



Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
Este documento discute sobre as fraturas por estresse no osso cuboide e cuneiforme lateral, suas causas, sintomas, diagnósticos e tratamentos. O texto apresenta casos clínicos, estudos de literatura e discute as melhores opções de exames complementares para o diagnóstico. Além disso, o documento aborda a importância de suspeitar essas fraturas em presença de dor persistente no pé.
O que você vai aprender
Tipologia: Slides
1 / 7
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Arq. Catarin Med. 2019 out-dez; 48(4):191-
Marco Antonio Alves Braun^1 Márcio Luís Duarte^2 Lucas Ribeiro dos Santos^3 José Luiz Masson de Almeida Prado^4 Marcelo de Queiroz Pereira da Silva^5
Fraturas por estresse são lesões que ocorrem devido a uma força de baixa intensidade, porém repetida sobre o osso por um longo período de tempo. Esta acomete mais militares e alguns atletas, porém sua incidência vem aumentando na população. Com exceção do calcâneo, estas lesões raramente acometem os ossos do tarso. Cuboide e cuneiforme lateral são dois ossos dessa região do mediopé com poucos relatos na literatura relativos à fratura por estresse. Estes apresentam uma sintomatologia em comum, com dor local, sensibilidade à palpação, possível edema e alterações de pele. Atualmente o melhor método diagnóstico é a ressonância magnética. São fraturas classificadas como de baixo risco e o tratamento é conservador aliado à terapia farmacológica.
Descritores: Ossos do tarso. Fraturas Ósseas. Imagem por Ressonância Magnética.
ABSTRACT Stress fractures are injuries that happen due to a low but repetitive force over the bone during a long period. It is more common in military personnel and in some athletes; however, its incidence has been rising among the population. With exception to the calcaneum, these injuries rarely happen in the tarsal bones. Cuboid and lateral cuneiform are two bones of the midfoot with few literature reports of a stress fracture. These present a common symptomatology with local pain, tenderness to palpation, possible edema and skin changes. Currently, the best diagnostic method is the magnetic resonance imaging. These fractures are classified as low risk and its treatment is conservative, allied to pharmacologic therapy.
Keywords : Tarsal bones. Fractures, Bone. Magnetic Resonance Imaging.
(^12) Acadêmico de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Santos, Santos, São Paulo, Brasil. E-mail: marcobraun@hotmail.com. 3 Médico radiologista musculoesquelético^ –^ WEBIMAGEM, São Paulo, São Paulo, Brasil. E-mail: marcioluisduarte@gmail.com. lrs.endocrino1985@gmail.com.Professor^ de^ Endocrinologia^ e^ Fisiologia^ da^ Faculdade^ de^ Ciências^ Médicas^ de^ Santos,^ Santos,^ São^ Paulo,^ Brasil.^ E-mail: (^45) Radiologista da WEBIMAGEM, São Paulo - SP, Brasil. E-mail: jlmap1976@gmail.com. Médico chefe da WEBIMAGEM, São Paulo, São Paulo, Brasil. E-mail:mqmg77@gmail.com.
Arq. Catarin Med. 2019 out-dez; 48(4):191-
Fraturas por estresse são lesões que podem acometer tanto membros superiores quanto inferiores, representando até 10% de todas as lesões na população de atletas.1,2^ Estas ocorrem devido a cargas com baixa força direcionadas ao osso de forma repetitiva por longos períodos.1,2,3^ Lesões desse tipo acometem mais militares e atletas de algumas modalidades.1,3,4^ Sua incidência vem aumentando devido a mudanças nos hábitos e estilo de vida da população atual, além da maior capacidade de diagnóstico.1, Estas fraturas são mais comumente encontradas nos membros inferiores, principalmente na tíbia, nos metatarsos, e no osso calcâneo, o que somadas representam 80% de todas as fraturas por estresse.4,5,6,7^ Quanto aos outros ossos do tarso, como o cuboide e cuneiforme lateral, lesões desse tipo são consideradas raras,4,6,7^ contendo poucos relatos na literatura. Em fraturas por estresse dos ossos cuboide e cuneiforme lateral, as queixas advindas dos pacientes são semelhantes entre si: dores na lateral do mediopé com sensibilidade a palpação da região1,3,4,6,7,8,9^ e edema em alguns casos.1,4,6^ A ressonância magnética (RM) tem sido considerada o exame padrão-ouro para se diagnosticar tais fraturas caso as imagens radiográficas não demonstrem alterações significativas.1, Apresentamos o caso de uma paciente de 30 anos acometida por fraturas dos ossos cuboide e cuneiforme lateral simultaneamente, diagnostico pela ressonância magnética, com radiografai normal.
Mulher de 30 anos com dor no pé direito após trauma há 01 dia. Refere piora ao andar, colocar salto e ao ficar em pé. Nega cirurgias anteriores, doenças e atividades esportivas. Como dado adicional, refere andar muito e subir escadas, sem precisar distância. Exame físico refere dor a palpação, sem edema evidente, sem limitação a avaliação dinâmica passiva e ativa. IMC: 23,3 kg/m^2. A radiografia apresentou-se normal. Foi indicado repouso, imobilização com bota ortopédica e anti- inflamatório para tratamento. Após 20 dias a paciente retorna com piora da dor, tornando-se continua e que se acentua ao andar, colocar salto e ao ficar em pé, contudo sem apresentar limitação a avaliação dinâmica passiva e ativa. Exame físico refere dor a palpação, com leve edema na face lateral do mediopé. A RM demonstrou traço de fratura por estresse nos ossos cuboide e cuneiforme lateral, com edema ao redor, sem desalinhamento evidente e sem diástase significativa, sugerindo fraturas por estresse (Figuras 1 e 2). A paciente realizou imobilização com bota ortopédica por 30 dias com uso de anti- inflamatórios não esteroidais nos primeiros três dias, seguida de sessões de fisioterapia nas quais
Arq. Catarin Med. 2019 out-dez; 48(4):191-
Os sintomas de uma fratura por estresse já estarão presentes quando identificada a reação de estresse na RM.1,2^ No caso dos ossos cuboide e cuneiforme lateral, os sinais e sintomas descritos na literatura estarão mais presentes na face lateral do mediopé: dor local de início insidioso e progressivo, além de sensibilidade a palpação.1,3,4,6,8,9^ Edema e alterações de pele como eritema também são possíveis sinais.1,4,6,9^ Como descrito no relato de um caso de fratura por estresse do cuneiforme lateral de Tamara Vukic et al (2013)^3 , a paciente apresentava uma dor persistente há 12 meses na lateral do mediopé, que teve início insidioso e piora gradual durante o período. O local estava sensível a palpação, porém não houve edema ou alterações de pele.^3 Na suspeita de fratura do osso cuboide, também é feito a manobra provocativa “Quebrador de nozes”, segundo Lau e Dreyer (2019).1, Quando positiva para tal lesão, o paciente apresenta dor. 1, A radiografia é o exame diagnóstico padrão a ser realizado na suspeita de uma fratura por estresse.^3 No entanto, este tem se mostrado uma ferramenta não confiável nestes casos.^3 Dos 3 pacientes com fratura do osso cuneiforme lateral relatados no estudo de Bui-Mansfield e Thomas (2009), nenhum pôde ser diagnosticado a partir de imagens radiográficas.^5 Normalmente, a fratura por estresse só irá aparecer na imagem da radiografia após 2 semanas da lesão, quando processos de reabsorção, esclerose e formação do calo ósseo tiverem ocorrido.1,2,4,7^ No entanto, nos ossos cuneiforme lateral e cuboide, focos deste relato, ao invés de um calo ósseo poderá ser formado uma zona esclerótica transversa já que estes ossos não possuem diáfise.2, Atualmente, é recomendado o uso da RM como padrão-ouro^1 caso as imagens radiográficas não apresentem alterações.2,3^ A RM pode identificar lesões precocemente até a fratura completa, com sensibilidade próxima a 100%;1,5^ além do mais, ela pode auxiliar a distinguir as fraturas por estresse de outros diagnósticos diferenciais.^1 Ainda no relato de Bui-Mansfield e Thomas (2009), todos os 3 casos da fratura do cuneiforme lateral foram diagnosticados precocemente utilizando a RM.^5 Em outro estudo, a fratura do osso cuboide de uma criança de 8 anos de idade só foi identificada após realização da RM uma vez que não apresentou alterações na radiografia.^7 Os achados precoces de RM na fratura por estresse começam com edema periosteal ou da medula óssea que é visto como alto sinal na sequência STIR ou na sequência ponderada em T2 com supressão de gordura.^5 Lesões mais graves mostram edema da medula óssea nas imagens ponderadas em T1 e T2.^5 As fraturas por estresse francas são identificadas como uma linha de fratura de baixo sinal em todas as sequências, com alterações do edema medular nas sequências ponderadas em T1 e T2.2, A Tomografia computadorizada (TC) também é classificada como um bom método diagnóstico dessas lesões1,2,3^ pelo qual é possível visualizar as fraturas completas e incompletas.1,2^ Esta é considerada melhor para acompanhar o processo de cura, mas não mostra a reação de estresse
Arq. Catarin Med. 2019 out-dez; 48(4):191-
característica de uma lesão precoce.1,2^ Alguns estudos sugerem novas evidências da ultrassonografia como uma boa ferramenta diagnóstica, com valor preditivo positivo de 99%.1, Fraturas dos ossos cuboide e cuneiforme lateral são classificadas como de baixo risco e por conta disso, seu tratamento é conservador.1,2^ É recomendado que comece com um período de 2 a 6 semanas de descarga de peso parcial com muletas em ortostatismo, com ou sem imobilização, progredindo para atividades com descarga de peso normal se houver redução da dor.1,2,3^ Uma vez que o paciente não apresente mais dor, é sugerida a adoção de uma bota imobilizadora ou gesso apropriado para deambulação durante outras duas semanas.^1 Na continuação, deve haver um retorno gradual as atividades habituais.^1 A terapia farmacológica adjuvante também é descrita na literatura como parte do processo de cura e prevenção.1,2^ Bifosfonatos, estimuladores de osso, contraceptivos orais, cálcio, vitamina D e calcitonina, são algumas das opções.1,2^ No entanto, como visto nos estudos de Lau e Dreyer (2019)^1 e Mayer et al (2013)^2 , há divergências na literatura relacionados a quase todos estes grupos farmacológicos no caso de fraturas por estresse.
Na suspeita da fratura dos ossos do pé, caso a radiografia seja inconclusiva, como comumente é, o estudo com método complementar deverá ser realizado com a tomografia computadorizada ou com a RM. Ainda que sejam lesões incomuns, principalmente sua associação, as fraturas do cuneiforme lateral e do cuboide também devem ser investigadas no caso de dor persistente. Sendo assim, a suspeita médica deve ser relatada no pedido dos exames de imagem, orientando a avaliação das imagens para o diagnóstico adequado das fraturas.
Arq. Catarin Med. 2019 out-dez; 48(4):191-
Figura 2 - RM no corte axial na sequência T1 em A e T2 FAT SAT em B do tornozelo direito demonstrando a fratura por estresse do osso cuneiforme lateral (seta branca)