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Relatório apresentado na disciplina Sociologia e Etnicidade no Brasil.
Tipologia: Trabalhos
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Não perca as partes importantes!
Equipe: Bárbara Milene Andrade –barbmilene@hotmail.com José Cesar- jcesarpm@yahoo.com Norma Ires Almeida – norma_ires@hotmail.com Marcelo Morreira – madureirahisto@hotmail.com Xenia- nia_malukinha@hotmail.com ...................................................... ............................................................. Professor: Sandro Augusto S. Ferreira
Salvador Fevereiro – 2009
Relatório do documentário de Abdias Nascimento Memória Negra
Equipe: Bárbara Milene Andrade –barbmilene@hotmail.com José Cesar- jcesarpm@yahoo.com Norma Ires Almeida – norma_ires@hotmail.com Marcelo Morreira – madureirahisto@hotmail.com Xenia- nia _malukinha@hotmail.com ...................................................... .............................................................
Disciplina: Sociologia e Etnicidade no Brasil Professor: Sandro Augusto S. Ferreira
Resumo :
O Filme é conduzido a partir de uma entrevista gravada com o próprio, do alto dos seus 94 anos Abdias Nascimento – Memória Negra usa as próprias palavras do entrevistado para definir a sua trajetória. Ao discurso dele se somam imagens de arquivo e referências que vão pontuando este perfil.
Salvador Fevereiro – 2009
Abdias do Nascimento;
Abdias do Nascimento nasceu em Franca, interior do Estado de São Paulo, no dia 14 de março de 1914. Sua família era numerosa, somando total de sete filhos. Sua mãe era doceira, cozinheira, costureira e ama de leite de filhos de fazendeiros de café. O pai era sapateiro e um católico praticante. Com 13 anos de idade, Abdias já ensinava o primário e atuava como guarda livros em fazendas e sítios da vizinhança. Um fato ocorrido na infância de Abdias do Nascimento contribuiu para despertá-lo de sua consciência com relação à situação do negro na sociedade brasileira.
“Há um fato da infância que até hoje permanece vivo na minha memória. Havia um garoto preto e órfão, meu colega de escola, mais pobre do que nós éramos. Certa feita, uma vizinha branca se encontrava dando uma surra no menino (nem me lembro por que); isto se passava na rua, defronte de nossa casa. Minha mãe, sempre tão doce e calma, encheu-se de fúria inesperada, correu em defesa do moleque. Esta cena marcou o começo da minha consciência sobre a realidade da situação do negro no Brasil.”
A imagem da mãe saindo em defesa do garoto negro, sua conduta diante das situações de injustiça vivenciadas na escola e até mesmo o posicionamento defensivo do pai que via na instrução uma possibilidade de sofrimento para o negro que ousasse “sair de seu lugar” seria fundamentais na formação intelectual e militante de Abdias do Nascimento, um dos grandes nomes do Movimento Negro no Brasil. Desde a infância, Abdias se envolvia com protestos de rua e passeatas contra a discriminação e lutas pela integração do negro à sociedade. No entanto, sua primeira experiência de luta orgânica foi com a Frente Negra Brasileira, fundada em 1931, em São Paulo. De acordo com Abdias, uma das estratégias de ação da Frente era “fazer protestos contra a discriminação racial e de cor em lugares públicos”. Nesta mesma época, ele ainda servia ao Exército e por isso não podia se envolver profundamente nestas ações.
Com dezesseis anos Abdias, entrou para o Exército, mas foi expulso devido a uma briga na porta de um bar depois de – junto com um colega – ser barrado – pelo fato de ambos serem negros. Ainda no quartel, Abdias fundou um jornal chamado O Recruta e distribuía exemplares do periódico Lanterna Vermelha, um jornal comunista clandestino. Em dezembro de 1937 foi preso juntamente com um grupo de estudantes universitários quando distribuíamos panfletos denunciando a ditadura Vargas e o imperialismo norte – americano. Condenado pelo famigerado Tribunal de Segurança Nacional, fui mantido na penitenciária do Rio de Janeiro até abril do ano seguinte. Ao sair da prisão em abril de 1938 regressou para Campinas e, juntamente com Aguinaldo Camargo e Geraldo Campos de Oliveira, organizou o I Congresso Afro Campineiro, em comemoração ao dia 13 de maio, no Instituto de Ciências e Letras. Neste Congresso, discutiram-se as condições de vida do negro na sociedade brasileira sob vários aspectos: econômico, social, político e cultural. De acordo com Abdias, o Congresso movimentou a cidade, pois Campinas era muito racista e possuía placas de rua indicando “lugar para negro, lugar para branco”. Em torno dos seus trinta anos, Abdias fez uma viagem pela América do Sul, acompanhando o grupo Santa Hermandad Orquídea, que surgiu no Rio de Janeiro, no final da década de 1930.
TEN ( Teatro Experimental do Negro);
Abdias do Nascimento aponta que após um período viajando com poetas argentinos decidiu fundar um teatro de negros no Brasil e ele declara que esta viagem ao Peru foi a sua maior motivação na idéia de criação de um Teatro Experimental do Negro, ao assistir a peça teatral,
“Neste momento refleti sobre a situação do negro no Brasil e decidi que quando retornasse criaria um teatro negro, para fortalecer os valores da cultura tradicional africana e combater o racismo” (2003: 30)
para aglutina pessoas e colocar em prática seu projeto, e cuja trajetória pessoal é fator de grande importância para compreender o grupo, a figura de Abdias do Nascimento acabou se tornando a mais associada ao TEN. Mas é a partir do questionamento de muitos diante da situação vivida pelo negro brasileiro, que podemos compreender inicialmente o motivo graças ao qual o grupo ambicionava uma atuação extremamente ampla no campo das relações raciais neste momento histórico tão peculiar. Daí ter existido no interior do TEN, uma atuação tão variada. A criação do grupo repercute amplamente na imprensa carioca e já em 17 de outubro de 1944 o Jornal O Globo8 publica o texto “Teatro de Negros” argumentando que “falar em defender teatro de negros entre nós, é o mesmo que estimular o esporte dos negros, quando os quadros das nossas olimpíadas, mesmo no estrangeiro, misturam todos, acabar criando as escolas e universidades dos negros, os regimentos de negros e assim por diante”, opinião que parece expressar a necessidade de reproduzir a imagem de igualdade e harmonia racial que o TEN vinha questionar. O que Abdias chama de “dramas superados” leva-nos a refletir sobre a participação do negro no teatro brasileiro no período anterior ao surgimento do TEN e pode nos levar à observação de um panorama de representação e caracterização dramáticas atreladas aos “papéis sociais” historicamente destinados aos negros. Panorama, que no palco foi exposto principalmente ao longo do século XIX onde podemos constatar que os personagens negros eram usualmente caracterizados de forma a legitimar a tese de inferioridade que repousava sobre esta parcela da população, explicitada também através da série de “personagens figurantes”, encarnando dramas e conflitos pessoais pouco expressivos e muitas vezes se concretizando através da ação maléfica direcionada aos personagens centrais, ou seja, não negros. A estréia da peça o Imperador Jones, de Eugene O’Neill, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, no dia 08 de maio de 1945, foi um marco para o Teatro Experimental do Negro, que manteve suas atividades até 1964. A censura, a partir do Golpe de 1964, prejudicou o andamento das atividades do TEN e com a repressão política as estratégias de ação da entidade ficaram restritas. Além destas atividades e convites para atuar no mundo acadêmico, Abdias do Nascimento participou de eventos internacionais do mundo africano.
“A ausência de liberdade e de garantias para um trabalho desse tipo, derivado do reforço repressivo de fins de 1968, me conduziram aos Estados Unidos desde aquela data, e com isto o Teatro Experimental do Negro, como também o Museu de Arte Negra, como instituições visíveis, deixaram de existir. Porém, visto de outra forma, as atividades do TEN e do MAN tiveram prosseguimento noutro contexto, na luta mais ampla do pan- africanismo". Abdias Nascimento,
Abdias assume a cadeira de deputado federal, nas primeiras eleições após o regime de exceção, primeiro afro-brasileiro a defender no Congresso Nacional os direitos humanos e civis de sua gente. Apresenta o projeto de lei propondo políticas públicas de igualdade racial, que chama de ação compensatória.
Atua de forma intensa pelo fim das relações do Brasil com o regime racista de apartheid na África do Sul e pela independência da Namíbia.
Participa da criação da Comissão do Centenário da Abolição da Escravatura, no Ministério da Cultura, e contribui para a transformação desta comissão em um órgão permanente do referido Ministério, a Fundação Cultural Palmares.
No Senado, reapresenta seu projeto de lei sobre ação compensatória e sugere criar uma ação civil pública contra atos de discriminação racial. Participa das primeiras reuniões de um bloco parlamentar negro em formação.
Procuramos demonstrar, ao longo desse relatório, a essência do documentário Memória Negra. Memória Negra usa as próprias palavras do entrevistado para definir a sua trajetória. Ao discurso dele se somam imagens de arquivo e referências que vão pontuando este perfil. Exilado pela ditadura militar, ficou fora do País entre 1968 e 1978. Quando regressou, passou a ter uma atuação direta na política. Foi deputado federal e senador da República. Há dois anos, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Brasília.