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A Reticulo pericardite traumática (RPT) também chamada de síndrome do corpo estranho, é uma enfermidade corriqueira em bovinos, ...
Tipologia: Notas de aula
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, CAMPUS CURITIBANOS CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA DANIEL COMELLI
Curitibanos 2022
Daniel Comelli
Curitibanos 2022 Trabalho Conclusão do Curso de Graduação em Medicina Veterinária do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a obtenção do Título de Bacharel em Medicina Veterinária. Orientador: Prof. Dr. Giuliano Moraes Figueiró.
Daniel Comelli
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de Médico Veterinário e aprovado em sua forma final. Curitibanos 25 de março de 2022.
Prof. Dr. Malcon Martines Pereira Coordenador do Curso Banca Examinadora:
Prof. Dr. Giuliano Moraes Figueiró Orientador Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Prof. Dr. Álvaro Menin Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Prof. Dr. Vitor Braga Rissi Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
Agradeço inicialmente a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram positivamente durante esta jornada. A minha esposa Mariza e ao meu filho Yuri pela paciência e apoio nestes anos. Agradeço ao Centro Hípico Galpão Equestre na pessoa de Daniela Jucoski por todo o apoio e confiança depositados em mim durante os últimos dois anos. Aos supervisores de estágio, Sergio Silveira Àlvares e Rudnei João de Souza por todo o conhecimento e experiencia compartilhados durante o tempo em que os acompanhei. A instituição, professores e colegas da Universidade Federal de Santa Catarina, em especial ao meu orientador Dr. Giuliano Moraes Figueiró por todo o apoio e oportunidades durante a graduação.
Traumatic pericarditis (PTR) reticulo, also called foreign body syndrome, is a common disease in cattle, especially in confined, due to severe exposure to unusual materials. This occurs when there is ingestion of perforating foreign bodies, most often metallic, which results in the perforation of the reticulum with extravasation of microorganisms, following an inflammatory process. With ruminal movements, the perforation extends to the pericardium, and heart failure and toxemia may occur. The diagnosis is made through clinical signs, such as apathy, anorexia, jugular engorgement and pulse, muffled heart sounds and through pain tests, blood tests, ultrasound and analysis of cavitary effusions. The treatment used is usually given in two ways: by the conservative method or by rumenotomy. Keywords: Cattle, Foreign Bodies, Reticulum, Traumatic Pericarditis.
Figura 1- Realização de necropsia, com Intensa fibrose presente no retículo associada a deposição de uma espessa camada de fibrina na camada serosa do saco pericárdico........................................................................................................ Figura 2 - Realização de necropsia – saco pericárdico repleto com líquido seropurulento............................................................................................................. Figura 3- Realização de necropsia – extensão da deposição de fibrina sobre o coração....................................................................................................................... Figura 4- Realização de necropsia – extensão da deposição de fibrina sobre o coração – em corte longitudinal.................................................................................. 14
A reticulo pericardite traumática é uma afecção relativamente comum em bovinos, causada pela ingestão de corpos estranhos perfurantes, que acabando por promover a perfuração do reticulo provocando danos ao pericárdio e coração. Isto ocorre devido à baixa seletividade dos bovinos durante a apreensão do alimento. Esta doença é responsável por grandes percas econômicas aos produtores e, está diretamente ligada aos cuidados com a presença de materiais estranhos em pastagens ou alimentação fornecida no cocho. Este trabalho tem como objetivo relatar um caso clínico acompanhado durante a realização de estagio curricular supervisionado e, também trazer informações sobre os aspectos gerais da doença, maneiras de diagnostica-la, trata-la e maneiras de preveni-la.
No dia 22 de outubro de 2021, o proprietário informou que o animal veio a óbito, solicitando então a necropsia do animal, o procedimento foi realizado no mesmo dia da solicitação. Durante a necropsia foi encontrada grande quantidade de líquido na cavidade torácica, intensa fibrose na camada serosa do retículo e deposição de uma espessa camada de fibrina na camada serosa do saco pericárdio, evidências na figura 1. O saco pericárdico encontrava-se preenchido com líquido sero-purulento, o qual é possível observar na figura 2. A figura 3 relata a extensão da deposição de fibrina sobre o coração, sendo que na figura 4 com o coração já aberto pode-se observar a espessura da mesma. No interior retículo foi encontrado corpo estranho metálico, porém não foi encontrado nenhum corpo estranho perfurante. Os demais órgãos do animal não apresentaram alterações macroscópicas, devido aos achados macroscópicos condizentes com a suspeita clínica, o exame histopatológico não foi realizado. Figura 1. Realização de necropsia onde se visualiza intensa fibrose presente no retículo associada deposição de uma espessa camada de fibrina na camada serosa do saco pericárdio. Fonte: Arquivo pessoal.
Figura 2. Realização de necropsia – saco pericárdico repleto com líquido seropurulento. Fonte: Arquivo pessoal. Figura 3. Realização de necropsia – extensão da deposição de fibrina sobre o coração. Fonte: Arquivo pessoal.
juntamente com os movimentos ruminais e pressão da cavidade abdominal, o corpo estranho perfura sentido cranial passando a parede reticular e diafragma chegando ao pericárdio (SANTOS et al ., 2020). Em função da perfuração do retículo, o líquido reticular em conjunto com microrganismos patogênicos, extravasam para a cavidade abdominal, cursando com uma intensa inflamação tanto localizada quanto generalizada (MELO et al ., 2020). Contudo, a direção que o material cursa e sua forma, podem levar a lesões em órgãos adjacentes, além do pericárdio e diafragma, como por exemplo, fígado, baço e pleura. Pleurites e pneumonias podem ser causadas quando perfurada a cavidade pleural. Já em região de pericárdio constata-se pericardite, miocardite, endocardite e septicemia, podendo levar à disseminação de êmbolos sépticos (BEZERRA, 2014). 3 .2 - Epidemiologia Os bovinos não são animais seletivos e possuem dificuldade em diferenciar alimentos fibrosos de não fibrosos. A RPT tem um acometimento maior em bovinos adultos leiteiros, em confinamento, pois estes possuem maior exposição a artefatos estranhos nas instalações de galpões e alimentadores, especialmente quando estas não contam com uma rotina de higiene adequada (TESCH et al ., 2020; SANTOS et al ., 2020). Segundo Bezerra (2014), os bovinos, em especial as fêmeas, são mais acometidas no período final da gestação e possui relação intima com o parto. A ingestão desses corpos estranhos pode se dar tanto acidentalmente ou por carência nutricional de macronutrientes, onde o animal passa a contar com apetite exótico e tende a consumir objetos inusitados que na maioria das vezes desencadeia doenças, como é o caso relatado em questão. (MARTINS et al ., 2004). Na região sul, é sabido que o número de casos aumenta no inverno, onde animais de pastejo recorrentemente possuem uma oferta menor de forragens. Já os bovinos confinados, têm o volume de consumo de alimentos no cocho elevado, pensando na mantença energética. No entanto, tais alimentos muitas vezes não possuem qualidade na fabricação como desejável, o que de fato pode proporcionar aumento na ingestão de corpos estranhos (MARIOTTO et al ., 2021).
3 .3- Patologia Garcia et al , (2008) afirma que os corpos estranhos podem se alojar na parte superior do esôfago ou ainda, entrar em sacos do complexo rúmen- retículo. Isto, antes de permanecer no retículo, o qual na maioria das vezes é perfurado na parede cranial, porém uma minoria adentra o retículo de forma ventral na região de baço, e medial em direção ao fígado. A infecção local, causada pela perfuração do retículo, cursa com dores na porção anterior do abdômen e isso acaba inibindo o apetite e motilidade dos pré estômagos (MELO et al ., 2020), refletindo diretamente no comportamento/desenvolvimento do animal. Ao adentrar o pericárdio, ocorre o acúmulo de líquido ou exsudato, fibrina e material purulento entre os pericárdios visceral e parietal. A isto, resulta a insuficiência cardíaca congestiva, podendo provocar bacteremia e endocardite, e são estes os fatores determinantes para o tempo de sobrevida do animal (GARCIA et al ., 2008). 3 .4- Sinais clínicos Os sinais clínicos de RPT podem variar conforme a sua causa e velocidade de desenvolvimento. A quantidade de exsudato fibrino-purulento no saco pericárdico leva a alterações cardíacas funcionais, como pulso da veia jugular devido à congestão venosa e aumento da frequência cardíaca associada a som maciço na ausculta. Reflexo disso, são formados edemas submandibulares e pré-esternais, os quais têm possibilidade de evoluir para uma insuficiência cardíaca congestiva (BEZERRA, 2014). Com possíveis acometimentos de órgãos vizinhos e uma região abdominal bastante ampla, pode-se observar sinais bastante inespecíficos, como o timpanismo, hipermotilidade, queda na produção de leite, hipertermia, anorexia, falta de apetite, leucocitose com desvio a esquerda e líquido peritoneal com indicativo de inflamação (MELO et al ., 2020; MARIOTTO et al ., 2021; BEZERRA, 2014; SANTOS et al ., 2020). Observa-se ainda, com bastante frequência, na RPT, a relutância ao movimento, bruxismo, cifose, fezes mal digeridas muitas vezes escassas ou diarreicas e atonia ruminal (MELO et alet al ., 2020).
3 .6- Tratamento Normalmente são usados dois métodos para tratar os animais com retículo pericardite traumática, segundo Garcia, (2008): o método conservador, que consiste em imobilização do animal, administração de antimicrobianos, anti - inflamatórios, junto com a administração de imã para captura do corpo estranho e o método cirúrgico, este mais invasivo, que consiste na rumenotomia, com intuito direto de remover o corpo estranho. Segundo Bezerra, (2014), o prognóstico para a doença é desfavorável, principalmente devido à insuficiência cardíaca congestiva. Repetidas drenagens pericárdicas podem ser necessárias, na tentativa de sobrevida, através da pericardiocentese, da susseccção ou ainda da pericardiectomia (BEZERRA, 2014). O abate do animal pode ser uma alternativa quando o tratamento não se apresenta eficaz (SANTOS, 2017). 3 .7- Prevenção e controle Uma das maneiras de prevenir a RPT descrita por Santos et alet al. (2020), é a administração de imãs profiláticos, que tem como objetivo atrair objetos metálicos, evitando assim a perfuração dos órgãos. Existe ainda, o uso de detectores de metal em equipamentos utilizados para a alimentação dos animais ou nos locais de armazenamento dos alimentos. Esta é vista como uma forma bastante eficaz para a redução de materiais perfurantes na alimentação dos bovinos (MELO et al ., 2020). Vale salientar, que é de grande valia também, o cuidado com os bovinos expostos à novas construções ou ainda, cercas velhas onde os animais possam entrar em contato com pregos ou material perfurante qualquer (MELO et al ., 2020). E novamente, junto a essas práticas ambientais, é indispensável a mantença do padrão nutricional dos animais, especialmente no que diz respeito aos minerais necessários para cada fase do desenvolvimento do animal(BEZERRA, 2014).
Assim como as demais enfermidades, a Retículo Pericardite Traumática ( RPT) pode gerar grandes prejuízos econômicos. Neste caso, a situação acentua-se, tendo em vista ser uma enfermidade de evolução rápida e de prognóstico desfavorável, onde o tratamento não é eficaz na maioria das vezes. Logo, vale ressaltar a importância da prevenção e controle, e que o diagnóstico precoce é fundamental, já que a enfermidade pode afetar diversos sistemas, deixando muitas vezes, como única alternativa, o abate do animal..