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Nara rosane machado oliveira, claudete da silva martins e francéli brizolla discutem os conceitos de preconceito e estigmas apresentados na obra fílmica 'sempre amigos'. O estudo tem como objetivo refletir sobre a inclusão escolar, especialmente na etapa do ensino médio, e orientar afetivamente os processos envolvidos na inclusão de alunos com deficiências e sem deficiências. Palavras-chave: preconceito/estigma; deficiência; educação inclusiva.
O que você vai aprender
Tipologia: Exercícios
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Nara Rosane Machado de Oliveira (Professora, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Mestrado Acadêmico em Ensino, UNPAMPA – Campus Bagé, membro do Grupo INCLUSIVE - Grupo de Estudos Pesquisas em Inclusão e Diversidade na Educação Básica e no Ensino Superior) Claudete da Silva Lima Martins (Docente, UNIPAMPA - Universidade Federal do Pampa/RS, vice líder Grupo INCLUSIVE - Grupo de Estudos e Pesquisa em Inclusão e Acessibilidade na Educação Básica e no Ensino Superior) Francéli Brizolla (Docente, UFPR Setor Litoral/PR e UNIPAMPA, líder do Grupo INCLUSIVE - Grupo de Estudos e Pesquisa em Inclusão e Acessibilidade na Educação Básica e no Ensino Superior) Eixo temático: Pesquisa sobre a produção do conhecimento científico em Educação Especial Categoria: Comunicação Oral
Resumo : Historicamente as pessoas com deficiência sofrem algum tipo de preconceitos que discriminam, alguns originados pelos estigmas que carregam e, muitas vezes, são segregadas do convívio social pelos mais diversos motivos. Construir conhecimento e saberes na perspectiva da Educação Inclusiva, em nosso entendimento, requer a desconstrução de alguns conceitos. Diante da perspectiva da escola inclusiva, a partir da análise da obra fílmica “Sempre Amigos” e pesquisa bibliográfica, de cunho interpretativo, este estudo tem como objetivo discutir os conceitos sobre preconceito e estigmas, presentes na obra fílmica, que apresenta a possibilidade de pensar sobre “as pessoas com deficiência”, a fim de suscitar reflexões sobre possíveis discussões, no contexto escolar, sobretudo na etapa do Ensino Médio e suas juventudes, na tentativa de compreender e orientar afetivamente os processos envolvidos na inclusão de alunos com deficiências e alunos “sem” deficiências. A pesquisa mostrou que é de suma importância compreender os conceitos de preconceito e estigma e que a obra fílmica pode ser usada como prática motivacional para ampla problematização sobre as pessoas com e sem deficiência, sua permanência, participação e convívio em todas as esferas sociais, sobretudo na educacional.
Palavras-chave: preconceito/estigma; deficiência; educação inclusiva
Reflexões primeiras
"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive sem ter consciência de que é dono do seu destino. “Louco” é quem não procura ser feliz. "Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria. "Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, o apelo de um irmão. "Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia. "Paralítico" é quem não consegue andar na direção dos que precisam de ajuda (Renata Arantes Villela) 1 O que é e onde está a pessoa com deficiência? Talvez, nas palavras de Villela, encontremos pistas sobre quem são e onde podem estar as pessoas com deficiência em nosso cotidiano social, sobretudo, no espaço social que deveria significar a escola. Historicamente as pessoas com deficiência sofrem algum tipo de preconceitos que discriminam, alguns originados pelos estigmas que carregam e, muitas vezes, são segregadas do convívio social pelos mais diversos motivos. A partir de uma construção legal que lhes assegura direitos, estas pessoas passaram a ter seus acessos certificados por lei, o que pode e deve ser considerado um grande progresso, entretanto, ainda assim, e apesar de todo o aporte legal, suas permanências no contexto escolar e social, muitas vezes não se efetivam. Construir conhecimento e saberes na perspectiva da Educação Inclusiva, em nosso entendimento, requer a desconstrução de alguns conceitos culturalmente “inventados”, os quais impedem o crescimento e a autonomia das pessoas com deficiência e o reconhecimento do outro em sua diferença. Diante da perspectiva de uma escola que se queira inclusiva, a partir da análise da obra fílmica “Sempre Amigos” e pesquisa bibliográfica, de cunho interpretativo (BOGDAN, BIKLEN, 1994), este estudo tem como objetivo discutir os conceitos sobre preconceito e estigmas, presentes na obra fílmica,
(^1) Renata Arantes Villela é Professora Presidente da Escola Flor Amarela. Disponível em: http://www.floramarela.org.br/#1465614548649. Acesso: 21 jul 2018.
outro” (HUTCHEON, 2013, p. 9), dado os recortes que foram feitos para adaptar do literário ao fílmico, bem como as reflexões que apresentamos quanto a construção dos conceitos de preconceito e estigma. O filme nos apresenta dois protagonistas: o primeiro, Kevin "Freak" Dillon, um menino de 13 anos que tem síndrome de Morquio^3 e vive com sua mãe. É extremamente inteligente e propenso a voos de fantasia proporcionados pela literatura que o estimula em sua imaginação, quase uma forma de fuga da sua dura realidade, uma vez que devido a sua doença anda com cintas de perna e muletas, sua locomoção é difícil e sua aparência apresenta as deformidades que sua coluna vertebral vai adquirindo; tem consciência do seu pouco tempo de vida. O segundo, Maxwell " Max " Kane, é um adolescente de 15 anos que sofre de dislexia, não compreendida nem pela família nem pela escola, apresenta uma estatura agigantada para idade, quase não fala, tem em seu pequeno quarto o mundo sonhado debaixo da cama, onde se coloca, em imaginação, junto ao céu e as nuvens que significam para ele momentos de liberdade. Vive com seus avós maternos, desde que presenciou o assassinato da mãe pelo pai (preso), sofre com a reprovação pela segunda vez, na sétima série. A obra fílmica nos apresenta também, em papel secundário, mas que entendemos ser muito importante para nossa discussão, um antagonista, o adolescente Tony " Blade " Fowler, líder nato, com uma conduta juvenil que beira a delinquência, comanda a gangue adolescente, " Doghouse Boys ", frequenta a mesma escola que Kevin e Max, onde os atormenta de todas as maneiras possíveis, inclusive incitando aos colegas para que os estigmatize e exclua das atividades.
(^3) Doença genética rara, grave e incurável, que impede o crescimento da coluna quando a criança ainda tem 3, 6 ou 8 anos.
Max tem sua experiência de vida cruzada com a de Kevin, já nos primeiros dias de aula de Kevin, que ao ingressar no ginásio esportivo da escola recebe uma “bolada” e tem suas muletas arrancadas, fazendo-o cair, sem ver quem ou de onde tinha partido a bola. Ao levantar-se, ouve Blade acusando Max, o “gigante mudo”, de ter atirado a bola contra o “aleijado corcunda”, momento de riso, deboche, repetição dos apelidos pejorativos por parte de toda a turma. Max não esboça uma única palavra, em silêncio, cabisbaixo, recebe as acusações feitas por Blade, e a ordem, por parte do professor, para que se retire da aula. Diante do episódio, e já prevendo uma nova reprovação, uma vez que na escola ninguém mais acreditava em seu potencial, e nem parecia fazer muito esforço para ajudar, Max, mais uma vez, é designado para as aulas de reforço em leitura, o que para ele significava, verdadeira tortura. Entretanto, desta vez, será diferente. Kevin é o professor de leitura, possibilitando que formem um elo de amizade sobre as circunstâncias similares que compartilham, isto é, as suas limitações, físicas para um e em certo grau intelectual para outro, bem como as dores sentidas pelas exclusões dos espaços sociais. Desta amizade nascem as pernas para Kevin e o cérebro para Max. Passam a andar juntos, enquanto Kevin, literalmente ensina Max a ler o mundo, Max carrega nos ombros Kevin para uma leitura de mundo em liberdade (FREIRE, 2011). Kevin influencia Max de forma positiva, possibilita ao menino que se expresse, desenvolva sua escrita, e que tenha atitude diante dos fatos que não o agradam, faz com que Max reaja e não mais se mantenha em silêncio. Torna Max um sujeito social e histórico de seu tempo e espaço (FREIRE, 2014). Max, por sua vez, dá a Kevin a liberdade, a possiblidade de participação na vida social, nos espaços de convivência e mesmo que juntos fossem chamados de “aberração dupla”, isso passou a fortalece-los no reconhecimento de suas potencialidades como seres humanos.
história” (p. 133). E, assim, ao olharmos para o filme, ao falarmos ou pensarmos nas “pessoas com deficiência” não nos bastará o preceituado no Estatuto da Pessoa com Deficiências em seu artigo segundo:
Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015)
Será necessário sentir, a partir do que nos move em direção ao outro, e pensar de uma forma mais ampla, não as restringindo às formas de educação inclusiva, pensadas, estudadas e implementadas para pessoas com necessidades específicas, uma vez que o personagem Blade nos possibilita ampliar a visão de “deficiência”, possibilita pensar as diferenças individuais, coletivas, sociais, políticas, econômicas, culturais. O contexto de vivência delinquente nos traz a materialização do preconceito, da discriminação, da estigmatização. Blade amplia nossas visões para com as pessoas “sem” deficiência”, e potencializa abertura de espaços de discussões sobre a construção da conceituação de preconceitos e estigmas, revelando o quanto complexo é tratar das diferenças. Segundo Rodrigues (2006): a diferença não é estruturalmente dicotómica isto é não existe um critério generalizado e objectivo que permita classificar alguém como diferente. A diferença é antes de mais uma construção social historicamente e culturalmente situada (...) classificar alguém como “diferente” parte do princípio que o classificador considera existir outra categoria que é a de “normal” (...) Sabemos que não são só diferentes os alunos com uma condição de deficiência: muitos outros alunos sem condição de deficiência identificada não aprendem se não tiverem uma atenção particular ao seu processo de aprendizagem. (RODRIGUES, 2006, p. 6) Desta forma, ao refletirmos sobre diferenças no contexto escolar, é possível percebermo-nos, enquanto educadores, também como diferentes,
únicos, motivando-nos ao envolvimento das juventudes nessa reflexão, uma vez que “ser diferente é uma característica humana e comum e não um atributo (negativo) de alguns. A Educação Inclusiva dirige-se assim aos “diferentes”, isto é, a… todos os alunos” (RODRIGUES, 2006, p. 6).
Reflexões a partir do trabalho com a obra fílmica: construção de conceitos para uma (des)construção de atitudes
Refletir e construir conhecimentos sobre as construções conceituais de preconceito, discriminação e estigma, a partir da obra fílmica “Sempre amigos”, tendo como sujeitos os dois protagonistas, Kevin e Max e o antagonista Blade, possibilita uma visão ampliada de apresentar as potencialidades e limitações das pessoas “com” e “sem” deficiência. Iniciamos nossa construção de saber com as cenas de risos, deboches e palavras como: “gigante mudo”, aleijado corcunda”, “aberração dupla” e a origem conceitual de preconceito.
Preconceito é uma palavra que suscita muitos olhares e sobretudo sentires. Etimologicamente^4 origina-se do latim praeconceptu, constituída através de formação por derivação prefixal agrega o prefixo “pré” à palavra “conceito”. “ Pré ”, com suas significações que “denotam antecipação, antecedência” (FERREIRA, 1986, p. 1378) e “ conceito ” como “concepção, ideia, conclusão moral, ação de formular uma ideia, definição, caracterização” e que também transita na seara da filosofia como sendo “representação dum objeto pelo pensamento por meio de suas características gerais” (FERREIRA, 1986, p. 445).
(^4) Parte da gramática que trata da origem das palavras (FERREIRA, 1986, p. 733).
desfavorable, con respecto a una persona o cosa, anterior a una experiencia real o no basado en ella.” (ALLPORT, 1971, p. 21).
Segundo Allport (1971), além de constituir-se em um sentimento ao preconceito, deveríamos associar sempre o termo “sin motivo suficiente”, como forma de compreensão de que estamos diante de uma situação, em tese de preconceito, pois um juízo sobre isto ou aquilo, sem motivação sobre feitos específicos não se fundamenta. Exemplifica usando a frase “pensar mal de outras pessoas” para que reflitamos sobre o que está contido em tão pequeno dito Quando pensamos ou falamos mal de outras pessoas podemos estar revelando sentimentos de desprezo, desagrado, medo, aversão, bem como até provocações de cunho hostil, discriminatórias e violentas. Situações vivenciadas e experienciadas pelos meninos Max e Kevin.
Dessa forma podemos inferir com Allport (1971) que quando se fala em preconceito estabelece-se que, de alguma forma, se tem uma ideia antecedendo uma análise crítica, ou seja, foi estabelecida uma ideia e não uma ação, entretanto, a ideia de não gostar de alguma coisa ou situação sem tê-la conhecido, ou permitindo-se conhecer, é que torna o fato limitante e de certa forma bloqueador. Criar ideias a respeito de coisas, fatos, culturas, ideologias, etnias, conhecimentos, crenças sem antes analisá-las, tentar compreendê-las com o coração aberto é que podem tornar o preconceito um fato obscuro e triste. O bloqueio que é criado nesse limitante é o que muitas vezes impede que algumas pessoas se vejam a si mesmas, saiam de si mesmas, as impedindo de ver o mundo com a compreensão da diversidade e o quanto rica as diferenças são para constituição de seus caminhos nos espaços em que habitam.
Allport (1971) alerta ainda para o fato de que para se definir o que é preconceito, dois ingredientes são essenciais: atitude e crença, isto é, deve
haver uma atitude favorável ou desfavorável que deve estar vinculada a uma crença. Dessa forma compreendemos com o autor que o preconceito se dá na ação, na prática de exercê-lo e nas consequências que disso advém.
Se como educadores acreditarmos que este ou aquele grupo de estudantes não é capaz de produzir conhecimento, em virtude de suas características étnicas, religiosas, econômicas ou sociais e não proporcionarmos a eles a oportunidade, estaremos praticando em certo grau uma espécie de preconceito. Nossa atitude de privá-los da oportunidade com a crença de que não são capazes fica configurada.
No filme, a atitude da escola em não acreditar no potencial de Max, os olhares maldosos dos colegas de sala de aula para com Kevin em sua deficiência física e para com Max em seus silêncios, são a expressão materializada das crenças sem motivos, sem conhecimentos, sem argumentos.
Diante desse contexto, outros dois ingredientes que revelam possibilidades de reflexão se juntam na construção de um possível conceito para preconceito, isto é, a identificação e a idealização. Segundo Crochík (2011):
(...) nos identificamos com alguém mediados por nossos desejos, que não são independentes das expectativas (...) A identificação com as pessoas próximas (...) permite a experiência que combate a idealização: os outros não são quem nós gostaríamos que fossem e nós não somos obrigados a ser o que os outros querem, e nisso há um tanto de liberdade. A identificação também anuncia a possibilidade de em cada particular encontrar o que é universal; ao contrário da idealização, que não é acompanhada da experiência (...) Pois em cada particular, a diferença enuncia outra possibilidade de ser, o que fortalece a individuação e a sociedade. Ao longo da socialização, as idealizações são incentivadas; as identificações, não. (CROCHÍK, 2011, p. 34).
cidadãos brasileiros, já proporciona algumas discriminações. Sabidamente, homens e mulheres não têm oportunidades iguais, e se a estes homens e mulheres forem agregadas características particulares, as oportunidades se distanciam mais ainda de uma pretensa igualdade.
Compreendemos como Santos (2012, p. 61) que “temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracteriza”. Parece-nos que toda a questão preconceituosa que leva a discriminações ignora esse princípio e solicita uma atitude, sentimento, valor, ou tenha o nome que tiver, que se instala e procede através da alteridade. As discriminações transitam em uma linha bastante sinuosa e complexa, e um dos traços que podem alavancar algumas discriminações são os estigmas.
Segundo Goffman (2004), o termo estigma foi criado pelos gregos para referirem-se a sinais corporais que evidenciassem alguma coisa extraordinária. Os referidos sinais apresentavam-se em formas de marcas no corpo, que eram produzidas por cortes ou por fogo e que representavam ao seu portador a sua condição, tais sejam a de um escravo, um criminoso, um traidor. Pessoas marcadas com esses sinais deviam ser evitadas, sobretudo em lugares públicos.
Em linhas gerais e de forma simplificada, podemos dizer que um estigma nada mais é que uma marca pessoal, visível, significativa e que por si só pode colocar uma pessoa em categorias que as excluam de uma vida cidadã. As marcas apresentadas por Max estavam em seu tamanho agigantado, em seu silêncio recorrente e em Kevin em sua deficiência física que o fazia encolher em curva pelo não crescimento de sua coluna vertebral.
Entretanto, é necessária uma reflexão um pouco mais acurada. De acordo com Goffman (2004) existem:
(...) três tipos de estigma nitidamente diferente. Em primeiro lugar, há as abominações do corpo - as várias deformidades físicas. Em segundo, as culpas de caráter individual (...) paixões tirânicas ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade (...) distúrbio mental, prisão, vicio, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, tentativas de suicídio e comportamento político radical. Finalmente, há os estigmas tribais de raça, nação e religião (...) Em todos esses exemplos de estigma (...) encontram-se as mesmas características sociológicas: um indivíduo que poderia ter sido facilmente recebido na relação social quotidiana possui um traço que pode se impor a atenção e afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de atenção para outros atributos seus. (GOFFMAN, 2004, p. 8) Max e Kevin, ao estabelecerem uma relação de amizade reunindo suas limitações, ampliaram suas possiblidades de construção de saberes, no contexto escolar e no convívio social. Suas deficiências não os impediu de viver suas experiências. Blade, por sua vez, sem qualquer deficiência consignada, reproduz e induz ao preconceito, cria nomes pejorativos para qualificar os colegas diferentes, recria crenças infundadas e sem prever consequências as lança aos colegas, que em suas adolescências as imitam, até mesmo como forma de pertencimento ao grupo. (OUTEIRAL, 1994)
Conclusões
Ao discutirmos os conceitos sobre preconceito e estigmas, utilizando a obra fílmica “Sempre amigos”, percebendo o potencial do filme para ampliar nossa visão sobre as pessoas com deficiência, compreendemos de forma prática-teórico, através da imagem, que nem sempre as deficiências são mensuradas, elas podem estar presentes nas nossas limitações diárias em lidar e compreender as limitações do outro. O filme revela formas ameaçadoras de discriminar: apelidos pejorativos, o ignorar e o não considerar, tão presentes em nosso cotidiano, sobretudo entre jovens. Assim inferimos que é de suma importância
___. A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 2011. ___. Pedagogia do oprimido. 17 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2017. GOFFMAN, Erving. Estigma : notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 2004. Disponível em: http://www.aberta.senad.gov.br/medias/original/201702/20170214-114707- 001.pdf. Acesso: 04 jul. 2018. HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptação. 2 ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2013. OUTEIRAL, José Ottoni. Adolescer: estudos sobre adolescência. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994. RODRIGUES, David. Dez ideias (mal) feitas sobre a Educação Inclusiva. In: David Rodrigues (Org.). Inclusão e Educação : doze olhares sobre a Educação Inclusiva. São Paulo: Summus Editorial, 2006. Disponível em: http://www.ceeja.ufscar.br/dez_ideias_sobre_deficientes. Acesso: 27 jul 2018. SANTOS, Boaventura de Souza. A construção multicultural da igualdade e da diferença. Coimbra: Oficina do Centro de Estudos Sociais/CES, 2012. Disponível em: http://www.do.ufgd.edu.br/mariojunior/arquivos/construcao_multicultural_iguald ade_iferenca.pdf. Acesso: 07 jul. 2018.
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