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Prevalência de Canais Duplos em Dentes Inferiores: Análise Morfológica, Notas de estudo de Odontologia

Um estudo sobre a morfologia de canais radiculares em dentes inferiores, especificamente em relação à prevalência de canais duplos. O artigo cita diversos estudos anteriores que utilizaram métodos diferentes para detectar canais duplos, como observação direta com auxílio de microscópio, técnicas de secção, obtenção de material ou imagens de raios x. O estudo baseado em radiografias de 1.081 dentes inferiores identificou que 10,3% deles apresentavam canais duplos. Os autores recomendam que o cirurgião dental realize um exame radiográfico em várias ângulos antes de iniciar tratamento endodontico.

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

jacare84
jacare84 🇧🇷

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ESTUDO RADIOGRÁFICO DA INCIDÊNCIA
DE BIFURCAÇÕES DO CANAL RADICULAR
DE INCISIVOS INFERIORES
Simone Helena Gon çal ves de OLIVEIRA*
Horá cio FAIG-LEITE**
Miguel Car los MADEIRA***
RESUMO: Uma das prin ci pais razões do insu cesso da tera pia endo dôn tica
dos inci si vos infe ri o res é a falta de conhe ci mento da ana to mia da cavi dade
pul par. A mor fo lo gia dos canais radi cu la res dos inci si vos infe ri o res tem sido
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entre 53% de canais duplos encon tra dos por Fis cher5 e 11% encon tra dos por
Made ira & Hetem.13 A ori gem des sas dis cre pân cias está rela ci o nada com os
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bulo-lin gual e mésio-dis tal. As radi o gra fias foram ana li sa das sobre um nega tos -
pio onde encon tra mos 11,3% de canais duplos nos inci si vos cen trais e 9,3%
nos inci si vos late rais infe ri o res. Con clu í mos que 10,3% dos inci si vos infe ri o res
apre sen ta ram dupli ca ção de seu canal radi cu lar. O clí n i co deve rea li zar sem pre
um exame radi o grá fico em várias angu la ções para detec tar a dupli ca ção do
canal dos inci si vos infe ri o res, antes de ini ciar a tera pia endo dôn tica.
PALAVRAS-CHAVE: Inci si vos infe ri o res; canal radi cu lar; cavi dade pul par;
radi o gra fia den tal.
Rev. Odontol. UNESP, São Paulo, 28(2): 465-473, 1999 465
*Professor assistente da Disciplina de Anatomia – Faculdade de Odontologia – UNESP – 12201-970 –
São José dos Campos – SP.
** Professor adjunto da Disciplina de Anatomia – Faculdade de Odontologia – UNESP – 12201-970 –
São José dos Campos – SP.
*** Professor titular da Disciplina de Anatomia – Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP e da
Faculdade de Odontologia de Umuarama – UNIPAR.
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ESTUDO RADIOGRÁFICO DA INCIDÊNCIA

DE BIFURCAÇÕES DO CANAL RADICULAR

DE INCISIVOS INFERIORES

Simone Helena Gonçalves de OLIVEIRA* Horácio FAIG-LEITE** Miguel Carlos MADEIRA***

n (^) RESUMO: Uma das principais razões do insucesso da terapia endodôntica dos incisivos inferiores é a falta de conhecimento da anatomia da cavidade pulpar. A morfologia dos canais radiculares dos incisivos inferiores tem sido estudada por muitos autores. Há uma divergência de resultados que varia entre 53% de canais duplos encontrados por Fischer^5 e 11% encontrados por Madeira & Hetem.^13 A origem dessas discrepâncias está relacionada com os diferentes métodos utilizados. No presente trabalho foram usados 1.081 incisi- vos centrais e 1.034 incisivos laterais. Os dentes foram dispostos lado a lado sobre filmes para radiografias panorâmicas e radiografados no sentido vestí- bulo-lingual e mésio-distal. As radiografias foram analisadas sobre um negatos- cópio onde encontramos 11,3% de canais duplos nos incisivos centrais e 9,3% nos incisivos laterais inferiores. Concluímos que 10,3% dos incisivos inferiores apresentaram duplicação de seu canal radicular. O clínico deve realizar sempre um exame radiográfico em várias angulações para detectar a duplicação do canal dos incisivos inferiores, antes de iniciar a terapia endodôntica. n (^) PALAVRAS-CHAVE: Incisivos inferiores; canal radicular; cavidade pulpar; radiografia dental.

  • Professor assistente da Disciplina de Anatomia – Faculdade de Odontologia – UNESP – 12201-970 – São José dos Campos – SP. ** Professor adjunto da Disciplina de Anatomia – Faculdade de Odontologia – UNESP – 12201-970 – São José dos Campos – SP. *** Professor titular da Disciplina de Anatomia – Faculdade de Odontologia de Lins – UNIMEP e da Faculdade de Odontologia de Umuarama – UNIPAR.

Introdução

A morfologia dos canais radiculares dos incisivos inferiores tem sido estudada por muitos autores. Vários métodos têm sido utilizados para esta investigação, como a observação direta com auxílio de microscó- pio, técnicas de secção, de obturação ou modelagem do sistema de ca- nais com material inerte, técnicas de diafanização ou ainda técnicas ra- diográficas. O estudo da literatura indica uma divergência de resultados que varia entre 53% de canais duplos nos achados de Fischer^5 e 11% de canais duplos encontrados por Madeira & Hetem^13 (Tabela 1).

Tabela 1 – Trabalhos sobre a anatomia dos canais radiculares de inci- sivos inferiores

Autor e ano Amostragem % de dois canais Fischer^5 36 53% Hess^8 136 37,6% Barret^2 64 20,3% Okumura^16 134 11,1% Green^7 500 21% Madeira & Hetem^13 1.333 11% Vertucci^20 200 25,7% Vertucci^21 200 27,5% Perrini et al.^17 144 36,1% Kartal & Yanikoglu^10 100 45% Küçükay^11 40 15%

A origem dessas discrepâncias pode estar relacionada com os dife- rentes métodos utilizados. Considerando os meios que o clínico pode lançar mão para reconhecer as variações anatômicas internas na prática clínica diária, relacionamos os trabalhos da literatura realizados com métodos radiográficos na Tabela 2, para compararmos a incidência da duplicação dos canais visualizados em tomadas radiográficas. Assim eli- minamos a variável método de estudo, contando somente com o número da amostragem e a variação na interpretação do sistema de ca- nais por diferentes investigadores. Nesses estudos radiográficos, a variação

Material e método

Foram utilizados 2.115 incisivos inferiores, sendo 1.081 incisivos centrais e 1.034 incisivos laterais, selecionados da coleção de dentes da

Faculdade de Odontologia do Campus de São José dos Campos, UNESP.

Os dentes de cada grupo foram dispostos lado a lado sobre filmes para radiografias panorâmicas marca Kodak, tamanho 15 x 30cm, com no máximo 100 dentes por filme e radiografados tanto no sentido vestí- bulo-lingual como no mésio-distal (Figura 1).

Foi utilizado um aparelho de Raios X marca Philips, regulado para 50 kVp e 7 mA, com distância foco-filme de 60 cm e 0,3 de segundos de exposição. A revelação foi feita numa processadora automática, modelo Runzumatic marca EMB.

Todas as radiografias obtidas foram analisadas sobre um negatos- cópio com o auxílio de uma lupa. Por meio da análise das radiografias panorâmicas selecionamos os dentes que possuíam bifurcação do canal radicular, e estes foram radiografados em filmes periapicais, com distân- cia foco-filme de 5 cm e 0,2 de segundos de exposição. A revelação foi feita manualmente de acordo com as recomendações do fabricante do filme, revelador e fixador. As radiografias periapicais foram analisadas

FIGURA 1 – Radiografia com os dentes dispostos no sentido mésio-distal.

novamente sobre um negatoscópio com o auxílio de uma lupa para a ve- rificação da presença de um ou dois forames apicais.

Consideramos dois tipos de bifurcações do canal: parcial, quando os dois canais se unem novamente para terminar em um único forame api- cal; e total, quando os dois canais terminam independentemente em dois forames apicais (Figura 2).

Resultados e discussão

A análise dos nossos resultados mostra que dos 1.081 incisivos cen- trais inferiores examinados, 122 (11,3%) apresentavam canais duplos e

FIGURA 2 – A: canal único; B: bifurcação parcial; C: bifurcação total.

FIGURA 3 – Incisivos centrais inferiores com dois canais radiculares e um forame apical.

Esses 218 dentes (10,3%) que apresentaram dois canais radiculares foram radiografados em filmes periapicais e a análise dessas radiografias mostrou que, no grupo dos incisivos centrais inferiores, 113 dentes (92,6%) apresentavam uma união dos dois canais no terço-apical para terminarem em um único forame (Figura 3) e 9 dentes (7,4%) apresenta- ram dois canais que terminavam em forames apicais distintos (Figura 4).

No grupo dos incisivos laterais inferiores, encontramos 90 dentes (93,7%) com dois canais terminando em um forame apical (Figura 5) e 6 dentes (6,2%) terminando em dois forames apicais (Figura 6). Em resumo, 203 dentes (93,1%) incisivos inferiores apresentavam canais duplos terminando em um forame apical e 15 dentes (6,9%) em dois forames apicais.

A bifurcação parcial, isto é, dois canais e um forame, é mais comu- mente encontrada, onde temos um canal vestibular, que é geralmente explorado, e um canal lingual que é chamado de canal adicional. Este canal lingual freqüentemente não aparece na radiografia convencional em razão sobreposição do canal vestibular.

Nossos achados são compatíveis com os resultados encontrados por Okumura^16 que, apesar da pequena amostragem de 134 incisivos inferiores, encontrou, pelo método de injeção com tinta da Índia e diafa- nização, 11,1% dos dentes com dois canais radiculares; Küçükay^11 tam- bém utilizou uma amostragem pequena de 40 incisivos inferiores, que foram analisados através da injeção de gutapercha termoplastificada, e encontrou 15% dos dentes com canais duplicados. Madeira & Hetem,^13 utilizando uma amostragem de 1.333 incisivos inferiores e o mesmo mé- todo utilizado por Okumura,^16 encontraram 11% dos dentes com bifur- cação incompleta e 0,5% com bifurcação completa, isto é, dois canais e dois forames apicais, o que não foge dos nossos dados.

Dos autores que realizaram estudos radiográficos, observamos que os resultados que mais se aproximaram dos obtidos por nós foram os de Miyoshi et al.,^14 que utilizaram uma amostragem de 1.141 incisivos infe- riores e obtiveram 19,2% de canais duplos; Bellizzi & Hartwell^3 realiza- ram um registro clínico de 417 incisivos inferiores tratados endodontica- mente e encontraram 18,2% desses dentes com dois canais radiculares; Nattress & Martin^15 analisaram 455 incisivos inferiores e encontraram 13% dos dentes com dois canais. Observamos que muitos autores encontraram uma porcentagem maior de canais duplos em incisivos inferiores, porém utilizaram uma amostragem muito pequena, o que inviabiliza dados estatísticos. Encontramos, em concordância com os

autores que analisaram a presença de um ou dois forames apicais, que a prevalência de dois forames é bastante pequena, geralmente o canal lin- gual une-se ao vestibular e ambos terminam em um único forame apical.

Conclusões

A radiografia de 2.115 incisivos inferiores nos faz concluir que: l (^) 218 dos incisivos inferiores (10,3%) apresentam duplicação de seu canal radicular; l (^) 203 dos incisivos inferiores com canais duplicados (93,1%) reúnem-se no terço apical para terminarem em um único forame apical; l (^) 15 dos incisivos inferiores com canais duplicados (6,9%) terminam em forames apicais independentes; l (^) o clínico deve realizar sempre um exame radiográfico em várias angu- lações para detectar a duplicação do canal dos incisivos inferiores, antes de iniciar a terapia endodôntica.

OLIVEIRA, S. H. G. de, FAIG-LEITE, H., MADEIRA, M. C. Radiographic study of the incidence of bifurcations in the root canal of mandibular incisors. Rev. Odontol. UNESP (São Paulo), v.28, n.2, p.465-473, 1999.

n (^) ABSTRACT: One of the main reasons for the failure of the endodontic therapy of inferior incisors is the lack of knowledge of the pulp cavity anatomy. The morphology of the root canals of inferior incisors has been studied by many authors. The study of literature indicates a divergence of results that varies from 53% of double canals in Fischer’s^5 findings to 11% of double canals found by Madeira & Hetem.^13 The origin of these discrepancies are related to the differ - ent methods that were used. In the present work we have used 1.081 central incisors and 1.034 side incisors. These have been disposed side by side over film for panoramic radiographies and radiographed in the vestibule lingual and mesodistal direction. The radiographies were analysed in negatoscopio and incidences of 11,3% of double canals in the central incisors and of 9,3% in the side incisors have been found. We conclude that in this radiographic study, 10,3% of the inferior incisors have presented a duplication of their root canal. The clinician must do a radiographic examination in many angles to detect the duplication of the inferior incisor canal before beginning endodontic therapy.

n (^) KEYWORDS: Mandibular incisors; root canal; dental pulp cavity; dental radi - ography.

18 PINEDA, F., KUTTLER, Y. Mesiodistal and buccolingual roentgenographic investigation of 7,275 root canals. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., v.33, p.101-10, 1972. 19 RANKINE-WILSON, R. W., HENRY, P. The bifurcated root canal in lower anterior teeth. J. Am. Dent. Assoc., v.70, p.1162-5, 1965. 20 VERTUCCI, F. J. Root canal anatomy of the mandibular anterior teeth. J. Am. Dent. Assoc., v.89, p.369-71, 1974. 21 ______. Root canal anatomy of the human permanent teeth. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol., v.58, p.589-99, 1984. 22 WALKER, R. T. The root canal anatomy of mandibular incisors in a southern Chinese population. Int End Journal, v.21, p.218-23, 1988.