Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Qualidade do Ar em Curitiba e Araucária em 2003: Monitoramento de PTS, SO2, CO, O3 e NO2, Notas de aula de Crescimento

Os resultados do monitoramento da qualidade do ar em curitiba e araucária entre 1985 e 2003, incluindo as concentrações médias anuais e diárias de pts, so2, co, o3 e no2 em diferentes estações automáticas e manuais. O documento também inclui gráficos e tabelas para ilustrar as classificações das médias diárias e horárias para cada componente químico.

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Andre_85
Andre_85 🇧🇷

4.5

(124)

218 documentos

1 / 55

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
Relatório
Qualidade do Ar
na Região Metropolitana de Curitiba
Ano de 2003
Convênio Apoio
Instituto de Tecnologia Prefeitura do Município de Araucária
Para o Desenvolvimento Secretaria Municipal de Meio Ambiente
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Qualidade do Ar em Curitiba e Araucária em 2003: Monitoramento de PTS, SO2, CO, O3 e NO2 e outras Notas de aula em PDF para Crescimento, somente na Docsity!

Relatório

Qualidade do Ar

na Região Metropolitana de Curitiba

Ano de 2003

Convênio Apoio

Instituto de Tecnologia Prefeitura do Município de Araucária Para o Desenvolvimento Secretaria Municipal de Meio Ambiente

GOVERNO DO ESTADO DO PARANÁ

Governador do Estado do Paraná Roberto Requião Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMA Luiz Eduardo Cheida Instituto Ambiental do Paraná - IAP Lindsley da Silva Rasca Rodrigues Coordenadoria de Recursos Hídricos e Atmosféricos Tânia Lúcia Graf de Miranda Diretoria de Estudos e Padrões Ambientais Celso Augusto Bittencourt Departamento de Tecnologia Ambiental Maria da Graça Branco Patza Consultor Técnico Dr. Andreas Grauer Fotos da capa: Estação de Monitoramento da Qualidade do Ar, Ouvidor Pardinho

PREFÁCIO

A missão do Instituto Ambiental do Paraná- IAP é proteger, preservar, conservar, controlar e recuperar o patrimônio ambiental, buscando melhor qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável com a participação da sociedade. A gestão da qualidade do ar assumiu papel prioritário no planejamento da nossa gestão administrativa, pela importância que esse recurso natural tem para a vida. O ar não é tratável antes de seu consumo e portanto a manutenção da sua qualidade dentro dos padrões estabelecidos para garantir a saúde da população deve receber nossa especial atenção. O Paraná conta hoje com uma legislação moderna, sendo a mais completa do país. Trata-se da lei estadual 13.806/02 e da resolução SEMA 041/02 que a regulamentou, em especial quanto aos padrões de emissão para fontes fixas de poluição atmosférica, instrumento inédito no Brasil. Estamos aplicando rigorosamente a resolução e com isso esperamos obter uma significativa redução das emissões hoje praticadas, o que certamente resultará em melhorias da qualidade do ar em todo o Estado.. O monitoramento da qualidade do ar vem sofrendo incremento de investimentos, sendo que, em 2003, a rede de monitoramento da Região Metropolitana de Curitiba passou a contar com mais duas estações automáticas: a da UEG e a da REPAR, ambas decorrentes de medidas compensatórias, definidas no licenciamento ambiental das empresas, em Araucária. Assim, a rede hoje é composta por oito estações automáticas e quatro estações manuais. Nosso próximo passo será a expansão da rede para outras regiões do Estado cujas características já justificam tal investimento. Finalmente, apresentamos, com grande satisfação, esse Quarto Relatório Anual da Qualidade do Ar na Região Metropolitana de Curitiba, Ano 2003, entendendo que seja um instrumento da maior relevância para a gestão da qualidade do ar, pois é o instrumento de informação à sociedade sobre a qualidade do ar que respira e das ações que vêm sendo tomadas para sua manutenção e melhoria. Assim, estamos conduzindo o Programa de Gestão da Qualidade do Ar, acompanhando a evolução da sua qualidade através do monitoramento contínuo, ao mesmo tempo em que colocamos em prática o controle das fontes poluidoras através dos mecanismos estabelecidos na nossa legislação. Com essas ações buscamos garantir a qualidade vida da população da Região Metropolitana de Curitiba, que representa quase 30% da população paranaense e cumprindo com a nossa missão institucional. Lindsley da Silva Rasca Rodrigues Diretor Presidente

Apresentação

Tenho a honra de apresentar este quarto relatório sobre a qualidade do ar, destinado ao público interessado no ar que respiramos na Região Metropolitana de Curitiba, na composição e grau de comprometimento desse “alimento” tão básico para a nossa vida, “desse amigo gratuito e tão tão esquecido porque tão constante”, como escreveu Domingos Pellegrini na GAZETA DO POVO, dia 27/02/05. O ar merece uma atenção especial porque o respiramos in natura, ou seja, sem tratamento prévio. Não há como impedir que os poluentes atmosféricos penetrem em nosso ambiente, nossas casas e nossos corpos. Portanto, temos que manter o ar o mais puro possível. Durante o ano de 2003 houve uma reestruturação da forma de cooperação entre os integrantes da rede do monitoramento do ar e por este motivo estamos apresentando este relatório com atraso, o que lamento. Por outro lado, deve-se observar que o monitoramento da qualidade do ar na Região Metropolitana de Curitiba ainda não está consolidado porque o processo da criação da rede de estações ainda está em andamento. Isto pode ser verificado pelo fato de que em 2003 mais duas estações automáticas entraram em operação: a UEG e a REPAR, ambas localizadas em Araucária. Devido a estes fatos tivemos que enfrentar muitos desafios e o importante é que conseguimos vencê-los, dando prosseguimento no monitoramento e na publicação de relatórios. São apresentados resultados do monitoramento da qualidade do ar em Curitiba e em Araucária, desde 1985 com estações manuais, sucessivamente complementadas a partir de 1998 com estações automáticas. Hoje, a rede está composta por 4 estações manuais e 8 automáticas. Estou orgulhoso de poder apresentar neste relatório de 2003, uma informação mais consolidada ainda, se comparada com os anos anteriores. Para os três tipos de áreas: central, industrial e bairro, podemos apresentar resultados para todos os poluentes, exceto a medição de PTS e PI na área do tipo bairro. O principal objetivo do relatório é o de informar à população se os padrões de qualidade do ar são atendidos e, caso negativo, onde, quando e com qual frequência isto acontece. O relatório também documenta o esforço que o IAP tem feito na área de controle de poluição atmosférica e tenta dar orientações para possíveis melhorias. Outra função importante é a de acompanhar e avaliar de forma quantitativa e objetiva a eficiência das medidas tomadas para melhorar os índices da qualidade do ar. A apresentação anual oferece uma boa base para isto. No entanto, se observamos uma tendência para a melhoria da qualidade do ar em certos casos, isto não deve resultar na sensação de que tudo está resolvido. Podemos melhorar ainda muito mais e para isto é preciso a participação ativa de todos através de ações, sugestões ou apenas comentários, para os quais convido a sociedade e fico grato. Gostaria de agradecer a colaboração da equipe técnica, dos responsáveis administrativos no IAP, de todas as outras pessoas que contribuíram neste relatório e o constante incentivo e apoio carinhoso de minha família. Boa leitura. Dr. Andreas Grauer Consultor do IAP Perito Integrado do convênio brasileiro/alemão IAP/CIM

Lista de Tabelas e Ilustrações

Tabelas:

Tabela 1: Padrões primários e secundários de poluentes atmosféricos no Paraná (Resolução CONAMA n° 03/90, SEMA n° 041/02)................................................................................... 12 Tabela 2: Critérios para episódios agudos de poluição do ar (Resolução CONAMA 03/90, SEMA n° 041/02) ..................................................................................................................... 13 Tabela 3: Classificação da qualidade do ar através do Índice de qualidade do ar................... 14 Tabela 4 : Estações de monitoramento de qualidade do ar na RMC ........................................ 19 Tabela 5: Monitoramento de qualidade do ar nas áreas: industrial, centro, bairro.................. 20 Tabela 6: (^) Resultados do monitoramento de PTS .................................................................... 22 Tabela 7: Resultados do monitoramento de Fumaça............................................................... 24 Tabela 8: Resultados do monitoramento de PI........................................................................ 26 Tabela 10: Resultados do monitoramento de SO 2 em Araucária ............................................ 29 Tabela 11: Resultados do monitoramento de CO.................................................................... 30 Tabela 12: (^) Resultados do monitoramento de O 3 em Curitiba ................................................. 31 Tabela 13: Resultados do monitoramento de O 3 em Araucária .............................................. 32 Tabela 14: Resultados do monitoramento de NO 2 .................................................................. 34

Gráficos:

Gráfico 1: Frequência dos ventos nas estações automáticas de monitoramento da qualidade do ar .............................................................................................................................. 16 Gráfico 2: Condições de dispersão nas estações automáticas de monitoramento da qualidade do ar .............................................................................................................................. 17 Gráfico 3: Classificação das médias diárias para PTS na Estação Santa Casa no ano de 2003 .. .............................................................................................................................. 23 Gráfico 4: Classificação das médias diárias para PTS na Estação Santa Casa entre 1990- .............................................................................................................................. 23 Gráfico 5: Classificação das médias diárias para PTS na Estação Araucária Assis no ano de 2003 .............................................................................................................................. 24 Gráfico 6: Classificação das médias diárias para Fumaça na Estação Santa Casa nos anos de 1990-2003 .............................................................................................................................. 26

Gráfico 7: Médias anuais para SO 2 , Fumaça e PTS no período 1990-2003 na Estação Santa Casa .............................................................................................................................. 27 Gráfico 8: Classificação das médias de 8 horas para CO na Estação Ouvidor Pardinho ........ 31 Gráfico 9: Classificação das médias horárias para Ozônio na Estação Assis automática....... 33 Gráfico 10: Classificação das médias horárias para Ozônio na Estação REPAR................... 33

Figura:

Figura 1: Localização das estações de monitoramento de qualidade do ar na RMC .............. 18

1 Introdução

1.1 A qualidade do ar é uma responsabilidade coletiva O ambiente do homem é a atmosfera, o homem vive nesta camada gasosa do nosso planeta, neste mar de ar, porém não pode enxergar ar puro. É um gás invisível para ele. Mas quando o ar está em movimento pode ser sentido, como vento por exemplo. Percebemos a existência do ar quando andamos de carro, de moto ou de bicicleta, porque sentimos uma resistência que aumenta com a velocidade. Porém, geralmente a constante presença do ar fica imperceptível, mesmo sendo tão essencial para nossa vida. Sem comida o ser humano pode viver semanas, sem água, dias, mas sem ar apenas alguns minutos. Um adulto precisa para a sua respiração cerca de 10 mil litros de ar todo dia. Por muito tempo, a presença desta quantidade de ar, de boa qualidade, não era a preocupação do homem, pois a abundância de ar era natural. Hoje sabemos que todos os recursos naturais, inclusive o ar, são finitos. Mesmo que as atividades humanas não consumam o ar de forma a acabar com o gás, alteram a sua composição e a natureza precisa de tempo para recuperar-se, ou seja, depurar-se desta alteração. Semelhante aos rios e mares, a atmosfera também possui seus mecanismos de auto-purificação, como a chuva, com a qual os poluentes são removidos. Somente podemos lançar poluentes na atmosfera na medida em que estas substâncias possam ser suportadas pelos processos purificadores, caso contrário haverá acumulação. O ar puro e seco basicamente é composto de 78% de Nitrogênio e 21% de Oxigênio. Além dessas substâncias o ar contém mais alguns gases em quantidades pequenas, que juntos somam apenas 1%. Mesmo sendo tão importante para nossa sobrevivência, o ar que consumimos através da nossa respiração e dos processos técnicos (que podem consumir muito mais ar que a nossa respiração) continua sendo gratuito. Por exemplo: a queima de um litro de gasolina consome a quantidade de ar que um adulto respira durante 24 horas. Já houve uma tentativa há aproximadamente 3 mil anos atrás de vender ar. Um funcionário egípcio fez esta proposta com o objetivo de sanear o cofre público, sabendo que o ar era um pressuposto básico para a vida e portanto valioso. Porém, até hoje, o ar não foi comercializado e continua não pertencendo a ninguém. Em lugar de considerar que não seja de ninguém podemos, com a mesma razão, considerar que o ar é de todos. Dessa forma temos maior facilidade para entender que devemos nos responsabilizar pelo ar. O ar é de todos e, portanto, cuidar da sua qualidade é uma responsabilidade coletiva! 1.2 Poluição atmosférica O termo “poluição” significa a degradação da qualidade do ar resultante de atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, ou criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, ou afetem desfavoravelmente a biota, ou afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente, ou emitam matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (Lei 6.938/81, Artigo 3°, inciso III). Não podemos considerar qualquer atividade que altera a composição da atmosfera como poluição. Entendemos poluição atmosférica como sendo a presença ou o lançamento de uma substância na atmosfera que se mantém acima de um limiar de aceitabilidade para o bem- estar de seres humanos, animais, infra-estrutura ou do meio ambiente em geral. Isso significa, também, que o conceito de poluição é algo dinâmico, porque nós definimos os limites. O que consideramos permitido hoje, futuramente com padrões mais rígidos, poderá ser considerado poluição. Isto já é um fato para as emissões veiculares. Para veículos novos são aplicados limites de emissão bem mais rigorosos do que há alguns anos atrás e as emissões de um veículo novo com os mesmos índices de 10 anos atrás, hoje, seriam consideradas poluição.

1.3 Poluentes atmosféricos Poluentes atmosféricos são as substâncias gasosas, sólidas ou líquidas presentes na atmosfera, com potencial de causar poluição. Quando estas substâncias são diretamente emitidas pelos processos são chamadas de poluentes primários, como no caso de Monóxido de Carbono (CO), Monóxido de Nitrogênio (NO) ou Dióxido de Enxofre (SO 2 ). Concentrações altas de poluentes primários são registradas nas proximidades das fontes, por exemplo, na beira de rodovias movimentadas. Outro tipo de poluente não é emitido diretamente por uma fonte, é formado na atmosfera com a influência de outras substâncias (chamadas precursores) e eventualmente da radiação solar. Neste caso, chama-se de poluente secundário. É o caso de Ozônio (O 3 ), da maior parte de Dióxido de Nitrogênio (NO 2 ) e de certas partículas muito finas. No caso de poluentes secundários, não podemos tão facilmente prever onde serão registradas altas concentrações. Mesmo em lugares afastados das fontes dos precursores, podemos encontrar altas concentrações. Em geral, problemas com poluentes secundários abrangem uma área maior do que no caso de poluentes primários. 1.4 Origem da poluição atmosférica Poluentes atmosféricos presentes no ar podem ser tanto de origem natural quanto causados pelas atividades humanas, também chamadas antropogênicas. É importante saber que o monitoramento da qualidade do ar sempre analisa o conjunto das duas fontes. Porém, não podemos controlar fenômenos naturais que podem liberar grandes quantidades de substâncias para atmosfera. As principais fontes naturais são vulcanismo, maresia, evaporação da vegetação, decomposição de matéria orgânica, arraste de poeira e incêndios. Por outro lado, uma substância liberada por um incêndio natural de uma floresta não apresenta nenhuma diferença de uma substância liberada por um incêndio causado pelo homem. Em ambos os casos o resultado é a liberação de poluentes. A diferença é que a natureza se adaptou e convive em equilíbrio com a quantidade de poluentes naturais, enquanto que as atividades antropogênicas podem causar um desequilíbrio. As atividades industriais, o tráfego motorizado e as queimadas a céu aberto são as maiores fontes antropogênicas de emissões e merecem, portanto, a nossa atenção. De fato o tráfego, também chamado de fontes móveis, é a fonte predominante em todos os grandes centros urbanos de hoje. A frota motorizada no Paraná contou no ano de 2003 com 2.929. veículos [DETRAN-PR, motorização], o que significa um aumento de 11,2 % em relação ao ano de 2002. Só na capital já temos 791.286 veículos motorizados, ou 46,7 por 100 habitantes, o que corresponde a um aumento de 6,8 % [DETRAN-PR, frota cadastrada]. Comparando as emissões industriais, as chamadas fontes fixas, com as do tráfego, vemos dois pontos essencialmente diferentes. Primeiro, o número de veículos é muito maior do que o número de indústrias. É sempre mais difícil controlar um grande número de pequenos poluidores do que controlar alguns grandes poluidores. Segundo, muitas indústrias estão localizadas fora dos perímetros urbanos e lançam as emissões através de chaminés na atmosfera, com uma certa distância da população, enquanto os veículos liberam os poluentes geralmente nos centros urbanos, praticamente numa altura que possibilita a inalação direta pelos seres humanos. Logo, temos a convicção de que para melhorar a qualidade do ar nas cidades devemos nos concentrar com prioridade nas emissões veiculares. Algo que está sendo colocado em prática desde alguns anos é a conversão de motores a álcool, a Diesel e a gasolina para o funcionamento com GNV (gás natural veicular), com potencial menos poluente e a custo menor para abastecimento. Em Curitiba, já existem dezessete postos de abastecimento e dezasseis oficinas credenciadas para conversão

saúde da população contra danos da poluição atmosférica, sem considerar as necessidades da fauna e flora. Para uma proteção maior existe o padrão secundário. O padrão secundário de qualidade do ar define legalmente as concentrações abaixo das quais se prevê - baseado no conhecimento científico atual - o mínimo efeito adverso sobre o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral, podendo ser entendido como nível máximo desejado de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo. Os padrões regulamentados pela Resolução SEMA n° 041/02 e os respectivos tempos de amostragem estão listados na Tabela 1. Para todos os poluentes há um padrão de curto prazo (horas) e outro que se aplica para longo prazo, exceto para Ozônio. Os padrões de curto tempo consideram os efeitos irritantes e agudos dos poluentes, enquanto aqueles de longo tempo consideram os efeitos acumuladores e crônicos. Os efeitos de curto prazo geralmente são reversíveis enquanto os de longo prazo não são. O padrão (primário ou secundário) que deve ser aplicado depende da Classe da área do local. A Resolução CONAMA n° 05/89 estabeleceu as Classes I, II e III. Áreas de Classe I são áreas de preservação, lazer e turismo onde se deve manter as concentrações a um nível mais próximo possível do verificado sem a intervenção antropogênica, portanto, abaixo dos níveis do padrão secundário. Nas áreas da Classe II se aplica o padrão secundário e naquelas da Classe III o padrão menos rígido, o primário. Cabe ao Estado a definição das áreas de Classe I, II e III. Esta classificação foi feita no Paraná e consta no artigo 31 da Lei n° 13.806. Para episódios agudos de poluição do ar são estabelecidos os níveis de Atenção, Alerta e Emergência conforme a tabela seguinte. Tabela 2 : Critérios para episódios agudos de poluição do ar (Resolução CONAMA 03/90, SEMA n° 041/02) Poluente Tempo de amostragem Nível Atenção [μg/m^3 ] Nível Alerta [μg/m^3 ] Nível Emergência [μg/m^3 ] Partículas Totais em Suspensão (PTS) 24 horas 375 625 875 Fumaça 24 horas 250 420 500 Partículas Inaláveis (PI) 24 horas 250 420 500 Dióxido de Enxofre (SO 2 ) 24 horas 800 1.600 2. Monóxido de Carbono (CO) 8 horas^ 17.^000

Ozônio (O 3 ) 1 hora^400 800 1. Dióxido de Nitrogênio (NO 2 ) 1 hora 1.130 2.260 3000 Notas: 1) corresponde a uma concentração volumétrica de 15 ppm

  1. corresponde a uma concentração volumétrica de 30 ppm
  2. corresponde a uma concentração volumétrica de 40 ppm Para facilitar a divulgação da informação sobre a qualidade do ar e ao mesmo tempo padronizar todas as substâncias em uma única escala, temos o Índice de qualidade do ar. O índice é obtido através de uma função linear segmentada, onde os pontos de inflexão são os padrões de qualidade do ar e os níveis de atenção, alerta e emergência. Para cada concentração gravimétrica (μg/m^3 ) a função atribui um valor índice, que é um número adimensional. Por definição, ao nível do padrão primário é atribuído um índice de 100, o nível de Atenção equivale a um índice de 200, o nível de Alerta a um índice de 300 e o nível de Emergência a

um índice de 400. Por exemplo: se analisamos uma média horária de Ozônio de 160 μg/m^3 , isto seria exatamente o padrão primário e portanto corresponde a um índice de 100. Caso o resultado seja a metade, apenas 80 μg/m 3 , o correspondente índice seria 50. Este índice também é utilizado para classificar a qualidade do ar em 6 categorias, de BOA até CRÍTICA, como demonstrado na Tabela 3. Tabela 3 : Classificação da qualidade do ar através do Índice de qualidade do ar Índice da qualidade do ar Classifi- cação PTS 24 h [μg/m^3 ] Fumaça 24 h [μg/m^3 ] PI 24 h [μg/m^3 ] SO 2 24 h [μg/m^3 ] O 3 1 hora [μg/m^3 ] CO 8 h [ppm] NO 2 1 hora [μg/m^3 ] 0-50 BOA^ 0-80^ 0-60^ 0-50^ 0-80^ 0-80^ 0 – 4,5^ 0- >50-100 REGULAR^ >80-240^ >60-150^ >50-150^ >80-365^ >80-160^ >4,5^ - 9,

100- 320 >100-200 INADE- QUADA 240- 375 150-250 >150- 250 365- 800 160- 400 9,0 – 15 320-

>200-300 MÁ^ >375- 625

250-420 >250- 420 800-

400- 800 15 - 30 1.130-

>300-400 PÉSSIMA^ >625- 875

420-500 >420- 500 1.600-

800-

30 - 40 2.260-

>400 CRÍTICA^ >875^ >500^ >500^ >2.100^ >1.000^ > 40^ >3. 1.6 Efeitos da poluição atmosférica A poluição atmosférica tem efeitos sobre a natureza em geral, isto é, sobre o bem-estar da população, da fauna, flora e também sobre materiais. Os efeitos podem se manifestar de forma aguda, como por exemplo, quando olhamos uma fogueira e a fumaça entra em nossos olhos causando uma forte irritação, com a vantagem de que ao nos afastarmos, os sintomas desaparecem porque são reversíveis. Os sintomas irritantes ou tóxicos, que acontecem para concentrações muito elevadas, são graves e por isso mais fáceis de estudar, porém são pouco frequentes. O que acontece diariamente é que estamos respirando um ar que não irrita e não sentimos de imediato nenhum efeito tóxico. Mesmo assim tememos que possa existir algum efeito a longo prazo, e pior, algo irreversível. O conhecimento sobre os efeitos a longo prazo é muito mais difícil e geralmente são pesquisados através de estudos epidemiológicos. Os estudos epidemiológicos examinam a distribuição e frequência de morbidade (doenças) e mortalidade na população e pesquisam os fatores causadores. Agora cabe a pergunta: por quê há tanta necessidade de conhecer os efeitos da poluição atmosférica se temos padrões de qualidade do ar exatamente para nos proteger contra esses efeitos? Realmente, abaixo do padrão primário podemos assumir, com certa razão, que não há efeito para a saúde da população pois desta forma consta a definição do padrão primário na legislação. Por outro lado, sabemos que existe um padrão secundário, um padrão mais rigoroso que garante um menor nível de impacto adverso. Vemos, então, que um padrão de qualidade do ar não é um limite abaixo do qual estamos absolutamente seguros e tampouco que adoeceremos automaticamente caso o padrão seja ultrapassado. Mas a probabilidade de adoecermos aumenta! Isto vale especialmente para pessoas mais sensíveis a poluentes, como crianças e idosos. Existe um estudo sobre crianças de São Paulo que relata que essas perderam parte da sua capacidade pulmonar [FOLHA DE S. PAULO, 18/09/2000]. Isso não significa que as crianças, necessariamente, estejam doentes, mas que se tornaram muito mais suscetíveis a problemas respiratórios no futuro.

2 Monitoramento da qualidade do ar na Região Metropolitana

de Curitiba (RMC)

2.1 Dados gerais A RMC, com 26 municípios, possui uma área de 13.041 km 2 e conta em 2003 com uma população projetada de 3.078.603 habitantes [IPARDES, 2000], apresentando uma taxa de crescimento da população de 26,6 % em relação a 1996. A área urbana da RMC se estende a 1.051 km^2 , o que corresponde a 8,1 % da área total [COMEC, 2002]. Além de Curitiba existem outros cinco municípios na RMC com uma população acima de 100.000 habitantes: São José dos Pinhais, Colombo, Pinhais, Almirante Tamandaré e Araucária. 2.2 Aspectos climáticos e meteorológicos A RMC está localizada no primeiro Planalto do Estado do Paraná, com um clima subtropical e úmido. Os invernos são brandos com geadas ocasionais e temperaturas mínimas de aproximadamente -3°C. No verão são registradas temperaturas até 35°C. A umidade relativa varia entre 75 e 85% (média mensal). As precipitações ocorrem durante o ano inteiro, com maior intensidade nos meses de verão (dezembro, janeiro, fevereiro) e menor no inverno (junho, julho, agosto). Na média são registradas chuvas de 150 mm/mês no verão e 80 mm/mês no inverno. Os ventos vêm geralmente do leste, como demonstrado no Gráfico 1. Gráfico 1 : Frequência dos ventos nas estações automáticas de monitoramento da qualidade do ar A velocidade do vento e a estabilidade térmica da atmosfera são os parâmetros mais importantes para as condições de dispersão de poluentes. Boas condições de dispersão significam que os poluentes estão sendo bem espalhados pelos mecanismos de transporte, 25 20 15 10 5 0 5 10 15 20 25 0 ,0 0 4 ,5 0 x1 01 9 ,0 0 x1 01 1 ,3 5 x1 02 1 ,8 0 x1 02 2 ,2 5 x1 02 2 ,7 0 x1 02 3 ,1 5 x1 02 Santa Cândida CIC Boqueirão Ouvidor Pard. Assis CISA UEG REPAR O S L N Ventos no ano de 2003 Freqüência da direção dos ventos [%]

evitando assim uma acumulação dos mesmos próximo às fontes. Se as condições estão desfavoráveis à dispersão, observamos essa acumulação, que resulta em altas concentrações dos poluentes, que muitas vezes ultrapassam os padrões estabelecidos. É importante lembrar deste detalhe quando interpretamos os resultados do monitoramento: uma concentração menor do que apresentada no ano anterior de certo poluente não significa necessariamente que foi lançado menos para a atmosfera. Isto também pode ser causado pelas condições mais favoráveis à dispersão. No Gráfico 2 vemos como foram as condições de dispersão no período de janeiro à dezembro de 2003 na média das cinco estações automáticas: Santa Cândida, Boqueirão, Ouvidor Pardinho, Assis e REPAR, (as estações Cidade Industrial, CISA, UEG não tiveram dados disponíveis), utilizando as classes de estabilidade atmosférica de Pasquill. Entende-se como condição favorável, a soma das classes A, B e C de Pasquill. A condição neutra equivale a classe D de Pasquill e a condição desfavorável a classe E. As classes de estabilidade de Pasquill são obtidas a partir de grandezas meteorológicas médias horárias (velocidade do vento e radiação solar ou cobertura de nuvens) medidas a poucos metros da superfície. Elas fornecem apenas uma idéia aproximada da estabilidade da sub-camada superficial da camada-limite atmosférica. A grandeza que mede corretamente a estabilidade na sub-camada superficial é a variável de estabilidade de Obukhov, a qual pressupõe medições dos fluxos turbulentos de quantidade, de movimento e de calor sensível virtual, usualmente feitas com anemômetros sônicos. Um outro fator importante para a qualidade do ar, que não pode ser medido na superfície, é a espessura da camada-limite atmosférica (também chamada de camada de mistura), para a qual são necessários perfis de temperatura do ar através da camada-limite atmosférica (até no mínimo 2000 m acima da superfície). As condições reais de qualidade do ar na RMC dependerão tanto da estabilidade atmosférica avaliada na superfície quanto da espessura desta camada. Gráfico 2 : Condições de dispersão nas estações automáticas de monitoramento da qualidade do ar Podemos observar que apenas no mês de julho as condições desfavoráveis à dispersão prevalecem, enquanto no restante do ano, encontramos geralmente condições favoráveis à dispersão. Condições de dispersão na região de Curitiba e Araucária 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% Janeiro* Fevereiro^ Março Abril* Maio* Junho* Julho* Agosto* Setembro^ Outubro Novembro* Dezembro* Percentual das condições de dispersão . ano de 2003 *) não atende ao critério de representatividade condição favorável à dispersão condição desfavorável à dispersão condição neutra

Curitiba, mais duas estações automáticas de monitoramento do ar que medem médias horárias dos componentes NO 2 , O 3 , SO 2 e diversos parâmetros meteorológicos. Mais uma estação automática foi instalada em Araucária no começo do ano de 2000. Ela também é equipada para o monitoramento de parâmetros meteorológicos e dos componentes NO 2 , O 3 , SO 2 e PTS. Em setembro de 2001 entrou em operação a estação automática no bairro do Boqueirão e em agosto de 2002, outras duas estações automáticas: uma em Curitiba próximo ao Centro, na Praça Ouvidor Pardinho, e outra no município de Araucária, no bairro Sabiá, no terreno da empresa CISA. Desde maio de 2003 temos uma sétima estação automática no centro de Araucária chamada de UEG e em julho de 2003 a estação REPAR entrou em operação, localizada no terreno da refinaria Presidente Vargas em Araucária. Na Tabela 4 vemos a lista das diversas estações da RMC, os parâmetros medidos e o tempo de funcionamento. Tabela 4 : Estações de monitoramento de qualidade do ar na RMC Estação Localização/Categoria 1) Parâmetros medidos no ano de 2003 Poluentes Meteorologia Período de funcionamento/ Responsável pelo custo operacional Santa Cândida (STC) Nordeste de Curitiba, Bairro Santa Cândida/ bairro SO 2 , NO, NO 2 desde 1998/ LACTEC Cidade Industrial (CIC) Oeste de Curitiba, Bairro Cidade Industrial/ industrial SO 2 , NO, NO 2 , O 3 desde 1998/ LACTEC Assis automática (ASS) Centro/Norte de Araucária, Bairro Fazenda Velha/ industrial SO 2 , NO, NO 2 , O 3 , PTS desde abril de 2000/SMMA Araucária Ouvidor Pardinho (PAR) Região central de Curitiba, Bairro Rebouças/ centro SO 2 , NO, NO 2 , CO, O 3 , PTS, PI, HCT2) desde agosto de 2002/IAP Boqueirão (BOQ) Sudeste de Curitiba Bairro Boqueirão/ bairro SO 2 , NO, NO 2 , CO, O 3 desde setembro de 2001/IAP UEG (UEG) Região central de Araucária Bairro Centro/ industrial e centro SO 2 , CO, O 3 desde maio de 2003/IAP CISA (CISA) Centro/Nordeste de Araucária, Bairro Sabiá/ industrial SO 2 , NO, NO 2 , CO, O 3 , PI, HCT2) desde agosto de 2002/CISA a u t o m á t i c a REPAR (REP) Centro/Nordeste de Araucária, industrial SO 2 , NO, NO 2 , CO, O 3 , PTS, PI, Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno Todas as estações : temperatura, umidade relativa, radiação global, pressão, velocidade e direção do vento Exceções: CIC: sem radiação global ASS: radiação UV PAR: radiação UVA, UVB BOQ: radiação UVA, UVB, sem umidade relativa UEG: radiação UVA CISA: sem radiação global REP: sem umidade relativa, sem radiação global (^) desde julho de 2003/REPAR Santa Casa (SC) Região central de Curitiba, Bairro Centro/ centro Fumaça, SO 2 , PTS, NH 3 desde 1985/IAP São Sebastião (SS) Centro/Leste de Araucária, Bairro Tindiquera/ bairro Fumaça, SO 2 , NH 3 desde 1985/IAP Assis (ASS) Centro/Norte de Araucária, Bairro Vila Nova/ industrial Fumaça, SO 2 , NH 3 desde 1985/IAP m a n u a l Seminário (SEM) Região central de Araucária Bairro Sabiá/ industrial e centro Fumaça, SO 2 , NH 3 Sem medição de parâmetros meteorológicos desde 1985/IAP Notas: 1) Categoria de área de monitoramento (veja Tabela 5)

  1. Hidrocarbonetos Totais

Analisando o número e a localização das estações de monitoramento da qualidade do ar na RMC, baseando-se na Diretiva Européia 1999/30/CE, chega-se à conclusão que a RMC com uma população entre 2,75 e 3,75 milhões deveria contar com 3 a 7 pontos de monitoramento da qualidade do ar em função do grau de comprometimento do ar. No final do ano de 2003, oito estações automáticas quase completas e quatro manuais estavam em operação, o que é um número satisfatório. Apenas para os poluentes PTS, PI e CO estamos ainda com poucas informações disponíveis, como demonstrado na Tabela 5. Quanto à localização das estações, para a proteção da saúde humana, as estações devem estar localizadas em áreas de modo a:

  • “Fornecerem dados em áreas, dentro das zonas e aglomerações, nas quais é provável que a população esteja direta ou indiretamente exposta aos níveis mais elevados durante um período significativo em relação ao período de amostragem do(s) valor(es)-limite;
  • Fornecerem dados sobre os níveis em outras áreas, dentro das zonas e aglomerações, que sejam representativas da exposição da população em geral.” Em outras palavras, pode-se dizer que as estações de monitoramento devem fornecer dados de três tipos de áreas de impacto: A) Onde se espera violações em áreas dominadas por emissões industriais ( área industrial ) B) Onde se espera violações em áreas dominadas por emissões do tráfego ( centro da cidade ) C) Onde mora a população e consequentemente passa uma boa parte da sua vida ( bairro ) Atribuindo este sistema de classificação de localização para todos os poluentes analisados pelas estações de monitoramento chega-se na conclusão apresentada na Tabela 5. Tabela 5 : Monitoramento de qualidade do ar nas áreas: industrial, centro, bairro N° de estações de monitoramento nas áreas industrial centro Poluente N° de estações de monitoramento (final ano de 2003) (^) industrial e centro bairro Conclusão PTS 4 2 2 0 número insuficiente Fumaça 4 1 1 1 1 satisfatório PI 3 2 0 1 0 número insuficiente SO 2 12 5 2 2 3 satisfatório CO 5 2 1 1 1 número insuficiente O 3^7 4 1 1 1 satisfatório NO 2^7 4 0 1 2 satisfatório Estamos com falta de informação para os poluentes PTS e PI, visto que estes não são monitorados em áreas do tipo bairro. Quanto ao poluente CO observamos concentrações elevadas o que justifica o número de 7 pontos de monitoramento em vez dos 5 atuais.