
−𝜋
𝜋
1
𝑛
[sen (n𝜋) – sen (-nπ)] =
1
𝑛
𝑛
𝑛
𝜋
−𝜋
𝑛
𝜋
−𝜋
1
𝑛
−𝜋
𝜋
− 1
𝑛
[cos (nπ) – cos (-nπ)] =
− 1
𝑛
𝑛
Retornando à expressão original temos agora
1
2
0
𝜋
−𝜋
1
2
0
𝜋
−𝜋
1
2
0
1
2
0
0
Então, se
𝜋
−𝜋
0
1
𝜋
0
assim
𝑎
=
∫ 𝑓
( 𝑥
) 𝑑𝑥
n
Partimos novamente de f (x) =
𝑎 0
2
𝑛
cos(𝑛𝑥)
∞
𝑛= 1
𝑛
Multiplicamos ambos os lados por cos (px) , sendo p um número fixo dado, e integramos em (-π, π)
𝜋
−𝜋
=
1
2
0
cos(𝑝𝑥) 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
𝑛
cos
cos(𝑝𝑥) 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
∞
𝑛= 1
𝑛
cos (𝑝𝑥)
𝜋
−𝜋
A primeira integral que contem 𝑎
0
é igual a zero, conforme demonstrado na seção 3.
1
2
0
cos(𝑝𝑥) 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
=
1
2
0
cos(𝑝𝑥) 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
=
1
2
0
1
𝑛
−𝜋
𝜋
=
1
2
0
. 0 = 0
n
é igual a zero, desde que n ≠ p ( n e p inteiros) porque
cos(𝑛𝑥) cos(𝑝𝑥) =
1
2
[cos(n+p)x + cos(n – p)x] (esta é uma das integrais de Euler) então
𝑛
cos
cos(𝑝𝑥) 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
𝑛
1
2
∫ [ cos
𝑥 + cos(𝑛 − 𝑝)𝑥] 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
𝑎
𝑛
2
cos(𝑛 + 𝑝)𝑥 𝑑𝑥 +
𝜋
−𝜋
cos(𝑛 − 𝑝)𝑥 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
𝑎 𝑛
2
1
𝑛+𝑝
−𝜋
𝜋
1
𝑛−𝑝
−𝜋
𝜋
Como sen kπ = 0 e sen - kπ = 0 sendo k = (n+p) ou k = (n-p) temos que esta integral vale zero.
n
é igual a zero, tanto faz se n ≠ p ou n = p porque
𝑠𝑒𝑛 (𝑛𝑥) cos (𝑝𝑥) =
1
2
[sen(n+p)x + sen(n – p)x] (esta é outra das integrais de Euler) então
𝑛
cos (𝑝𝑥)
𝜋
−𝜋
𝑛
1
2
𝜋
−𝜋
∫ sen
𝜋
−𝜋
𝑛
1
2
1
𝑛+𝑝
−𝜋
𝜋
1
𝑛−𝑝
−𝜋
𝜋
cos (n+p)π e cos (n – p)π resultarão sempre +1 e - 1, ou vice versa, e quando adicionados
resultarão em zero. Por isso a expressão da terceira integral vale zero.
cos (n+p)π e cos (n – p)π resultarão sempre +1 e - 1, ou vice versa, e quando adicionados
resultarão em zero. Por isso a expressão da segunda integral vale zero.
n
é igual a zero, no caso de n ≠ p ( n e p inteiros) porque
∫ sen
sen(𝑝𝑥) 𝑑𝑥
𝜋
−𝜋
1
2
𝜋
−𝜋
∫ cos
𝜋
−𝜋
Que é outra das integrais de Euler. Logo
𝑛
𝜋
−𝜋
𝑛
𝜋
−𝜋
𝑛
n
diferente de zero é a terceira integral
quando n = p
𝑛
𝜋
−𝜋
𝑛
𝜋
−𝜋
𝑛
2
𝜋
−𝜋
Novamente Euler já calculou essa integral e ela vale π
2
𝜋
−𝜋
1 −cos( 2 𝑝𝑥)
2
𝜋
−𝜋
1
2
𝜋
−𝜋
1
2
𝜋
−𝜋
1
2
𝜋
−𝜋
𝑑𝑥 = π
Então retomando
𝜋
−𝜋
= 0 + 0 + 𝑏
𝑛
2
𝜋
−𝜋
𝜋
−𝜋
= 𝑏
𝑛
. π
Multiplica-se ambos os lados por
1
𝜋
𝑛
assim (lembrando que p=n logo px = nx)
𝑏
=
∫
𝑓 (𝑥) 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥) 𝑑𝑥
Série de Fourier
0
cos(𝑛𝑥)
𝑠𝑒𝑛 (𝑛𝑥)
Sendo que
𝑎
=
∫
𝑓
( 𝑥
) 𝑑𝑥
𝑎
=
∫ 𝑓
( 𝑥
) 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑥) 𝑑𝑥
𝑏
=
∫
𝑓 (𝑥) 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥) 𝑑𝑥
Seguem-se 5 exemplos de cálculo de série de Fourier para funções periódicas f (x) definidas no
intervalo (-π, π).
Exemplo 4 .1: Calcule a série de Fourier da função f (x) = x, - π < x < π
0
n
n
0
1
𝜋
𝜋
−𝜋
ou seja 𝑎
0
1
𝜋
𝜋
−𝜋
A função f (x) = x é ímpar, e a integral definida de uma função ímpar em intervalo simétrico é
sempre ZERO. Podemos confirmar este resultado calculando a integral. A função primitiva de
f (x) = x é
𝑥
2
2
então ∫
𝜋
−𝜋
𝑥
2
2
−𝜋
𝜋
𝜋
2
2
(−𝜋)
2
2
Portanto 𝑎
0
1
𝜋
𝜋
−𝜋
1
𝜋
Agora vamos calcular 𝑎
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
ou seja 𝑎
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
Ora, o integrando é um produto de funções onde uma é ímpar [ f (x) = x ] e a outra é par [ f (x) = cos
nx ] e pela propriedade 5.3.5 temos que esse produto é ímpar. Além disso, sabemos que a integral
definida de uma função ímpar em intervalo simétrico é sempre ZERO.
Portanto 𝑎
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
1
𝜋
Agora vamos calcular 𝑏
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
ou seja 𝑏
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
Ora, o integrando é um produto de duas funções ímpares, e pela propriedade 5 .3.4 esse produto é
par. Logo, será necessário calcular a integral através de uma integração por partes.
Para integrar o produto de duas funções, faz-se uma integral por partes
𝜋
−𝜋
𝑢 𝑑𝑣 = u v − ∫
𝑣 𝑑𝑢 ou ∫
𝑣 𝑑𝑢 = u v − ∫
Onde v = x → dv = 𝑑𝑥
A Série de Fourier da função aproxima cada vez mais o seu gráfico, na medida em que o número de
seus termos vai aumentando (isto é, o valor de n cresce).
Gráfico da Série de Fourier para f (x) = x
calculada até n = 4 no intervalo (-2π, 2π)
Gráfico da Série de Fourier para f (x) = x
calculada até n = 4 no intervalo (-8π, 8π)
Exemplo 4 .2: Calcule a série de Fourier da função f (x) = x
2
, - π < x < π
0
n
n
0
1
𝜋
𝜋
−𝜋
ou seja 𝑎
0
1
𝜋
2
𝜋
−𝜋
0
1
𝜋
𝑥
3
3
−𝜋
𝜋
1
𝜋
𝜋
3
3
𝜋
3
3
2 𝜋
2
3
Agora vamos calcular 𝑎
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
ou seja 𝑎
𝑛
1
𝜋
2
𝜋
−𝜋
Para integrar o produto de duas funções, faz-se uma integral por partes ∫
𝑢 𝑑𝑣 = u v − ∫
Onde u = x
2
→ du = 2x dx
Onde dv = cos (nx) dx → v =
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
𝑛
Então
𝑛
1
𝜋
[𝑥
2
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
𝑛
−𝜋
𝜋
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
𝑛
𝜋
−𝜋
]
Quando x = π teremos no numerador da primeira parte da expressão entre colchetes sen(nπ).
Ora, sabemos que sen(π) = sen(nπ) = 0, para qualquer n Є Ζ logo toda a primeira parte da
expressão entre colchetes vale ZERO. E ficamos com
𝑛
1
𝜋
[−
2
𝑛
𝜋
−𝜋
]
Onde se faz uma nova integração por partes
u = x → du = dx
dv = sen(nx) dx → v =
− 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑥)
𝑛
Então
𝑛
− 2
𝑛𝜋
[
−𝑥 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑥)
𝑛
−𝜋
𝜋
𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑥)
𝑛
𝜋
−𝜋
]
𝑛
− 2
𝑛𝜋
[
−𝜋 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝜋)
𝑛
𝜋 𝑐𝑜𝑠(𝑛.−𝜋)
𝑛
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
𝑛
2
−𝜋
𝜋
]
A última parte da expressão entre colchetes vale ZERO pois sen(π) = sen(nπ) = 0, para qualquer
n Є Ζ então
𝑛
− 2
𝑛𝜋
[
−𝜋 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝜋)
𝑛
𝜋 𝑐𝑜𝑠(𝑛.−𝜋)
𝑛
] =
− 2
𝑛𝜋
− 2 𝜋 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝜋)
𝑛
4
𝑛
2
Ora, cos π = - 1 logo cos nπ = - 1 quando n é ímpar (para a sequência π, 3π, 5π, ...) e cos nπ = 1
quando n é par (para 2π, 4π, 6π, ...). Portanto
𝑛
𝑛
4
𝑛
2
Agora vamos calcular 𝑏
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
ou seja 𝑏
𝑛
1
𝜋
2
𝜋
−𝜋
Podemos concluir sem cálculo que 𝑏 𝑛
= 0 porque x
2
é uma função par, sen(nx ) é uma função
ímpar, e o produto de função par por função ímpar resulta ímpar, conforme propriedade 4.3.5.
Sendo o intervalo (-π, π), temos que integral de função ímpar em intervalo simétrico resulta
sempre ZERO.
Agora que temos os 3 coeficientes calculados, podemos encontrar a Série de Fourier
f (x) =
𝑎 0
2
𝑛
cos(𝑛𝑥)
∞
𝑛= 1
𝑛
n
0
n
Com n suficientemente grande, teremos o gráfico ao
lado, calculado para um intervalo grande da reta R.
Voltando agora ao cálculo do valor numérico da Série de Fourier da função f (x) = x
2
, - π < x < π
no ponto específico x = π, estaremos confirmando um cálculo feito pela primeira vez por Euler, no
século XVIII (usando outros métodos).
𝜋
2
3
(− 1 )
𝑛
𝑛
2
∞
𝑛= 1
Ora cos π = - 1 , e cos(nπ) = - 1 quando n for ímpar e cos(nπ) = 1 quando n for par.
Matematicamente isso é expresso como cos(nπ) = (−𝟏)
𝒏
Então a fórmula acima fica
𝜋
2
3
(− 1 )
𝑛
𝑛
2
∞ 𝑛
𝑛= 1
𝜋
2
3
(− 1 )
2 𝑛
𝑛
2
∞
𝑛= 1
𝜋
2
3
1
𝑛
2
∞
𝑛= 1
Ora se x = π logo f (x) = x
2
f (π) = π
2
2
portanto
π
2
𝜋
2
3
1
𝑛
2
∞
𝑛= 1
1
4
(π
2
𝜋
2
3
) = ∑
1
𝑛
2
∞
𝑛= 1
1
4
3 𝜋
2
− 𝜋
2
3
) = ∑
1
𝑛
2
∞
𝑛= 1
1
4
2 𝜋
2
3
= ∑
1
𝑛
2
∞
𝑛= 1
𝜋
2
6
1
𝑛
2
∞
𝑛= 1
Dessa forma, utilizando a Série de Fourier confirmamos um célebre resultado que Euler deduziu em
1734 em resposta ao famoso “problema de Basiléia”, proposto em 1644 pelo matemático Pietro
Mengoli. Tratava-se de encontrar a soma do inverso do quadrado de todos os números naturais , e
Euler resolveu usando a Série de Taylor e chegando ao mesmo valor que encontramos acima.
𝜋
2
6
1
𝑛
2
∞
𝑛= 1
1
1 ²
1
2 ²
1
3 ²
1
4 ²
Exemplo 4 .3: Calcule a série de Fourier da função f (x) = 1 se - π ≤ x ≤ 0; 2 se 0 < x ≤ π.
0
n
n
considerando os dois segmentos
descontínuos.
0
1
𝜋
𝜋
−𝜋
nessa situação fica 𝑎
0
1
𝜋
0
−𝜋
1
𝜋
𝜋
0
Como a integral definida é “a área debaixo do gráfico da função”, podemos usar o gráfico da
função para calcular a área dos dois retângulos que correspondem às duas integrais definidas:
= 3π.
1
𝜋
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
nessa situação fica 𝑎
𝑛
1
𝜋
0
−𝜋
𝜋
0
𝑛
1
𝜋
[
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
𝑛
−𝜋
0
𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥)
𝑛
0
𝜋
]
Como sen 0 = sen π = sen(nπ) = 0 temos que o valor do colchetes vale ZERO. Logo 𝑎
𝑛
= 0, n ≥ 1
𝑛
1
𝜋
𝜋
−𝜋
nessa situação fica 𝑏
𝑛
1
𝜋
[∫ 1 𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑥) 𝑑𝑥
0
−𝜋
𝜋
0
]
𝑛
1
𝜋
[
−𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑥)
𝑛
−𝜋
0
2 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑥)
𝑛
0
𝜋
]
𝑛
1
𝜋
[
− cos 0
𝑛
−𝑐𝑜𝑠(𝑛𝜋)
𝑛
− 2 cos(𝑛𝜋)
𝑛
2 cos 0
𝑛
]
A vida não nos deixa esquecer que cos 0 = 1 e cos nπ = 1 quando n é par (isto é, a sequência 0, 2π,
4π, 6π, ...). E também é inesquecível que cos π = - 1 logo cos nπ = - 1 quando n é ímpar (para a
sequência 1π, 3π, 5π, ...).
O valor da expressão entre colchetes vale
1
𝑛
1
𝑛
= 0 quando n é par
E vale
1
𝑛
1
𝑛
2
𝑛
quando n é ímpar. Portanto
𝑛
= 0 quando n é par; e 𝑏
𝑛
1
𝜋
2
𝑛
2
𝑛𝜋
quando n é ímpar.