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Retorno de investimento na análise ergonômica
Bernardo Bastos da Fonseca
UERJ - bernardobastosf@gmail.com
Resumo Este trabalho foi realizado em uma empresa automotiva do sul do Estado do Rio de Janeiro, para verificar as condições ergonômicas de trabalho, tendo como objetivo a melhoria da saúde, conforto, segurança e do bem estar dos trabalhadores do setor de soldagem da longarina da lateral do veículo. O processo de pesquisa foi realizado in loco com o levantamento do perfil dos trabalhadores, avaliação da situação de trabalho, bem como da situação do ambiente de trabalho e indicação de modifi cações para os postos. As indicações foram justificadas através da análise de retorno de investimento. Os resultados obtidos na análise ergonômica possibilitam a empresa elaborar um plano de açã o que contempla a situação observada, a sugestão de melhoria, o responsável pela implementaçã o da melhoria, a ordem de prioridade e o retorno do investimento.
Palavras-chave: Análise ergonômica; situação de trabalho; retorno de investimento; planos de ação.
Abstract This work was carried out in an automotive company in the south of the State of Rio de Janeiro, to verify the ergonomic working conditions, aiming to improve the health, comfort, safety and well being of workers in the side welding sector of the vehicle. The research process was carried out in loco with the survey of the profile of the workers, evaluation of the work situation, as well as the situation of the working environment and indication of modifications to the stations. The indications were justified through the investment return analysis. The results obtained in the ergonomic analysis allow the company to elaborate a plan of action that contemplates the observed situation, the suggestion of improvement, the responsible for the implementation of the improvement, the order of priority and the return of the investment.
Keywords: Ergonomic analysis; work situation; ROI; action plans.
Nelson Tavares Matias
UERJ / UNIFATEA - nelson.matiaz@gmail.com
Natalha Gabrieli Moreira Carvalho
UNIFATEA - natalhagmcarvalho@gmail.com
Líbio Sousa
UERJ - libio.sousa@hotmail.com
INTRODUÇÃO
As empresas de manufatura, como a industrial automotiva, têm que pensar em estratégias de como manter seus funcionários saudáveis e capazes de realizar suas atividades laborais. Nesta direção, ações de concepção e de correção do local de trabalho desempenham um papel fundamental na melhorias da qualidade de vida no trabalho e na manutenção da empregabilidade do trabalhadores. Neste contexto, a Ergonomia se apresenta como importante instrumento no processo de adequar o trabalho ao seu humano através do estudo das interações entre os seres humanos e outros elementos de um sistema através da aplicação de teoria, princípios, dados e métodos que visem otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema (IEA, 2017). Tais ações da ergonomia resultam na minimização, ou até mesmo, na prevenção de doenças crônicas. Essas doenças, geralmente, são resultados de posturas e exposições prolongadas e unilaterais induzidas por condições físicas, organizacionais, sociais de emprego e do projeto de trabalho (LANDAU, 2001). As necessidades e requisitos do ser humano no local de trabalho em matéria de saúde no trabalho são, muitas vezes, não consideradas de maneira suficiente e esta é uma realidade presente da indústria automotiva (THUN et al., 2011). Por exemplo, altos níveis de estresse nos operadores podem surgir no contexto de produção enxuta, como revelam os resultados empíricos de estudos (CONTI et al., 2006). Vários estudos de caso mostram que determinados objetivos econômicos como aumento da produtividade ou da qualidade, bem como objetivos sociais, como uma força de trabalho mais saudável e mais motivada podem ser efetivados com a aplicação da ergonomia (BEEVIS, 2003; GOGGINS et al., 2008). Especialmente no que tange aos fatores econômicos, fator valorizado pela indústria de manufaturas, a ergonomia e sua aplicação parecem apoiar uma maior qualidade de produtos, como revela Eklund (1995). Falck et al. (2010) examinaram o impacto de uma ergonomia deficiente na linha de montagem na qualidade do produto. Os resultados deste estudo sustentam a importância da ergonomia para questões de qualidade no processo de fabricação. Hoje, os sistemas de produção, especialmente na indústria automotiva, são frequentemente caracterizados por um grande número de diferentes processos em ambientes altamente automatizados (OHNO, 2005). Isso
tem consequências graves para o número e para a natureza das tarefas desempenhadas pelos operadores do chão de fábrica. Neste contexto, são nocivas as tarefas simples, monótonas e altamente repetitivas (KUME & SATO, 1999; XIAO et al., 2004). Além disso, aspectos organizacionais relacionados ao estresse, como pressão de tempo, tempo de trabalho e mudanças de turno ou a necessidades de se concentrar por longos períodos de tempo podem tem um impacto negativo no desempenho do operador e são questões críticas no que se refere a ergonomia cognitiva. Condições de trabalho que possuem ruído, temperatura, contato com produtos químicos ou tarefas que emitem vibrações podem ter uma influência negativa na saúde do trabalhador a longo prazo. Para evitar os problemas descritos acima, a implementação de diversas práticas ergonômicas é uma abordagem que vai ao encontro do estudo e do desenvolvimento de soluções para estes problemas. As práticas ergonômicas objetivam uma integração ótima dos operadores do chão de fábrica no processo produtivo. Eklund (1995) sugere que maior motivação e satisfação no trabalho possuem relação direta com práticas da ergonomia e apóiam o desempenho humano. A redução das cargas de trabalho e o estresse no trabalho, mais conforto no local de trabalho e diminuição dos riscos de acidentes ajudam a manter a saúde e a mão de obra e, a longo prazo, geram um alivio substancial dos sistemas de previdência. A Ergonomia deve ser considerada como um elemento crítico do projeto do processo de produção nas empresas automotivas. A implementação de práticas ergonômicas deve ser vista como uma abordagem importante para preservar e melhorar a competitividade de uma empresa. Além do impacto sobre a eficiência, o projeto ergonômico do local de trabalho também influencia a saúde e a segurança ocupacional de forma positiva. Isto é importante no contexto de desenvolvimento das empresas onde, cada vez mais, elas são confrontadas com o problema do envelhecimento da mão de obra. Por isso, práticas ergonômicas são cruciais para construir uma área de produção sustentável em relação à força de trabalho (THUN et al., 2011). Nesta perspectiva, este trabalho possui o objetivo de analisar o posto de trabalho onde ocorre a solda da longarina em uma indústria automotiva e apontar o retorno de investimento da empresa com a implementação de soluções para os problemas identificados. A definição
Os resultados da análise das posições críticas foram obtidos através do uso do software Ergolandia na definição dos ângulos estabelecidos nas ferramentas e da análise das imagens e vídeos gerados durante a coleta de dados. Na ferramenta RULA, a pontuação obtida foi 6 e nível 3, o que indica que é necessário realizar uma investigação no posto de trabalho e introduzir mudanças (Figuras 4
e 5). Em relação a ferramenta REBA, o resultado foi a pontuação 7 para um risco médio e necessidade de intervenção no processo (Figuras 6 e 7). Os resultados indicam que os operadores estão sujeitos a grandes esforços osteomioarticular devido ao manuseio da peça durante as operações existentes no posto.
Figura 4 – Resultado da ferramenta RULA na avaliação da posição 1. Fonte: autores (2017).
Figura 5 – Resultado da ferramenta RULA na posição 2. Fonte: autores (2017).
Em seguida, uma matriz GUT (tabela 2) foi estruturada com os dados obtidos na análise ergonômica e com a identificação das situações observadas. Para que a atribuição de notas não fosse de forma subjetiva, foi utilizada a orientação proposta por Meireles (2001) para a distribuição de notas. A ferramenta ROI foi aplicada para verificar o tempo de retorno do investimento para a aquisição de novos suportes, sugestão de melhoria proposta para a situação que foi apontada como prioridade. O tempo ciclo total é de dois minutos e 25 segundos e o tempo para coleta de componentes e montagem dos dispositivos é de 30 segundos.
O valor recebido por hora de trabalho por operador é de: R$ 20,58 / 44 horas semanais, sendo R$ 1.890,00 para o custo do operador. O conjunto de sete novos suportes para três espaços possui o preço de R$1.500,00 reais e o conjunto de sete suportes para dois espaços custa R$ 1.200,00 reais. Para se converter o tempo perdido em economia financeira foi aplicado o seguinte cálculo (WINNIE, 2012 tcc) (Fórmulas a, b e c):
IPP = TTE / TTO x 100 = % (a) Assim temos: IPP = 30” /145” = 0,20689x 100 = 20,69% Legenda:
Figura 6 – Resultado da ferramenta REBA na avaliação da posição 1. Fonte: autores (2017).
Figura 7 – Resultado da ferramenta REBA na avaliação da posição 2. Fonte: autores (2017).
única tarefa. Os resultados obtidos no decorrer do trabalho possibilitam por parte da empresa a elaboração de um plano de ação que contempla a situação observada, a sugestão de melhoria, o responsável pela implementação da melhoria, a ordem de prioridade e o retorno do investimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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THUN, J-H.; LEHR, C. B.; BIERWIRTH, M. Feel free to feel comfortable – An empirical analysis of ergonomics in the german automotive industry. Int. J. Production Economics 133, 551 – 561, 2011.
LANDAU, K. Anforderungen an Montagearbeitsplätze. In:Landau,K.,Luczak,H. (Eds.), Ergonomie und Organisation in derMontage.Hanser,München, pp. 1–82, 2001.
MEIRELES, M. Ferramentas administrativas para identifi car, observar e analisar problemas: organizações com foco no cliente. Arte & Ciência - São Paulo, 2001.
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WINNIE, IP. ROI of Ergonomic Improvements: Demonstrating value to the business. Ann Arbor, Humantech, 2012.
COMO ESTE ARTIGO DEVE SER CITADO:
DA FONSECA, Bernardo Bastos; MATIAS, Nelson Tavares; CARVALHO, Natalha Gabrieli Moreira; SOUSA, Líbio. Retorno de investimento na análise ergonômica. DI Factum , Lorena, v. 1, n. 2, p. 7-13, 2017.
