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Um roteiro para condução de revisão bibliográfica sistemática (rbs) na área de gestão de operações, com ênfase em pesquisas relacionadas a desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos. O roteiro, intitulado rbs roadmap, foi desenvolvido a partir de práticas melhores em áreas pioneiras nessa revisão combinada com pesquisa-ação em três pesquisas na área de gestão de operações. O objetivo é contribuir para o desenvolvimento de uma base sólida de conhecimento, identificando áreas de novas pesquisas e facilitando o desenvolvimento da teoria em áreas já estudadas.
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Edivandro Carlos Conforto a^ (econfort@sc.usp.br); Daniel Capaldo Amaral a (amaral@sc.usp.br); Sérgio Luis da Silvab^ (sergiol@ufscar.br). a (^) Grupo de Engenharia Integrada (EI2)/Escola de Engenharia de São Carlos, USP, SP – BRASIL b (^) Grupo de Estudo e Pesquisa em Qualidade/GEPEQ, UFSCar, SP – BRASIL
A revisão bibliográfica sistemática é um método científico para busca e análise de artigos de uma determinada área da ciência. É amplamente utilizada em pesquisas na medicina, psicologia e ciências sociais, onde há grandes massas de dados e fontes de informações. Pesquisas na área de gestão de operações também necessitam analisar crescentes quantidades de artigos e informações. No entanto, técnicas de revisão sistemática são pouco difundidas nessa área, em especial em desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos. O objetivo desse artigo é apresentar um roteiro para a condução de revisão bibliográfica sistemática (RBS) na área de gestão de operações com foco em pesquisas nos temas “desenvolvimento de produtos” e “gerenciamento de projetos”. O roteiro foi intitulado RBS Roadmap e foi criado a partir das melhores práticas preconizadas em áreas pioneiras nesse tipo revisão, combinada com uma pesquisa-ação em três pesquisas na área de gestão de operações. A principal contribuição para a teoria e prática é a sistematização do procedimento para revisão sistemática voltado especificamente para pesquisas na área de desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos, que pode ser utilizado como referência para pesquisadores nessa área.
Palavras-chave: Roteiro para Revisão Bibliográfica Sistemática; RBS Roadmap; Desenvolvimento de Produtos; Gerenciamento de Projetos.
A revisão bibliográfica é importante para definir a linha limítrofe da pesquisa que se deseja desenvolver, considerando uma perspectiva científica, afirma Dane (1990). Ainda segundo o autor, é preciso definir os tópicos chave, autores, palavras, periódicos e fontes de dados preliminares. Nesse sentido, a revisão bibliográfica é considerada um passo inicial para qualquer pesquisa científica (WEBSTER; WATSON, 2002). Desenvolvida com base em material já elaborado como livros, artigos e teses (GIL, 2007), a pesquisa bibliográfica possui caráter exploratório, pois permite maior familiaridade com o problema, aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições, complementa Gil (2007).
No caso específico de pesquisas avançadas, onde exige-se certo ineditismo e originalidade na contribuição, a revisão bibliográfica desempenha um papel preponderante. Por isso, conduzi-la de forma sistemática e rigorosa, contribui para o desenvolvimento de uma base sólida de conhecimento, facilitando o desenvolvimento da teoria em áreas onde já existem pesquisas, e também, identificando áreas onde há oportunidades para novas pesquisas (WEBSTER; WATSON, 2002). Shaw (1995) relata que um dos principais problemas de trabalhos que descrevem revisões da literatura sem o devido rigor, é a ênfase apenas na interpretação pessoal dos textos em linguagem narrativa, porém com pouca análise crítica. Por isso, o rigor e a relevância da revisão bibliográfica como embasamento de um trabalho de pesquisa não deve ser subestimado, argumenta Hart (1998).
Embora a revisão bibliográfica seja comum a todas as pesquisas científicas, é importante que esta seja bem executada e confiável, realizada de forma sistemática e de modo compreensivo (WEBSTER; WATSON, 2002; WALSHAM, 2006; LEVY; ELLIS, 2006). De um modo geral, Conboy (2009) destaca que a abordagem de análise e estratégia adotada na condução de uma revisão bibliográfica não tem recebido a devida atenção, em especial nos temas que são considerados emergentes. O foco passa
ser apenas a coleta e análise de dados empíricos, negligenciando os relacionamentos, ou as ligações com o estado da arte de pesquisas publicadas na mesma área de estudo, que possam indicar correlação do desenvolvimento de uma teoria.
Se a pesquisa bibliográfica receber a devida atenção e for conduzida com rigor e de forma sistemática (WEBSTER; WATSON, 2002; WALSHAM, 2006; LEVY; ELLIS, 2006), esta permitirá que outros pesquisadores possam fazer uso desses resultados com maior confiabilidade, possibilitando reutilizar estudos já finalizados, focando apenas no tópico em que se deseja pesquisar. Além de economia de tempo e recursos, os resultados de uma revisão sistemática permitem identificar lacunas na teoria que podem ser exploradas por outros pesquisadores, mas que não foram identificadas em estudos semelhantes devido à superficialidade e falta de rigor na revisão bibliográfica.
Para Shaw (1995) em determinadas áreas do conhecimento (por exemplo, engenharia) são vários os problemas no progresso da teoria e conceitos. Cita-se como exemplo a área de gestão de desenvolvimento de produtos. Muitos dos problemas em pesquisas nessa área ocorrem devido à falta de estudos teóricos embasados em um método sistemático. Em muitos casos, parte do problema já está solucionado e publicado, mas devido à quantidade de artigos publicados, inúmeras bases de dados e periódicos, o processo de busca e identificação desses estudos torna-se um processo complexo e exaustivo. Esse argumento é corroborado por Hart (1998) que enfatiza a importância de investigar e compreender de forma ampla o corpo de conhecimento existente antes de iniciar uma pesquisa.
Uma forma de obter maior rigor e melhores níveis de confiabilidade em uma revisão bibliográfica é adotar uma abordagem sistemática. Isso significa, definir uma estratégia e um método sistemático para realizar buscas e analisar resultados, que permita a repetição por meio de ciclos contínuos até que os objetivos da revisão sejam alcançados. Este artigo apresenta um roteiro desenvolvido para auxiliar pesquisadores da área de gestão de operações, com foco em desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos, na condução de revisão bibliográfica sistemática. O roteiro foi intitulado RBS Roadmap e foi desenvolvido a partir das melhores práticas preconizadas em áreas do conhecimento que fazem uso dessa estratégia, combinada com uma pesquisa-ação em 3 pesquisas científicas na área de gerenciamento de projetos.
2. Revisão bibliográfica sistemática: a experiência das áreas praticantes e
as possibilidades em desenvolvimento de produtos
A revisão sistemática é reconhecida por ser metódica, transparente e ser replicável, conforme argumentam Cook et al_._ (1997) e Cooper (1998). Na área da medicina e suas inúmeras subáreas, o uso de revisão sistemática tem sido frequente, e recentemente começa ganhar adeptos nas pesquisas em gestão (TRANFIELD; DENYER; PALMINDER, 2003). Isso pode ser confirmado por artigos recentes como o trabalho de Dyba e Dingsoyr (2008).
Cook et al_._ (1997) destaca que a revisão bibliográfica pode ser narrativa ou sistemática. O primeiro tipo é baseado em uma descrição simplificada de estudos e informações sobre um determinado assunto. O segundo tipo, apesar de também ter o caráter narrativo, é baseado na aplicação de métodos com maior rigor científico, podendo alcançar melhores resultados e reduzir erros e o viés do pesquisador responsável pela investigação. Esse processo permite ao pesquisador compilar dados, refinar hipóteses, estimar tamanho de amostras, definir melhor o método de pesquisa a ser adotado para aquele problema, e por fim definir direções para futuras pesquisas (COOK et al., 1997).
Nessa mesma linha de raciocínio, Mulrow (1994) enfatiza que revisões sistemáticas incluindo meta- análise são atividades pouco valorizadas no mundo científico. No entanto, setores como saúde, estudos demográficos e legisladores de políticas públicas necessitam fazer uso de revisão sistemática para integrar e analisar de forma eficiente uma grande quantidade de informação, possibilitando a tomada de decisão mais eficaz. Para Mulrow (1994), o uso de procedimentos sistemáticos aumenta a confiabilidade e acuracidade das conclusões e resultados do estudo. Completa argumentando que apesar da revisão sistemática consumir bastante tempo e recursos, ainda assim é mais rápido e custa menos do que começar um novo estudo completo em uma área que já possui resultados publicados, mas que não foram devidamente explorados (MULROW, 1994).
O resultado de uma RBS deve constituir o “estado da arte” e demonstrar que a pesquisa em questão contribui com algo novo para o corpo de conhecimento existente (LEVY; ELLIS, 2006). O termo “Corpo de Conhecimentos” ou “Body of Knowledge” refere-se ao conhecimento acumulado que foi constituído a partir dos resultados de outras pesquisas (IIVARI; HIRSCHHEIM; KLEIN, 2004). Para Levy e Ellis (2006), conhecer o atual estágio do corpo de conhecimentos sobre o assunto que se pretende estudar é o primeiro passo em um projeto de pesquisa. Assim, uma revisão bibliográfica sistemática é útil para (LEVY; ELLIS, 2006):
Levy e Ellis (2006) descrevem uma revisão sistemática por meio de um processo. Os autores adotam a definição de processo como “sequencia de passos e atividades” (SETHI; KING, 1998 apud LEVY; ELLIS, 2006). Para alcançar esses resultados, Levy e Ellis (2006) definem três fases principais: Entrada; Processamento; e Saída. Na fase “entrada” estão as informações preliminares que serão processadas, por exemplo: artigos clássicos na área de estudo, livros-texto que compilam conhecimentos na área, artigos de referência indicados por especialistas. Também inclui o plano de como será conduzida a RBS, ou seja, o protocolo da RBS. Trata-se de um documento que descreve o processo, técnicas e ferramentas que serão utilizadas durante a fase 2 (processamento), que por fim irá gerar as “saídas”, relatórios, síntese dos resultados, etc.. A Figura 1 ilustra as três fases de uma RBS, conforme proposta de Levy e Ellis (2006).
Figura 1. Fases de uma revisão bibliográfica efetiva. Fonte: Adaptado de Levy e Ellis (2006).
O modelo proposto por Levy e Ellis (2006) reforça a necessidade de realizar a RBS em ciclos por meio de seis etapas conforme apresentado na figura. À medida que o conhecimento sobre o assunto aumenta, os ciclos são realizados de modo mais eficiente. Esse ciclo é repetido quantas vezes forem necessárias até que os objetivos da pesquisa bibliográfica sejam alcançados.
Outro modelo para revisão sistemática encontrado na literatura, com foco na área de tecnologia de informação, é proposto por Biolchini et al. (2007). A Figura 2 ilustra as principais fases de um processo para a condução de uma revisão sistemática de acordo com Biolchini et al. (2007).
Figura 2. Representação do processo sistemático para revisão bibliográfica. Fonte: Adaptado de Biolchini et al. (2007).
O modelo é semelhante ao proposto por Levy e Ellis (2006). O modelo proposto por Biolchini et al. (2007) contempla o planejamento, execução e análise dos resultados, mas não enfatiza a necessidade de conduzir a revisão bibliográfica em ciclos iterativos. Na fase de planejamento, por exemplo, são definidos os objetivos da RBS e um protocolo é desenvolvido. Este protocolo detalha a questão central de pesquisa, objetivos, palavras-chave, Strings de busca e o método de execução. Uma vez aprovado o protocolo, começa a fase de execução. Nessa fase são identificados, selecionados e avaliados estudos primários, seguindo os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos no protocolo da RBS. Uma vez selecionados os artigos primários, os dados são extraídos e compilados durante a fase de análise de resultados.
Os autores indicam um ponto de avaliação após a primeira e segunda fase. Os resultados devem ser avaliados e, se reprovados, deve-se retornar à fase de execução. Porém, o modelo não deixa explicito a necessidade de realizar ciclos iterativos de busca, análise e compreensão, negligenciando o aprendizado do pesquisador e não reaproveitando o conhecimento adquirido durante as buscas de artigos, leitura e compreensão dos textos.
Existem outras propostas mais simplificadas. Por exemplo, Cooper (1998) descreve em detalhes como desenvolver pesquisas bibliográficas na área das ciências sociais. Já o trabalho de Dybá e Dingsoyr (2008) utiliza um método sistemático para revisão de artigos científicos da área de desenvolvimento de software. Porém, em ambos os casos não apresentam um roteiro para aplicação de revisão bibliográfica sistemática.
4. Desenvolvimento do roteiro para revisão sistemática – RBS Roadmap
Diante da ausência de modelos específicos, e da carência de propostas deste tipo, esse artigo apresenta um roteiro para a condução de revisão sistemática na área de gestão de operações. O roteiro foi construído por meio de uma pesquisa-ação (COUGHLAN; COGHLAN, 2002) e com base em roteiros existentes, de outras áreas do conhecimento, como a proposta de Biolchini et al. (2007), o modelo de Levy e Ellis (2006), seguido do procedimento utilizado por Dyba e Dingsøyr (2008). Em comum esses modelos apresentaram maior aderência às necessidades da área de gestão de operações. Além disso, não foi encontrada proposta específica para a área de gestão de operações, ou ainda para a área de gestão de desenvolvimento de produtos e tecnologias.
O roteiro para a condução de revisão sistemática apresentado nesse artigo foi intitulado como RBS Roadmap. O primeiro passo para sua construção foi elaborar uma versão do protocolo de pesquisa com base nas propostas encontradas. A partir dessa versão inicial, adaptações foram realizadas para adequar aos requisitos de aplicação em três pesquisas na área de gestão de operações com foco em desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos, identificadas nesse estudo como: Pesquisa A, Pesquisa B e Pesquisa C. Em seguida é apresentada uma descrição de cada pesquisa.
O objetivo da Pesquisa A é identificar e analisar estudos que apresentam modelos teóricos e definições para o conceito de agilidade. Trata-se de uma pesquisa de doutorado. Busca-se identificar estudos que tragam definições para o conceito de agilidade que seja aplicável ao gerenciamento ágil de projetos; analisar a correlação entre a teoria de gerenciamento ágil de projetos e o conceito de agilidade adotado
Figura 3. Modelo para condução da revisão bibliográfica sistemática – RBS Roadmap
As etapas de busca, análise dos resultados e documentação (Etapas 2.1, 2.2 e 2.3, respectivamente) seguem um processo iterativo contendo 7 passos. Esse processo está ilustrado na Figura 4. Na Etapa 2.1 são realizadas as buscas, compreende os passos 1, 5 e 6. Na Etapa 2.2, é realizada a leitura e análise dos resultados, ou seja, os filtros de leitura, passos 2, 3 e 4. Na Etapa 2.3, é realizada a documentação e arquivamento dos artigos selecionados nos filtros, bem como os resultados das buscas e filtros de leitura, seguindo os passos 2, 3, 4 e 7. Na etapa 2.3 as informações documentadas são: quantidade de artigos encontrados por periódico, quantidade de artigos excluídos, quantidade de artigos encontrados na busca cruzada, etc.. Esses dados são importantes para refinar as buscas e posteriormente serão úteis para argumentação teórica e embasamento da síntese da teoria sobre o assunto pesquisado. Além disso, é útil para outros pesquisadores que irão pesquisar temas correlacionados, propondo um ponto inicial que reduz o tempo da RBS e possibilita melhor direcionamento e foco na pesquisa.
Figura 4. Procedimento iterativo da fase de processamento, RBS Roadmap
Em uma revisão bibliográfica sistemática o processo de busca e análise dos artigos deve ser bem definido e seguido rigorosamente. Antes do início das buscas é necessário adaptar a String de busca criada na etapa 1.4. Isso é necessário para adequar a String para que funcione corretamente nos diferentes mecanismos de busca dos periódicos. O mesmo procedimento deve ser feito para conduzir as buscas nas bases de dados. Os operadores lógicos, tais como “OR”, “AND” são comuns na maioria dos mecanismos de busca. Contudo, existem mecanismos mais avançados que possuem operadores lógicos específicos que podem contribuir para refinar as buscas.
Conforme apresentado na Figura 4, o Passo 1 consiste na busca por periódico, de forma individual. É necessário, portanto, definir uma lista inicial de periódicos relevantes para o tema pesquisado. Essa lista é desenvolvida na Fase 1 (Entrada – Etapa 1.3 – Definir fontes primárias). Para cada periódico da lista é realizada uma busca, utilizando a String de busca. Os resultados são registrados
identificar estudos relevantes que não foram encontrados durante a busca nos periódicos ou bases de dados. Além disso, é nesse momento que os critérios de qualificação do artigo são preenchidos utilizando-se o Form3. Os dados dos artigos podem ser recuperados do Form1, sendo que nessa etapa outros aspectos do artigo serão avaliados como: quantidade de citações, objetivo e resultados do estudo, contribuição da pesquisa para a teoria estudada, método de pesquisa utilizado, dentre outros. O objetivo é realizar uma leitura minuciosa do trabalho e avaliá-lo. Essa avaliação, utilizando os critérios de qualificação, será útil para priorizar os artigos e assim, identificar os mais relevantes para o estudo.
Cada pesquisador pode criar um formulário (Form3) segundo as características mais apropriadas ao seu estudo. Em geral, o formulário 3 é utilizado para registrar um resumo do artigo, com informações do tipo: nome do periódico; título do artigo; autores; ano de publicação; instituição do autor principal do artigo; país; JCR do periódico ; Google Scholar Citation ; WoS Citation Report do artigo; campo para indicar o atendimento aos objetivos da pesquisa; descrição dos objetivos/resultados relevantes do estudo; método de pesquisa adotado; unidade de análise; tamanho da amostra; amplitude da amostra; campo para observações relevantes, etc.. Esse formulário será útil na construção da síntese final da revisão e análise dos resultados obtidos.
No Passo 6 realiza-se a busca nas bases de dados. O principal objetivo é encontrar artigos recentes, publicados em anais de congressos e eventos científicos que estão indexados em bases de dados. Utiliza-se a String de busca para identificar um conjunto de artigos relevantes para o estudo. Devido a grande quantidade de artigos que podem ser encontrados, esse trabalho de busca na base de dados exige o refinamento da String de busca e dos resultados gerados. Essa quantidade pode ser reduzida com a limitação do escopo da busca, por exemplo, definindo o período da busca em apenas 5 anos. Outra restrição importante são as áreas de pesquisa que já são conhecidas devido ao trabalho de busca e leitura dos artigos encontrados nos periódicos estudados.
A documentação dos artigos e resultados das buscas constitui o Passo 7. Os artigos que passarem pelo Filtro 3 são catalogados e armazenados em um software para gestão de referências bibliográficas. Nesse estudo foi utilizado o Mendeley. Também utiliza-se o Form2 e Form3 para registro dos dados das buscas. O Form2, em especial, é utilizado em todos os passos do procedimento apresentado. Todos os resultados obtidos durante a fase de processamento, utilizando-se os sete passos apresentados, em conjunto com os filtros de busca e formulários de registro dos artigos, serão úteis na fase final da revisão sistemática, conforme descrito a seguir.
A fase final do roteiro RBS Roadmap consiste de 4 etapas:
quantidade de artigos diretamente relacionados ao tema de pesquisa, compilar e avaliar as definições dos termos, modelos teóricos, estudos de casos, survey, etc..
O objetivo deste artigo foi apresentar um roteiro para a condução de revisão bibliográfica sistemática, desenvolvido a partir de uma pesquisa-ação em três pesquisas na área de desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos, e com base em modelos preconizados em outras áreas do conhecimento. Conforme discutido por Levy e Ellis (2006) e Biolchini et al. (2007), existem diversas razões e contribuições para utilizar revisão bibliográfica sistemática em um trabalho científico de pesquisa. Em especial, quando há a necessidade de trabalhar uma grande quantidade de dados e busca-se compreender o estado da arte sobre um determinado assunto, à exemplo do que ocorre na área de medicina (MULROW, 1994), permitindo uma maior confiabilidade nos resultados da revisão (WEBSTER; WATSON, 2002; WALSHAM, 2006; LEVY; ELLIS, 2006).
Dessa forma, duas contribuições são apontadas, uma de ordem teórica e outra de ordem prática. Do ponto de vista prático, destaca-se a descrição de um roteiro para condução de revisão bibliográfica sistemática, construído a partir de uma pesquisa-ação considerando três pesquisas na área de gestão de operações. O RBS Roadmap mostrou-se útil nas pesquisas, em especial para a pesquisa de doutorado (Pesquisa 1), na condução da revisão sistemática, por meio da aplicação de um conjunto de etapas dispostas em um fluxo iterativo de busca, análise dos resultados e documentação, utilizando-se filtros de leitura e critérios de qualificação dos artigos. Assim, considera-se que o RBS Roadmap seja útil para a condução de pesquisas bibliográficas com maior rigor científico na área de gestão de operações, em especial desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos.
Do ponto de vista teórico, este artigo aprimora os modelos propostos por Biolchini et al. (2007) e Levy e Ellis (2006), propondo assim um roteiro para RBS com foco na área de gestão de operações. Nesse sentido, este artigo corrobora com o indício sobre a ausência de modelos específicos para esta área, em especial desenvolvimento de produtos e gerenciamento de projetos, identificado no início do estudo. Em resumo, o RBS Roadmap sistematiza o potencial de aplicação da revisão sistemática, amplamente utilizado em outras áreas da ciência, que pode ser útil também na área de gestão de operações.
A principal limitação do RBS Roadmap é o foco em artigos de periódicos e congressos, não apresentando por exemplo, como conduzir a revisão sistemática em livros, teses ou dissertações. Além disso destaca-se a necessidade de adaptar o roteiro para cada pesquisa, e ampliar sua aplicação, verificando pontos de melhoria para adequar aos diferentes tipos de pesquisa conduzidas na área de gestão de operações. O RBS Roadmap é apenas um guia, que pode servir como referencia para outros estudos. Outra restrição está relacionada com a análise dos resultados pois é necessário considerar técnicas estatísticas para análises quantitativas dos resultados.
Como passos futuros, indica-se o aprimoramento do método RBS Roadmap por meio da aplicação em mais pesquisas e também, adicionar ferramentas avançadas de apoio à análise de dados. É o caso da análise bibliométrica e análise semântica de termos para a definição de conceitos e modelos teóricos. No caso do uso de técnicas de bibliometria, o RBS Roadmap pode contemplar um subconjunto de passos para realizar esse tipo de análise, indicando ferramentas utilizadas e quais resultados e tipos de análise são possíveis com o uso dessa técnica.
7. Agradecimentos: Os autores agradecem o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) sem o qual não seria possível realizar essa pesquisa.