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Um resumo de um trabalho apresentado no xv congresso de ciências da comunicação na região sul da intercom – sociedade brasileira de estudos interdisciplinares da comunicação. O texto aborda a representação social de batman na trilogia de christopher nolan, batman begins (2005), the dark knight (2008) e the dark knight rises (2012). O autor discute como o personagem batman é registrado na cultura como uma figura possível e como símbolo, além de analisar a abordagem de nolan em relação à violência e corrupção em gotham.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de aula
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XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul – Palhoça ‐ SC – 8 a 10/05/
Representações Sociais na narrativa de Batman O Cavaleiro das Trevas Ressurge^1
Julherme José PIRES^2 Hilario Junior dos SANTOS^3
Resumo
Este artigo analisa as representações sociais que estão inseridas dentro do cinema de ficção e como elas fazem parte da diegese dos filmes. O objeto do estudo de caso da pesquisa é o filme^4 Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge , que irá ajudar a compreender as relações entre a obra cinematográfica, por meio de sua narrativa, com representações sociais. A análise será voltada a três tópicos: corrupção, violência e crise econômica. Batman é um dos principais personagens fictícios da cultura ocidental, participando de variadas mídias (cinema, quadrinhos, videogames, e etc...). Além disso, o cinema, enquanto produto de entretenimento, cada vez mais atravessa fronteiras e se firma como um dos principais influenciadores culturais da atualidade. A soma desses dois aspectos resultam na importância deste estudo.
Palavras chave: cinema; ficção; representações sociais; batman.
1. Introdução
O Homem Morcego emergiu de um trauma de infância, quando os pais de Bruce Wayne foram assassinados por um assaltante, em sua frente, em um beco de Gotham City. A cidade mergulhada no caos, na violência e na corrupção precisava de um herói. Assim surge o Batman, quando Bruce já é adulto. O personagem criado por Bob Kane em 1932 para os quadrinhos é uma importante peça do imaginário social, através da figura do herói, que um dia aparece para salvar a cidade da criminalidade. Quase como um milagre, o herói é uma fuga da realidade para uma sociedade moderna, perdida em sua própria complexidade. A arte, inerente a vida do ser humano,
(^1) Trabalho apresentado na IJ4 – Comunicação Audiovisual do XV Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sul, realizado de 8 a 10 de maio de 2014. 2 Bacharel do Curso de Comunicação Social Habilitação em Jornalismo da Unochapecó, email: julherme@unochapeco.edu.br. 3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Comunicação Social Habilitação em Jornalismo da Unochapecó, email: hjs@unochapeco.edu.br. 4 [...] (diegese: designa o universo da ficção, o "mundo" mostrado e sugerido pelo filme). (VANOYE, Francis. LÉTÉ GOLIOT, 1994, p. 49)
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vem a preencher um vazio e, mais do que isso, propor um sentido, funcionar como – e o Batman mesmo propõe na trilogia Nolan – um símbolo.^5 Após a segunda guerra mundial, o realismo tomou conta das artes, especialmente do cinema. No entanto, o Batman só veio assumir uma diegese realista no cinema com a trilogia de Nolan, iniciada em 2005. Antes, apesar de metáforas possíveis, o personagem aparecia longe do que o senso comum toma por “real”. Agora, devido à abordagem de Nolan, o Batman está registrado na cultura como uma figura mais possível, como alguém que pode transformar a realidade através de grandes ações. Mas, mais do que isso, e talvez o que difira de outros heróis ficcionais contemporâneos, ele trabalha em prol de sua própria comunidade, lidando com aspectos importantes para a cidade como um todo. Parte importante da construção desse imaginário provém da característica do cinema, que para André Bazin é “a arte do real” (FRANÇA, 2002, p. 41). O cinema é um importante meio de comunicação intercultural que atinge uma grande fatia da população mundial. Seja nas salas de cinema, na televisão ou nos computadores, a sétima arte está presente, principalmente quando se fala na indústria cinematográfica de Hollywood. Nessa apropriação, o cinema é sujeito social em dois sentidos. Ele é representante histórico e é agente que interfere na história, ao mesmo tempo, na teoria de Jorge Nóvoa e José D'Assunção Barros (2012). Assim o cinema pode ser tratado, para eles, “[...] como objeto de estudo e como fonte histórica para compreender o mundo contemporâneo” (p. 7). Dentro do cinema estão inseridas as representações sociais de diversas culturas ao redor do globo. Serge Moscovic, um dos principais expoentes nos estudos contemporâneos das representações sociais, traz uma abordagem da psicologia social que define o conceito dessas “representações sociais” como "[...] posicionamento e localização da consciência subjetiva nos espaços sociais, com o sentido de constituir percepções por parte dos indivíduos” (ALEXANDRE, 2011, p. 2). Para o estudioso, essas representações se constroem de maneira interativa, desencadeadas por diversos fatores, que aí incluem se os modelos midiáticos de comunicação, “[...] fruto dos processos sociais no cotidiano do mundo moderno” (ALEXANDRE, 2011, p. 2). Para Codato (2010), é um conceito em mutação constante e tende a ser cada vez mais “instável e plural”.
(^5) A trilogia dirigida por Christopher Nolan é composta pelos filmes Batman Begins (2005), Batman – O Cavaleiro das Trevas (2009) e Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012). Todos eles distribuídos no Brasil pela Warner Bros. Enternainment.
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filme, mas agora se consolidava como o maior mercado. No entanto, no Brasil, o filme foi o sexto mais visto do ano, com a renda de R$ 55.062 milhões e público de 5.091 9 milhões de pessoas, mesmo assim com renda e público maiores que os filmes anteriores da trilogia. O filme estreou em 20 de julho (27 no Brasil), com a duração de 2 horas e 45 minutos. A produção é uma associação entre as quatro companhias: Warner Bros. Picutres, Legendary Pictures, DC Entertainment e Syncopy. O filme é dirigido por Christopher Nolan e roteirizado por ele mesmo, com ajuda do irmão Jonathan Nolan. As novidades no elenco principal são Tom Hardy (Bane) Joseph Gordon Levitt (Blake) Anne Hathaway (Selina/Mulher Gato) e Marion Cotillard (Miranda). Continuam em seus papéis dentro da trilogia, Christian Bale (Bruce/Batman), Gary Oldman (Gordon) e Michael Caine (Alfred). A proposta deste filme é finalizar a franquia de forma “épica”. A campanha de lançamento e o filme são construídos enxergando tal finalidade. Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge tem ligação direta com Batman Begins , buscando na origem do heroi a força para fechar a história. E no término do filme, fica muito claro que ela realmente termina, acaba “redondinha”, não fugindo do final feliz e fechando todos os parênteses abertos pela narrativa da trilogia. Apesar de ser um filme longo e igualmente denso, ao comparar com os anteriores, este é o filme em que os diálogos perdem força, dando lugar a um filme mais movimentado, com mais lutas, tiros – ação em geral.
3. Representações sociais ressurgem
Mesmo em um filme de super herói – que lida com diversas improbabilidades universais e destoa das limitações humanas, criado a partir de um roteiro ficcional – há um universo fincado nas representações sociais. Nele, pode se enxergar o mundo dos humanos, a civilização construída até o século XXI, suas incoerências sociais, seus problemas urbanos, a busca pelo sentido da vida. As representações sociais estão implícitas na trama, nos personagens, em todos os âmbitos da narrativa. “ Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge confirma mais uma vez como os blockbusters de Hollywood são indicadores precisos da situação ideológica da nossa sociedade” (ŽIŽEK, 2012).
(^9) Ancine. Informe Anual Preliminar Filmes e Bilheterias ‑ 2012. Disponível em: <http://oca.ancine.gov.br/media/SAM/Informes/2012/Informe anual 2012 preliminar.pdf> Acesso em: 22 out.
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O objetivo é compreender quais e como as representações sociais se afirmam na narrativa de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Sempre levando em consideração a trilogia como um todo, pois é impossível isolá lo enquanto filme único, mas sim como “a conclusão” de uma saga. Isso porque toda a lógica da trilogia, como lembra Slavoj Žižek (2012) é “imanente”. A metodologia usada na pesquisa é a de Estudo de Caso, que cruza teorias, informações, interpretações e a análise da narrativa do filme. É importante também ressaltar que o produto por si só é uma das peças para compreender o fenômeno. Reflexões acerca de quem produziu, como foi produzido e de como o público recebe o são importantes no estudo de caso. “Um filme é um produto cultural inscrito em um determinado contexto sócio histórico. [...] os filmes não poderiam ser isolados dos outros setores de atividade da sociedade que os produz (quer se trate da economia, quer da política, das ciências e das técnicas, quer, é claro, das outras áreas” (VANOYE; LÉTÉ GOLIOT, 1994, p. 54). Na análise, é preferível manter os diálogos transcritos em sua língua original, para que todas as informações permaneçam na íntegra. Mesmo as traduções oficiais de legenda e dublagem têm distorções, mudanças e adaptações. Manter a precisão auxilia para que a análise se construa com o mínimo de incoerência possível.
3.1 Corrupção
Gotham é conhecida no universo de Nolan como uma cidade cheia de problemas, entre os quais, ela enfrenta a corrupção. É a partir desta constatação, por exemplo, que Duas Caras sequestra a família de Gordon para fazer justiça. Em Batman – O Cavaleiro das Trevas , Dent e Gordon têm uma conversa sobre corrupção de colegas em seus departamentos – a Promotoria Pública e a Polícia, respectivamente. Nela, Gordon mostra se conivente. “Gordon, I don't like that you've got your own special unit, and I don't like that it's full of cops I investigated at internal affairs”, diz Dent (THE DARK KNIGHT, 2008). Gordon responde “If I didn't work with cops you'd investigated while you were making your name at I.A. I'd be working alone. I don't get political points for being an idealist I have to do the best I can with what I have” (THE DARK KNIGHT, 2008). Ao final, quando Dent descobre que os próprios colegas de Gordon entregaram
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Police Commissioner, James Gordon... (THE DARK KNIGHT RISES, 2012).
Bane, então, lê o discurso preparado por Gordon com a verdade sobre Dent. E no final, faz perguntas em tom agressivo, “Do you accept this man’s resignation? Do you accept the resignation of all the liars?! All the corrupt?! These men, locked up in Blackgate for eight years, denied parole under the Dent Act. Based on a lie.” (THE DARK KNIGHT RISES, 2012). Isso incita os presidiários, que depois são aliciados para somarem ao seu bando. Bane, com sua aparência terrorista e com seu discurso libertador, no fim das contas admite ao Batman que estava a serviço da Liga das Sombras e de Ra´s Al Ghul. Seu objetivo não tinha a ver com libertação e tampouco com qualquer outra coisa que estava afirmando publicamente. Seu comprometimento era com o ideal de destruição de Gotham. O uso da corrupção para ele chegar até ali também é muito claro. Após o nome de Bane chegar aos ouvidos de Bruce, ele pede para que Alfred pesquise sobre. O mordomo traz o resultado: “Ran it through some databases. He’s a mercenary. No other known name. Never been seen or photographed without a mask. He and his men were behind a coup in West Africa that secured mining operations for our friend John Daggett” (THE DARK KNIGHT RISES, 2012). Daggett, aliás, é um empresário que tem relação com as Empresas Wayne. É ele quem financia as escavações em Gotham para Bane, com a promessa de que com uma manobra de Bane, Daggett assumiria a presidência do grupo. Mas Bane tinha planos maiores e após a tal manobra, descarta Daggett rapidamente. A manobra, no final das contas, levou Miranda Tate ao controle das Empresas Wayne, e, consequentemente, ao dispositivo de energia nuclear construído pelo grupo. Disfarçada de ambientalista, ela foi a única a ganhar a confiança de Bruce para comandar o grupo. No entanto, o plano de Bane avançava mais uma casa com a escolha de Bruce. Aí está implícita uma representação muito clara de corrupção corporativa. Isso porque as Empresas Wayne detinham uma arma que poderia destruir Gotham, e Bane usa de seus artifícios para entrar no coração do grupo, com Miranda. Só assim ele conseguiria a localização da arma e demais informações necessárias para continuar com o plano. Graças a sua força de vontade, como bom heroi, mocinho de Gotham, o Batman consegue, através de suas ações sistemáticas e violentas,
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desmantelar o plano de Bane, fugir com a bomba e terminar com a ameaça.
3.2 Violência
Batman é criado em meio a violência. Primeiro, porque seus pais são assassinados em sua frente, durante um assalto. Depois, Bruce carrega a dor da culpa e, consequentemente, a raiva e o desejo de vingança, o que mais tarde iria culminar na tentativa de homicídio do assassino de seus pais. Passado esse primeiro período de provação, Bruce passa a viver o mundo da violência por meio da clandestinidade, da criminalidade, longe de sua casa. O objetivo é aprender como o bandido, o criminoso, se sentem ao cometer seus crimes. Em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge , pela primeira vez na trilogia, um vilão é capaz de ameaçar Batman “pessoalmente”. Bane, que se considera o acerto de contas de Gotham, “Gotham´s reckoning”, aparenta ter mais força e mais capacidade de luta do que Bruce, oito anos sem ação como Batman. Situação que amedronta Alfred. “Take a good look. At his speed, his ferocity, His training. I see the power of belief. Of the fanatic. I see the League of Shadows resurgent” (THE DARK KNIGHT RISES, 2012). E assim como em Batman Begins , este filme começa com um ato de violência, só que desta vez com assassinatos, provocados por Bane e seus capangas. É o prólogo do que viria pela frente. No entanto, Bane não estava tão interessado na violência corporal quanto estava com a violência à mente. Quando Bruce é jogado, com a coluna deslocada, na prisão, “the worst hell on earth...”, ele acusa Bane: “You’re a torturer...”, ao que Bane responde: “Yes. But not of your body. Of your soul” (THE DARK KNIGHT RISES, 2012). A violência neste momento ganha outro nível. Mas ela não serve de interesse apenas para ser aplicada a Bruce Wayne. A intensão de Bane é violentar, é de torturar Gotham. E quando isso começa acontecer, na cena do estádio, Bane consegue seus objetivos duplamente, pois apesar de assustar toda Gotham, ele atinge Bruce, que via tudo pela TV. Bane explica a violência que quer cometer contra os cidadão de Gotham a Bruce. “You wil watch as I torture an entire city to cause you pain you thought you could never feel again. [...] we will fulfill Ra’s al Ghul’s destiny. We will destroy Gotham. And when it is done...when Gotham is
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O papel de Bane nessa história é indispensável para contar esta história de violência. Uma das principais características deste vilão é justamente a capacidade de gerar, incitar e cometer atos violentos com o princípio aparente da libertação. Ao que Žižek (2012) relaciona a representação social sobre o comunismo e suas tentativas de aplicação. Não só pelo fato da ideia “de que o comunismo do século XX agiu com uma violência homicida excessiva demais”, mas porque “os próprios movimentos ‘reais’ de emancipação radical também não o fizeram e continuam presos nas coordenadas da antiga sociedade, e, por essa razão, muitas vezes o efetivo ´poder do povo´ foi esse horror violento” (ŽIŽEK, 2012). Bane é, para Žižek, uma metáfora para esses elementos históricos e também serve de princípio para compreensão de movimentos da realidade. Alguns grupos sociais e políticos têm como premissa e derrubada do sistema por completo (assim como a Liga das Sombras), ou pelo menos que os seus protestos envolvam violências. Ao que hoje são nomeados de baderneiros, bagunceiros, vândalos e até terroristas (ou anarquistas, em seu modelo político) pela mídia e por parte da população. O autor do livro Les Black Blocs , professor de ciência política da Université du Québec à Montréal, Francis Dupuis Déri, explica em entrevista à BBC Brasil que a violência não é uma premissa obrigatória do movimento Black Blocs, mas que está presente. "Os atos violentos são dirigidos a alvos determinados como as forças de segurança e os bancos" 13. Outros movimentos de rua, lembra o professor, usavam da violência, inclusive, enquanto argumento político. “Em 1911, centenas de mulheres saíram às ruas de Londres em protesto e quebraram janelas e vitrines no centro comercial da cidade. A então líder do movimento feminista Emmeline Pankhurst disse que ‘o argumento da vidraça quebrada era o argumento mais valorizado na política moderna’”.
3.3 Crise Econômica
O fundamento da conexão da trama narrativa com a crise econômica (e quando fala se aqui em crise, releva se a atual ) e seus efeitos sociais (colaterais) é concreta. Depois da primeira fala^14
(^13) MONTENEGRO, Carolina. Black Blocs cativam e assustam manifestantes mundo afora. BBC Brasil, 2013. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130822_black_block_protestos_mm.shtml Acesso em 30 out. 2013. 14 TERRA, Fábio Henrique Bittes. 5 anos de crise: do surto financeiro à crise econômica. Carta Capital, 2013. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/economia/5 anos de crise do surto financeiro a crise economica 9914.html>
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enigmática de Selina a Bruce, “There’s a storm coming, Mr. Wayne. You and your friends better batten down the hatches, because when it hits you’re all gonna wonder how you ever thought you could live so large and leave so little to the rest of us” (THE DARK KNIGHT RISES, 2012), Bane começa a ação na Bolsa de Valores. Selina havia roubado as digitais de Bruce, para que Bane utiliza se numa transferência bilionária das contas das empresas Wayne. Fica na sombra do filme que apesar de as finanças da cidade aparentemente estarem bem, a pobreza estava aumentando. Os jovens que saíam do orfanato, que há dois anos não recebia mais apoio das empresas Wayne, saíam direto para a criminalidade. O suporte oferecido por Bane, no subterrâneo da cidade. As empresas Wayne, enquanto grupo corporativo privado não tinha mais fundos para investir em filantropia, isso porque, como Fox explica, “See, if you funnel the entire R and D budget for five years into a fusion project that you then mothball, your company is unlikely to thrive” (THE DARK KNIGHT RISES, 2012). Quando o grupo Wayne está falido por conta da ação de Bane, a opção encontrada por Bruce é passar o comando para Miranda Tate, uma ambientalista que ele poderia confiar, conforme Fox havia indicado. Quando ela conhece a máquina, Bruce explica a intenção de destruí la, caso perdesse o controle total do grupo. Ela pergunta: “Destroy the world’s best chance for a sustainable future?”, e ele responde “If the world’s not ready. Yes” (THE DARK KNIGHT RISES, 2012). Pelo lado de Bane, ele planejava que Miranda, que na verdade é Talia Al Ghul, entrasse no controle das empresas Wayne, pois assim ele teria acesso a máquina. Para ele, a estrutura de Gotham estava toda corrompida, não havia mais nada que alguém pudesse fazer para salvá la. Então, a missão da Liga das Sombras, como já havia sido executada várias vezes durante a história da humanidade, é simplesmente destruir a cidade e tudo que há dentro dela, como é tentado no primeiro filme, através do veneno produzido no Asilo Arkham pelo Espantalho. Mesmo após todo aquele tempo ao fim de Batman Begins , com a morte de Ra's Al Guhl, e o início de Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (estimam se 9 anos), a cidade se mantinha corrupta e cheia de problemas. Destaca se o principal, como a desigualdade social (como exemplificados na fala de Selina a Bruce, no baile, e em relação aos jovens que saem do orfanato). O restante das motivações, pode se verificar nas próprias falas de Bane. Na cena do estádio, Bane começa seu discurso ao povo, dizendo: “Gotham, take control of
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Intrínsecas, estão reflexões acerca de ética, de valores e de expressões políticas, sociais e econômicas. É uma prova real e concreta de que filmes de ficção contém uma carga de representação social muito grande, que não pode passar despercebida aos olhos de produtores e espectadores. Neste caso, todas as discussões estão pautadas no olhar macro social, de como as estruturas sociais estão firmadas e como funcionam, mas mais do que isso, apresentam um olhar para as possibilidades da realidade. É por isso que tantos logo perceberam a conexão do filme com o movimento Occupy Wall Street. O possível também é parte da realidade, está presente de forma concreta na concepção das pessoas e em seu imaginário social. As possibilidades, inclusive, regem boa parte dos fluxos sociais, das transformações na civilização humana. A possibilidade da mudança, da melhora, são os principais motivos que levam milhões de pessoas às ruas para protestar, por exemplo. E nesse sentido, em Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge há uma riqueza de possibilidades tanto positivas, quanto negativas. A narrativa brinca com essas possibilidades, fazendo uma discussão acerca delas. Esse debate constante, presente na trama, puxa o olhar do espectador para as várias consequências do conflito iminente e das grandes transformações sociais que podem resultar dele. O fato de a obra ser focada no personagem Bruce Wayne e como ele lida com o mundo a sua volta é a busca incessante de trazer o espectador para dentro desse universo. Nesta pesquisa, foi possível perceber como, apesar de ser ficcional, o filme contempla um leque enorme de representações sociais. E elas estão envolvidas diretamente com a narrativa. A personagem Mulher Gato, como parte fundamental para contar a história, é o que pode se entender de cidadão comum, que mesmo com seu afastamento da realidade por suas ações, contém características comum aqueles que estão longe dos debates sociais, mas muito próximos de suas consequências. Bane pode ser visto como o revolucionário, que apesar de sua escolha genocida, está ali afim de gerar impacto suficiente para reciclar a sociedade. Em sua compreensão está uma Gotham arruinada pela corrupção e que precisa de uma intervenção imediata. Blake é o herói aventureiro, aquele que acredita nas transformações sociais com vista à democracia, que depois vem a acreditar na impossibilidade de sua atuação na Polícia, justamente por esses valores. O Batman, não só nesse último filme, mas em toda a trilogia, é uma espécie de equilíbrio social, o personagem que está o tempo todo delimitando as fronteiras éticas. O Batman está nas
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mentes das pessoas quando qualquer fato acontece, é uma espécie de regulação moral que todos têm. Essa separação talvez seja a grande discussão. Até onde seria aceitável a busca pela justiça e pela revolução social? O que iria diferenciar um “cidadão de bem” de um bandido? Esses personagens vão se conectando com o mundo como o coletivo conhece e formando uma história calcada justamente nessas questões. Para entender todo esse universo, foi primordial refletir sobre as áreas de sombra do filme, o que não está em evidência. Toda a Gotham é um retrato da vida das grandes cidades inseridas no contexto capitalista. Sua beleza arquitetônica, suas grandes avenidas, suas grandes corporações, seus problemas sociais, suas incoerências, são recortes da sociedade contemporânea. A beleza do cinema está especialmente nesta afirmação, nas mensagens que passa, na formação cultural e ideológica. Mas não num processo unilateral com uma injeção da agulha hipodérmica, mas de uma abertura para novas concepções, para o debate, o livre pensamento... Para compreender esta civilização do século XXI, dentro de suas complexidades e incoerências, é preciso estar atento ao cinema.
Referências
ALEXANDRE, Marcos. O papel da mídia na difusão das representações sociais. Comum Rio de Janeiro, v.6, n 17 p. 111 a 125 jul./dez. 2001.
BATMAN BEGINS. Direção: Christopher Nolan. Produção: Lerry J. Franco. Intérpretes: Christian Bale, Michael Cane, Liam Neesom, Katie Holmes e Gary Oldman. Música: Hans Zimer e James Newton Howard. Estados Unidos: Warner Bros. Picutres; DC Comics; Syncopy, 2005. 1 bobina cimenatográfica (140 min), son., color., 35 e 70mm.
Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Informações Especiais. Tradução Waner Bros. Entertainment 2012b. Blu ray.
CODATO, Henrique. Cinema e representações sociais: alguns diálogos possíveis. Verso e Reverso, n. 29, jan abr. 2010. Disponível em: http://www.unisinos.br/revistas/index.php/versoereverso/article/view/44 Acesso em: 09 mai.
DEEPAK, Chopra. A paz é o caminho. Tradução de Harmony Books. Lisboa: Sinais de Fogo,