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A importância do estágio supervisionado no serviço social, destacando a importância do código de ética profissional na formação dos estudantes. O texto aborda a história da política de assistência social no brasil, a proteção da infância e adolescência, o projeto de intervenção e o sistema de operacionalização. Além disso, o documento discute a necessidade de contextualizar histórica a proteção da criança e do adolescente no brasil até o surgimento do estatuto da criança e do adolescente (eca).
Tipologia: Resumos
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Relatório de Estágio Supervisionado I, II e III apresentado ao Departamento de Serviço Social e à disciplina Laboratório de Ensino e Prática na Universidade Federal de Sergipe como um dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Serviço Social, orientado pela Profª Mestre Flávia Augusta S. de Melo Lopes.
Agradeço em primeiro lugar a Deus por ter me dado saúde e força para alcançar mais esse objetivo.
Agradeço a minha família pela paciência que tiveram comigo durante todo o processo de formação profissional, principalmente a minha irmã Tayse, que esteve sempre ao meu lado cuidando dos meus filhos Luana, Gustavo e Guilherme (recém nascido) nos momentos de ausência e também de mim – meu braço direito. Ao meu esposo Edson que sempre me incentivou, obrigada pela paciência e por ter ficado ao meu lado nos momentos de crise, nunca deixou que o desânimo tomasse conta de mim e que eu desistisse. À minha mãe, irmãs, sogra, sogro e cunhada pelo carinho e preocupação que demonstraram nos momentos mais difíceis dessa jornada.
Agradeço à professora orientadora Flávia Augusta pela paciência e compreensão nesta caminhada.
Agradeço a todos as pessoas que fazem parte do abrigo Marinete Alves do Nascimento, e em particular aos assistentes sociais Lidiane e Jonathan pelo apoio e pelas orientações sábias.
Aos meus colegas de curso e aos amigos do dia a dia que sempre me deram força nos momentos de desânimo.
1 FIGURA 1: Organização do abrigo de acordo com as equipes............................................. 2 FIGURA 2: Fluxograma de chegada de uma criança ou adolescente até sua saída da instituição..................................................................................................................................
1 GRÁFICO 1: Motivos que originaram o abrigamento.......................................................... 2 GRÁFICO 2: Estatística por tipos de violência doméstica.................................................... 3 GRÁFICO 3: Quem encaminhou ao abrigamento.................................................................
1 QUADRO 1: Recursos Humanos.......................................................................................... 2 QUADRO 2: Material de Expediente.................................................................................... 3 QUADRO 3: Cronograma.....................................................................................................
SUAS Sistema Único de Assistência Social.
SUS Sistema Único de Saúde.
2.1 A Historicidade da Política de Assistência no Brasil.......................................................... 2.2 Proteção à Infância e Adolescência no Brasil até o Surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)................................................................................................................... 2.3 Estudo e Análise da Instituição........................................................................................... 2.4 Serviço Social na Instituição...............................................................................................
3 CAPÍTULO II: PROJETO DE INTERVENÇÃO – TRABALHANDO COM AS MENINAS DO ABRIGO MARINETE ALVES DO NASCIMENTO - DROGAS: “A MELHOR SOLUÇÃO É A PREVENÇÃO ‖........................................................................ 3.1 Apresentação....................................................................................................................... 3.2 Localização do Problema.................................................................................................... 3.3 Dados Estatísticos do Abrigo Marinete Alves do Nascimento de 2013 a abril de 2015........................................................................................................................................... 3.4 Justificativa......................................................................................................................... 3.5 Objetivos............................................................................................................................. 3.5.1 Objetivo Geral.................................................................................................................. 3.5.2 Objetivos Específicos....................................................................................................... 3.6 Público Alvo....................................................................................................................... 3.7 Metas................................................................................................................................... 3.8 Contextualização do Objeto de Intervenção....................................................................... 3.9 Metodologia........................................................................................................................ .10 Avaliação............................................................................................................................ 3.11 Recursos Humanos............................................................................................................ 3.12 Recursos Materiais............................................................................................................ 3.13 Cronograma.......................................................................................................................
4 CAPÍTULO III: SISTEMA DE OPERACIONALIZAÇÃO ........................................... 4.1 Avaliação Geral................................................................................................................... 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 6 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 7 APÊNDICES ......................................................................................................................... APÊNDICE I- TEATRO DE FANTOCHE.............................................................................. APÊNDICE II- FICHA DE AVALIAÇÃO DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES REFERENTE AO PROJETO DE INTERVENÇÃO: DROGAS – A MELHOR SOLUÇÃO É A PREVENÇÃO....................................................................................................................... APÊNDICE III- FICHA DE AVALIAÇÃO DA EQUIPE TÉCNICA, COORDENAÇÃO DO ABRIGO E SUPERVISORA PEDAGÓGICA REFERENTE AO PROJETO DE INTERVENÇÃO: DROGAS – A MELHOR SOLUÇÃO É A PREVENÇÃO........................................................................................................................... APÊNDICE IV: OFÍCIO AO SUPERINTENDENTE DO SESI............................................. APÊNDICE V: OFÍCIO AO CHEFE DA DIVISÃO DE ENSINO DO CFAP....................... APÊNDICE VI: FOTOGRAFIAS DA EXECUÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO......................................................................................................................
organizações que oferecem estágio‖, em conformidade com o disposto no parecer CNE/CES nº492/2001, homologado pelo Ministro de Estado da Educação em 09 de julho de 2001 e consubstanciado na Resolução CNE/CES 15/2002, publicada no Diário Oficial da União em 09 de abril de 2002, que veio aprovar as diretrizes curriculares para o curso de serviço Social.
Segundo a Lei de Estágio nº 11.788 de 25/09/2008 que dispõe sobre estágio de estudantes, no seu artigo 1º:
[...] estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa a preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental da modalidade profissional da educação de jovens e adultos.
O estágio na formação profissional é de grande significância na aprendizagem profissional, é neste momento que conhecemos uma determinada realidade institucional e correlacionamos teoria coma a prática profissional com um viés crítico, reflexivo e investigativo. Segundo Oliveira,
[...] o estágio supervisionado tem um significativo papel no processo de formação profissional, pois representa essencialmente ao aluno uma possibilidade de aproximação à realidade cotidiana dos indivíduos sociais, associada à apropriação de conhecimentos teórico-metodológicos, que orientam o exercício profissional do assistente social.(2000, p. 09)
O estágio em Serviço Social tem que estar correlacionado com as dimensões ético- políticas, técnico operativa e teórico metodológica, como diz Iamamoto,
[...] o estágio é concebido como processo de qualificação e treinamento teórico- metodológico, técnico-operativo e ético-político do aluno, inserido no campo profissional, em que realiza sua experiência de aprendizagem sob a supervisão direta de um assistente social, que assume a função de supervisor de campo. O acompanhamento acadêmico do estágio é uma atividade realizada por um(a) professor(a) de Serviço Social (...) que assume o papel de supervisor acadêmico. (1998, p. 290)
Como também aliado ao projeto ético político que é materializado no código de ética profissional, nas diretrizes curriculares e na lei de regulamentação da profissão, sem esses três fundamentos de bases teórica a formação de estudantes em Serviço Social estaria comprometida, pois no código de ética, de forma breve e resumida, estão estabelecidos
princípios fundamentais, direitos e deveres dos assistentes sociais, suas relações com os usuários e instituições; as diretrizes curriculares com a lógica curricular mínima para as unidades de ensino superior com os respectivos núcleos de fundamentação teórico- metodológico da vida social, da formação sócio-histórica da sociedade brasileira e fundamentos do trabalho profissional que são de grande importância para a formação no curso de Serviço Social a nível de graduação, pois é esse currículo mínimo que nortea as unidades de ensino superior tendo esses três eixos como base do referido curso; e a lei de regulamentação que dispõe sobre a profissão de assistente social, e dentre suas resoluções, as atribuições privativas do assistente social. O período de realização do estágio supervisionado compreendeu o período de 2014/2 a 2015/2 com uma carga horária de 450 horas, sendo que no estágio I o principal objetivo foi garantir a inserção do aluno no espaço institucional com intuito ao exercício das competências profissionais nas dimensões teórico-metodológica, ético-política e técnico-operativa; proporcionar uma dinâmica de supervisão de estágio junto aos atores envolvidos no processo (supervisores/ estagiários) que assegure a formação profissional crítica e coerente com o projeto ético-político da profissão; propiciar o desenvolvimento de uma postura investigativa junto ao estagiário que lhe possibilite conhecer e problematizar as expressões da ―questão social‖ particularizadas no contexto institucional e a política setorial desenvolvida; proporcionar o conhecimento e análise institucional, ações desenvolvidas pela instituição, em particular aquelas executadas pelo Serviço Social. No estágio II foi estabelecer uma dinâmica de supervisão de estágio (plano de ação) junto aos atores envolvidos no processo (supervisores/estagiários) que assegure a formação profissional crítica, propositiva e interventiva, coerente com o projeto ético-político da profissão; proporcionar ao aluno, o desenvolvimento de uma postura investigativa junto ao objeto de intervenção, enquanto uma expressão da ―questão social‖ particularizada no contexto institucional; aprofundar o estudo da política social setorial na qual o aluno está inserido, como componente indispensável para o enfrentamento das expressões da ―questão social‖; desenvolver as competências teórico- metodológicas, ético-políticas e técnico-operativas na elaboração do projeto de intervenção e encaminhamentos prévios para sua implementação; e aprofundar o desenvolvimento de habilidades de sistematização escrita dos estudos/observações, visando a continuidade do processo de formação/aprendizado profissional, considerando o estágio supervisionado enquanto totalidade. Já no estágio III foi proporcionar uma experiência de atuação profissional supervisionada com vistas ao exercício prático das habilidades e competências teórico-metodológicas, ético-políticas e técnico operativas; oportunizar a utilização de
O significado da expressão questão social é o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade. Ela surgiu na Europa, no século XIX, na sociedade capitalista para exigir a formulação de políticas sociais em favor da classe operária que se encontravam na pobreza. Neste momento transformações políticas, econômicas e sociais ocorriam devido a Revolução Industrial, o pauperismo era aparente. Segundo NETTO (2001, p. 42),
[...] a pauperização massiva da população trabalhadora constitui o aspecto mais imediato da instauração do capitalismo em seu estágio industrial- concorrencial [...] era inédita a desigualdade entre as várias camadas sociais, se vinha de muito longe a polarização entre ricos e pobres, se era antiquíssima a diferente apropriação e fruição dos bens sociais, era radicalmente nova a dinâmica da pobreza que então se generalizava.
Com o processo de industrialização e urbanização, a população se encontrava em extrema pobreza, pobreza esta que aumentava com o desenvolvimento do capitalismo, apesar do indivíduo ter a chance de produzir não tinha condições de ter acesso ao que produzia.
[...] o desenvolvimento capitalista produz compulsoriamente, a ―questão social‖ – diferentes estágios capitalistas produzem diferentes manifestações da ―questão social‖; esta não é uma sequela adjetiva ou transitória do regime do capital: sua existência e suas manifestações são indissociáveis da dinâmica específica do capital tornando potência social dominante. A ―questão social‖ é constituída do desenvolvimento capitalista. (NETTO, 2001, p. 45)
Para Iamamoto (2001), a questão social é apreendida como o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista, a produção social é cada vez mais coletiva, enquanto a apropriação mantém privada por uma parte da sociedade, a burguesa. Ainda concordando com Iamamoto, é preciso repensar a questão social hoje de forma diferente daquelas tratadas no período da Revolução Industrial, porque houve profundas mudanças no padrão de acumulação.
[...] a desigualdade que preside o processo de desenvolvimento do país tem sido uma de suas particularidades históricas: o moderno se constrói por meio do ―arcaico‖, recriando nossa herança histórica brasileira ao atualizar marcas persistentes e, ao mesmo tempo, transformando-as no contexto da globalização. Isso atribui um ritmo histórico particular, em que tanto o novo quanto o velho se altera. Essa coexistência de temporalidades históricas desiguais faz com que a questão social apresente, hoje, tanto marcas do passado quanto do presente, radicalizando-a. (IAMAMOTO, 2001, p. 37)
Embora a questão social esteve e está presente em diferentes momentos da história, a raiz é uma só, a contradição entre o capital e trabalho, gera desigualdade, desemprego, fome, violência, exclusão social, pobreza, precariedade das condições de trabalho etc. Como se observa na obra de Iamamoto (2001), Questão social no Capitalismo Contemporâneo, a expressão ―questão social‖ surgiu no Brasil em 1930, no governo de Getúlio Vargas, como reflexo das grandes transformações econômicas, sociais e políticas ocorridas na Europa decorrente do processo de industrialização. Mais tarde com o neoliberalismo, e o intervencionismo mínimo do Estado, em meados da década de 1990, com a reforma do Estado que se iniciou no governo de Fernando Collor de Melo, houve um desmonte das políticas sociais, enfraquecendo o social e levando parcela dos pauperizados a uma exclusão ainda mais perversa. E o capitalismo se mantendo no seu ciclo de produção e reprodução, apesar de suas crises, tendo como finalidade o lucro e a exploração do trabalhador.
2.1 A HISTORICIDADE DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA NO BRASIL
No Brasil a história das políticas sociais teve sua trajetória atrelada em grande parte pelas mudanças econômicas e políticas ocorridas internacionalmente. Segundo PEREIRA (2006), em sua obra Necessidades Humanas: subsídios à crítica dos mínimos sociais; a política social brasileira teve seus momentos de expansão durante os regimes autoritários e sob o governo de coalizões conservadoras, e isso deu ensejo à prevalência de um padrão nacional de proteção social com as seguintes características: ingerência imperativa do poder executivo; seletividade dos gastos sociais e da oferta de benefícios e serviços públicos; heterogeneidade e superposição de ações; desarticulação institucional; intermitência da provisão; restrição e incerteza financeira. Segundo Titmuss (1974) apud Pereira (2006), o caso brasileiro afigura-se como um misto ou combinação de elementos presentes na classificação de Esping-Andersen (1991), a saber: intervenções públicas tópicas e seletivas – próprias dos modelos liberais; adoção de medidas autoritárias e desmobilizadoras dos conflitos socais – típicas dos modelos conservadores; e ainda estabelecimento de esquemas universais e não contributivos de distribuição de benefícios e serviços – característicos dos regimes social-democratas. E tudo isso foi mesclado às práticas clientelistas, populistas, paternalistas e de patronagem política, de larga tradição no país.
De 1964 – 1966, no governo de Castelo Branco instituiu o modelo autoritário, rompendo com a prática populista/desenvolvimentista anterior; De 1967 – 1969, no governo Costa e Silva afirmou o modelo autoritário e preparou sua continuidade; a política social neste período esteve mais fortemente submetida ao critério da rentabilidade econômica, negligenciando sobremaneira qualquer intento de satisfação de necessidades básicas. E também em 1969, a LBA é transformada em fundação vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social tendo sua estrutura ampliada e passando a contar com novos projetos e programas. De 1970 – 1973, no de Médici aprofundou e enrijeceu o autoritarismo, e se aprofundaram simultaneamente, as relações do Estado com o capital estrangeiro e o fosso na relação entre esse mesmo Estado e a maioria da população, e quando surgiam mobilizações populares por reformas sociais, o Estado respondia de forma repressora e com projetos de ―grande impacto‖, como passaram a ser conhecidas as construções da hidrelétrica de Itaipu, da rodovia Transamazônica, etc. De 1974 – 1979, no governo de Geisel, foi vivenciado a abertura política. Mas que em 1974 foi criado o Ministério da previdência e Assistência Social (MPAS) que continha em sua estrutura uma Secretaria de assistência, um órgão de formulação de políticas de ataque à pobreza. De 1980 – 1985, no governo de Figueiredo participou da continuidade da abertura política. Entre 1964 e 1967, embora tenha sido decretado o Estatuto da Terra e se falasse em produtividade social, quase nada de novo foi desenvolvido na área social. Ao ser definido o modelo econômico e político a partir de 1967, a política social deixou de configurar um simples complemento ou extensão da economia e se afirmou como um meio importante de acumulação de riquezas para os que possuíam capital. Os programas sociais que passaram a ser desenvolvidos desde então tinham como objetivo prioritário atender aos interesses específicos da economia de empresa, embora integrasse a ação estatal. Foi só a partir de 1975 que os governos demonstram ao lado do crescimento relativo obtido na área econômica, uma inusitada preocupação com os mais pobres. De acordo com Pereira (2006), foi a partir da década de 1970 que o governo demonstrou interesse de reaproximar o Estado da sociedade. Também neste mesmo período movimentos sociais se reorganizaram na luta pela redemocratização. Foram vários movimentos sociais (OAB, UNE, feministas, operários, donas de casa, funcionários públicos, frações do empresariado, etc) que se revigoraram em torno dos pleitos por democracia. E
como resposta a esses movimentos o governo instituiu uma nova política salarial, baseada nas negociações diretas entre empregados e empregadores; restabelecer o habeas corpus para crimes políticos, bem como as garantias da magistratura e a autonomia dos poderes Judiciário de Legislativo; decretou o fim das cassações por meio do AI5 e abrandou as exigências para a criação dos partidos. Foi nesse contexto que a política social passou a ser estrategicamente intensificada, não como resposta conscienciosa às necessidades sociais, mas como uma via de reaproximação do estado com a sociedade, e a redução dos focos de pobreza absoluta era o alvo principal dessa política. De 1980 e 1985, no governo de Figueiredo houve uma forte desarticulação do esforço de desenvolvimento social ocorrido nos últimos três anos de Geisel. A diminuição dos gastos sociais, acompanhada de gradual redução da importância da política social no planejamento e na gestão estatal, constituiu a principal evidência dessa desaceleração. Houve um aumento do desemprego, da pobreza, uma queda real dos salários e imperou a adoção de medidas de caráter anti-social tais como aprofundamento da contenção dos gastos na assistência médica previdenciária, restrição dos financiamentos concedidos à habitação de ―interesse social‖, além da redução pela metade dos investimentos no setor de transporte público. Com as crescentes mobilizações da sociedade alguns avanços civis e políticos se fizeram notar como a anistia, em 1979, com a restituição dos direitos civis e políticos aos cidadãos cassados pelo regime militar, eleição para governadores em 1982, e ampla campanha popular pelas ―Diretas Já‖(Eleições diretas para a presidência da República). No período da Nova República houve primeiro uma reorganização institucional que culminou com a convocação da Assembléia Nacional Constituinte, em 1986, e em segundo, por uma concepção de proteção social na qual tanto os direitos sociais quanto as políticas concretizadoras desses direitos receberam atenção especial. Data dessa época a inclusão pela primeira vez na história política do país, da assistência social. Sendo Sarney o primeiro governo civil da Nova República, tendo como lema ―tudo pelo social‖ dentre alguns de seus subsídios a Ação Imediata contra a Fome e o Desemprego, preparado em 1985; o programa de Prioridades Sociais para 1985 e uma proposta de Seguridade Social de estilo beveridgiano. Do ponto de vista formal-institucional, ocorreram significativos avanços políticos e sociais, os quais conferiram à década de 1980, de a década perdida. Graças à mobilização da sociedade, as políticas sociais tornaram-se centrais, nessa década, na agenda de reformas institucionais que culminou com a promulgação da Constituição Federal de 1988.
Dos feitos sociais depois do impeachment de Collor, no governo de Itamar Franco, merecem menção para a aprovação, em dezembro de 1993, da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) como uma política de renda mínima ou de manutenção de renda.
[...] A LOAS introduz um novo significado a Assistência Social enquanto Política pública de seguridade, direito do cidadão e dever do Estado, prevendo-lhe um sistema de gestão descentralizado e participativo, cujo eixo é posto na criação do Conselho Nacional de Assistência Social- CNAS (MESTRINER,2001, p.206.)
Diante deste contexto, as políticas sociais assumem características focalistas, celetistas e compensatórias, transferindo a responsabilidade do Estado para a sociedade civil sem fins lucrativos e para o mercado. Consequentemente, a implementação da LOAS esbarra em aspectos de ordem política e econômica que comprometem sua efetivação. Em 2005, o Sistema Único de Assistência Social – SUAS, foi implantado em todo território nacional em ações assistencialistas, efetivando na prática a assistência social como Política Pública de Estado, fazendo a ruptura com o clientelismo. O SUAS está vinculado ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate a Fome e é coordenado pela Secretaria Nacional de Assistência Social. O SUAS foi materializado pelos conteúdos presentes na LOAS, onde efetiva as políticas públicas buscando atender as exigências para a realização dos objetivos e resultados esperados reconhecendo direitos de cidadania e inclusão social. O SUAS estabelece ainda dois níveis de proteção social. A assistência, como política pública vai se dividir em Proteção Social Básica e Proteção Social Especial, de acordo com os seus objetivos. Os programas e serviços que correspondem a Proteção Básica são: PAIF, Inclusão Produtiva, Cadastro Único, Bolsa Família, Concessão de Benefícios, BPC na Escola, BPC e Projovem. E da Proteção Especial são: Combate ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, PETI, população de Rua, Família Acolhedora, CREAS, Atendimento Integral Institucional, Atenção ao Idoso e Atenção à Pessoa com Deficiência. Como o estágio está sendo feito num abrigo que se inclui na proteção social especial faz-se necessário a contextualização histórica da proteção da criança e do adolescente no Brasil até o surgimento do ECA.
A autora Guerra (2008) em seus escritos mostra que na época do Brasil Colônia os indígenas não castigavam seus filhos para discipliná-los, a conduta deles eram através de gestos e olhares, só precisava que lhe falasse alto ou um olhar. Os filhos dos indígenas eram obedientes e amáveis com seus pais. O castigo físico foi trazido pelos jesuítas para aqueles que faltassem à escola jesuítica, eram utilizados a palmatória e o tronco. A evasão às aulas era grande já que os índios não aceitavam esse tipo de conduta, tendo como reação o abandono ao local de estudos.
Vale lembrar o período da escravidão onde os castigos físicos eram impostos aos escravos e a seus filhos, desde cedo como forma de obediência, eram utilizados palmatórias, chicotes, galhos de goiabeira, cipós entre outros. Quando algum fato chegava às autoridades competentes não se fazia nada para coibir ou punir os agressores, não se tomava nenhuma providência legal.
No período do Brasil República, mais precisamente em 1922 surgi o 1º Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, no Rio de Janeiro, que ocorreu conjuntamente com o terceiro Congresso Americano da Criança. Foi pensado pelo Departamento da Criança no Brasil e teve como linha de frente o médico Arthur Moncorvo Filho. Houve debates na área da saúde, no viés social e pedagógico. Tendo como público intelectuais envolvidos em pesquisas relativas à infância. Teve como um de seus objetivos, discutir sobre as leis de proteção à infância e sua implementação, tendo em um de seus eixos a defesa do castigo para as crianças, como cita Rago apud Guerra, 1987, p. 79:
[...] com essa orientação racional, só há vantagens em reprimir com firmeza as más inclinações, infligindo-se gradativamente os castigos em geral, para que a criança perceba obter maior lucro para si na abstenção da prática de determinados atos. Ligará então a ideia de bem da prática de determinados atos. [...] a repressão das tendências naturais da criança deverá ser, segundo ele, tanto física, através dos castigos corporais, safanões, palmadas e bofetadas, quanto passar de modo sutil pelo gesto, pelo jogo do olhar, pelo silêncio pesado.