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Uma abordagem detalhada do exame neurológico, incluindo a anamnese, avaliação física e testes complementares. A anamnese abrange a história pessoal, da doença atual e doenças anteriores, ocupação e atividades diárias, queixa do paciente, características da dor, cefaleia e convulsões. A avaliação física neurológica envolve inspeção, palpação, testes de força muscular, tônus, reflexos, sensibilidade, coordenação e marcha. Também são descritos exames complementares como radiografia, líquido cefalorraquidiano, eletroencefalografia e escalas de avaliação do estado mental. O documento fornece orientações detalhadas sobre como conduzir e interpretar cada etapa do exame neurológico, visando subsidiar a prática clínica de profissionais da saúde.
Tipologia: Notas de estudo
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O objetivo da avaliação clínica é o diagnóstico do estado de saúde do indivíduo. A palavra diagnóstico significa o conhecimento do estado de saúde por meio de manifestações subjetivas (sintomas) e objetivas (sinais/testes/exames). É o momento de coletar dados e o máximo de informações sobre o paciente e sua queixa principal, sendo a avaliação essencial para o sucesso do tratamento fisioterapêutico, pois é a partir dela que conhecemos profundamente as queixas do paciente e os aspectos biopsicossociais que estão relacionados a ela, e assim, conseguimos elaborar objetivos específicos e estratégias fisioterapêuticas para atingi-los. Na prática diária, o fisioterapeuta deve fazer da avaliação um procedimento continuado para poder realizar ajustes na programação, buscando sempre impor “metas novas” a ser alcançada. Geralmente acontece a avaliação inicial e a cada 3 meses a reavaliação do paciente e a observação da possibilidade de alta. Entretanto, nós como profissionais da saúde devemos estar atentos a todo e qualquer sintoma/sinal “novo”, é precisa em toda sessão observar o paciento com um “olhar de avaliação”. A avaliação fisioterapêutica neurológica inclui: Dados pessoais História (pessoal, da doença/moléstia atual, doença/moléstias anteriores). Ocupação e atividades diárias Queixa do paciente Diagnóstico clínico (CID) Inspeção Palpação Avaliação da Força Muscular Avaliação da Amplitude de Movimento Avaliação do Trofismo muscular Avaliação do Tônus muscular Avaliação da Motricidade Avaliação da Coordenação Avaliação da Sensibilidade Avaliação dos Reflexos Avaliação do Clônus Avaliação da Marcha Avaliação do Equilíbrio Avaliação Funcional Diagnóstico cinético-funcional (fisioterapêutico)
1. ANAMNESE Caso necessário, a avaliação pode e deve incluir outros instrumentos, como escalas e questionários pra auxiliar na elaboração do diagnóstico cinético-funcional e objetivos fisoterapêuticos. Por exemplo: A escala ASIA para avaliação no nível motor e classificação internacional da funcionalidade especifica da Lesão Medular. Deixarei ao final desse documento sugestões de outras escalas/questionários que podem ser utilizados em outras condições neurológicas.
A anamnese é de fundamental importância em neurologia, e começa desde que o paciente entra no consultório. Assim, a reconhecida relevância do exame físico neurológico não deve de modo algum diminuir o valor da anamnese. O diagnóstico preciso resulta da consciência entre a anamnese, o exame físico e os exames complementares. Em muitos exemplos, a anamnese bem feita possibilita a formulação do diagnóstico provável, antes mesmo do início do exame físico. Quando associada a um exame físico preciso, permitirá, na maioria dos casos, a elaboração do diagnóstico correto. Recomendo a leitura do capítulo 1 do livro Propedêutica Neurológica Básica, do autor Wilson Luiz Sanvitto. 1.1 PONTOS IMPORTANTES PARA UMA ANAMNESE EFICIENTE Avaliar de modo que não constranja o paciente; Transmitir segurança; Ouvir e mostrar interesse sobre o que o paciente diz; Não se expressar sobre o relato do paciente; Fazer perguntas de fácil compreensão e na linguagem do paciente (linguagem que condiz com a idade do paciente, sem infantilização desnecessária); Formular perguntas que não conduzam o paciente a respostas tendenciosas; Direcionar a anamnese com base na queixa principal; Buscar no exame físico as hipóteses da anamnese. 1.2 COMPONENTES DA ANAMNSE A anamnese é composta por identificação (dados pessoais), história da moléstia atual, história da doença pregressa, história familiar, história fisiológica, história social / hábitos pessoais, antecedentes comportamentais, medicamentos em uso e exames complementares. 1.2.1 IDENTIFICAÇÃO São os dados pessoais, como: nome, data de nascimento, idade, endereço atual, estado civil, profissão atual, anteriores ou já exercidas, médico responsável, diagnóstico clínico - médico (CID), telefone de contato pessoal e de emergência. 1.2.2 QUEIXA PRINCIPAL É o motivo pelo qual o paciente procura assistência fisioterapêutica. Direcionará todo o restante da anamnese e exame físico. DICA: Deve ser descrita com as palavras do paciente. Exemplo de como abordar o paciente: O que trouxe o senhor aqui? O que mais incomoda o senhor? Como eu posso ajudá-lo? 1.2.3 HMA (HISTÓRIA DA MOLÉSTIA ATUAL) É a história da queixa principal e também de outras queixas que o próprio paciente considera relacionadas à sua moléstia atual devem, sendo consideradas conforme: localização, duração, intensidade, frequência, tipo, fatores agravantes e que desencadeiam, agravam ou atenuam e manifestações associadas. EXEMPLO: Época e modo do aparecimento (Como e Quando?); Modo de evolução;
Súbita Gradual Localização: Retro-ocular Occipital Frontal Hemicrânia Holocraniana Irradiação da dor? Tipo de dor: Pulsátil Lancinante (facada, alfinetada, choque) Constritiva Em queimação Periodicidade de ritmo? Sinais e sintomas associados? Náuseas Vômitos Sudorese Palidez Edema de papila: borramento das margens da papila óptica ao exame oftalmoscópico Lacrimejamento Fotofobia Obstrução nasal Congestão ocular Fatores que agravam a dor? Tosse Esforço físico Compressão das jugulares Posição ereta Decúbitos Movimentos da cabeça Ruído Luminosidade Fatores que aliviam a dor? Analgésicos Repouso Determinadas posturas As dores de cabeça (cefaleias) possuem diferentes características para cada situação de saúde (presença de patologias ou alterações sistêmicas), algumas estão descritas abaixo: Crises de enxaqueca
A cefaléia costuma ser pulsátil, hemicrania e se faz acompanhar de sintomas neurovegetativos (náuseas, vômitos, palidez). É frequente, no início das crises, a presença de sintomas oftálmicos (escotomas cintilantes e hemianopsia) Na hipertensão craniana: Cefaleia costuma ocorrer pela manhã Alivia ou desaparece depois de algum tempo na posição ortostática Localizada ou difusa Evolução intermitente Acompanha-se de vômitos e edema de papila. Na hipotensão intracraniana: A cefaléia costuma aparecer na posição ortostática Intensa, contínua e não-pulsátil Melhora quando o paciente permanece em repouso, em decúbito e com a cabeça em um nível mais baixo Nas meningites: Cefaléia de grande intensidade Acompanhada de sinais e sintomas meningorradiculares: Rigidez de nuca Fotofobia Sinais de Kernig, Brudzinski e Lasègue Nas cefaléias miogênicas: Localização na região occipito-cervical, temporal e vértex (ápice da cabeça) Dor crônica, superficial, caráter opressivo ou constritivo. Em casos de CRISES CONVULSIVAS E ESTADOS CONVULSIVOS, investigar os seguintes aspectos: Idade de inicio Frequência das crises Ritmo horário Presença de fatores precipitantes (tensão emocional, fadiga, excesso de bebidas alcoólicas, jejum prolongado) Se mulher: relação com o período menstrual. Relembrando: Crise convulsiva, crise epiléptica, convulsão ou estado convulsivo é uma descarga elétrica cerebral desorganizada que se propaga para todas as regiões do cérebro, levando a uma alteração de toda atividade cerebral. Pode se manifestar como uma alteração comportamental, na qual o indivíduo pode falar coisas sem sentido, por movimentos estereotipados de um membro, ou mesmo através de episódios nos quais o paciente parece ficar “fora do ar”. Epilepsia é uma doença neurológica crônica que se caracteriza por crises convulsivas recorrentes, afeta cerca de 1% da população mundial e pode ser progressiva, no que tange à frequência e à gravidade das convulsões, levando a alterações cognitivas.
Busca de informações de como são os hábitos pessoais hoje e como eram esses hábitos. Nesse tópico os fatores ambientais (condições de vida, residência onde vive, com quantas pessoas) também são investigados, assim como: Higiene; Atenção com a própria saúde; Vacinação; Etilismo, tabagismo e uso de drogas; Escolaridade; Nível social (ambiente social com o qual tem contato). 1.2.8 MEDICAMENTOS EM USO Indagação e registro sobre medicamentos utilizados rotineiramente pelo paciente que possa influenciar no tratamento fisioterapêutico. Identificar os horários dos medicamentos e posologia. 1.2.9 ANTECEDENTES COMPORTAMENTAIS Investigação de comportamentos e/ou transtornos comportamentais: Depressiva, ansiosa, agressiva, depreciativa, bipolar, negativa e outros. Importante indagar como eram e como são os comportamentos no momento atual da possível lesão. 1.2.10 EXAMES COMPLEMENTARES EM NEUROLOGIA Os exames complementares auxiliam no diagnóstico cinético-funcional, no qual podemos analisar o local e extensão da lesão correlacionando com aspectos anatômicos e fisiológicos. Radiografia (coluna vertebral, crânico e face) Tomografia computadorizada (TC) Ressonância mágnética nuclear (RMN) - o mais completo exame. Exame do líquido cefalorraquidiano (LCR) - importante para casos de hidrocefalia Eletroencefalografia. 1.2.11 AVALIAÇÃO DO ESTADO MENTAL E NÍVEL COGNITIVO Essa investigação é de extrema importância já no início da anamnese, inúmeras doenças neurológicas podem cursar com alterações cognitivas em algum momento de sua evolução e essas, muitas vezes, não são relatadas ou devidamente valorizadas pelos pacientes ou seus familiares. O estado mental envolve: Orientação de tempo e espaço: ano, estação, mês, dia da semana, país, estado, cidade, bairro, hospital, leito,.... Memória: repetir o nome de objetos e pessoas Linguagem: nomear objetos, copiar um desenho ou escrever uma frase Nível de Consciência. Podemos avaliar a o estado mental com escalas especificas encontradas facilmente em PDF, deixo aqui três sugestões: Mini Exame do Estado Mental (MINI MENTAL) Montreal Cognitive Assesment (MoCA) Escala do Rancho Los Amigos O nível de consciência deve ser também observado:
O rebaixamento do nível de consciência é o parâmetro mais sensível de insuficiência encefálica. Pode ter início com pequena confusão mental, com dificuldade de elaboração de frases e armazenamento de informações, podendo chegar à sonolência até o coma. Letargia ou sonolência: paciente acorda ao estímulo auditivo, está orientado no tempo, espaço e pessoa, responde lenta e vagarosamente ao estímulo verbal, à elaboração de processos mentais e à atividade motora. Cessado o estímulo verbal, retorna ao estado de sonolência. Obnubilação: paciente muito sonolento, ou seja, necessita ser estimulado intensamente, com associação de estímulo auditivo mais intenso e estímulo tátil. Pode responder a comandos simples (p. ex.: quando solicitado para colocar a língua para fora da boca). Responde apropriadamente ao estímulo doloroso. Estupor ou torpor: mais sonolento, não responsivo, necessitando de estimulação dolorosa para responder. Responde apropriadamente ao estímulo doloroso, apresenta resposta com sons incompreensíveis e/ou com abertura ocular. Coma: estado em que o indivíduo não demonstra conhecimento de si próprio e do meio ambiente, com ausência do nível de alerta, ou seja, inconsciente, não interagindo com o meio e com os estímulos externos, permanecendo com os olhos fechados, como em um sono profundo. Neste estado o paciente apresenta apenas respostas de reatividade. Geralmente em pacientes hospitalizado.
2. EXAME FÍSICO O exame físico geral do paciente neurológico não deve ser neglicenciado, e desde que bem conduzido, pode proporcionar elementos valiosos para a orientação diagnóstica. Ao exame físico geral é importante observar o estado de nutrição, temperatura, pele e anexos, sistema ósseo, muscular e ganglionar, respiração, pulsos periféricos. O exame físico neurológico geral, na fisioterapia é composto de: Inspeção Palpação Avaliação do Trofismo Muscular Avaliação do Tônus muscular Avaliação da Força Muscular Avaliação da Amplitude de Movimento Avaliação da Motricidade (MOVIMENTOS ATIVOS/MANOBRAS DEFICITÁRIAS) Avaliação da Coordenação (PROVAS DE COORDENAÇÃO) Avaliação da Sensibilidade Avaliação do Clônus Avaliação dos Reflexos Avaliação da Marcha Avaliação do Equilíbrio Avaliação Funcional 2.1 INSPEÇÃO A inspeção é o primeiro procedimento executado no exame físico, iniciando na entrada do paciente ao consultório/clínica. Com o objetivo de inspecionar detalhadamente (a inspeção é apenas a analise visual do terapeuta ao paciente), estruturas do corpo (integridade da pele, deformações ósseas, trofismo muscular) e movimentos alterados (marcha, movimentos involuntários).
Distrofia muscular progressiva: “Levantar miopático” Neuropatias periféricas: Lesões da ponta anterior da medula, plexos, das raízes ventrais ou nervos periféricos (mão pêndula, mão em garra, pé equino, escoliose antalgica). SÍNDROMES MENÍNGEAS Meningites e hemorragias meníngeas: Rigidez da nuca e opistótono. LESÕES DOS CORDÕES POSTERIORES Ataxias sensitivas (tabes dorsalis): Base de sustentação alargada, olhar fixo no chão e genu recurvatum. LESÕES DO TRONCO ENCEFÁLICO Lesões alta poupando vestibuloespinhal: Rigidez de descerebração e rigidez de decorticação LESÕES VESTIBULOCEREBELARES É comum desvios laterais da cabeça que costumam se fazer para o lado do labirinto hipoexcitável ou da estrutura cerebelar acometia. Ataxias cerebelares: Base de sustentação alargada e corpo oscilante. LESÕES EXTRAPIRAMIDAIS Parkinson : Postura rígida com a cabeça e tronco ligeiramente fletidos, braços acolados ao tronco com os antebraços e joelhos semifletidos. LESÕES PIRAMIDAIS Hemiplegias espásticas: Comum a atitude de Wernicke-Mann, determinada pela hipertonia muscular eletiva, que fixa o membro superior numa postura flexora e o inferior numa postura extensora. Recomendo a leitura do capítulo 3 do livro: Propedêutica Neurológica Básica: Wilson Luiz Sanvito. 2.3 PALPAÇÃO É o procedimento que permite ao fisioterapeuta verificar o estado das estruturas (externas) de caráter ósseo e muscular por meio da pressão manual. Podemos avaliar o estado do tônus muscular por meio da palpação das cadeias musculares globais. 2.4 TROFISMO MUSCULAR É o estado das fibras musculares percebidos visualmente e pela palpação dos ventres musculares (para lembrar: contorno do músculo ou desenho do músculo). Pode ser avaliado por meio da inspeção e da palpação. Quais são os principais músculos avaliados? Bíceps braquial; Tríceps braquial; Quadríceps; Tríceps Sural. Como classificamos?
HIPERTRÓFICO: É o aumento da secção transversa do músculo acima de um padrão referencial inicial (aumento do trofismo muscular) HIPOTRÓFICO: É a diminuição da secção transversa do músculo abaixo de um padrão referencial inicial, porém ainda é possível identificar algum volume muscular. ATRÓFICO: Diminuição excessiva das fibras musculares, onde não é possível visualizar o volume muscular. NORMOTRÓFICO: Sem alterações do volume e contorno muscular, trofismo muscular de aspecto normal, quando comparado ambos os lados e um padrão referencial normal. 2.5 TÔNUS MUSCULAR É o estado de contração semi-permanente do músculo, de origem reflexa, avaliado por meio de movimentação passiva em diferentes graus, velocidade e amplitude de movimento. A resistência do músculo ao alongamento passivo ou estiramento (movimentação) representa o grau de contração residual no músculo em repouso com inevervação normal, ou uma contração constante. De forma, que permite que nos mantenhamos em diferentes posições sem desabamento. Como classificamos: NORMOTONIA: Sem alterações / tônus de aspecto normal. HIPOTÔNIA: Diminuição do estado de contração semi-permanente do músculo (diminuição do tônus muscular). Nesse caso a amplitude de movimento é exagerada e a resistência oposta ao movimento é quase nula. HIPERTÔNIA: Aumento do estado de contração semi-permanente do músculo (aumento do tônus muscular, caracterizando a presença de espasticidade). Nesse caso a amplitude de movimento é menor e a resistência oposta ao movimento é maior. Caso o tônus muscular apresente-se aumentado, podemos classifica-lo por meio de escalas, a mais utilizada ainda hoje é a ASHOWRT, que identifica o GRAU de aumento do tônus muscular (hipertônia) rastreando a presença de espasticidade. Ainda, existem alguns tipos de hipertônia, hoje vamos falar sobre a plástica e a elástica.
Descrever limitações, encurtamentos e/ou deformidades que provavelmente estão relacionadas com a limitação de movimento. 2.7 AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR Na prática a força muscular poderá ser testada ao se solicitar ao examinando que realize um determinado movimento contra resistência oposta pelo examinador. A força muscular dever ser avaliada nos vários seguimentos, testando-se metódica e comparativamente os grupos musculares interessados. Pode-se empregar a seguinte tabela na quantificação da força muscular: Dicas: podemos avaliar os músculos, ou nos guiar para avaliação de acordo com as características e local das lesões. Por exemplo, em lesões encefálicas o comprometimento muscular tende a ser de forma mais global afetando grandes grupos musculares. O segmento central (no caso as doenças encefálicas) da via motora voluntária é constituído pelos neurônios motores superiores agrupados, constituindo uma via compacta e cruzada. Portanto o déficit de tipo central é global, respeitando a representação do homúnculo motor.
Dicas : em doenças medulares é importante a avaliação dos músculos chaves. Os músculos chaves são os músculos que foram selecionados para que se faça a determinação do nível motor. Refere-se ao último segmento medular com função preservada (grau 3, 4 ou 5 de FM). Essa avaliação acontece traçando o caminho dos dermatomos e nervos responsáveis pela integridade motora de cada músculo estriado, seguindo a representação abaixo: Os dermátomos são areas da pele em que todos os nervos sensoriais vêm de uma única raiz Dica: em doenças nervosas periféricas é importante avaliar os territórios de inervação dos músculos (os miótomos). Essa avaliação necessita do conhecimento da inervação de cada músculo e a raiz nervosa correspondente. Por exemplo, a raiz nervosa de C5 é responsável pelo músculo deltoide que realiza o principal movimento de abdução de ombro, nesse caso, a raiz correspondente é a C5 e o músculo que iremos avaliar é o músculo deltoide através do movimento de abdução de ombro. Miótomo é um termo referente ao grupo de fibras musculares inervadas pelos axônios motores dentro de cada nervo segmentar (raiz nervosa). *Recomendo a leitura do capítulo 4 do livro Manual fotográfico de testes ortopédicos e neurológicos, de Joseph J Cipriano, de 2012. Recomendo a leitura do capítulo 5, 6 e 7 do livro Músculos provas e funções, do autor Florence Peterson Kendall, 5° ed. Esse livro explica a inervação e como avaliamos a força múscular de cada músculo.
Hemiplegia/paresia: acometimento de um hemicorpo (exemplo: membro superior e inferior do lado direito) Paraplegia/paresia: acometimento de membros bilaterais (exemplo: os dois membros inferiores) Diplegia/paresia: acometimento de dois membros de segmentos diferentes, um sendo contralateral ao outro (exemplo: membro inferior direito e membro superior esquerdo), Tetraplegia/paresia: acometimento dos segmentos superiores e inferiores (exemplo: membros inferiores bilaterais, membros superiores bilaterais, tronco) Monoplegia/paresia: acometimento de um único membro unilateral (exemplo: membro inferior direito ou membro superior direito – sempre será apenas um membro acometido) 2.10 MANOBRAS DEFICITÁRIAS Para completar o estudo da motricidade voluntária podem ser realizadas algumas manobras, que têm por objetivo evidenciar déficits motores mínimos. MANOBRA DOS BRAÇOS ESTENDIDOS Posição do paciente: na posição sentada ou em pé (podemos realizar também em decúbito dorsal, porém, pode interferir no resultado da manobra, visto que facilita a manutenção da posição), o paciente deve manter seus membros superiores na posição de juramento, com os dedos afastados um do outro. Execução: deve manter a posição de 30 seg a 1 minuto, com os olhos fechados. Resposta: Segundo o grau de déficit motor, o membro parético ou ambos os membros apresentam oscilações e tende a abaixar-se lenta e progressivamente. Esta prova é útil, tanto na avaliação da musculatura proximal como distal dos membros superiores. Pode também ser empregada para apreciação de distúrbios extrapiramidais, cerebelares, vestibulares e da sensibilidade profunda.
Posição do paciente: em decúbito dorsal, os antebraços são fletidos sobre os braços em ângulo reto, e as mãos são estendidas com os dedos separados. Execução: manter a posição durante 30 seg ou 1 minuto, de preferência com os olhos fechados. Resposta: em caso de déficit motor, a mão e o antebraço do lado comprometido caem sobre o tronco de modo rápido ou lento. MANOBRA DE MINGAZZINI Posição do paciente: em decúbito dorsal flete as pernas em ângulo reto, e as mãos são estendidas com os dedos separados. Quadril e joelho são colocados a 90°. Execução: manter a posição durante 30 seg ou 1 minuto, de preferência com os olhos fechados.
Posição do paciente: paciente em decúbito dorsal, as pernas são fletidas sobre as coxas, mantendo-se o apoio plantar bilateral sobre o leito, de tal sorte que os membros inferiores formem com o tronco um ângulo reto. Execução: manutenção da posição durante 30 seg ou 1 minuto. Resposta: em caso de déficit motor num dos lados, surge queda do membro em abdução, de maneira progressiva ou imediata. Esta prova pode ser utilizada no paciente em coma ou em vigília. A título de complementar a informação, essas são as manobras mais utilizadas, porém, existem outras que são: prova da queda do joelho (warten-berg); da mão escavada (garcin); do afastamento dos dedos (barré). Sugestão de vídeo: Avaliação das manobras deficitárias - MANOBRAS DEFICITÁRIAS - Como Avaliar? - YouTube O que observar? O paciente é capaz de manter a posição? Há oscilação do membro? Esta oscilação é proximal ou distal? Há queda do membro? ANOTAÇÃO: POSITIVO OU NEGATIVO (especificar o lado ou ambos os lados). 2.11 MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS No individuo sem alterações neurológicas todos os movimentos são adequados, visam um fim e se realizam de modo harmônico. Quando determinadas estruturas do sistema nervos (sistema piramidal, extrapiramidal, cerebelo) são lesadas, podem aparecer movimentos incoercíveis e sem finalidade, de diversos tipos, que recebem a denominação genérica de HIPERCINESIAS. Quando esses movimentos estão presentes devem ser analisados quanto: Forma Irregularidade Frequência Velocidade Ritmicidade Localização Amplitude Acontece durante o repouso? Durante a movimentação voluntária? Devido ao estado emocional? Durante o sono? Devido o uso de medicamentos? São vários os movimentos involuntários, alguns deles são: TREMORES: São caracterizados por oscilações rítmicas, involuntárias, que envolvem todo ou parte do corpo em torno de sua posição de equilíbrio, resultantes da contração alternada de grupos musculares opostos (agonistas/antagonistas). Do ponto de vista semiológico costuma- se classificar os tremores como de repouso, de ação e vibratório. Para complementar a informação e aprofundamento do tema caso tenham interesse : existem vários outros tipos de tremores (flapping tremor; degeneração hepatolenticular; tremor vibrátório; tremores tóxicos; tremor senil; tremor essencial; tremores psicogênicos; tremor da paralisia geral progressiva, tremores fisiológicos).
DISCINESIA/FASCICULAÇÕES: Pode ser definida como contrações musculares involuntárias, descontroladas aparecendo em breves intervalos de tempo e visíveis durante o repouso. Podemos incluir dentro das discinesias os espasmos involuntários como os espasmos tetânicos, espasmo da tetania, espasmo facial, distonia de torção. As fasciculações traduzem patologia do neurônio motor periférico, ocorrendo principalmente na ELA. ATETOSE: São movimentos lentos, ondeantes, irregulares e arrítmicos, sucedendo-se quase continuamente, lembrando contorções. Localizam-se particularmente nas extremidades distais dos membros (dedos das mãos e pés, articulações do punho e tornozelo), podendo atingir também os segmentos proximais (pescoço, território inferior da face e língua). A atetose é frequente em condições como a paralisia cerebral, e doença de hallervor-den-spatz. BALISMOS : Movimento de grande amplitude, abruptos, contínuos, rápidos e ritmados; localizam-se predominantemente nos segmentos proximais dos membros. São estereotipados e violentos. Costuma afetar um hemicorpo e traduz uma lesão do núcleo subtalâmico contralateral (núcleo subtalamico de luys). É raro. Sugestão de vídeos - movimentos involuntários: CORÉIA (Movimentos Coreicos) - Rogério Souza (Vídeo Aula) - YouTube HEMIBALISMO (Vídeo aula) - Rogério Souza - YouTube ATETOSE (Vídeo Aula) - Rogério Souza - YouTube 2.12 AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS O reflexo pode ser definido como a resposta muscular produzida por estímulos específicos, que ocorre independentemente da vontade. Essa avaliação pode ser empregada em pacientes conscientes ou inconscientes, desde recém-nascidos até idosos. O grande interesse da avaliação dos reflexos se fundamenta nas modificações quantitativas e qualitativas das respostas e na possível indicação topográfica que suas alterações podem proporcionar, já que a cada reflexo corresponde um centro num determinado nível do neuroeixo. A base anatômica da motricidade reflexa é o arco reflexo, cuja constituição compreende: uma via aferente (receptor e nervo sensitivo) e uma via eferente (nervo motor e órgão efetor), dessa forma a avaliação dos reflexos é importante para analisar a integridade dessas vias. Os reflexos podem ser classificados em: Exteroceptivos (superficiais-cutâneo) : os estímulos atuam em receptores localizados na pele e/ou mucosas externas. Proprioceptivos (profundos-miotáticos): os estímulos atuam ou se originam nos músculos e tendões, sendo manifestações fásicas particulares do reflexo miotático ou de extensão. Do ponto de vista fisiológico, qualquer músculo estriado esquelético pode reagir reflexamente à estimulação. 2.12.1 AVALIAÇÃO DOS REFLEXOS SUPERFICIAIS-CUTÂNEO (EXTEROCEPTIVOS) Esses reflexos apresentam maior período de latência e são facilmente esgotáveis. Apresentando em situações respostas reflexas patológicas. Podemos classificar esses reflexos quanto a sua presença ou ausência. Classificamos como positivo quando o reflexo testado é positivo e classificamos como negativo quando o reflexo testado é negativo.