Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Saúde na educação física escolar : ambivalência e prática ..., Notas de estudo de Educação Física

trabalhos voltados para o tema da saúde no espaço escolar (e alguns na Educação Física): (a). A tradição da Educação Física é vista, em muitos casos, ...

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Reginaldo85
Reginaldo85 🇧🇷

4.5

(72)

219 documentos

1 / 204

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
VICTOR JOSÉ MACHADO DE OLIVEIRA
SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: AMBIVALÊNCIA E PRÁTICA
PEDAGÓGICA
VITÓRIA
2014
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42
pf43
pf44
pf45
pf46
pf47
pf48
pf49
pf4a
pf4b
pf4c
pf4d
pf4e
pf4f
pf50
pf51
pf52
pf53
pf54
pf55
pf56
pf57
pf58
pf59
pf5a
pf5b
pf5c
pf5d
pf5e
pf5f
pf60
pf61
pf62
pf63
pf64

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Saúde na educação física escolar : ambivalência e prática ... e outras Notas de estudo em PDF para Educação Física, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

VICTOR JOSÉ MACHADO DE OLIVEIRA

SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: AMBIVALÊNCIA E PRÁTICA

PEDAGÓGICA

VITÓRIA

VICTOR JOSÉ MACHADO DE OLIVEIRA

SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: AMBIVALÊNCIA E PRÁTICA

PEDAGÓGICA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Educação Física. Orientador: Prof. Dr. Valter Bracht.

VITÓRIA

Às mulheres da minha vida!

Mamãe Delma, maninha Saane e vovó Maria.

À minha ruivinha, Aline Sousa.

À Oona Kernan que, bondosamente, emprestou seu olhar americano para corrigir e revisar o abstract para a versão final da dissertação, com um olhar muito atento, até mesmo aos pequeninos detalhes.

Às mulheres da minha vida...

A vovó Maria, minha segunda mãe, que me ensinou a ser forte e corajoso através de seu exemplo de vida, e também me livrou de várias surras que, por sorte da sua presença, fui protegido e afagado. A essa guerreira que continua conosco nos passando seus ricos conselhos de vida.

À minha mãe, dona Delma, por ter acreditado e investido em mim sempre! Até onde pôde me levou, e hoje, e sempre, recebe com alegria minha vitória. Seu esforço em trabalhar dias e dias, noites e noites para me proporcionar a oportunidade de poder estudar fez toda a diferença em minha vida.

À minha irmã Saane, que posso dizer: “somos unha e carne”. Teu amor, carinho e até mesmo nossas brigas (de irmãos) mostram essa relação de amor intenso. É em você que eu aposto e sei que vai ter mais sucesso do que eu em sua caminhada. Obrigado por me fazer o irmão mais feliz do mundo!

À minha ruivinha, Aline Sousa. Mesmo que você não tenha participado durante a construção deste trabalho, não importa. Sou grato porque você chegou de uma forma muito especial em minha vida. Hoje, minha felicidade se completa, por poder compartilhar dessa vitória com você a quem amo e quero amar por toda vida.

À minha família...

Ao meu pai Áureo Pires de Oliveira, por ter me feito gostar tanto da água, da praia, do mar, de barcos... Enfim, tenho orgulho de dizer: sou filho de pescador e caiçara!

Queridos avós Alexandre Machado, Valmira Machado, e Benedito Oliveira ( in memoriam ), vocês deixam saudades!

Aos irmãos Cátia Silene Pereira e Clemilson Marcos Pereira. Aos mais novos, e pequenos, Gabriel, Dhonathan e Gabrielly. Também aos meus sobrinhos e sobrinhas: Leon, Cássia, Yanny, Daniel, Leonel, Aninha e Duane.

Meus tios e tias, primos e primas. Especialmente aos primos (praticamente irmãos) Marcos Oliveira Campos e Raphael Martins, com quem convivi durante toda minha infância.

Entendo que a família é a primeira instituição deste mundo e, por isso, fundamental para o bom desenvolvimento harmonioso e de nossa socialização. Carrego com orgulho meu sobrenome e virtudes que foram cultivadas através de minha família!

Aos amigos...

Aos que ficaram em Paraty. Saudades da galera PARIAS! Em especial, a Edgar Braga (que considero meu irmão) e sua esposa Rose. Parabéns papai e mamãe de primeira viagem!

Àqueles que, inicialmente, se tornaram minha família em Vitória ao acolherem um forasteiro de uma terra distante chamada Paraty. À Layla, Pedro, Tharlan, Stella e Kélvia. Em especial, ao meu amigo, mais chegado do que um irmão, David Gomes Martins. Sem me conhecer, me estendeu a mão, me supriu no momento de necessidade, me ensinou que na humildade é possível sempre ajudar ao próximo.

À Ivany Gomes Martins, minha mãe do coração. À Daniel Felipe e Daniel Ivo. À dona Aldira. Vocês que me acolheram carinhosamente como um membro da família e me ajudaram em tudo que puderam.

Ao grande amigo Gustavo Bezerra, companheiro de várias horas de conversas e, principalmente, daquele voleizinho. Desejo a ti sucesso na caminhada do seu mestrado.

À Katiane Pereira, uma grande amiga. Alguém que consegue me compreender sempre e me animar nos momentos de adversidade.

À professora Erineusa Maria da Silva, minha primeira coordenadora de curso na graduação, que se tornou mais do que uma professora, uma amiga. Seu conselho, que me

passaram por minha vida enquanto estive ali, pessoas que não podem ser enumeradas e citadas aqui, para que não se corra o risco de ser injusto.

Aos coletivos das escolas pelas quais passei e pude compartilhar bons momentos: Colégio Adventista de Vitória, CMEI Professora Dilza Maria de Lima e EMEF Abel Bezerra.

À Rede Internacional de Investigação Pedagógica em Educação Física Escolar (REIIPEFE). Aos amigos e amigas que fiz e com quem sempre quero compartilhar de ricas experiências. Em especial aos professores: Fernando Gonzáles, Paulo Fensterseifer, Dora Vai, Griselda Amuchastegui, Rodolfo Rozengardt, Norma Rodríguez, Rosalvo Sawitski e Santiago Pich.

Enfim, a todos e todas que, direta ou indiretamente, auxiliaram na fomentação das ideias do estudo que hoje se constitui nessa dissertação...

Muito obrigado!!!

Estranho mesmo esse mundo das modernidades tecnológicas, onde se emburrece tão rapidamente. Onde tão rapidamente se perde a sabedoria simples. Amyr Klink – Linha-D’água

consubstancia-se na ideia de que a saúde é uma questão pedagógica. Sobre o desenvolvimento prático dos projetos, as análises apontaram que esses são influenciados pelos elementos referentes à cultura escolar, à violência, ao tempo e às lutas por reconhecimento. Foi percebido que os projetos tornaram-se produtores de ambivalência nos espaços escolares, uma vez que causaram uma série de estranhamentos por não estarem ligados ao imaginário social tradicional atribuído à educação física. As experiências desenvolvidas apontam que a saúde, enquanto um tema transversal, deve ser compreendida como responsabilidade de toda a escola e não somente dessa disciplina. Por fim, a educação para a saúde tem se revelado uma concepção profícua na promoção da saúde nos espaços escolares, o que corrobora a visão e proposta do PSE.

Palavras chave: Saúde. Educação Física Escolar. Educação para a Saúde. Práticas Pedagógicas. Programa Saúde na Escola.

ABSTRACT

This study is part of inter-institutional research between UFES, USP and UFRGS that discusses training policies aimed to train and inform Physical Education (PE) students to act in the Sistema Único de Saúde (the Brazilian Unified Health System), also known as SUS. From this research our focus was on another aspect: school health. The general goal of the study was to investigate how the topic of health has been addressed in the pedagogical practices of PE in Vitória/ES, as well as in official government documents and theoretical materials of the area, realizing the possibilities of expansion and operationalization of this concept and how it might contribute to the thinking of educational initiatives for health classes in this discipline. The proposal of the intellectual work followed the efforts of appropriation and reflection in the health debate in the academic field of PE and Public Health. Still, the sociological approach of Zygmunt Bauman to the effort of reflection on the concepts of health and education was privileged, beginning with the concept of ambivalence. First, in the methodological course, we perform a mapping of documents referring to Programa Saúde na Escola (Brazilian School Health Program), known as the PSE, to the action plans of the schools in Vitoria/ES and to an interview with the coordinator of the PSE Education Secretariat of that municipality. In these documents, PE relates to the PSE from the promotion of bodily/physical activity practice component. We observe that comparing to the action plans, that discipline participates little – and when it does, is linked mostly to projects of school sports. Through this conjuncture we offered the network of public education of Vitoria/ES a continued formation for PE teachers. In this stage, we avail ourselves of the principles of action research as an investigative tool. The data was produced by diary of the continued formation, audio transcription of continued formation, analysis of documents produced by teachers in continued formation (testimonials and projects), diary accompanying in locus of the interventions in schools, emails, semi structured interviews, and participative observation. With regard to continuing education, we believe that it constituted a meaningful space for the development of a reflective, collaborative and self-managed group. The voluntary continued formation had 18 inscriptions, but only six teachers remained until the completion of work. These six built projects for health education. In the context of pedagogical innovation, it’s remarkable from the projects developed the displacement of a restricted perspective (biological) for an expanded concept of health. In this sense, the project has had an emphasis on social relationships, i.e. the aspects of care for oneself and for others, respect, inclusion and promoting the culture of peace. Another expansion of vision is

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 17

1.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA: da construção do objeto de estudo e objetivos da pesquisa.................................................................. 18 1.2 CAMINHOS PERCORRIDOS................................................................ 22 1.2.1 Sobre a pesquisa documental e entrevista com a coordenadora do PSE da Secretaria Municipal de Educação de Vitória/ES............................................................................... 23 1.2.2 Pesquisa-ação no campo de investigação: a construção coletivo-colaborativa de projetos voltados à educação para a saúde......................................................................................... 25 1.2.3 A dimensão do trabalho teórico-conceitual.............................. 31 1.3 ESTRUTURA DOS CAPÍTULOS DA DISSERTAÇÃO....................... 32

2 SAÚDE, EDUCAÇÃO E AMBIVALÊNCIA: notas para pensar a educação para a saúde..................................................................................... 35 2.1 SITUANDO O CONCEITO DE AMBIVALÊNCIA.............................. 35 2.2 SAÚDE E EDUCAÇÃO NA ÓTICA DA AMBIVALÊNCIA BAUMANIANA...................................................................................... 42 2.2.1 Sobre saúde................................................................................. 45 2.2.2 Sobre educação........................................................................... 50 2.3 EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE: conceitos e práticas na educação física escolar............................................................................................. 54 2.3.1 Concepções de saúde na educação física................................... 57 2.3.2 A saúde nas propostas pedagógicas da educação física escolar: o que pensar delas a partir da sociologia baumaniana?............................................................................... 62 2.3.3 Educação para a saúde: possibilidades na educação física escolar.......................................................................................... 68

3 AS RELAÇÕES DA EDUCAÇÃO FÍSICA COM O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA: portarias, planos de ação e visões dos professores das escolas de Vitória/ES................................................................................. 75

3.1 O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA.................................................. 75

3.2 PESQUISA NACIONAL DE SAÚDE DO ESCOLAR – 2009.............. 81

3.3 O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE

VITÓRIA/ES............................................................................................ 86

3.4 PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA E EDUCAÇÃO FÍSICA:

relações (im)possíveis?............................................................................. 93 3.5 A RELAÇÃO DOS PROFESSORES COM O PROGRAMA SAÚDE NA ESCOLA NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA....................................... 101

4 PROJETOS E PRÁTICAS EM EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: possibilidades!................. 109 4.1 SOBRE A FORMAÇÃO CONTINUADA.............................................. 109 4.1.1 Entre continuidades e descontinuidades: o que pensar (e dizer) das dificuldades da formação continuada?................... 112 4.2 OS PROJETOS CONSTRUÍDOS NA FORMAÇÃO CONTINUADA....................................................................................... 114 4.3 ELEMENTOS INOVADORES NOS PROJETOS CONSTRUÍDOS E A OPERACIONALIZAÇÃO DE UMA CONCEPÇÃO AMPLA DE SAÚDE..................................................................................................... 121 4.3.1 O deslocamento de uma perspectiva restrita (biológica) para uma concepção ampliada de saúde.................................. 122 4.4 O DESENVOLVIMENTO PRÁTICO DOS PROJETOS: (im)pressões da cultura escolar...................................................................................... 125 4.5 PROJETOS ESPECIALIZADOS EM EDUCAR PARA A SAÚDE: ambivalências dentro dos espaços escolares............................................ 134 4.6 A SAÚDE ENQUANTO UMA QUESTÃO PEDAGÓGICA: repercussões na vida dos alunos............................................................... 138 4.7 ENTRE RELATOS, DIÁLOGOS E DISCUSSÕES: consensos conceituais e práticos................................................................................ 142 4.8 PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES ENTRE UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE E ESCOLA: a mediação de uma professora de educação física......................................................................................................... 150

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 153

1 INTRODUÇÃO

Esta dissertação está situada no tempo e espaço que compreende o Laboratório de Estudos em Educação Física do Centro de Educação Física e Desportos da Universidade Federal do Espírito Santo (LESEF/CEFD/UFES). Dentre as várias pesquisas desenvolvidas pelo grupo, percebe-se uma grande ênfase nos assuntos pedagógicos. Nesse sentido, em parceria com a Rede Internacional de Investigação Pedagógica em Educação Física Escolar^1 (REIIPEFE) tem sido desenvolvidas investigações nos temas das práticas inovadoras e do desinvestimento pedagógico. Com o passar do tempo e da agregação de novos membros pesquisadores, o escopo temático de investigação do grupo está ampliando-se.

Atualmente, o LESEF desenvolve uma investigação, dentre outras, através da parceria interinstitucional com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade de São Paulo (USP) que se denomina “ Políticas de Formação em Educação Física e Saúde Coletiva: Atividade física/práticas corporais no SUS ”. Essa pesquisa tem por escopo investigar e problematizar as políticas de formação voltadas à capacitação de estudantes de Educação Física para a atuação no Sistema Único de Saúde (SUS).

Na perspectiva de focar as ações em outra vertente dessa pesquisa maior, operacionalizaram-se duas investigações para que fosse atendida a demanda sobre a questão da relação saúde e escola, uma vez que os espaços escolares são vistos por diversos programas do Governo Federal – o Programa Saúde na Escola (PSE) e Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE), por exemplo – um lócus privilegiado para a atuação em Saúde Pública. A primeira configurou-se no subprojeto de Iniciação Científica: “ O tema saúde nas práticas pedagógicas em Educação Física escolar ”. A segunda vincula-se ao Programa de Pós- Graduação em Educação Física do CEFD/UFES, curso de mestrado, com o projeto de pesquisa intitulado: “ A saúde na Educação Física: da ambivalência à prática pedagógica ”. As investigações formaram uma parceria que chamamos de “frente saúde-escola” e, nesse sentido, os trabalhos investigativos foram desenvolvidos em uma rede colaborativa, uma vez que convergiram para o mesmo tema e escopo: mapear práticas e projetos relacionados ao tema da saúde na escola e identificar como a Educação Física deles participa.

Outro elemento justifica o surgimento e desdobramento dessas investigações: traçar uma “ponte” entre as pesquisas anteriores que tematizaram a relação Educação Física e escola

(^1) A REIIPEFE é composta por grupos de pesquisa do Brasil, Argentina e, recentemente, do Uruguai.

com a pesquisa que trata a investigação da inserção da Educação Física no SUS, assim promovendo a construção do conhecimento a respeito da discussão sobre as práticas inovadoras relacionadas ao tema da saúde na Educação Física escolar. Nesse contexto, é que construímos nosso objeto de estudo, que passamos a apresentar na sequência.

1.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA: da construção do objeto de estudo e objetivos da pesquisa

A promoção da saúde tem sido tematizada em várias investigações científicas nas mais diferentes áreas do conhecimento. O Ministério da Saúde investe em políticas de atenção à saúde como uma oferta de cuidado com a população, buscando proporcionar uma melhor qualidade de vida à mesma. As práticas corporais têm sido entendidas como aliadas do SUS para compor o cuidado e atenção à saúde da população, pois no processo de cuidar de si, os sujeitos têm a possibilidade de construir relações autônomas, de vínculo, de corresponsabilidade e socialmente inclusivas de modo a valorizar e aperfeiçoar o uso dos espaços públicos na promoção da saúde (BRASIL, 2006a; 2011e).

Como já mencionado acima, a partir da parceria interinstitucional entre a UFES, USP e UFRGS em torno do projeto de pesquisa “Políticas de Formação em Educação Física e Saúde Coletiva: Atividade física/práticas corporais no SUS”, o presente estudo procura investigar a relação saúde, escola e Educação Física. Nesse sentido, é profícuo iniciarmos nossa aproximação com esse campo temático abordando algumas questões históricas que provocaram reflexões para a construção e delineamento de nossa pesquisa.

No Brasil, a saúde na escola tornou-se gradativamente um foco de investimento e preocupação eminente do Estado. Em um breve resgate histórico, percebemos que no início do século XX o ideal de promoção da saúde adentra o espaço escolar a partir de três doutrinas: a) a política médica, b) o sanitarismo e c) a puericultura. Nesse período, o Brasil vivenciava uma crise na Saúde Pública com a ascendência de doenças como a varíola, peste bubônica e cólera (LIMA apud FIGUEIREDO; MACHADO; ABREU, 2010). No decorrer do século XX, a saúde na escola brasileira se desloca da lógica biomédica para um conceito ampliado de promoção da saúde proposto pela Iniciativa Regional Escolas Promotoras de Saúde (IREPS). O conceito de promoção da saúde para o IREPS, estimulado desde 1995 pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), se caracteriza como “um processo destinado a