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Um relatório de estágio em farmácia comunitária realizado na farmácia almeida cunha. O relatório aborda diversos temas relacionados à prática farmacêutica, como automedicação, tratamento de acne, diarreia e candidíase vulvovaginal. Informações detalhadas sobre esses temas, incluindo definições, causas, sintomas, tratamentos e cuidados a serem tomados pelos farmacêuticos no aconselhamento aos pacientes. Além disso, o relatório também aborda aspectos operacionais da farmácia, como gestão de estoque, processamento de receitas e dispensação de medicamentos. Extenso e abrangente, fornecendo uma visão ampla da atuação do farmacêutico na farmácia comunitária.
Tipologia: Slides
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Ana Beatriz de Almeida Moreira
Ana Beatriz de Almeida Moreira
Ana Beatriz de Almeida Moreira
Agradecimentos
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Dra. Teresa Figueiras, Diretora Técnica da Farmácia Almeida Cunha, por ter orientado o meu estágio e por todo o conhecimento transmitido. Agradeço o rigor e sentido de responsabilidade que me incutiu desde o início.
Em segundo lugar, quero agradecer ao Dr. Emanuel Nunes, pela paciência e compreensão e pela disponibilidade para responder a todas as minhas dúvidas; ao Dr. Gaspar Figueiras por me ter recebido com toda a simpatia, pelo companheirismo e pela forma atenciosa com que me ajudou ao longo de cada nova atividade.
À restante equipa da Farmácia Almeida Cunha, por terem contribuído, cada um à sua maneira, para a minha formação como futura farmacêutica e pela forma como me integraram na equipa.
Por fim, agradeço à Professora Doutora Irene Jesus por ter acompanhado todo o meu período de estágio e por me ter orientado durante a elaboração deste relatório e aos restantes professores pertencentes à Comissão de Estágio da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.
Ana Beatriz de Almeida Moreira
Resumo
O presente relatório pretende descrever as principais valências e conhecimentos adquiridos ao longo dos seis meses na Farmácia Almeida Cunha. Encontra-se dividido em duas partes. A primeira descreve os temas que desenvolvi. Foram elaborados em resposta a situações que foram surgindo e que julguei serem benéficos para mim, para a farmácia e para os utentes. A segunda parte tem como objetivo descrever as principais atividades desenvolvidas. Tal como exigido, tentei personalizar as descrições e omiti pormenores legislativos e técnicos.
Durante estes seis meses, tive a oportunidade de realizar as várias atividades inerentes à profissão farmacêutica, desde aquisição de medicamentos e outros produtos de saúde, à sua receção, armazenamento e dispensa. O estágio permitiu-me ter contato com aspetos respeitantes à gestão da farmácia, nomeadamente os critérios utilizados na seleção de fornecedores, na realização das encomendas e na organização e controlo dos produtos existentes. Ao fim de dois meses iniciei o atendimento ao balcão, onde aprofundei os aspetos legais e técnicos aos quais está sujeita a dispensa de medicamentos. Para além disso, conheci a importância da relação com o utente, na sua dimensão profissional e humana, aquando da transmissão de todas as informações necessárias à promoção da sua saúde e bem-estar.
9. Dispensa de outros Produtos Farmacêuticos ..................................................................... 37 9.1 Produtos e Medicamentos de Uso Veterinário ..................................................................... 37 9.2 Produtos de Dermocosmética ............................................................................................... 38 9.3 Produtos para Alimentação Especial, Produtos Dietéticos e Fitoterapêuticos …………….. 9.4 Dispositivos Médicos ………………………………………………………...…….……… 10. Sistema VALORMED ……………………………………………………………...…….. **39
Índice de Figuras Figura 1 - (a) Fotos da testa e do queixo da utente no início do tratamento com isotretinoína ( semanas) e (b) após mais 10 semanas de tratamento……………………………….………….. 10
Índice de Tabelas Tabela 1 – Lista de MNSRM que podem ser aconselhados para tratamento da acne, em Portugal………………………………………………………………………………………….
Índice de Gráficos Gráfico 1 – Distribuição percentual da amostra, de acordo com a idade (em anos)…………..… Gráfico 2 – Distribuição percentual da amostra, de acordo com o género………………………. 4 Gráfico 3 – Distribuição percentual da amostra segunda a frequência com que pratica automedicação…………………………………………………………………………………… 4 Gráfico 4 – Distribuição percentual da amostra de acordo com a duração da automedicação….. Gráfico 5 – Distribuição percentual da amostra de acordo com as situações em que os inquiridos recorrem à automedicação……………………………………………………………………….. 5 Gráfico 6 – Distribuição percentual da amostra de acordo com os motivos para a automedicação…………………………………………………………………………………… 5 Gráfico 7 – Distribuição percentual da amostra relativa à questão “Procurou informações ou esclarecimentos adicionais sobre o medicamento?”……………………………………………... 5 Gráfico 8 – Distribuição percentual da amostra relativa à forma como os inquiridos obtêm informações/esclarecimentos sobre o MNSRM…………………………………………………. Gráfico 9 – Distribuição percentual da amostra à questão “Acredita que a automedicação pode trazer algum risco para a saúde?”………………………………………………..………………. Gráfico 10- Distribuição percentual das respostas à questão “Alguma vez suspendeu a automedicação face a efeitos adversos?.........................................................................................
Parte I A primeira parte do relatório diz respeito aos temas desenvolvidos ao longo do estágio.
1 Inquérito sobre Automedicação 1.1 Seleção do Tema Com o início do período de atendimento ao público que realizei na Farmácia Almeida Cunha (FAC), verifiquei que era muito comum a prática da automedicação por parte dos utentes, sendo uma realidade com que me deparava todos os dias. De forma a compreender melhor o fenómeno e, numa perspetiva de melhorar aconselhamento farmacêutico nestas situações, realizei um curto inquérito, com o objetivo de caracterizar melhor esta prática. Os resultados deste serviriam como ponto de partida para o desenvolvimento das minhas atividades durante o resto do estágio. Por não ser exequível abordar todos as situações, decidi aprofundar os temas que considerei mais relevantes, ou que revelassem uma necessidade da FAC ou, ainda, utilidade para os utentes. Neste inquérito foco a forma como o utente encara a automedicação: com que regularidade o faz, a confiança no farmacêutico, os motivos e de que forma opta pela medicação, para que tipo de situações a usa e a noção de eficácia e dos riscos percecionados. Com isto tentei também transmitir à população que, a possibilidade de adquirir medicamentos sem prescrição médica, não é sinónimo de inexistência de efeitos adversos.
1.2 Introdução De acordo com o Despacho nº17690/2007, de 23 de Julho, o conceito de automedicação é definido como “a utilização de medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde”[1]. Segundo a OMS, corresponde à seleção e uso de medicamentos pelo utente com o objetivo de tratar doenças ou sintomas fáceis de reconhecer e que, quando feita de forma adequada e responsável, ajuda a tratar e prevenir doenças de menor gravidade sem recurso a consulta médica, traduzindo-se num benefício social e pessoal [2,3]. No entanto, é também citada como uma prática que pode levar ao uso incorreto do medicamento e que leva a uma série de riscos potenciais para a saúde [4]. Embora seja considerada útil quando feita de forma criteriosa, quando usada erroneamente, sem orientação e fundamentação adequadas por parte de um profissional de saúde, anula os seus benefícios [3]. O aumento da disponibilidade de MNSRM pode potencializar uma utilização indevida e abusiva do medicamento, aumentando o risco de reações adversas a medicamentos (RAM). Para além disso, pode ainda atrasar ou mascarar o diagnóstico de uma doença grave, quando é praticada de forma irresponsável [5]. As estratégias
para controlar e minimizar os riscos da automedicação devem envolver sistemas de monitorização, a promoção da educação e informação, e uma parceria entre pacientes, médicos e farmacêuticos [2]. Quando a compra MNSRM ocorre fora das farmácias, a única informação acessível ao utente encontra-se na bula do medicamento. Diversos estudos confirmam que o aconselhamento previne o uso indevido dos medicamentos e, consequentemente, as RAM, sublinhando a importância do aconselhamento farmacêutico [6]. Para que as situações de automedicação sejam responsáveis, estas não podem ultrapassar uma duração de sete dias e em caso de febre, três dias. Quando os sintomas persistem por mais tempo, a automedicação é contraindicada e o utente deve ser encaminhado ou recorrer a uma consulta médica [4]. A automedicação responsável é aquela que usa MNSRM nas situações passíveis de automedicação (anexo I), de forma consciente e com a orientação de um profissional de saúde.
1.3 População e Amostra O inquérito (anexo II) foi realizado durante a última quinzena de Janeiro, entre os dias 19 e 30, tendo como população alvo os utentes da FAC que se mostrassem recetivos para responder ao mesmo. Os inquéritos foram realizados por mim durante o meu período de atendimento ao público e demoravam cerca de 3 a 4 minutos. Informei todos os inquiridos do objetivo do mesmo e garanti que todos os dados recolhidos seriam tratados de forma anónima. A amostra final foi constituída por 60 indivíduos, uma vez que, como critério de exclusão, eliminei 5 inquéritos que não se encontravam preenchidos na totalidade.
1.4 Resultados e Análise de Dados Todos os dados recolhidos encontram-se discriminados nas tabelas do anexo III. Exprimi os resultados em valores percentuais (relativos à amostra final de 60 inquiridos, n=60) e apresentei os mesmos através de gráficos.
31%
67%
2% Motivos Evitar consulta Problema de saúde ligeiro
Gráfico 6 – Distribuição percentual da amostra de acordo com os motivos para a automedicação.
75%
25% Sim Não
Gráfico 7 – Distribuição percentual da amostra relativa à questão “Procurou informações ou esclarecimentos adicionais sobre o medicamento?”.
1.4.3 Em que situações se recorre à automedicação com MNSRM
Gráfico 5 – Distribuição percentual da amostra de acordo com as situações em que os inquiridos recorrem à automedicação.
Os estados gripais/constipação, a congestão nasal, a febre e as cefaleias são as situações em que os inquiridos mais recorrem à automedicação, com percentagens de 85%, 58%, 45% e 40%, respetivamente. São seguidas da diarreia (42%), obstipação (32%) e dores musculares (31%). De sublinhar a candidíase vaginal com 28% das respostas e a acne com 23%.
1.4.4 Motivos para a automedicação com MNSRM
A maioria dos inquiridos (67%) escolhe como motivo para a automedicação o facto de considerar que o problema de saúde era ligeiro. Uma percentagem também considerável (31%) refere que o fez para evitar uma consulta médica, com o objetivo de reduzir custos ou poupar tempo. Nenhum dos inquiridos refere ter-se automedicado por indicação de terceiros ou influência da publicidade.
1.4.5 Procura de informações ou esclarecimentos adicionais sobre o medicamento
Gráfico 8 – Distribuição percentual da amostra relativa à forma como os inquiridos obtêm informações/esclarecimentos sobre o MNSRM.
75%
25% Sim Não
25%
75%
Sim Não
1.4.6 Como obteve as informações ou quem prestou os esclarecimentos adicionais sobre o medicamento Verifica-se que 75% dos utentes procuram esclarecimentos adicionais sobre o medicamento. Destes, 64% recorrem ao farmacêutico. Procuram também informações na bula ou na internet, contudo, importa referir que nestes casos não existe a orientação de um profissional de saúde para filtrar a informação, tornando-se, desta forma, mais difícil para os utentes distinguir aquilo que importa reter.
1.4.7 A automedicação e os riscos para a saúde
Gráfico 9 – Distribuição percentual da amostra à questão “Acredita que a automedicação pode trazer algum risco para a saúde?”.
1.4.8 Suspensão da automedicação face a efeitos adversos
Gráfico 10- Distribuição percentual das respostas à questão “Alguma vez suspendeu a automedicação face a efeitos adversos?”.
A maioria dos inquiridos (75%) acredita que pode trazer algum risco para a saúde e em relação à suspensão da automedicação face RAM, verifica-se que 25% dos inquiridos já o fez. É
aconselhando sobre a terapêutica e sobre os riscos, de forma a garantir uma automedicação responsável e o uso racional do medicamento. Por outro lado, o farmacêutico encontra-se numa posição privilegiada para auxiliar os utentes no reconhecimento de um problema de saúde ligeiro, ou reencaminhando-os para consulta médica, quando necessário, garantindo, desta forma, apenas os benefícios da automedicação. Quanto às limitações do estudo, devo referir que ao longo do período de inquérito, apercebi-me de que a linguagem do mesmo não era acessível para a grande maioria dos utentes. Por esta razão, muitas vezes fui eu própria que li e expliquei as questões e as opções do mesmo, de maneira a facilitar o seu preenchimento por parte dos inquiridos. Também entendo que aqui possam ter ocorrido alguns erros ou sugestões involuntárias da minha parte. Posso concluir que cumpri o objetivo a que me propus com a realização do inquérito e que este me permitiu desenvolver os temas que teriam um maior impacto positivo na vida dos utentes que frequentam a FAC. Apresentei também os resultados à restante equipa (anexo IV).
2. Acne 2.1 Caso de estudo Durante o atendimento ao público, em várias situações senti que tinha dificuldade em aconselhar alguns MNSRM para afeções cutâneas ou produtos de dermocosmética. Sobretudo no caso da acne em mulheres jovens. Tendo em conta que esta foi também uma das situações com uma percentagem de resposta considerável no inquérito realizado, decidi abordar o tema, usando o caso de uma utente que apresento de seguida.
1ª visita à FAC Mulher de 23 anos, com excesso de peso. Sofre de nefropatia por IgA, diagnosticada aos 16 anos pela presença de hematúria microscópica numa análise de rotina à urina tipo II e posterior biópsia para confirmar o diagnóstico. Queixa-se de dor de dentes devido a uma extração dentária e quer saber se pode tomar Bruffen® 200mg ou Clonix®. Em conversa, refere também algum desconforto devido a secura ocular e secura cutânea, queixando-se de “estar com a autoestima muito em baixo” uma vez que estava a iniciar tratamento para a acne, mas esta apenas se tinha agravado. Medicação atual: Ramipril 5mg, Valsartan 160 mg e Isotretinoína 10 mg. Parâmetros bioquímicos: Colesterol total: 206 mg/dL.
A nefropatia por IgA é uma glomerulonefrite muito comum. Não existe cura e o tratamento passa por prevenir complicações e atrasar o dano renal [7]. Uma das complicações desta patologia é a hipertensão [7]. A utente faz terapêutica com dois anti-hipertensores. O ramipril é um inibidor da ECA (Enzima de Conversão da Angiotensina) e está descrito como
indicado para reduzir o risco ou atrasar o agravamento de problemas renais [8]. É também descrito que medicamentos anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) podem aumentar a probabilidade de ocorrerem efeitos secundários se forem tomados conjuntamente com ramipril. O valsartan é um antagonista dos recetores da angiotensina II. Também para este anti- hipertensor, está descrito que a utilização concomitante com AINEs pode levar a um aumento do risco de degradação da função renal [9]. Ora, sendo o ibuprofeno e a clonixina AINE’s, ambos estariam contraindicados nesta utente. Pareceu-me prudente aconselhar a utente a tomar apenas paracetamol 500mg para as dores. Aconselhei-a a questionar sempre o médico primeiro, a evitar misturas de analgésicos e também para não se automedicar com outros MNSRM sem explicar ao farmacêutico que é doente renal crónica. Em relação aos parâmetros bioquímicos, o colesterol total está acima daqueles que são os valores desejados (<200 mg/dL). De acordo com as recomendações para este tipo de nefropatia, os doentes devem tentar diminuir os níveis de colesterol através da dieta para atrasarem os danos renais [10]. Aconselhei a utente a fazer uma alimentação saudável, a ter alguns cuidados específicos como optar por menos proteína animal (carne, leite e queijo) e alimentos processados, fritos e ricos em gorduras saturadas. Incluir mais peixes ricos em ómega 3 como atum, salmão e truta, as frutas e vegetais [10]. Por outro lado, encontra-se a fazer tratamento oral para a acne. É descrito como um efeito secundário muito frequente do uso da isotretinoína, o aumento dos níveis de colesterol no sangue e das proteínas na urina [11]. Tendo em conta este quadro e, embora a utente já tomasse uma dose baixa (10mg/dia), aconselhei-a a dirigir-se ao médico e relatar os efeitos secundários que sentiu. Para além disso, as restantes queixas (secura da pele e olhos) são também descritas como comuns [11,12]. Expliquei ainda que era normal um agravamento da acne no início do tratamento com isotretinoína e que, dentro de algumas semanas, iria sentir melhorias significativas [12].
2ª Visita à FAC Após consulta com a nefrologista, a utente contou-me que a dosagem de isotretinoína tinha sido reduzida para 5mg diários e que aguardava os resultados de novas análises. Forneceu- me algumas fotos do início do tratamento e fotos atuais (figura 1), quando pedi se podia usar o seu caso no meu relatório. Por fim, questionou-me sobre produtos de dermocosmética que poderia usar, mas que fossem “realmente eficazes”, uma vez que já tinha adquirido vários produtos que não corresponderam às espectativas.
Retinóides tópicos: tretinoína em creme (0,025% e 0,05%) e em solução (0,1%), adapaleno em creme e em gel (0,1%) e isotretinoína em gel (0,05%). Estes representam a primeira linha de tratamento na acne moderada, diminuem as lesões inflamatórias e os comedões e também aumentam a penetração de outros medicamentos. Contudo, podem provocar irritação, pelo que devem ser aplicados à noite e cerca de 30 minutos depois de lavar o rosto [14,16]. Antimicrobianos tópicos: clindamicina, eritromicina em preparações à base de álcool e peróxido de benzoílo. Estão indicados na acne inflamatória e habitualmente usados em associação com retinoides tópicos [14,16].
No caso do tratamento sistémico, este passa pelo uso de: Antibióticos orais: tetraciclinas de 1ª geração (oxitetraciclina, cloridrato de tetraciclina) e de 2ª geração (doxiciclina e minociclina). No caso das de 1ª geração, a absorção é prejudicada pela ingestão de alimentos e requerem duas tomas diárias, razão para uma menor adesão à terapêutica. São também usados macrólidos como a eritromicina e a azitromicina [14,16]. Terapêutica hormonal: com recurso a antiandrogénicos como a espironolactona, ciproterona e contracetivos hormonais [14,16]. Retinóides: isotretinoína oral, considerado o medicamento mais eficaz. Geralmente provoca secura cutânea, queilose e fotossensibilidade [14,16].
Os princípios ativos mais comuns nos MNSRM para o tratamento da acne são o peróxido de benzilo, o ácido salicílico (alfa-hidroxi-ácido), ácido azelaico, sulfur, sulfacetamida de sódio, e retinol (vitamina A) [17].
Tabela 1 – Lista de MNSRM que podem ser aconselhados para tratamento da acne, em Portugal. Nome comercial Princípio activo Peroxiben® Peróxido de benzoílo Vitamina A composta labesfal
Retinol
Benzac® Gel Peróxido de benzoílo Benzac® Wash Peróxido de benzoílo Skinoren® Ácido azelaico Eclaran ® Peróxido de benzoílo
O peróxido de benzoílo (PB) é muito usado devido à sua ação queratolítica [18]. É eficaz nas lesões inflamatórias e não inflamatórias, apresenta resultados após 5 dias de tratamento e está disponível em diversas formulações: agentes de limpeza, loções, cremes e géis. É tão eficaz como a eritromicina e a clindamicina e tem a vantagem de não apresentar resistência bacteriana. No entanto, pode causar irritação e dermatites de contacto irritativas ou alérgicas. Está disponível em várias formulações, desde líquido de limpeza, gel e creme, e em concentrações de 5% e 10% [17]. Os efeitos adversos dependem da concentração e do veículo, mas habitualmente incluem ligeira secura cutânea, eritema, descamação e dermatite de contacto. É importante referir que não deve ser usado na gravidez [18]. O ácido salicílico (AS) é um beta-hidroxi-ácido (BHA) que funciona como um agente de descamação tópica, dissolvendo o conteúdo intercelular que mantém as células do estrato córneo unidas. Porque o AS também é lipossolúvel, é capaz de penetrar na unidade pilossebácea e tem um efeito comedolítico e anti-inflamatório. É usado quando existe intolerância a retinoides tópicos ou ao PB, ou como adjuvante da terapia com outros medicamentos. Para além disso, apresenta também proteção contra danos provocados pelos raios UVB [18].
2.4 Aconselhamento Farmacêutico de Dermocosmética Hidratação Habitualmente, o tratamento provoca irritação da pele e outros efeitos adversos, resultando numa falta de adesão por parte do doente. Por outro lado, a secura e a irritação da pele podem causar rompimento da barreira do estrato córneo levando ao aumento da perda de água transepidérmica (TEWL) e inflamação. Daí que, seja recomendado o uso concomitante de um hidratante para aliviar a secura e aumentar o conforto cutâneo. Os cremes hidratantes apresentam três propriedades principais: oclusiva, humectante, emoliente. Os ingredientes oclusivos bloqueiam fisicamente a TEWL, formando uma película hidrofóbica na superfície da pele. Os agentes oclusivos, tais como petrolato, lanolina, óleo mineral, parafina, esqualeno, e derivados de silicone (dimeticone, ciclometicone), são geralmente oleosos. Os derivados de silicone são muitas vezes utilizados em combinação com petrolato, que os torna gordurosos [15]. Ingredientes como miristato de isopropilo e os seus análogos, tais como palmitato de isopropilo, isoestearato de isopropilo, estearato de butilo, neopentanoato de isoestearilo, miristato de miristilo, oleato de decilo, estearato de octilo, ou palmitato de isocetilo, e propileno glicol - (PPG-2) propionato de miristilo, são de evitar em produtos para peles oleosas. Assim como a manteiga de cacau, álcool cetílico, parafina, lauril sulfato de sódio de estearilo e vaselina. A lanolina continua a ser um problema, especialmente derivados tais como lanolinas acetiladas ou etoxiladas [15]. A propriedade humectante dos hidratantes atrai água da derme para a epiderme. Exemplos de humectantes são a glicerina (glicerol), lactato de sódio, lactato de amónio, ácido