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As percepções de professores sobre a implementação do programa de tecnologias da informação na educação (pte), com ênfase na relação dos professores com as tics (tecnologias da informação e comunicação) como cidadãos e professores, nas capacidades operacionais fornecidas pelas ferramentas do pte, e nas expectativas em relação aos impactos futuros do pte. Além disso, o documento aborda as vantagens e desafios da utilização de tics no meio escolar, as dúvidas sobre a utilização pedagógica e operacional da tics em sala de aula, e as críticas e sugestões dos entrevistados em relação à formação dos professores, à implementação do pte e à articulação entre o ministério e as escolas.
O que você vai aprender
Tipologia: Notas de estudo
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Para a produção dos inquéritos destinados à avaliação quantitativa das percepções, leituras, e outros elementos relevantes acerca do Plano Tecnológico da Educação (PTE), procedeu-se à audição de representantes dos principais actores sociais envolvidos no processo educativo relacionado com o PTE: Alunos, Encarregados de Educação, Professores e Direcções escolares.
Foi solicitada autorização ao GEPE para se iniciarem os contactos e as consequentes entrevistas de profundidade, a qual apenas chegou dia 6 de Junho ao fim da tarde. De imediato se levantou a questão de que, sendo o foco de incidência o 9º ano de escolaridade, nessa data os alunos visados estavam prestes a terminar o ano lectivo, e pior do que isso, sujeitos à prestação de exames pelo que não seria conveniente desvia-los de aulas.
O GEPE atribuiu (sob pedido nosso) autorização para se proceder a trabalhos de inquirição desta fase nas Escolas Secundária de Miraflores, Marquesa de Alorna e Secundária do Restelo.
No dia 7 de Junho de manhã as três Escolas foram contactas nas pessoas indicadas pelo GEPE, respectivamente Dra. Maria Leonor Pereira da Marquesa de Alorna, Dra. Isabel de Carvalho da Secundária de Miraflores e Dr. Júlio Santos da Secundária do Restelo. Todas estavam informadas da situação pelo GEPE e se mostraram disponíveis para marcar rapidamente as reuniões possíveis.
Apenas da Secundária de Miraflores foi possível obter alunos (2) de 9º ano, com idade compreendida pelo protocolo PISA nos dias que antecederam o encerramento do ano lectivo. Complementaram-se essas entrevistas com outras três obtidas^1 através de contactos pessoais.
(^1) Uma vez que havia autorização oficial para se fazerem entrevistas dedicadas ao projecto e o atraso promovido no processo de autorização impediu a realização de todas elas nas escolas previamente solicitadas, recorreu-se a contactos pessoais de pais com filhos no 9º ano e idade dentro do período desejado. Os alunos em causa provieram do Colégio Helen Keller e Agrupamento de Escolas de Santa Iria.
As entrevistas com os alunos duraram entre 45 minutos e 1h20m. As entrevistas foram feitas três individuais e uma com um par de alunos para procurar elementos dinâmicos que não ocorressem numa conversa entre adulto (desconhecido) e um jovem. Não houve diferenciação porque mesmo nas entrevistas pessoais os alunos revelaram enorme à-vontade.
As entrevistas aos Professores decorreram a pedido das Escolas no período após as reuniões de notas do terceiro período, de modo a não perturbar os trabalhos de encerramento do Ano Lectivo. Foram entrevistados seis professores, três da Escola Marquesa de Alorna e dois da Secundária de Miraflores, e a professora que facilitou os contactos com alunos do Agrupamento de Santa Iria. Acordou-se com as direcções das Escolas que os Professores seriam especificamente convocados para este fim da entrevista para que não houvesse restrições temporais.
Verificou-se que todos os Professores convocados pelas Direcções Escolares eram os mais expeditos das suas escolas em matéria de TIC’s, tendo todos eles no seu passado recente funções atribuídas nesse domínio ou revelado particular desenvoltura na matéria junto dos seus pares. Houve também a intenção de diversificar as leituras, pelo que se pediu que não fossem do mesmo departamento. Entre os seis professores houve proveniência das artes, educação especial, matemática, línguas, geografia e filosofia. Não se trabalhou com nenhum recém ingressado na carreira docente pois que, todos se situavam entre os 40 e os 55 anos. Não se pressionou as Escolas no domínio da aleatorização de proveniências porque aquilo que se procurou nas entrevistas foi o conhecimento, o mais detalhado possível das realidades escolares e nessa situação, professores com experiência da vida escolar puderam com maior desenvoltura contribuir para a geração de conhecimento. Não se nega contudo que, dada a colinearidade existente na Sociedade em geral, de proficiência com as TIC’s e a idade natural, que na avaliação generalizada, se venham a verificar formatos de relação diferenciados entre as classes mais jovens de professores e o manuseio de TIC’s. As reuniões duraram de 1h30m a 2h30m cada.
As Direcções Escolares foram entrevistadas nas pessoas que tinham a supervisão das TIC designadamente implementação do PTE a cargo da Marquesa de Alorna e na Secundária de
com as TIC’s no papel de directores e de cidadãos, reconhecimento de potencialidades operativas proporcionadas pelo PTE, a sua experiência pratica também enquanto como professor, o reconhecimento da maturidade organizacional da Escola pela qual é responsável para o recepcionamento do PTE, o grau de implementação do PTE à data da entrevista, as expectativas acalentadas em relação ao PTE, Outros aspectos que entenda serem elementos de reflexão para a boa implementação e eficiência de uso do PTE. Com os professores além dos dois tópicos iniciais, focalizou-se o relação com as TIC’s enquanto cidadão e professor, as capacidades operativas proporcionadas pelas ferramentas disponibilizadas pelo PTE e as expectativas em relação aos futuros impactes do PTE, solicitou-se também que se entendessem pudessem propor algum outro tópico para discussão. Aos alunos especificamente pediu-se que relatassem a sua mundivivência coma s TIC’s e particularmente o uso em cada domínio da actividade escolar, como entendiam a relação dos seus encarregados de educação com as TIC’s, o equipamento digital na habitação, este foi o único grupo a quem não se pediram elementos extra para futura discussão. Por fim os Encarregados de educação foram questionados sobre os elementos base e acerca da impactação das TIC’s na sua função de responsável pelo aluno, da sua percepção de transformação do funcionamento da sala aula provocada pelo recurso às TIC e da nova dinâmica escolar em casa promovida por essas tecnologias.
As entrevistas aos alunos foram mais ligeiras no detalhe, cobertura dos assuntos e focalizaram- se muito no tempo presente, contrariamente às dos restantes elementos a quem se juntou uma dimensão de temporalidade. Pediu-se aos jovens que relativamente ao uso das TIC’s se pronunciassem não só em relação a si mas também face ao conhecimento das realidades dos amigos e colegas com quem convivem.
Os alunos entrevistados manifestaram desconhecer quase totalmente o PTE enquanto entidade própria com objectivos muito concretos. Confundiram em todos os casos a presença do computador Magalhães no plano, atribuindo-lhes o símbolo mais marcante do PTE, não distinguindo aquele dos computadores incluídos no e-escolas, acreditando que se trata apenas de uma separação por complexidade da máquina, com computadores de uso simples para os mais novos e computadores standard para os ciclos escolares seguintes. Há ideias difusas de que algo corre actualmente com o objectivo de reequipar as escolas com material informático recente e em maior número. Os elementos destacados foram os quadros interactivos, o acesso à internet, a generalização de uso dos computadores (em casa) e a necessidade de utilização da Internet para realização dos trabalhos de casa.
Referem que o principal uso (em termos temporais) que dão aos computadores pessoais (três dos alunos têm e-escolas, e dois optaram por não os ter) é o lúdico, actividade que lhes consumirá em média cerca de 1h por dia, seguindo-se o uso para fins escolares com cerca de 20 minutos a meia-hora por dia.
Reconhecem que o uso de TIC’s na escola é muito positivo “porque torna as coisas menos chatas” e “é mais fácil de aprender”. No primeiro tópico têm uma abordagem compensatória e é mencionado repetidamente que, nem todos os professores os conseguem motivar para estudar e indicam que o uso de computadores na sala de aula lhes pode despertar esse interesse através da mostra de elementos que desconhecem, modificar o ritmo da aula, etc. No segundo ponto cingem-se principalmente a de na sua casa recorrerem à wikipédia e/ou ao Google para documentação dos trabalhos, bem como permitir-lhes fazer melhores
entre os programas residentes no computador o powerpoint e o word para a produção dos trabalhos escolares. O Excel também é utilizado mas a larguíssima distância dos outros dois softwares do Office. Ainda para uso escolar, entre os softwares da Internet destaca-se a wikipedia e o Google para pesquisa documental.
A impactação nas actividades de TIC em espaço escolar reconhecida pelos alunos é muito diminuta. Por exemplo na Escola da Miraflores há quadros interactivos desde há algum tempo, no entanto os alunos nunca viram qualquer deles em situação de uso. Os cinco alunos entrevistados referem amiúde que há vantagens e desvantagens no uso dos computadores em espaço de sala. Mencionam receando que, a vir a tornar-se necessário o seu uso recorrente do computador na Escola será um novo peso a transportar quando as mochilas são-lhes já muito pesadas e desconfortáveis.
Criticaram também uma certa impreparação de alguns docentes com reduzidas competências de uso das ferramentas digitais, referindo um deles que a sua professora de Geografia era adepta do powerpoint e da Internet mas quando ela entendia utilizar esses recurso na sala de aula já sabiam que se perdia metade do tempo a montar tudo e a “ensinar a professora a usar as coisas”.
Referiram que (pelo menos como as salas estão equipadas) não é possível trabalharem com os portáteis na sala de aula porque não há fichas eléctricas que cheguem para todos, o que gera uma imensa confusão com as pessoas a disputarem as fichas disponíveis, a interromperem o trabalho, etc. Apontaram no entanto que havia (no seu entender) um aspecto muito interessante que era o de poderem enviar mensagens de uns para os outros sem os professores perceberem.
A generalidade das valências do PTE para além dos computadores e-escola e dos quadros interactivos, são genericamente conhecidos mas não associados ao Plano. Por exemplo concordam com o uso dos cartões magnéticos porque “permite controlar melhor os mais novos que se baldam mesmo nas barbas das empregadas”, bem como a desmaterialização do
dinheiro pela segurança que lhes proporciona. Os restantes elementos são pouco ou nada conhecidos.
Deve ser dada nota de que qualquer um dos alunos entrevistados não corresponde ao padrão de aluno de 9º ano: todos são alunos com notas e percurso escolar um pouco acima da média, provenientes de famílias socialmente diferenciadas, muito utilizadoras de Internet em casa e no trabalho, para apenas referir os elementos mais salientes nas conversas. Os encarregados de educação são igualmente pessoas bastantes empenhadas nas actividades escolares domésticas e no acompanhamento à Escola. É por isso certo que, aquando da passagem destes grupos de trabalho qualitativo para a amostragem nacional se registe uma profunda alteração de padrões.
Nenhum dos entrevistados possui home pages, blogs ou outras ferramentas digitais próprias que ultrapassem as páginas das redes sociais, e em qualquer dos casos, referiram que mesmo essas eram de algum modo controladas pelos pais por razões de segurança: bloqueio de estranhos, controlo das fotografias postadas, etc.
Há uso sistemático, mas não de todos os entrevistados, de redes sociais sobressaindo o Hi5, Facebook e Twiter. No entanto alguns professores não só rejeitaram a hipótese do o fazer como criticaram quem o faça, com o argumento de que isso é um comportamento infanto- juvenil. Ainda no campo lúdico regista-se uma forte utilização de jogos cujas características são muito distintas daqueles jogados pelos alunos, destaca-se o majong, sodoku, trivian, puzzles. Usam recorrentemente a Internet para proceder à compra de Serviços, por vezes também de produtos. Todos referem a Internet como uma fonte maior da sua documentação noticiosa, nalguns casos ser “a fonte” de informação. Ficou-se com a sensação de que a produção, posse, ou frequência de blogs é algo não totalmente público. Três dos professores admitiram possuir e/ou frequentar mas não adiantaram mais denotando grande reserva acerca do assunto.
Houve ainda referenciação ao papel de gestor documental que o computador pode/deve assumir na vida dos cidadãos. Curiosa é também a leitura de que o computador poder ser um substituto parcial à TV por apresentar maior interactividade do que esta e ser mais diversificado. A avaliação do impacte dos computadores sobre o cidadão no caso professor, foi relatado num caso que o acesso permanente à Internet confere um sentimento de maior segurança por se saber que exauriu na medida do possível o assunto que se pesquisa e, que provavelmente pouco ou nada de muito importante ficou por saber. No caso particular das artes reduz os custos de trabalho, faculta a consulta e confere maior liberdade criativa.
O contacto com as outras pessoas foi alterado pelas TIC porque facilita o contacto recursivo. A intangibilidade do contacto feito por via da Internet não é entendida como necessariamente má. O número de sujeitos com os quais se contacta não sofreu para os entrevistados um aumento, apenas há maior número de contactos com as mesmas pessoas que porventura se teria pelas formas clássicas, mas isso não significa que as relações melhorem (ou piorem) pelo facto de haver esse maior número de contactos.
As impactações na vida do dia-a-dia dos entrevistados decorrente da chegada das TIC’s foi na sua leitura mínima. Não registam alterações na estrutura de uso do tempo como por exemplo nos períodos de actividade física, idas a eventos culturais, tipo e estrutura de hobbies, tempo livre total e parcelar. É feita apenas referência a auxilio na organização de viagens e maior conhecimento do Mundo.
Deste ponto em diante faz-se referência não só aos professores entrevistados mas também à sua experiência de trabalhar com outros professores em TIC’s no papel de facilitadores e/ou de implementadores.
A experiência destes professores entrevistados indicou que a maioria dos professores ainda apresenta uma elevada iliteracia em TIC’s. Uma das professoras propôs numa escala, uma pontuação de qual seria em sua opinião a média de proficiência em TIC dos professores com quem ela conviveu ou formou: daria 4 pontos em 10. Os restantes que se pronunciaram ou não souberam dar uma resposta agregada ou deram valores mais baixos na mesma escala. Há conhecimento de inúmeros colegas que ainda não usam sequer o email, e que instados a fazê- lo por razões de serviço escolar, têm grande dificuldade de uso, pedindo aos colegas que abram e fechem a página electrónica onde está o email, esquecem-se de o consultar, etc. Apesar dos exemplos admitem que mau grado essas dificuldades, a restante população portuguesa tenha ainda menor preparação do que a média dos professores. Segundo os entrevistados há grandes diferenças entre os grupos departamentais. Os grupos mais próximos das TIC’s serão a matemática e as artes, havendo também bons exemplos entre as pessoas de geografia e biologia. Os grupos mais resistentes ao uso das TIC’s serão as línguas e os professores do primeiro ciclo.
Foram reconhecidas várias vantagens do uso das TIC’s em ambiente escolar. O mais comentado foi o da possibilidade dos professores puderem documentar-se com muito maior facilidade na preparação de aulas e passarem a poder ilustrar de modo apropriado os exemplos de que falam quando expõem os assuntos aos alunos. Essa característica será particularmente importante para alguns grupos como na geografia, artes e ciências. É mencionado também que com o advento do computador, os alunos são muito mais exigentes com os professores acerca da estética e apresentação dos materiais distribuídos, criticando quando os materiais aparecem manuscritos ou menos cuidados.
Alguns materiais começam também a exigir que se saiba trabalhar com as TIC’s. Por exemplo algumas fichas, sítios associados aos livros, jogos disponibilizados pelas editoras, etc. Isso leva a que se esteja a verificar uma transformação no modo de trabalhar com os alunos e na relação de ambos os actores escolares (professores e alunos) com as ferramentas didactico-
se eles estão efectivamente a trabalhar ou entretidos com chats e outras formas de distracção. As redes de acesso à Internet nem sempre têm a capacidade de sustentar os diversos usuários que a cada momento possam a elas estar ligados e impossibilitam que se cumpra o planificado para essa aula. É também referida uma outra tecnologia não pertencente ao PTE que estará a interferir negativamente no processo de aprendizagem: os telemóveis. Estes prendem sistematicamente a atenção dos alunos na sala de aula e segundo alguns dos professores com maior impacte do que as tecnologias do PTE. Também do lado negativo das TIC’s é mencionado o conjunto dos riscos incorridos pelos jovens através da exposição pública seja na forma de fotografias colocadas em sites de redes sociais, seja nos contactos e usos deles que terceiras partes façam. Uma das professoras relatou um exemplo ocorrido na Escola em que uma aluna se viu exposta perante a família da forma mais ofensiva e injuriosa, fruto da apropriação de contactos e material comprometedor por colegas da turma. Vários entrevistados relatam igualmente casos de bulling entre alunos. Por último é antecipado um problema potencial com o uso dos computadores que é o de se fazer deles um uso massificado e indiscriminado conforme sucedeu duas décadas antes com o uso dos acetatos.
Vêem o PTE como uma estratégia que poderá acrescer os riscos de acentuar tendências de aprendizagem existentes. Verificam que os melhores alunos recorrem com maior intensidade às TIC’s e através delas potenciam aprendizagens, fazem melhores trabalhos, etc. Em contrapartida os alunos com dificuldades de aprendizagem, não encontram nas TIC’s um elemento de convergência e progresso mas pelo contrário um novo campo de diferenciação pela negativa.
Verifica-se que os alunos passaram a dispor de muito mais informação, mas que esse aumento não significou melhor informação. Bem pelo contrário, incapazes de trabalhar o acréscimo de dados tendem a apresentar leituras superficiais da informação recolhida.
Há a intuição (não a experiência lida na realidade do dia-a-dia) de que nas turmas com forte utilização de recursos TIC os alunos tendem a ser mais unidos, colaborativos e possivelmente mais autónomos.
O conhecimento do PTE é muito diminuto e difuso e não no melhor dos sentidos. Aquilo que objectivamente se sabe são os despachos de nomeação dos responsáveis pelo PTE nas escolas. Foram por exemplo mencionadas frases para descrever o Plano como: “São as bocas da Ministra ao estilo compre dois e leve um”, ou “ isto são saltos para a frente porque têm problemas sistémicos na gestão dos professores e, em vez de resolverem os problemas pegam na parte mecânica porque é mais simples de fazer”, ou ainda “É no essencial publicidade do Ministério”. Criticam a qualidade do material disponibilizado sendo ideia consensual que os computadores do e-escolas são de muito baixa qualidade, “possivelmente foi a maneira que as marcas encontraram para se verem livres de modelos de segunda”. A velocidade dos computadores disponibilizados no programa e-escolas é o aspecto mais criticado. As expectativas globais acerca do PTE enquanto plano de transformação das escolas são muito baixas ou nulas. A aplicação do PTE consistirá nas suas perspectivas numa mera evolução na linha de todas as anteriores tecnologias, porque no fundo são apenas ferramentas, novas ferramentas, quando o que é critico no processo de aprendizagem é o factor humano representado pelo professor. Acentuar a importância das TIC’s significa exagerar os aspectos superficiais e sociais da escolarização. Além disso pode desfocalizar as restantes necessidades de melhoria na formação e actualização pedagógica dos professores, da sua motivação, e do aperfeiçoamento da díade professor-aluno.
As possíveis maiores alterações induzidas pelo PTE serão fora da sala de aula e talvez mesmo fora da Escola: facilitação documental e de trabalho em grupo dos alunos, forma como trabalham em casa. Sabem que muitos alunos ainda não dispõem em casa de acesso às TIC’s e em particular os encarregados de educação têm grande dificuldade de manipulação desses instrumentos. A forma de aplicação no terreno do PTE tem conduzido a situações caricaturais dando como exemplo que primeiro foram fornecidos os materiais e incentivada a sua utilização ao mesmo tempo que alguns professores, em particular os mais velhos, não têm a experiência adequada levando repetidamente a situações em que os professores têm de estar a recorrer aos alunos se algo ocorre fora do previsto e ao julgamento destes acerca da falta de competências em TIC’s. Esta inversão de ordem fez com que os referidos professores em lugar de irem recebendo formação e adoptando as TIC’s na sua pratica lectiva, se defendam com receio da exposição pública em situação de falha gerando o próprio processo boa parte dos anti-corpos.
sala de aula está sujeito a grande desgaste, o que obriga a fortes investimentos nos domínios da segurança e manutenção nas salas de aula. Ao mesmo tempo que se investe maciçamente no equipamento das escolas e se pede aos professores que incorporem as TIC’s no trabalho corrente com os alunos, criou-se um parque de material móvel para as salas não equipadas infra-estruturalmente que conduz a uma disputa dos materiais, particularmente dos portáteis e data shows, conduzindo a situações em que se pode ter programado uma aula onde se faz uso de TIC’s e no momento anterior à aula ficar a saber que isso não vai ser possível.
Um dos desafios maiores no futuro uso do parque informático escolar é o da gestão das redes e computadores. A escola deve proibir sites? Quais? Com que critérios? Onde estão as fronteiras do que deve facultado aos alunos? Como se vão garantir as condições de segurança nas zonas expostas da Escola?
O elemento crítico de sucesso do PTE será para os entrevistados o grau de formação em TIC’s que seja facultado aos professores e a garantia de que após a implementação do equipamento há uma manutenção apropriada que garanta a continuidade do parque instalado.
Os Directores escolares diferenciam-se muito pouco dos restantes professores. Quase tudo o que foi relatado acerca dos professores pode ser subscrito pelos Directores, situação lógica dada a sua proveniência e potencial retorno. Deve-se fazer notar que apesar do título ser de “Director” neste momento cargo uninominal, na realidade se falou em dois dos casos com pessoas da Direcção responsáveis pelo PTE e noutro com uma presidente do Conselho Geral.
A intensidade de uso informático e de Internet é um pouco acima do uso médio (palavras do próprio) dos restantes professores variando os três entrevistados entre as 2h às 8h diárias, podendo por isso ser comparados com o grupo dos professores implementadores de projectos TIC nas escolas como o foram a maioria dos entrevistados na classe de “professor”.
Também aqui o principal emprego relatado das TIC é em torno da documentação, eventualmente compra de serviços, e pontualmente o uso de algum software lúdico relevante para o próprio. Os conhecimentos acerca das TIC’s deram uma média de 5 pontos em 10 num regime de auto-avaliação demonstrando uma competência média-fraca. Nas suas famílias nucleares todos usam recorrentemente as TIC em casa e em situação profissional.
Nenhum deles utilizou até à data ferramentas TIC com os alunos, embora num dos casos isso possa ser justificado por não dar aulas desde há vários anos.
O impacte do uso das TIC enquanto cidadão revela-se de formas diferenciadas. Em dois dos casos relata-se que a chegada dessas tecnologias nada alterou na forma de ser e da relação com as outras pessoas. A terceira pessoa afirmou ter-se tornado mais desconfiada com os outros, mas reconheceu que em situações particulares pode ser positivo como nos “grupos de ajuda, de apoio aos doentes e na divulgação das doenças”. Este entrevistado revelou ao longo de toda a conversa ser uma pessoa especial. Nada mais de relevante se recolheu que distinguisse estas pessoas do demais professores.