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Resumo, Fonética e Fonologia do Português: Análise Detalhada dos Sons da Fala, Resumos de Linguística

A fonética e a fonologia do português, detalhando a produção e percepção dos sons da fala. Aborda a organização mental da linguagem, as distinções sonoras em línguas específicas e os princípios que determinam a pronúncia de palavras e frases. Inclui a classificação articulatória das vogais, a posição da língua e dos lábios, e a análise de consoantes e vogais com base em seus traços fonológicos. Além disso, discute processos fonológicos básicos e alterações sonoras em morfemas, oferecendo uma visão abrangente da estrutura sonora do português brasileiro. O documento também compara as vogais do português brasileiro com as de outras línguas, como francês e inglês, destacando as diferenças e semelhanças entre os segmentos vocálicos. A análise abrange tanto a fonética acústica quanto a fisiologia articulatória, proporcionando uma compreensão completa da fonologia como disciplina da linguística.

Tipologia: Resumos

2025

Compartilhado em 30/05/2025

rida-gabriella
rida-gabriella 🇧🇷

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Fonética e Fonologia do
Português Brasileiro: Uma Visão
Geral
Fonética e Fonologia do Português Brasileiro
Este texto aborda a Fonética e a Fonologia do Português Brasileiro, visando
capacitar o estudante a compreender os fenômenos relacionados às
propriedades articulatórias dos sons da língua. A obra busca suprir a lacuna
existente na literatura da área, que frequentemente recorre a exemplos de
línguas estrangeiras, dificultando o aprendizado dos alunos em relação à
sua língua materna. O material também apresenta uma discussão sobre os
conceitos de Fonética e Fonologia.
Fonologia
A Unidade B do texto é dedicada à Fonologia. O Capítulo 5 explora as
estruturas silábicas do português brasileiro, analisando as posições e o
status dos segmentos consonantais e vocálicos. O Capítulo 6 aborda as
alterações fonológicas que ocorrem na cadeia da fala, em função das
vizinhanças fonéticas, apresentando exemplos e regras fonológicas que
explicitam os segmentos alterados, as modificações sofridas e as condições
em que ocorrem. Ao longo do texto, são apresentadas transcrições fonéticas
e fonológicas para auxiliar os estudantes na transcrição de dados de fala.
A Fonética e a Fonologia: suas Funções e Interfaces
O primeiro capítulo identifica o objeto de estudo da Fonética e da
Fonologia, refletindo sobre a distinção entre elas. Ambas as áreas
investigam como os seres humanos produzem e ouvem os sons da fala. A
comunicação bem-sucedida depende da pronúncia dos interlocutores e da
interpretação das ondas sonoras. A fala pode ser descrita sob diferentes
aspectos, alguns mais próximos da Fonética e outros da Fonologia.
A Fonética pode estudar a fala a partir da fisiologia, ou seja, dos órgãos que
a produzem, como a língua e a laringe. Também pode ser estudada a partir
das propriedades sonoras (acústicas) transmitidas por esses sons. Outra
abordagem é examinar a fala sob a ótica do ouvinte, analisando e
processando a onda sonora durante a percepção dos sons. A Fonologia, por
sua vez, estuda a organização da fala, focalizando línguas específicas.
A Fonética pode fornecer uma descrição de como segmentos vocálicos
(vogais) podem ser produzidos e percebidos, enquanto a Fonologia pode
descrever as vogais do português brasileiro a partir de seus traços
opositivos. É importante ressaltar que vogais e consoantes se referem a
sons, não a letras. Por exemplo, as palavras "cassado" e "caçado" possuem
as mesmas consoantes, apesar da grafia diferente. Já as palavras "olho" em
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Fonética e Fonologia do

Português Brasileiro: Uma Visão

Geral

Fonética e Fonologia do Português Brasileiro

Este texto aborda a Fonética e a Fonologia do Português Brasileiro, visando capacitar o estudante a compreender os fenômenos relacionados às propriedades articulatórias dos sons da língua. A obra busca suprir a lacuna existente na literatura da área, que frequentemente recorre a exemplos de línguas estrangeiras, dificultando o aprendizado dos alunos em relação à sua língua materna. O material também apresenta uma discussão sobre os conceitos de Fonética e Fonologia.

Fonologia

A Unidade B do texto é dedicada à Fonologia. O Capítulo 5 explora as estruturas silábicas do português brasileiro, analisando as posições e o status dos segmentos consonantais e vocálicos. O Capítulo 6 aborda as alterações fonológicas que ocorrem na cadeia da fala, em função das vizinhanças fonéticas, apresentando exemplos e regras fonológicas que explicitam os segmentos alterados, as modificações sofridas e as condições em que ocorrem. Ao longo do texto, são apresentadas transcrições fonéticas e fonológicas para auxiliar os estudantes na transcrição de dados de fala.

A Fonética e a Fonologia: suas Funções e Interfaces

O primeiro capítulo identifica o objeto de estudo da Fonética e da Fonologia, refletindo sobre a distinção entre elas. Ambas as áreas investigam como os seres humanos produzem e ouvem os sons da fala. A comunicação bem-sucedida depende da pronúncia dos interlocutores e da interpretação das ondas sonoras. A fala pode ser descrita sob diferentes aspectos, alguns mais próximos da Fonética e outros da Fonologia.

A Fonética pode estudar a fala a partir da fisiologia, ou seja, dos órgãos que a produzem, como a língua e a laringe. Também pode ser estudada a partir das propriedades sonoras (acústicas) transmitidas por esses sons. Outra abordagem é examinar a fala sob a ótica do ouvinte, analisando e processando a onda sonora durante a percepção dos sons. A Fonologia, por sua vez, estuda a organização da fala, focalizando línguas específicas.

A Fonética pode fornecer uma descrição de como segmentos vocálicos (vogais) podem ser produzidos e percebidos, enquanto a Fonologia pode descrever as vogais do português brasileiro a partir de seus traços opositivos. É importante ressaltar que vogais e consoantes se referem a sons, não a letras. Por exemplo, as palavras "cassado" e "caçado" possuem as mesmas consoantes, apesar da grafia diferente. Já as palavras "olho" em

"eu olho" e "o olho" apresentam vogais diferentes, mesmo sendo grafadas com letras iguais.

A letra "s" corresponde a dois sons diferentes, dependendo do vozeamento da consoante que a segue. Vogais diante das consoantes e são mais longas do que diante das consoantes e.

Estudos sobre a duração de vogais diante de consoantes ou o comportamento da laringe durante o vozeamento são considerados abordagens fonéticas. Já a identificação das características que distinguem as vogais do PB, a classificação dos sons como vozeados e não-vozeados, a formulação de regras sobre o vozeamento de consoantes surdas diante de consoantes sonoras, ou a classificação dos sons como fonemas ou variantes de um mesmo fonema são consideradas abordagens fonológicas.

Foneticistas lidam com medidas precisas, amostragem do sinal de fala e estatísticas, enquanto fonólogos lidam com a organização mental da linguagem, as distinções sonoras concernentes a línguas em particular, as regularidades de distribuição dos sons e os princípios que determinam a pronúncia das palavras.

A Fonética é frequentemente associada à universalidade, tratando de aspectos mais gerais da produção dos sons da fala, enquanto a Fonologia se concentra em aspectos mais específicos das línguas naturais. No entanto, a Fonologia também busca estabelecer notações e terminologias universais. Tanto a Fonética quanto a Fonologia se baseiam na observação.

A separação entre Fonética e Fonologia serve como apoio didático para uma apresentação mais clara dos aspectos envolvidos na construção de significados. A língua evidenciada pela Fonologia e as características fonéticas serão referentes ao PB. Línguas naturais são aquelas que se desenvolveram sem intervenção formal externa.

Aplicações da Fonética e Fonologia

Até pouco tempo atrás, a Fonética e a Fonologia eram relegadas a uma rápida apresentação e classificação dos sons vocálicos e consonantais e sua relação com o sistema ortográfico. Atualmente, os estudantes reconhecem a importância dos conhecimentos fonológicos e fonéticos para o entendimento de processos morfológicos e sintáticos.

A Fonética e a Fonologia são fundamentais em diversos campos de trabalho:

Alfabetização: O conhecimento de Fonética e Fonologia é indispensável para professores que atuam na alfabetização, permitindo que atendam melhor às necessidades de seus alunos e lidem com o preconceito linguístico. Ensino de Línguas: É necessário conhecer o sistema fonológico da língua materna do aluno e da língua estrangeira, comparando-os para identificar possíveis problemas. Instruções explícitas de fatos fonético- fonológicos podem acelerar o processo de aquisição da língua estrangeira.

Resistências ao Fluxo de Ar

Na fala, o fluxo de ar encontra resistências nas constrições da laringe, causadas pela vibração das pregas vocais. Quando as pregas vocais vibram, produzem sons vozeados ou sonoros. Se as pregas vocais estiverem parcialmente afastadas, o ar passa livremente pela laringe, produzindo sons não-vozeados ou surdos.

Sons Nasais

Quando o véu do palato está abaixado, o ar sai também pelas narinas, produzindo sons nasais. A classificação dos sons da fala é baseada nos pontos de contato entre os articuladores ativos e passivos, bem como na forma como o ar sai do trato oral e/ou nasal.

Prosódia e Entoação

A entoação se refere a aspectos relacionados a unidades maiores, como sentenças, enquanto a prosódia se refere a aspectos fônicos relativos aos fonemas dentro de uma sílaba ou vocábulo. A prosódia estuda o acento dinâmico (energia), o acento de entoação (altura) e a duração dos fonemas. A sílaba tônica geralmente possui maior energia e duração do que as sílabas átonas.

Fonética: Sons da Linguagem

A fonética estuda os movimentos articulatórios de vogais e consoantes e seus respectivos órgãos articuladores, classificando os segmentos fonéticos com base no ponto e modo de articulação e vozeamento. Os sons da fala são considerados fones, e não fonemas, pois sua característica distintiva ainda não está sendo considerada.

Vogais e Consoantes

A divisão entre vogais e consoantes é baseada na liberação do fluxo de ar dos pulmões. Nas vogais, não há obstrução à passagem do ar, enquanto nas consoantes há alguma obstrução no trato oral, parcial ou total. As vogais são sempre vozeadas, enquanto as consoantes podem ou não ser vozeadas.

Classificação Fonética de Vogais e Consoantes

As vogais são analisadas por meio dos parâmetros de altura, avanço/recuo da língua e arredondamento dos lábios. As consoantes são analisadas com base no ponto articulatório (lugar de articulação), modo articulatório e sonoridade.

Segmentos Vocálicos

As vogais são sons produzidos com o ar saindo dos pulmões (fluxo de ar egressivo) sem obstrução no trato vocal. Nas vogais orais, o véu do palato

fecha a passagem para a cavidade nasal, permitindo que o ar saia apenas pelo trato oral. Nas vogais nasais, o véu palatino está abaixado, permitindo que o ar passe também pelas cavidades nasais.

Classificação Articulatória das Vogais

A classificação articulatória das vogais envolve o corpo da língua e os lábios. O corpo da língua pode se mover verticalmente (altura) ou horizontalmente (avanço/recuo). A mandíbula auxilia na abertura do trato oral para diferenciar vogais abertas e fechadas. O arredondamento dos lábios ocorre na produção de vogais arredondadas.

Altura da Língua

No PB, existem quatro níveis de altura da língua:

Altas: O dorso da língua se eleva ao máximo, estreitando o trato sem produzir fricção (ex: e ). Médias-altas: O dorso da língua está em uma posição intermediária entre a mais alta e a mais baixa, mais próximo da posição mais alta (ex: e ). Médias-baixas: O dorso da língua está em uma posição intermediária entre as vogais altas e baixas. Baixas: A língua está na posição mais baixa no trato oral (ex: e ).

Outros autores classificam as vogais em função da abertura/fechamento do trato oral: altas (fechadas), baixas (abertas), médias-fechadas e médias- abertas.

Avanço/Recuo da Língua

As vogais podem ser classificadas como:

Anteriores: A língua se dirige para a parte anterior do trato vocal, em direção aos alvéolos, sem bloqueio (ex: , e ). Posteriores: O dorso da língua se move para a parte posterior do trato oral, em direção ao palato mole, sem bloqueio (ex: , e ). Centrais: A língua está em uma posição mais centralizada (ex: ).

Posição dos Lábios

As vogais também são classificadas pela posição dos lábios. As vogais e são produzidas com os lábios projetados para frente (arredondados), enquanto nas vogais e os lábios não estão projetados. Na vogal , os lábios não estão projetados e a língua está em uma posição baixa e central.

Representação das Vogais

A visualização das vogais é esquematizada a partir de quadriláteros que representam a cavidade oral, situando as vogais nas posições respectivas do

em posição intermediária entre a articulação de VC-2 e VC-7. As vogais secundárias periféricas VC-21 e VC-22 encontram-se em posição de língua intermediária entre a articulação de VC-3 e VC-6.

Aplicação

Essa metodologia é utilizada para verificar a qualidade de sons vocálicos do português brasileiro. Caso não se queira representar a qualidade das vogais através do diagrama vocálico, pode-se transcrever essas vogais usando o símbolo das vogais cardeais mais próximas.

Diacríticos

As vogais que não têm a qualidade das cardeais podem ser representadas pelos diacríticos. Diacríticos são sinais gráficos adicionados a um símbolo fonético para representar deslocamentos em relação à qualidade das vogais cardeais. Vogais com qualidade levemente acima da vogal cardeal correspondente são marcadas com um diacrítico. Vogais com qualidade levemente abaixo da vogal cardeal correspondente também são marcadas com um diacrítico. Vogais com qualidade mais posterior do que a vogal cardeal correspondente também são marcadas com um diacrítico. A vogal baixa do PB ( ) é mais centralizada do que a sua vogal cardeal correspondente. A vogal do PB ( ) é menos baixa do que a sua correspondente.

Vogais Nasais

As vogais articuladas com a língua em posição elevada, como as altas e , apresentam um pequeno abaixamento do véu palatino. A articulação de vogais nasais que são produzidas com a língua na posição mais baixa necessita de um maior abaixamento do véu palatino para elas soarem como nasais. Para representar a vogal oral emprega-se o símbolo , no entanto, a representação de sua contraparte nasal seria mais adequada através do símbolo fonético. As vogais médias terão, na produção de suas vogais nasais correspondentes, um abaixamento também gradual do véu do palato. As vogais altas e médias anteriores, quando nasais, tornam-se mais anteriores. As médias e a baixa apresentam maiores alterações no abaixamento ou elevação da língua quando são produzidas com o abaixamento de véu palatino.

Propriedades Articulatórias Secundárias

Além das propriedades para a definição de segmentos vocálicos, ainda podemos caracterizá-los a partir de algumas propriedades articulatórias secundárias, como: duração, desvozeamento, nasalização e tensão. Vogais longas são representadas como ; vogais com duração média, como ; e as breves, como.

Desvozeamento

Normalmente, as vogais são segmentos vozeados. No PB, o desvozeamento de vogais acontece em posição átona final de palavra, por exemplo em vocábulos como papo, que deve, nesse caso, ser transcrito como:.

Nasalização

O diacrítico que assinala a nasalização é o. Além das vogais nasais, que ocorrem com o abaixamento do véu do palato, temos vogais que são nasalizadas em função dos contextos vizinhos. É o que ocorre em palavras como cama, ninho, tenho, nas quais o abaixamento do véu do palato para a articulação da consoante nasal adjacente é realizado antes da completa articulação da vogal que antecede esse segmento nasal.

Tensão

Segmentos tensos são aqueles realizados com maior esforço muscular e opõem-se a segmentos frouxos. No PB, as vogais átonas finais como em safári e pato são frouxas em relação às tônicas finais de jacu e saci.

Encontros Vocálicos

Ditongos e Tritongos

No PB, atesta-se a ocorrência de encontros de dois ou três segmentos vocálicos aos quais se dá respectivamente o nome de ditongos ou tritongos. Eles são formados, em geral, pelas vogais altas anterior e posterior. Quando essas vogais ocupam as posições periféricas da sílaba são chamadas de semivogais e apresentam menor proeminência acentual se comparadas às vogais que acompanham. Nesse caso, são representadas respectivamente pelos símbolos fonéticos e.

Ditongos Decrescentes e Crescentes

As sequências finalizadas por semivogal são sempre inseparáveis e são chamadas de ditongos decrescentes, pois terminam pela vogal com menor proeminência acentual. Na sequência semivogal + vogal, chamada de ditongo crescente, já que é finalizada pelo segmento de maior proeminência (a vogal), há a possibilidade de esses dois segmentos constituírem sílabas separadas. Na palavra meu temos um ditongo decrescente que é inseparável, e assim se constitui em uma única sílaba. Na palavra Márcia, temos um ditongo crescente e tal palavra pode ser transcrita como: a)

. , sendo a sequência semivogal + vogal pronunciada em uma mesma sílaba.

Monotongação

Monotongação é o processo pelo qual o ditongo passa a ser produzido como uma única vogal. Em palavras como Uruguai, transcrita como , o

posteriores arredondadas (/ɔ/) aparecem em palavras derivadas, como "cafezinho" e "bolinha", nas sílabas pré-tônicas "zi" e "li", respectivamente.

Classificação das Consoantes

As consoantes se distinguem das vogais porque apresentam uma obstrução ao fluxo de ar no trato oral. A maneira como o ar passa pelas cavidades supraglóticas define o modo de articulação. A posição dos articuladores passivos e ativos define o lugar ou ponto de articulação.

Vozeamento

As consoantes são classificadas quanto ao vozeamento em surdas (não- vozeadas), produzidas sem vibração das pregas vocais, como em "pata" e "faca", e sonoras (vozeadas), produzidas com vibração das pregas vocais.

Ponto de Articulação

As consoantes são classificadas quanto ao ponto de articulação em:

Bilabial: lábio inferior toca no lábio superior, como em "mamãe" e "papai". Labiodental: lábio inferior vai em direção aos dentes incisivos superiores, como em "farofa" e "fava". Dental: ápice ou lâmina da língua toca ou vai na direção dos dentes incisivos superiores, como em "tato" e "dados". Alveolar: ápice ou lâmina da língua toca ou vai na direção dos alvéolos, como em "tato" e "dados". Alveopalatal: parte anterior da língua toca ou se dirige para a região medial do palato duro, como em "chata", "tchau", "já" e "xarope". Palatal: parte média da língua toca ou se encaminha para a parte final do palato duro, como em "ganho" e "telha". Velar: dorso da língua toca ou vai na direção do véu do palato (palato mole), como em "casa", "gato" e algumas pronúncias de "r" (dialeto carioca e florianopolitano) em "rato". Uvular: dorso da língua vai em direção à úvula, como em algumas pronúncias de "r". Glotal: músculos da glote são os articuladores, como na pronúncia de "r" no dialeto de Belo Horizonte.

Modo de Articulação

O modo de articulação está relacionado ao tipo de obstrução produzida no trato vocal. As consoantes são classificadas em:

Oclusiva/plosiva: obstrução total e momentânea do fluxo de ar nas cavidades supraglóticas, como em "paga", "data" e "acaba". Em aga, o som é emitido com uma obstrução total nos lábios. Nasal: obstrução total e momentânea do fluxo de ar nas cavidades orais, com abaixamento do véu do palato, permitindo a liberação do ar

pelas cavidades nasais, como em "mano" e "banho". Em a o, o som apresenta uma obstrução nos lábios. Fricativa: estreitamento do canal bucal, gerando um ruído de fricção, como em "fava", "saca", "azar", "chato" e "jato". Na palavra a a, as duas consoantes fricativas e são produzidas com o lábio inferior se dirigindo para os dentes superiores, mas sem tocá-los efetivamente. Africada: oclusão total e momentânea do fluxo de ar, seguida de um estreitamento do canal bucal, gerando um ruído de fricção, como em "tchau" , "tia" e "dia" (no dialeto carioca). Vibrante: a ponta da língua ou a úvula provocam uma série de oclusões totais muito breves, seguidas por segmentos vocálicos extremamente curtos, como em "roda" e "carro". Retroflexa: levantamento e encurvamento da ponta da língua em direção ao palato duro, como na pronúncia do "r" no dialeto caipira ou por um americano produzindo palavras como "mar" e "porca" . Aproximante: constrição maior do que a de uma vogal, mas não suficiente para produzir turbulência, como em um representante dos róticos com ponto de articulação alveolar e as semivogais e. Lateral: oclusão central, permitindo que o ar escape pelas laterais do trato oral, como em "lata", "sal" e "telha".

Propriedades Articulatórias Secundárias

As consoantes podem ser classificadas por propriedades articulatórias secundárias, como labialização, palatização, velarização e dentalização.

Labialização

Arredondamento dos lábios na realização de uma consoante, geralmente adjacente a uma vogal arredondada, como em "bolo" e "sua" .

Palatização

Levantamento da língua em direção ao palato duro. As consoantes e apresentam um lugar de articulação mais anterior do que apresentariam se fossem produzidas diante de vogais posteriores, como em.

Segmentos Fonéticos

A velarização é o levantamento da parte posterior da língua em direção ao véu do palato, simultaneamente à articulação de um segmento consonantal. Em alguns dialetos do sul do Brasil e do português de Portugal, a consoante lateral se velariza em posição final de sílaba (coda silábica), como em mal e balde. As palavras mal e balde podem ser transcritas como: , , respectivamente.

denominação Fonologia quando tratam da descrição “sônico-gramatical de uma determinada língua” e deixar o termo Fonêmica para uso quando tratam de uma teoria geral fonêmica ou para o levantamento dos fonemas de uma língua. A Fonêmica constitui-se em uma das teorias sobre a organização dos sons da fala em um sistema.

Fonologia Gerativa

Chomsky apresenta uma dicotomia entre o conhecimento que uma pessoa tem das regras de sua língua (competência) e o uso efetivo dessa língua (desempenho). A linguística se ocuparia da competência dos falantes e não de seu desempenho.

Trubezkoy e outros da Escola de Praga dedicaram-se à classificação dos sons da fala em termos de oposições fonológicas. Jakobson procura orientar a classificação pela combinação de uma descrição que leve em conta a função dos sons significativos com uma especificação fonética precisa.

A Fonologia Gerativa tenta especificar os traços, chamados de fonéticos, a partir da representação das capacidades fonéticas do ser humano, sem levar em conta nenhuma língua em especial. Os traços, extraídos de representações binárias (+ ou -), apresentam a vantagem de serem simples e universais. Quando os traços fonéticos são usados em uma língua específica para trazer contrastes lexicais ou para definir classes naturais, são chamados de traços fonológicos.

Conhecimento Implícito da Organização dos Sons

Falantes do PB têm uma intuição de como se organizam os sons da sua fala. A palavra skate, que vem do inglês, apresenta uma estrutura que não é própria do PB. Insere-se uma vogal no início da palavra, já que não há em início de palavra a sequência sk em PB, transformando essa sequência em duas sílabas ( ), e coloca-se outra vogal no final da palavra, visto que não há palavras em português terminadas por um t, adicionando assim mais uma sílaba à palavra original ( ) e tendo como resultado a pronúncia ( ).

Enquanto a Fonêmica Estruturalista parte do particular (som) para as generalizações (regras), a Fonologia Gerativa parte das regras para o particular.

Fonética e Fonologia do Português

Unidades Distintivas e Fonemas

A definição de fonema requer a compreensão de unidade distintiva. O significante é a imagem acústica do som, ainda uma abstração. Para entender unidades distintivas, a sentença é subdividida em unidades maiores (palavras) que formam unidades sintáticas. A sentença é dividida em função das palavras que a constituem, pertencentes ao léxico do português. Morfemas podem ter o tamanho da palavra ou ser menores.

Essas unidades mínimas não possuem significado, mas podem ser distintivas.

Se trocarmos o primeiro som do verbo "vendiam" por "p", teremos "pendiam", outra palavra em português. Os sons que formam morfemas e que, substituídos ou eliminados, mudam o significado das palavras são chamados de fonemas. Para assinalar fonemas, usa-se o teste de Comutação (substituição de um som por outro).

Em português brasileiro (PB), há oposição fonológica entre os sons /s/ e /ʃ/, como em "soco" [ˈsoku] e "choco" [ˈʃoku]. Portanto, /s/ e /ʃ/ são dois fonemas do português. A palavra "tosco", produzida como [ˈtoʃku] e [ˈtosku] por falantes de Florianópolis e São Paulo, respectivamente, não apresenta sentidos distintos. A troca de um som pelo outro não produz mudança de significado. Nessa situação, tais sons são variantes fonológicas ou alofones de um mesmo fonema. A escolha do representante é feita em função de sua maior presença na língua ou na facilidade de explicação. Fonemas são representados entre barras simples (/s/), e alofones, entre colchetes ([s]).

Dupla Articulação

A segmentação da cadeia sonora em morfemas e fonemas constitui a dupla articulação, uma característica da linguagem humana. Morfemas são unidades de primeira articulação, e fonemas, unidades de segunda articulação.

Transcrição Fonética e Fonêmica

Além da transcrição fonética, há a transcrição fonêmica ou fonológica. "Soco" pode ser transcrita foneticamente como [ˈsoku] ou [ˈsoko]. A transcrição fonológica seria /'soko/. A vogal média alta é escolhida para representar o fonema. O sistema alfabético do PB é transparente, com alta previsibilidade dos valores dos grafemas. "Chatice" tem transcrição fonológica /ʃa'tʃise/ e produções fonéticas [ʃa'tʃise], [ʃa'tʃiʃi], [ʃa'tʃisʃi]. Alguns autores não representam a sílaba tônica nas transcrições fonológicas.

Tonicidade

A tonicidade tem valor fonêmico, como em "sábia", "sabia" e "sabiá". O acento tônico varia da primeira vogal para a segunda e depois para a última. A análise fonológica recorre a símbolos que representam mudanças em função de adjacências segmentais, estrutura silábica, pausas, ordem linear dos enunciados e sequências de sons permitidas ou proibidas.

  • (ponto) separa sílabas (casa [ˈka.za]).

fonema /i/ e como [t] nos demais ambientes fonológicos. O mesmo ocorre com o fonema /d/, que será realizado como [dʒ] diante do fonema /i/ (dita [ˈdʒitɐ]) e como [d] nos demais ambientes fonológicos (data [ˈdatɐ]).

Variação Livre e Neutralização Fonêmica

As diferentes pronúncias de "r" em posição final de sílaba ([ˈdoɾ], [ˈdoʁ], [ˈdoʃ], [ˈdoʔ], [ˈdoɦ]) são exemplos de variação livre. Esse fenômeno ocorre também com o "s" de final de sílaba e com as vogais médias /ɛ/ e /ɔ/.

No falar do carioca, "casca" seria pronunciada como [ˈkaʃkɐ]. Em outras regiões, seria [ˈkaskɐ]. A variação nas vogais médias ocorre entre vogais médias-baixas e médias-altas.

Quando fonemas perdem a distinção em um contexto, ocorre a neutralização fonêmica. Em PB, exemplos de neutralização podem ser vistos entre os fonemas /s z ʃ ʒ/ em posição final de sílaba ou palavra, representada pelo arquifonema /S/. Também entre as vibrantes simples e múltipla /ɾ r/, em posição final de sílaba ou palavra, representada pelo arquifonema /R/; ou entre as vogais anteriores /e/ e /ɛ/ ou posteriores /o/ e / ɔ/, representadas pelos arquifonemas /E/ e /O/.

Fonética e Fonologia do Português

Alofonia vs. Neutralização

É importante distinguir alofonia de neutralização. Alofonia ocorre quando variantes de um som podem ser trocadas sem alterar o significado, não formando pares mínimos. Neutralização, por outro lado, acontece quando fonemas distintos formam pares mínimos, mas perdem seu valor distintivo em contextos específicos.

Exemplos de alofonia são as pronúncias de vogais átonas finais em palavras como "base" ( , , ) e "gato" ( , , ). A relação entre e , e entre e , é alofônica no português brasileiro (PB), pois não distinguem significados.

A neutralização é exemplificada pelas pronúncias e , onde e mantêm uma relação de neutralização. Em contraste, e são pares mínimos, mostrando que a troca de sons pode alterar o significado.

Variação de "r" e "s"

A variação de "s" envolve os fonemas , que possuem valores distintivos em PB, como demonstrado pelas palavras "assa" , "asa" , "acha" e "haja". Em final de sílaba, como em "casca" ( ou ), ocorre neutralização fonêmica, onde o traço referente ao ponto de articulação é neutralizado.

A variação de "r" em posição final de sílaba envolve os fonemas

. No PB, apenas dois sons de "r" são distintivos: r fraco (vibrante simples ou tepe) e r forte (vibrante múltipla). A variação entre e r representa neutralização fonêmica, pois distinguem palavras como "caro" e "carro". A variação entre é alofônica, pois esses sons não formam pares mínimos no PB.

Traços Distintivos

O conceito de fonema como unidade indivisível foi criticado, levando a uma interpretação dos fonemas como um feixe de traços distintivos. A Fonologia Gerativa, baseada em Chomsky e Halle (1968), descreve esses traços com base em propriedades articulatórias.

Os traços distintivos são apresentados em matrizes, como as de consoantes e vogais do PB. Eles se dividem em classes principais (silábico, consonântico e soante), de corpo da língua (alto, baixo, recuado), de cavidade (coronal, anterior), de forma dos lábios (arredondado), de modo de articulação (contínuo, lateral, nasal, estridente, soltura retardada) e de fonte (vozeado).

Definição dos Traços Distintivos

A definição dos traços distintivos requer a consideração de dois conceitos: posição neutra e vozeamento espontâneo. A posição neutra refere-se à posição do corpo da língua na produção da vogal cardeal. O vozeamento espontâneo ocorre quando há um estreitamento da glote, posicionando as pregas vocais para reduzir a pressão de ar.

Os traços distintivos das classes principais são:

Silábico: Sons [+sil] constituem picos silábicos, enquanto [-sil] estão nas margens da sílaba. Consonantal: Segmentos [+cons] são produzidos com constrição significativa no trato vocal. Soante: Segmentos [+soan] permitem passagem de ar livre e vozeamento espontâneo.

Os traços distintivos do corpo da língua são:

Alto: Segmentos [+alto] são produzidos com elevação da língua acima da posição neutra. Baixo: Segmentos [+baixo] são produzidos com abaixamento da língua abaixo da posição neutra. Recuado ou Posterior: Segmentos [+rec] são produzidos com retração da língua em relação à posição neutra.

Os traços distintivos relativos à cavidade (aplicáveis somente a consoantes) são:

Anterior: Segmentos realizados com obstrução no trato oral anterior à região alveopalatal.

O Onset Silábico

Quando o onset tem apenas uma consoante (C1V), é chamado de onset simples. Qualquer consoante do PB pode ocupar essa posição, exceto , e , que não iniciam palavras, ocorrendo apenas no interior. Não existem palavras iniciadas com. Palavras iniciadas com e são geralmente empréstimos, como "nhoque" e "lhama", e frequentemente recebem uma vogal inicial na pronúncia. As consoantes , e em posição inicial de sílabas devem estar entre vogais, mas não ocorrem após vogais nasais. Fricativas e oclusivas podem ocupar a posição de C1.

Encontros Consonantais Tautossilábicos

A sequência de consoantes pertencentes à mesma sílaba é chamada de encontro consonantal tautossilábico. Encontros como tl, dl ou vr não ocorrem no início de palavras. A ocorrência de palavras que iniciam com o encontro consonantal tl é rara, como na onomatopeia "tlim" ou no nome "tlinguites".

A Coda Silábica

Quando há apenas uma consoante na coda, ela é simples; com duas ou mais, é complexa. A distribuição de fonemas na coda silábica tem restrições. Os segmentos fonéticos na coda são representados por arquifonemas devido à variação.

Vogais Nasais e Arquifonemas

Uma corrente teórica (HEAD, 1964; PONTES, 1972; BACK, 1973) argumenta que o PB tem sete vogais orais e cinco nasais, que seriam fonemas distintos, como em "cata" e "canta". Para essa corrente, não há necessidade do arquifonema /N/, e "canta" é transcrita como. Outra corrente (CÂMARA JR., 1977) considera que o PB tem apenas sete vogais orais, e a vogal nasal é bifonêmica, consistindo em um segmento vocálico oral seguido por um segmento consonantal nasal ( ), neutralizado pelo arquifonema /N/. Essa consoante nasal assimila o traço da consoante seguinte, sendo bilabial, alveolar ou velar.

Arquifonema /S/ na Coda

Os fonemas e contrastam em onset silábico, como em "casa/caça" e "rachado/rajado". Na coda, esse contraste se perde, e o arquifonema /S/ pode ser produzido de diferentes formas sem alterar o significado. O arquifonema /S/ é produzido como ou em final de sílaba seguido de consoante surda ou em final de sentença seguido de pausa. É produzido como em posição final de palavra seguido de vogal. É produzido como ou em final de sílaba seguido de consoante sonora.

Arquifonema /R/ na Coda

O arquifonema /R/ também aparece na coda simples. O PB possui dois róticos contrastantes: o "r" fraco (entre vogais e como segunda consoante em encontros tautossilábicos) e o "r" forte (em início de palavra, entre vogais e seguido de consoante em outra sílaba - encontros heterossilábicos).

O Fonema /l/

O fonema pode ser encontrado como consoante pré-vocálica em início de sílaba, como em "lote" e "cala", ou em encontros consonantais tautossilábicos, como em "placa" e "completo". Em posição pós-vocálica, apresenta a variante velar ( ) no sul do Brasil ou a variante vocalizada ( ) na maioria das pronúncias do PB.

Classificação dos Tipos Silábicos

As sílabas podem ser simples (apenas núcleo), complexas (núcleo precedido ou seguido por consoantes), abertas/livres (sem coda) ou fechadas/travadas (com coda).

Vogais Nasais: Visão Monofonêmica e Bifonêmica

Se a teoria considerar o arquifonema nasal /N/ (visão bifonêmica), as sílabas iniciais de "campo" e "lente" são travadas (CVC). Se considerar a vogal nasal monofonêmica, as sílabas são livres (CV).

Semivogais e Estrutura Silábica

Se as semivogais forem consideradas consoantes, simplifica-se a tipologia silábica, mas aumenta-se o inventário consonantal. Se forem consideradas vogais, simplifica-se o inventário fonêmico, mas a tipologia silábica se torna mais complexa. A opção geral é manter o número de fonemas e aumentar os tipos silábicos. Ditongos crescentes (semivogal + vogal) são encontrados na posição pré-vocálica, como em "Mário". A distribuição do fonema também influencia essa decisão. O "r" forte é precedido por consoante, e o "r" fraco é precedido por uma vogal assilábica.

Estrutura Silábica e Acento no Português

Brasileiro

O vocábulo fonológico está intimamente ligado ao acento em português. A grafia incorreta de expressões como "de repente" como "derepente" demonstra a percepção dos falantes de grupos de palavras pronunciadas sem pausa como um único vocábulo. Palavras compostas como "aguardente" e "entretanto" exemplificam essa interpretação.

Câmara associa a definição de vocábulo à relação entre sílabas tônicas e átonas, onde as sílabas pós-tônicas são mais fracas que as pré-tônicas. Ele propõe uma pauta com quatro graus acentuais: Grau 0 (átona pós-tônica),