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RESUMO Avaliação da aprendizagem escolar Cipriano Luckesi, Resumos de Pedagogia

Um breve resumo sobre como deve ser a avaliação na escola.

Tipologia: Resumos

2019

Compartilhado em 01/12/2019

melissa-cristine
melissa-cristine 🇧🇷

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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Cipriano Carlos Luckesi
O QUE É MESMO O ATO DE AVALIAR A APRENDIZAGEM?
A avaliação da aprendizagem escolar se faz presente na vida de todos nós que, de alguma forma, estamos ompro-
metidos com atos e práticas educativas. Pais, educadores, educandos, gestores das atividades educativas
públicas e particulares, administradores da educação, todos, estamos comprometidos com esse fenômeno que
cada vez mais ocupa espaço em nossas preocupações educativas.
O que desejamos é uma melhor qualidade de vida. No caso deste texto, compreendo e exponho a avaliação da
aprendizagem como um recurso pedagógico útil e neces- sário para auxiliar cada educador e cada educando na
bus- ca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de ser na vida.
A avaliação da aprendizagem não é e não pode con- tinuar sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e
submete a todos. Chega de confundir avaliação da apren- dizagem com exames. A avaliação da aprendizagem,
por ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diversa dos exames, que não são amorosos, são
excluden- tes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação inclui, traz para dentro; os exames
selecionam, excluem, marginalizam.
No que se segue, apresento aos leitores alguns enten- dimentos básicos para compreender e praticar a avaliação
da aprendizagem como avaliação e não, equivocadamente, como exames.
Antes de mais nada, uma disposição psicológica neces- sária ao avaliador
O ato de avaliar, devido a estar a serviço da obtenção do melhor resultado possível, antes de mais nada, implica a
disposição de acolher. Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela
satisfatória ou insatisfatória agradável ou desagradável, bonita ou feia. Ela é assim, nada mais. Acolhê-la como
está é o ponto de partida para se fazer qualquer coisa que pos- sa ser feita com ela. Avaliar um educando implica,
antes de mais nada, acolhe-lo no seu ser e no seu modo de ser, como está, para, a partir daí, decidir o que fazer.
A disposição de acolher está no sujeito do avaliador, e não no objeto da avaliação. O avaliador é o adulto da rela-
ção de avaliação, por isso ele deve possuir a disposição de acolher. Ele é o detentor dessa disposição. E, sem ela,
não há avaliação. Não é possível avaliar um objeto, uma pessoa ou uma ação, caso ela seja recusada ou excluída,
desde o início, ou mesmo julgada previamente. Que mais se pode fazer com um objeto, ação ou pessoa que foram
recusados, desde o primeiro momento? Nada, com certeza!
Imaginemos um médico que não tenha a disposição para acolher o seu cliente, no estado em que está; um em-
presário que não tenha a disposição para acolher a sua em- presa na situação em que está; um pai ou uma mãe
que não tenha a disposição para acolher um filho ou uma fi- lha em alguma situação embaraçosa em que se
encontra. Ou imaginemos cada um de nós, sem disposição para nos acolhermos a nós mesmos no estado em que
estamos. As doenças, muitas vezes, não podem mais sofrer qualquer in- tervenção curativa adequada devido ao
fato de que a pes- soa, por vergonha, por medo social ou por qualquer outra razão, não pode acolher o seu próprio
estado pessoal, pro- telando o momento de procurar ajuda, chegando ao extre- mo de ‘já não ter muito mais o que
fazer!’.
A disposição para acolher é, pois, o ponto de partida para qualquer prática de avaliação. É um estado psicoló- gico
oposto ao estado de exclusão, que tem na sua base o julgamento prévio. O julgamento prévio está sempre na
defesa ou no ataque, nunca no acolhimento. A disposição para julgar previamente não serve a uma prática de
avalia- ção, porque exclui.
Para ter essa disposição para acolher, importa estar atento a ela. Não nascemos naturalmente com ela, mas sim a
construímos, a desenvolvemos, estando atentos ao modo como recebemos as coisas. Se antes de ouvirmos ou
vermos alguma coisa estamos julgando, positiva ou nega- tivamente, com certeza, não somos capazes de
acolher. A avaliação só nos propiciará condições para a obtenção de uma melhor qualidade de vida se estiver
assentada sobre a disposição para acolher, pois é a partir daí que podemos construir qualquer coisa que seja.
Por uma compreensão do ato de avaliar
Assentado no ponto de partida acima estabelecido, o ato de avaliar implica dois processos articulados e indisso-
ciáveis: diagnosticar e decidir. Não é possível uma decisão sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma
decisão é um processo abortado.
Em primeiro lugar, vem o processo de diagnosticar, que constitui-se de uma constatação e de uma qualificação do
objeto da avaliação. Antes de mais nada, portanto, é pre- ciso constatar o estado de alguma coisa (um objeto, um
espaço, um projeto, uma ação, a aprendizagem, uma pes- soa...), tendo por base suas propriedades específicas.
Por exemplo, constato a existência de uma cadeira e seu esta- do, a partir de suas propriedades ‘físicas’ (suas
caracterís- ticas): ela é de madeira, com quatro pernas, tem o assento estofado, de cor verde... A constatação
sustenta a configu- ração do ‘objeto’, tendo por base suas propriedades, como estão no momento. O ato de avaliar,
como todo e qualquer ato de conhecer, inicia-se pela constatação, que nos dá a garantia de que o objeto é como
é. Não há possibilidade de avaliação sem a constatação.
A constatação oferece a ‘base material’ para a segun- da parte do ato de diagnosticar, que é qualificar, ou seja,
atribuir uma qualidade, positiva ou negativa, ao objeto que essendo avaliado. No exemplo acima, qualifico a
cadeira como satisfatória ou insatisfatória, tendo por base as suas propriedades atuais. a partir da constatação,
é que qua- lificamos o objeto de avaliação. A partir dos dados consta- tados é que atribuímos-lhe uma qualidade.
Entretanto, essa qualificação não se dá no vazio. Ela é estabelecida a partir de um determinado padrão, de um
determinado critério de qualidade que temos, ou que es- tabelecemos, para este objeto. No caso da cadeira, ela
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AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR

Cipriano Carlos Luckesi

O QUE É MESMO O ATO DE AVALIAR A APRENDIZAGEM?

A avaliação da aprendizagem escolar se faz presente na vida de todos nós que, de alguma forma, estamos ompro- metidos com atos e práticas educativas. Pais, educadores, educandos, gestores das atividades educativas públicas e particulares, administradores da educação, todos, estamos comprometidos com esse fenômeno que cada vez mais ocupa espaço em nossas preocupações educativas.

O que desejamos é uma melhor qualidade de vida. No caso deste texto, compreendo e exponho a avaliação da aprendizagem como um recurso pedagógico útil e neces- sário para auxiliar cada educador e cada educando na bus- ca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de ser na vida.

A avaliação da aprendizagem não é e não pode con- tinuar sendo a tirana da prática educativa, que ameaça e submete a todos. Chega de confundir avaliação da apren- dizagem com exames. A avaliação da aprendizagem, por ser avaliação, é amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diversa dos exames, que não são amorosos, são excluden- tes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem, marginalizam.

No que se segue, apresento aos leitores alguns enten- dimentos básicos para compreender e praticar a avaliação da aprendizagem como avaliação e não, equivocadamente, como exames.

Antes de mais nada, uma disposição psicológica neces- sária ao avaliador

O ato de avaliar, devido a estar a serviço da obtenção do melhor resultado possível, antes de mais nada, implica a disposição de acolher. Isso significa a possibilidade de tomar uma situação da forma como se apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória agradável ou desagradável, bonita ou feia. Ela é assim, nada mais. Acolhê-la como está é o ponto de partida para se fazer qualquer coisa que pos- sa ser feita com ela. Avaliar um educando implica, antes de mais nada, acolhe-lo no seu ser e no seu modo de ser, como está, para, a partir daí, decidir o que fazer.

A disposição de acolher está no sujeito do avaliador, e não no objeto da avaliação. O avaliador é o adulto da rela- ção de avaliação, por isso ele deve possuir a disposição de acolher. Ele é o detentor dessa disposição. E, sem ela, não há avaliação. Não é possível avaliar um objeto, uma pessoa ou uma ação, caso ela seja recusada ou excluída, desde o início, ou mesmo julgada previamente. Que mais se pode fazer com um objeto, ação ou pessoa que foram recusados, desde o primeiro momento? Nada, com certeza!

Imaginemos um médico que não tenha a disposição para acolher o seu cliente, no estado em que está; um em- presário que não tenha a disposição para acolher a sua em- presa na situação em que está; um pai ou uma mãe que não tenha a disposição para acolher um filho ou uma fi- lha em alguma situação embaraçosa em que se encontra. Ou imaginemos cada um de nós, sem disposição para nos acolhermos a nós mesmos no estado em que estamos. As doenças, muitas vezes, não podem mais sofrer qualquer in- tervenção curativa adequada devido ao fato de que a pes- soa, por vergonha, por medo social ou por qualquer outra razão, não pode acolher o seu próprio estado pessoal, pro- telando o momento de procurar ajuda, chegando ao extre- mo de ‘já não ter muito mais o que fazer!’.

A disposição para acolher é, pois, o ponto de partida para qualquer prática de avaliação. É um estado psicoló- gico oposto ao estado de exclusão, que tem na sua base o julgamento prévio. O julgamento prévio está sempre na defesa ou no ataque, nunca no acolhimento. A disposição para julgar previamente não serve a uma prática de avalia- ção, porque exclui.

Para ter essa disposição para acolher, importa estar atento a ela. Não nascemos naturalmente com ela, mas sim a construímos, a desenvolvemos, estando atentos ao modo como recebemos as coisas. Se antes de ouvirmos ou vermos alguma coisa já estamos julgando, positiva ou nega- tivamente, com certeza, não somos capazes de acolher. A avaliação só nos propiciará condições para a obtenção de uma melhor qualidade de vida se estiver assentada sobre a disposição para acolher, pois é a partir daí que podemos construir qualquer coisa que seja.

Por uma compreensão do ato de avaliar

Assentado no ponto de partida acima estabelecido, o ato de avaliar implica dois processos articulados e indisso- ciáveis: diagnosticar e decidir. Não é possível uma decisão sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma decisão é um processo abortado.

Em primeiro lugar, vem o processo de diagnosticar, que constitui-se de uma constatação e de uma qualificação do objeto da avaliação. Antes de mais nada, portanto, é pre- ciso constatar o estado de alguma coisa (um objeto, um espaço, um projeto, uma ação, a aprendizagem, uma pes- soa...), tendo por base suas propriedades específicas. Por exemplo, constato a existência de uma cadeira e seu esta- do, a partir de suas propriedades ‘físicas’ (suas caracterís- ticas): ela é de madeira, com quatro pernas, tem o assento estofado, de cor verde... A constatação sustenta a configu- ração do ‘objeto’, tendo por base suas propriedades, como estão no momento. O ato de avaliar, como todo e qualquer ato de conhecer, inicia-se pela constatação, que nos dá a garantia de que o objeto é como é. Não há possibilidade de avaliação sem a constatação.

A constatação oferece a ‘base material’ para a segun- da parte do ato de diagnosticar, que é qualificar, ou seja, atribuir uma qualidade, positiva ou negativa, ao objeto que está sendo avaliado. No exemplo acima, qualifico a cadeira como satisfatória ou insatisfatória, tendo por base as suas propriedades atuais. Só a partir da constatação, é que qua- lificamos o objeto de avaliação. A partir dos dados consta- tados é que atribuímos-lhe uma qualidade.

Entretanto, essa qualificação não se dá no vazio. Ela é estabelecida a partir de um determinado padrão, de um determinado critério de qualidade que temos, ou que es- tabelecemos, para este objeto. No caso da cadeira, ela

está sendo qualificada de satisfatória ou insatisfatória em fun- ção do quê? Ela, no caso, será satisfatória ou insatisfatória em função da finalidade à qual vai servir. Ou seja, o objeto da avaliação está envolvido em uma tessitura cultural (teó- rica), compreensiva, que o envolve. Mantendo o exemplo acima, a depender das circunstâncias onde esteja a cadeira, com suas propriedades específicas, ela será qualificada de positiva ou de negativa. Assim sendo, uma mesma cadeira poderá ser qualificada como satisfatória para um determi- nado ambiente, mas insatisfatória para um outro ambiente, possuindo as mesmas propriedades específicas. Desde que diagnosticado um objeto de avaliação, ou seja, configura- do e qualificado, há algo, obrigatoriamente, a ser feito, uma tomada de decisão sobre ele. O ato de qualificar, por si, implica uma tomada de posição – positiva ou negativa – , que, por sua vez, conduz a uma tomada de decisão. Caso um objeto seja qualificado como satisfatório, o que fazer com ele? Caso seja qualificado como insatisfatório, o que fazer com ele? O ato de avaliar não é um ato neutro que se encerra na constatação. Ele é um ato dinâmico, que implica na decisão de ‘o que fazer’ Sem este ato de decidir, o ato de avaliar não se completa. Ele não se realiza. Chegar ao diag- nóstico é uma parte do ato de avaliar. A situação de ‘diag- nosticar sem tomar uma decisão’ assemelha-se à situação do náufrago que, após o naufrágio, nada com todas as suas forças para salvar-se e, chegando às margens, morre, antes de usufruir do seu esforço. Diagnóstico sem tomada de de- cisão é um curso de ação avaliativa que não se completou. Como a qualificação, a tomada de decisão também não se faz num vazio teórico. Toma-se decisão em função de um objetivo que se tem a alcançar. Um médico toma decisões a respeito da saúde de seu cliente em função de melhorar sua qualidade de vida; um empresário toma deci- sões a respeito de sua empresa em função de melhorar seu desempenho; um cozinheiro toma decisões a respeito do alimento que prepara em função de dar- lhe o melhor sabor possível, e assim por diante.

Em síntese, avaliar é um ato pelo qual, através de uma disposição acolhedora, qualificamos alguma coisa (um ob- jeto, ação ou pessoa), tendo em vista, de alguma forma, tomar uma decisão sobre ela.

Quando atuamos junto a pessoas, a qualificação e a decisão necessitam ser dialogadas. O ato de avaliar não é um ato impositivo, mas sim um ato dialógico, amoroso e construtivo. Desse modo, a avaliação é uma auxiliar de uma vida melhor, mais rica e mais plena, em qualquer de seus setores, desde que constata, qualifica e orienta possibilida- des novas e, certamente, mais adequadas, porque assenta- das nos dados do presente.

Avaliação da aprendizagem escolar

Vamos transpor esse conceito da avaliação para a com- preensão da avaliação da aprendizagem escolar. Tomando as elucidações conceituais anteriores, vamos aplicar, passo a passo, cada um dos elementos à avaliação da aprendiza- gem escolar.

Iniciemos pela disposição de acolher. Para se processar a avaliação da aprendizagem, o educador necessita dispor-

-se a acolher o que está acontecendo. Certamente o edu- cador poderá ter alguma expectativa em relação a possíveis resultados de sua atividade, mas necessita estar disponível para acolher seja lá o que for que estiver acontecendo. Isso não quer dizer que ‘o que está acontecendo’ seja o melhor estado da situação avaliada. Importa estar disponível para acolhê-la do jeito em que se encontra, pois só a partir daí é que se pode fazer alguma coisa.

Mais: no caso da aprendizagem, como estamos traba- lhando com uma pessoa – o educando – , importa acolhê-lo como ser humano, na sua totalidade e não só na aprendi- zagem específica que estejamos avaliando, tais como lín- gua portuguesa, matemática, geografia....

Acolher o educando, eis o ponto básico para proceder atividades de avaliação, assim como para proceder toda e qualquer prática educativa. Sem acolhimento, temos a re- cusa. E a recusa significa a impossibilidade de estabelecer um vínculo de trabalho educativo com quem está sendo recusado.

A recusa pode se manifestar de muitos modos, desde os mais explícitos até os mais sutis. A recusa explícita se dá quando deixamos claro que estamos recusando alguém. Porém, existem modos sutis de recusar, tal como no exem- plo seguinte. Só para nós, em nosso interior, sem dizer nada para ninguém, julgamos que um aluno X ‘é do tipo que dá trabalho e que não vai mudar’. Esse juízo, por mais silencioso que seja em nosso ser, está lá colocando esse educando de fora. E, por mais que pareça que não, estará interferindo em nossa relação com ele. Ele sempre estará fora do nosso círculo de relações. Acolhê-lo significa estar aberto para recebê-lo como é. E só vendo a situação como é podemos compreendê-la para, dialogicamente, ajudá-lo.

Isso não quer dizer aceitar como certo tudo que vem do educando. Acolher, neste caso, significa a possibilida- de de abrir espaço para a relação, que, por si mesma, terá confrontos, que poderão ser de aceitação, de negociação, de redirecionamento. Por isso, a recusa consequentemente impede as possibilidades de qualquer relação dialógica, ou seja, as possibilidades da prática educativa. O ato de aco- lher é um ato amoroso, que traz ‘para dentro’, para depois (e só depois) verificar as possibilidades do que fazer.

Assentados no acolhimento do nosso educando, po- demos praticar todos os atos educativos, inclusive a avalia- ção. E, para avaliar, o primeiro ato básico é o de diagnos- ticar, que implica, como seu primeiro passo, coletar dados relevantes, que configurem o estado de aprendizagem do educando ou dos educandos. Para tanto, necessitamos instrumentos. Aqui, temos três pontos básicos a levar em consideração: 1) dados relevantes; 2) instrumentos; 3) utili- zação dos instrumentos.

Cada um desses pontos merece atenção.

Os dados coletados para a prática da avaliação da aprendizagem não podem ser quaisquer. Deverão ser co- letados os dados essenciais para avaliar aquilo que esta- mos pretendendo avaliar. São os dados que caracterizam especificamente o objeto em pauta de avaliação. Ou seja, a avaliação não pode assentar-se sobre dados secundários do ensino-aprendizagem, mas, sim, sobre os que efetiva- mente configuram a conduta ensinada e aprendida pelo educando. Caso esteja avaliando aprendizagens específicas de matemática, dados sobre essa aprendizagem devem ser coletados e não outros; e, assim, de qualquer outra área do conhecimento. Dados essenciais são aqueles que estão de- finidos nos planejamentos de ensino, a partir de uma teoria pedagógica, e que foram traduzidos em práticas educati- vas nas aulas.

Caso a situação de aprendizagem diagnosticada seja satisfatória, que vamos fazer com ela? Caso seja insatisfa- tória, que vamos fazer com ela? A situação diagnosticada, seja ela positiva ou negativa, e o ato de avaliar, para se completar, necessita da tomada de decisão A decisão do que fazer se impõe no ato de avaliar, pois, em si mesmo, ele contém essa possibilidade e essa necessidade. A avaliação não se encerra com a qualificação do estado em que está o educando ou os educandos ela obriga a decisão, não é neutra. A avaliação só se completa com a possibilidade de indicar caminhos mais adequados e mais satisfatórios para uma ação, que está em curso. O ato de avaliar implica a busca do melhor e mais satisfatório estado daquilo que está sendo avaliado.

A avaliação da aprendizagem, deste modo, nos possibi- lita levar à frente uma ação que foi planejada dentro de um arcabouço teórico, assim como político. Não será qualquer re- sultado que satisfará, mas sim um resultado compatível com a teoria e com a prática pedagógica que estejamos utilizando. Em síntese, avaliar a aprendizagem escolar implica estar disponível para acolher nossos educandos no estado em que estejam, para, a partir daí, poder auxiliá-los em sua trajetória de vida. Para tanto, necessitamos de cuidados com a teoria que orienta nossas práticas educativas, assim como de cuida- dos específicos com os atos de avaliar que, por si, implicam em diagnosticar e renegociar permanentemente o melhor caminho para o desenvolvimento, o melhor caminho para a vida. Por conseguinte, a avaliação da aprendizagem escolar não implica aprovação ou reprovação do educando, mas sim orientação permanente para o seu desenvolvimento, tendo em vista tornar-se o que o seu SER pede.