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Guias e Dicas
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Relacionamento enfermeiro paciente, Notas de estudo de Saúde Pública

relacionamento ente enfermeiro e paciente/ família

Tipologia: Notas de estudo

2021

Compartilhado em 24/05/2021

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lorena-carvalho02 🇧🇷

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Relacionamento enfermeiro, paciente e família:
fatores comportamentais associados à qualidade da assistência
Nurse, patient and family relationship: behavior factors associated to assistance quality
Amanda Batista Siqueira, Rosangela Filipini, Maria Belén Salazar Posso,
Ana Maria Marcondes Fiorano, Sônia Angélica Gonçalves
Recebido: 21/6/2006
Aprovado: 9/11/2006
Curso de graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina do ABC
Resumo
O cuidado complexo envolve necessidades bio-psico-só-
cio-espirituais e afetivas e está diretamente relacionado
ao processo de comunicação entre o enfermeiro–cliente.
Para haver o cuidado eficaz, ambos os sujeitos precisam
compreender os sinais que determinam as relações in-
terpessoais, seja pelos gestos, expressões ou palavras.
Objetivo: identificar os fatores comportamentais que
permeiam o relacionamento entre enfermeiro, família e
paciente em coma. Metodologia: Pesquisa bibliográfica
não sistematizada, na qual foram levantados 14 artigos
científicos e, a partir da análise crítica destes, desen-
volveu-se o tema em estudo. Resultados: Mediante os
dados obtidos, destaca-se que a tal temática vem se con-
figurando de extrema importância e até preocupante, pois
os resultados mostraram que a comunicação é essencial
para se instituir a assistência de enfermagem humanizada
e promover o relacionamento interpessoal. Por outro lado,
os cuidados de enfermagem prestados aos pacientes in-
conscientes e seus familiares encontram-se fragmentados
e revelaram alguns fatores que dificultam esta relação, tais
como a exigida agilidade no desempenho das funções do
enfermeiro na Unidade de Terapia Intensiva e ansiedade
por parte dos profissionais de saúde no enfrentamento
do processo de morrer. Conclusão: Há emergente neces-
sidade de investir na prática humanizada de enfermagem,
objetivando a melhor condição de vida possível para o
paciente e seu familiar. A comunicação é o grande fator
positivo na relação equipe–paciente–família. O equilíbrio
emocional deve permear a assistência e possibilitar o
desenvolvimento de estratégias de promoção à saúde.
Unitermos
Humanização da assistência; enfermagem; comunicação.
Abstract
Complex care involves bio-psycho-social-spiritual and
affection necessities and it is directly connected with the
nurse-patient communication process. If effective care is
to be provided, both need to understand the signs that
determine the interpersonal relationship, whether through
body expressions or words. Objective: To identify behavioral
factors that permeate the nurse-patient family relation-
ship while care is being provided by the nursing team.
Method: Fourteen scientific papers surveyed were criti-
cally analyzed. Results: Upon the data secured, such
issue was found to be highly important and even one of
concern, as the results showed communication to be
crucial for nursing care and to promote the nurse-client
relationship. On the other hand, the nursing care provided
to unconscious patients and their family is fragmented
and revealed a few factors that render difficult this re-
lationship, such as the agility required from the nurse
while performing his/her functions in the Intensive Care
Unit and the health professionals’ anxiety as they fight
against the death process. Conclusion: There is an ur-
gent need to invest in the humanized nursing practice,
aiming at the best quality of life possible for the patient.
Communication is the major positive factor in the team
patient-family relationship. Emotional balance should
permeate and make possible the development of health
promoting strategies.
Keywords
Care humanization; nursing; communication.
Introdução
A essência da enfermagem é o cuidar. Considerando-o
como o objeto de trabalho, é necessário que seja eficiente e
prestado de forma humanizada. Ao se estabelecer o cuidado,
este deve ser sistematizado e holístico, a fim de promover a
qualidade da assistência e o cuidado emocional1.
apud Oriá et al.
1
, “[...] define o cuidado emocional
como a habilidade de perceber o imperceptível [...]” (p. 293).
Desta afirmação evidencia-se a necessidade de sensibilidade
dos profissionais para executarem os cuidados, observando
as manifestações verbais e não-verbais do cliente, podendo
indicar ao enfermeiro suas necessidades individuais.
Arq Med ABC. 2006;31(2):73-7.
Artigo Original
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Relacionamento enfermeiro, paciente e família:

fatores comportamentais associados à qualidade da assistência

Nurse, patient and family relationship: behavior factors associated to assistance quality

Amanda Batista Siqueira, Rosangela Filipini, Maria Belén Salazar Posso,

Ana Maria Marcondes Fiorano, Sônia Angélica Gonçalves

Recebido: 21/6/ Aprovado: 9/11/

Curso de graduação em Enfermagem da Faculdade de Medicina do ABC

Resumo

O cuidado complexo envolve necessidades bio-psico-só- cio-espirituais e afetivas e está diretamente relacionado ao processo de comunicação entre o enfermeiro–cliente. Para haver o cuidado eficaz, ambos os sujeitos precisam compreender os sinais que determinam as relações in- terpessoais, seja pelos gestos, expressões ou palavras. Objetivo : identificar os fatores comportamentais que permeiam o relacionamento entre enfermeiro, família e paciente em coma. Metodologia : Pesquisa bibliográfica não sistematizada, na qual foram levantados 14 artigos científicos e, a partir da análise crítica destes, desen- volveu-se o tema em estudo. Resultados : Mediante os dados obtidos, destaca-se que a tal temática vem se con- figurando de extrema importância e até preocupante, pois os resultados mostraram que a comunicação é essencial para se instituir a assistência de enfermagem humanizada e promover o relacionamento interpessoal. Por outro lado, os cuidados de enfermagem prestados aos pacientes in- conscientes e seus familiares encontram-se fragmentados e revelaram alguns fatores que dificultam esta relação, tais como a exigida agilidade no desempenho das funções do enfermeiro na Unidade de Terapia Intensiva e ansiedade por parte dos profissionais de saúde no enfrentamento do processo de morrer. Conclusão : Há emergente neces- sidade de investir na prática humanizada de enfermagem, objetivando a melhor condição de vida possível para o paciente e seu familiar. A comunicação é o grande fator positivo na relação equipe–paciente–família. O equilíbrio emocional deve permear a assistência e possibilitar o desenvolvimento de estratégias de promoção à saúde.

Unitermos

Humanização da assistência; enfermagem; comunicação.

Abstract

Complex care involves bio-psycho-social-spiritual and affection necessities and it is directly connected with the nurse-patient communication process. If effective care is

to be provided, both need to understand the signs that determine the interpersonal relationship, whether through body expressions or words. Objective : To identify behavioral factors that permeate the nurse-patient family relation- ship while care is being provided by the nursing team. Method : Fourteen scientific papers surveyed were criti- cally analyzed. Results : Upon the data secured, such issue was found to be highly important and even one of concern, as the results showed communication to be crucial for nursing care and to promote the nurse-client relationship. On the other hand, the nursing care provided to unconscious patients and their family is fragmented and revealed a few factors that render difficult this re- lationship, such as the agility required from the nurse while performing his/her functions in the Intensive Care Unit and the health professionals’ anxiety as they fight against the death process. Conclusion : There is an ur- gent need to invest in the humanized nursing practice, aiming at the best quality of life possible for the patient. Communication is the major positive factor in the team patient-family relationship. Emotional balance should permeate and make possible the development of health promoting strategies.

Keywords

Care humanization; nursing; communication.

Introdução

A essência da enfermagem é o cuidar. Considerando-o

como o objeto de trabalho, é necessário que seja eficiente e

prestado de forma humanizada. Ao se estabelecer o cuidado,

este deve ser sistematizado e holístico, a fim de promover a

qualidade da assistência e o cuidado emocional^1.

Sá apud Oriá et al.^1 , “[...] define o cuidado emocional

como a habilidade de perceber o imperceptível [...]” (p. 293).

Desta afirmação evidencia-se a necessidade de sensibilidade

dos profissionais para executarem os cuidados, observando

as manifestações verbais e não-verbais do cliente, podendo

indicar ao enfermeiro suas necessidades individuais.

Arq Med ABC. 2006;31(2):73-7.

Artigo Original

Tal cuidado, complexo, envolve as necessidades bio-psico-

sócio-espirituais e afetivas e está diretamente relacionado com

o processo de comunicação entre o enfermeiro–cliente. Para

haver o cuidado eficiente e eficaz, ambos os sujeitos precisam

compreender os sinais presentes na relação interpessoal, seja

pelos gestos, expressões ou palavras1,2.

Deste modo, a comunicação é essencial para uma me-

lhor assistência ao cliente e à família que estão vivenciando

o processo de hospitalização, podendo resultar em estresse e

sofrimento. Para tanto, o enfermeiro é capacitado a reconhecer

a interação enfermeiro–cliente–família, estabelecendo atitudes

de sensibilidade e empatia entre todos, contribuindo com a

assistência humanizada.

Nesse contexto, o enfermeiro tem o compromisso e a

obrigação de incluir as famílias nos cuidados de saúde. O

significado que a família dá para o bem-estar e à saúde de

seus membros, bem como à influência sobre a doença, obriga

este profissional a considerar a assistência centrada na família

como parte integrante da prática de enfermagem^3.

Assim, acredita-se que o cuidado de enfermagem extra-

pola a técnica (procedimento), sendo expresso pelas atitudes,

além de ser relacional. Então, quando o cuidado se dá em um

ambiente que exige alta tecnicidade, tal como ocorre em uma

unidade de terapia intensiva (UTI), o cuidar pode tornar-

se mecânico devido à alta complexidade de equipamentos

e tecnologia. Estes fatores, portanto, podem favorecer um

comportamento da equipe pouco comprometido com os

sentimentos dos doentes e seus familiares, resultando na

desvalorização da assistência humanizada.

É fato que a UTI apresenta características totalmente

diferentes de outras unidades. É um ambiente cuja dinâmica

impõe ações complexas, nas quais a presença da finitude da

vida é uma constante, gerando ansiedade, tanto do doente e

familiar como dos profissionais que ali desempenham suas

atividades. A internação na UTI rompe bruscamente com o

modo de viver do paciente e de seus familiares. O paciente

sente-se impedido de manter sua identidade, seus valores,

sua autonomia, levando-o à incapacidade de tomar decisões

e de se autocuidar, deixando de ser singular e passando a ser

tratado como objeto^4.

Dentre os pacientes internados nesta unidade, desta-

cam-se aqueles que apresentam o rebaixamento do nível de

consciência, caracterizado pela ausência de respostas verbais e

não-verbais. O paciente em coma torna-se isolado no ambiente

de internação pela incapacidade em se comunicar^5.

Pereira 6 refere que “[...] a dimensão perceptiva eviden-

ciada pelo cliente em coma, não é puramente uma concepção

neurofisiológica, mas uma dimensão existencial que se funde

na percepção que o cliente tem de si mesmo e do mundo

que existe” (p. 147).

Desenvolver esta percepção requer um domínio técnico,

científico e cognitivo do profissional, que deve considerar o

significado de coma abrangente, exigindo concepções fisio-

lógicas e comportamentais para a sua compreensão.

O coma é um estado em que o indivíduo apresenta

ausência de qualquer tipo de resposta, mesmo que externa-

mente estimulado, “[...] independe do fator determinante, é

uma condição intrinsecamente neurológica [...]”^7 (p. 1306).

O coma é um estado clínico de inconsciência, no qual o

paciente não está ciente de si mesmo ou do ambiente, por

períodos prolongados^8.

Além disso, o coma também é considerado uma conse-

qüência de qualquer fator que interrompa a atividade encefálica;

a consciência e a percepção de si mesmo são ativadas tanto pelo

córtex cerebral quanto pelo sistema ativador reticular^9.

Esta afirmativa encontra ressonância nos estudos de Silva &

Dobbro^10 , os quais mostram que pacientes em coma apresentam

alterações fisiológicas quando ouvem uma música ou escutam

uma voz familiar. Estes achados favorecem uma possibilidade

de comunicação entre este doente e o meio ambiente.

Constitui-se ainda um grande desafio para a equipe de

enfermagem realizar o cuidado ao paciente em coma. Este

contexto possibilita alguns questionamentos acerca das es-

tratégias a serem utilizadas pelo enfermeiro na identificação

das necessidades e no planejamento da assistência ao paciente

impedido de comunicar-se.

A equipe de enfermagem deverá estabelecer uma relação

que ultrapasse o cuidado físico, por meio de ações humanizadas,

favorecendo a sua recuperação com qualidade.

É certo que o diálogo entre os profissionais de saúde, pa-

ciente e familiares favorece um relacionamento de confiança e

a obtenção de bons resultados para assistência com qualidade.

O ser cuidador precisa saber ouvir, estar presente e ter empatia

com o outro ser. Desta forma, ambos se fortalecerão e poderão

encontrar a solução para o problema de saúde^4. Isto remete a

um significado de humanização da assistência de enfermagem,

com interação entre os cuidadores/familiares.

É importante abordar a necessidade de humanização do

cuidado de enfermagem a pacientes em coma e a atenção ao

seu familiar. Este processo de interação visa, sobretudo, tornar

efetiva a qualidade da assistência ao indivíduo doente. No en-

tanto, tem sido uma tarefa difícil devido à própria e complexa

dinâmica da UTI que envolve a equipe de enfermagem.

Uma razão, talvez, seja em decorrência da grande demanda

que pode tornar a prática do cuidar muitas vezes impessoal,

ocultando o prazer do ser e do fazer da enfermagem. A preo-

cupação com os aspectos administrativos do cuidado consome

parte significativa das horas de trabalho do enfermeiro, favo-

recendo o distanciando de suas metas. Consequentemente, o

cuidado ao paciente delegado a outros profissionais deixa de

utilizar a família como parceira nesta assistência^11.

Há necessidade de identificar fatores, positivos ou

negativos, que possam interferir no cuidado aos pacientes

comatosos. Verificar as dificuldades percebidas pela equipe

de enfermagem favorecerão a humanização no atendimento,

possibilitando um vínculo entre quem cuida, família e quem é

cuidado. Deve haver resolutividade nas ações de enfermagem

com enfoque nas necessidades humanas básicas.

É fato que uma situação real de risco de morte gera uma

elevada tensão emocional para o profissional de enfermagem

e, assim, utilizam-se meios para não expor suas incapacidades,

vulnerabilidades e não envolver-se emocionalmente^10.

O enfermeiro sofre com a tensão vivenciada no ambiente

de UTI. É quase certo que cada profissional esboce diferentes

reações ao assistir o paciente grave e, novamente, o não envol-

vimento emocional se apresenta como um fator limitante no

inter-relacionamento profissional–cliente–familiar^2.

Com a intenção de sistematizar o processo de enfrenta-

mento, pesquisas mostraram a importância do relacionamento

terapêutico^14. Os profissionais de enfermagem, nesses estudos,

tiveram a oportunidade de expor seus medos e ansiedades na

dinâmica de trabalho, contribuindo, assim, para a diminuição

da tensão que o ambiente propicia.

Contraditoriamente, outros autores questionam a opinião

de alguns profissionais de saúde sobre a facilidade de exercerem

o cuidado de enfermagem em situações críticas, principalmente

ao paciente em coma, tendo em vista que sua comunicação

está prejudicada. Por este prisma, estratégias e planejamento

da assistência nesta situação podem ser desafiadoras, pois o

cuidado tecnicista pode prevalecer à humanização^10.

Por outro lado, a comunicação é o instrumento funda-

mental para que haja interação entre a equipe de saúde e o

paciente quando este se encontra aperceptível^5.

Do mesmo modo, pela comunicação o inter-relacionamento

acontece, amenizando as sensações de angústia vivenciadas pela

pessoa hospitalizada, aumentando sua confiança e auto-estima^15.

Os mesmos autores afirmam ainda que, em toda e qualquer

situação frente ao cliente a comunicação está presente.

Portanto, a comunicação é um ponto positivo que per-

meia a interação enfermeiro–cliente e que pode se tornar

terapêutico. Os cuidadores devem promover o bem-estar,

tanto para doentes quanto para familiares. Devem perceber a

importância do relacionamento, da presença, da comunicação,

da disponibilidade, de forma efetiva e com qualidade. Quando

os profissionais da enfermagem delegarem atividades admi-

nistrativas, como normas e rotinas e se envolverem de forma

comprometida com os cuidados humanos, aliados à habilidade

técnico-científica, obterão resultados mais positivos frente ao

processo de humanização da assistência^15.

O cuidar é apoiado, fundamentalmente, na disponibilidade

da equipe de enfermagem para unir razão e sensibilidade,

subjetividade e objetividade1,4,5. Neste contexto, o enfermeiro

que proporciona o inter-relacionamento com clientes e seus

familiares consegue planejar um cuidado humanizado e, fa-

vorecido pela colaboração da família, promove uma relação

de confiança para a qualidade da assistência.

Além disso, a longa permanência do paciente no hospital pos-

sibilita a criação de importantes vínculos, podendo contribuir nos

processos decisórios e nas ações desenvolvidas com o cliente^1.

Matsuda et al.^13 mostram em sua pesquisa que o inter-

relacionamento e a comunicação entre enfermeiro–cliente–fa-

miliar favorecem a qualidade de vida de todos, principalmente

porque a Unidade de Terapia Intensiva é um ambiente tenso

e angustiante, que gera estresse e desgaste físico. Acrescenta

que o inter-relacionamento entre enfermeiro–cliente–familiar

é tão ou mais importante que a assistência técnica-científica

e que os pacientes só conseguem suportar longos períodos

de internação pela atenção dada a eles.

A sobrevivência do indivíduo é o foco de toda a atividade

de uma UTI. Quando um cliente em coma permanece em

longo período de internação, a família deve ser abordada, e o

enfermeiro deve valorizar seus sentimentos e queixas.

Nesse sentido, o relacionamento com o familiar pode se

tornar terapêutico, ou seja, a família começa a confiar e ajudar

os profissionais que estão promovendo a assistência ao seu

ente, favorecendo o diálogo e o respeito mútuos.

Dos fatores comportamentais positivos identificados na

dinâmica da assistência de enfermagem em UTI, a comunicação,

a interação interpessoal, a percepção da comunicação verbal

e não verbal e o relacionamento terapêutico predominaram

em todas as obras selecionadas.

A comunicação se mostrou como o grande fator positivo

na relação entre a equipe de enfermagem, família e pacientes

em coma, destacando-se como interlocutor do processo de

interação entre eles.

Nos aspectos negativos, destacaram-se as condutas

mediadas por insensibilidade afetiva, o cuidado tecnicista,

a ansiedade dos profissionais na rotina diária com pacientes

graves, a alta rotatividade destes profissionais, o elevado

número de absentismo, a insatisfação no trabalho, a exigida

agilidade na assistência e a grande demanda.

Fica evidente que estes fatores são inter-relacionados, tal

como o absentismo elevado que, talvez, ocorra em decorrência

da insatisfação destes profissionais no ambiente de trabalho.

Contudo, é importante ressaltar que se devem excluir os

componentes pessoais.

A dificuldade de relacionamento, seja pelo envolvimento

emocional excessivo ou o não envolvimento, pode ser preju-

dicial na relação enfermeiro–cliente–familiares e limita suas

ações. Sendo assim, há necessidade de promover um ajuste

que mantenha o equilíbrio situacional e comportamental nesta

relação. É fato que a assistência de enfermagem ao paciente

em coma e seu familiar encontra-se fragmentada.

A focalização do cuidado de enfermagem nos princípios da

humanização, aliando o cuidado técnico ao cuidado emocional,

possibilita a solução de vários problemas que interferem no re-

lacionamento enfermeiro–paciente–família. Permite, ainda, aos

profissionais lidar com as limitações e conflitos de uma forma

mais saudável, respeitando valores e concepções do outro.

Desta forma, a identificação de fatores comporta-

mentais intervenientes na comunicação, relevante elo de

humanização da assistência, favorece o desenvolvimento

de estratégias que fortalecerão a construção individual e

melhor enfrentamento profissional.

  1. Oriá MOB, Moraes LMP, Victor JF. A comunicação como instrumento do enfermeiro para o cuidado emocional com o cliente hospitalizado. Rev Eletrônica Enfermagem [peri- ódico on-line ] 2004;6:292-5. Disponível em: <http://www. fen.ufg.br> [11/09/2005].
  2. Fiorano AMM. O impacto das emoções no processo ensino- aprendizagem no curso de graduação em Enfermagem. São Paulo; 2002. [Dissertação de Mestrado – Psicologia da Educação] – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC).
  3. Damas KCA, Munari DB, Siqueira KM, Cuidando do cui- dador: reflexões sobre o aprendizado dessa habilidade. Rev Eletrônica Enfermagem [periódico on-line ] 2004;6:2. Disponível em: http://www.fen.ufg.br [21/05/2005].
  4. Nascimento ERP, Trentini M. O cuidado de enfermagem na UTI: Teoria Humanística de Paterson e Zderad – Rev Latino-americana Enfermagem 2004;12:250-7.
  5. Ferreira MIPR. A comunicação entre a equipe de saúde e o paciente em coma: dois mundos diferentes em intera- ção. Florianópolis, Setembro de 2000. [Tese de Mestrado]
  6. Pereira ER. No limiar da vida: a dimensão fenomenológica da percepção do cliente em coma. Rio de Janeiro, 2000. [Tese de Doutorado] – Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  7. Knobel E. Condutas no paciente grave. 2ª ed. São Paulo: Atheneu: 1998.
  8. Smeltzer SC, Bare BG. Brunner/Suddarth – Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 7ª ed. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro: 1994.
  9. Guyton AC. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan: 1989. 10. Silva MJP, Dobro ERL. Reflexões sobre a importância da mente na recuperação do paciente em coma. Rev Mundo Saúde 2000;24:249-54. 11. Lino MM. Qualidade de vida e satisfação profissional de enfermeiras de uma Unidade de Terapia Intensiva. São Paulo, 2004. [Tese de Doutorado] – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. Disponível em: <http.www. bancodeteses/usp.com.br>. 12. Casate JC, Corrêa AK. Humanização do atendimento em saúde: conhecimento veiculado na literatura brasileira de enfermagem. Rev Latino-americana de Enfermagem 2005;13:1-13. 13. Matsuda LM, Silva N, Tisolin AN. Humanização da assis- tência de enfermagem: estudo com clientes no período pós-internação de uma UTI-adulto. Acta Scientiarum Health Sciences 2003;25:163-70. 14. Gutierrez BAO. O processo de morrer no cotidiano do trabalho dos profissionais de enfermagem em unidades de terapia intensiva. São Paulo; 2003 [Tese de Doutorado] - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. 15. Paula AAD, Furegato ARF, Scatena MCM. Interação enfer- meiro-familiar de paciente com comunicação prejudicada. Rev Latino-americana Enfermagem. 2000; 8:45-51.

Endereço para Correspondência: Rosangela Filipini Faculdade de Medicina do ABC Avenida Príncipe de Gales, 821 CEP 09060-650 – Santo André (SP) Tel.: (11) 4993-5435 / Fax: (11) 4993- E-mail: r.filipini@ig.com.br

Referências bibliográficas