A visão de tudo
Matheus Anderson Pereira Silva dos Santos
O panóptico não é uma ideia do Foucault, e sim concebida por Jeremy Bentham, a
ideia trata-se de um modelo de prisão ideal para vigiar e punir (disciplinar), onde um
único vigilante é capaz de observar todos os prisioneiros através de um torre
central, sem que eles saibam que estão sendo observados. Sua finalidade é tentar
oferecer dispositivos legais para vigiar da forma mais eficiente possível.
Na obra vigiar e punir, Foucault, fala sobre as instituições displinares e aborda as
modalidades do poder, mostrando como ao longo da história do Ocidente, tivemos
uma divisão do poder, onde até século XVIII, temos o poder de suplício, a tortura,
uma punição ligada ao corpo. Faziam essas punições em praça pública, com
intuito de usar o temor do povo para controlá-los pelo medo. Com surgimento da
sociedade Moderna, o poder tem uma nova modalidade, a disciplinadora, já não se
trata de uma tortura física, mas sim, uma tortura que puni a alma e a racionalidade,
de forma domesticadora. Diferente do suplício, onde a punição era feita por alguém,
e normalmente punido com a morte, esse novo poder, vem prescrito em artigos, ao
invés de matar, controlar.
Foucault busca nesse sistema panóptico, uma espécie de sistema que vai além da
prisão, como a família, a escola, a vida pública etc. Um plano de vigilância que nos
vigie em todos os lugares, já que, a sensação de estar sendo observado e o medo
de punição, ocasiona um comportamento de autovigilância, onde o indivíduo não
sabe se está sendo observado, mas sabe que existe uma vigilância, e acaba
evitando o mal comportamento, para não ser punido. Essa visão racionalista, tem
uma penalidade versátil, pois, primeiro ela pune o corpo, disciplinando nossas
condutas, e disciplinando nossa alma, controlando o que a gente ver, o que
desejamos, e também nos tornamos mais dócil, além de ser controlados,
cumprimos obrigações.
O conceito do panóptico pode ser associada a diversos outros assuntos, como o
comportamento no ambiente cibernético, onde uma vez que concedemos
permissões para diversos aplicativos obterem informações ao nosso respeito, e
abrimos nossa vida pessoal para pessoas desconhecidas na internet,
inconscientemente, damos à essas corporações e a esses indivíduos o poder, visto
que essas informações podem ser usadas para finalidades maléficas. Isso tudo faz
com que uma sociedade tenha um padrão comportamental moldado, pois, nessa
perspectiva, esses aplicativos teriam o papel da "torre" e o ambiente cibernético
seria uma "prisão transparente", no qual, inconscientemente, inserimos dados da
nossa vida pessoal.