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Este artigo analisa a relação entre a depressão e a doença de alzheimer (da), explorando estudos que demonstram uma maior prevalência de depressão em pacientes com da e aqueles que sugerem que a depressão pode ser um pródromo ou um sintoma inicial da doença. O artigo também investiga a associação entre depressão, disfunção do hipocampo e da, considerando estudos que mostram maior prevalência de depressão em pacientes com da e possíveis mecanismos subjacentes, como inflamação crônica e disfunção neurotrófica.
Tipologia: Resumos
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Depressão
A depressão é um transtorno de saúde mental grave e comum que afeta diversos aspectos da vida diária, como trabalho, sono, estudo, alimentação e bem-estar(OPAS; 2022). Segundo a OMS, aproximadamente 5% dos adultos no mundo sofrem com essa condição(OMS; 2022). A CID-11 define a depressão como um estado afetivo negativo com sintomas como mau humor, vazio, desesperança e desânimo (CID-11; 2022).
O DSM-5 apresenta uma classificação dos transtornos depressivos, incluindo diferentes subtipos como transtorno disruptivo de desregulação do humor, transtorno depressivo maior, transtorno depressivo persistente, transtorno disfórico pré-menstrual, entre outros. Esses transtornos têm em comum a presença de humor triste, vazio ou irritável, acompanhado de alterações cognitivas e somáticas que afetam significativamente o funcionamento diário. A duração, o momento e a etiologia são características que os diferenciam. O transtorno disruptivo de desregulação do humor é adicionado aos transtornos depressivos para crianças até 12 anos e se caracteriza por irritabilidade persistente e episódios frequentes de descontrole comportamental extremo. O transtorno depressivo maior é a forma clássica desse grupo de transtornos, com episódios distintos de pelo menos duas semanas de duração. Já o transtorno depressivo persistente, também conhecido como distimia, é uma forma crônica de depressão que perdura por pelo menos dois anos em adultos e um ano em crianças. O transtorno disfórico pré-menstrual é um transtorno depressivo específico que ocorre após a ovulação e remite poucos dias após a menstruação, causando impacto significativo no funcionamento. Além disso, substâncias de abuso, certos medicamentos e condições médicas podem estar associados a sintomas semelhantes à depressão, o que é abordado pelos diagnósticos de transtorno depressivo induzido por substância/medicamento e transtorno depressivo devido a outra condição médica. O transtorno disruptivo de desregulação do humor é adicionado para distinguir crianças com irritabilidade persistente das que apresentam transtorno bipolar clássico. Os critérios diagnósticos para o transtorno disruptivo de desregulação do humor incluem explosões de raiva recorrentes e graves, humor irritável persistente, duração dos sintomas por pelo menos um ano, impacto nos diferentes ambientes da criança e exclusão de outros transtornos mentais. (DSM-5; 2013).
Em 2019, 10,2% dos brasileiros com mais de 18 anos foram diagnosticados com depressão, um aumento de 34% em relação a 2013. As mulheres relataram o diagnóstico 2,8 vezes mais do que os homens. Os idosos entre 60 e 64 anos foram os mais afetados, 13,2% tinham sido diagnosticados com depressão. Jovens e adultos de 18 a 29 anos apresentaram o menor percentual, com 5,9%, porém foi observado entre este grupo o maior aumento de casos, com 51%. E em seguida os idosos de 75 anos ou mais com 48% de aumento. (IBGE; 2019).
Relação depressão e Alzheimer
A doença de Alzheimer é a patologia neurodegenerativa mais associada à idade , com manifestações cognitivas e neuropsiquiátricas, incluindo incapacidade progressiva e eventual incapacidade. Em geral, o primeiro aspecto clínico é o déficit de memória recente, enquanto as memórias distantes correspondem a um determinado estágio da doença. Em pessoas com DA, a prevalência aos 65 anos é inferior a 1%, mas aumenta para 5-10% aos 65 anos, atingindo 30-40% após os 85 anos. Embora a idade seja considerada o principal fator de risco para o desenvolvimento, existem outros fatores predisponentes como traumatismo cranioencefálico , idade paterna, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, escolaridade, uso de anti-inflamatórios e depressão. IGOR DUTRA BRAZ (dezembro, 2020).
Inicialmente, foram encontrados 428 resultados. Os resumos dos artigos foram lidos e, não correspondendo aos objetivos desta busca, os artigos foram excluídos. Posteriormente, foi realizada a leitura completa dos artigos e, após esta leitura, 72 artigos não estavam atendendo aos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Portanto, foram selecionados 14 artigos pertinentes aos objetivos deste. De acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, ele constatou que a depressão, considerada como um fator para o desenvolvimento da DA, é a teoria mais aceita atualmente, corroborada pelo fato de mais publicações de artigos científicos apontarem para tal hipótese como verdadeira. Dos 6 estudos que determinaram que a depressão era um fator de risco para o desenvolvimento da doença de Alzheimer, três conduziram suas pesquisas com os dados contidos no banco de dados chamado National Alzheimer’s Coordinating Center (NACC). O NACC desenvolveu e mantém um grande banco de dados padronizado de pesquisas clínicas e neuropatológicas e um recurso valioso para pesquisas exploratórias e explicativas sobre a doença de Alzheimer. Seus dados são de livre acesso a todos os pesquisadores. Desses três estudos que utilizaram como base o NACC, o mais recente com maior tamanho amostral é o de Burke et al., com um número de 12.053 pacientes. IGOR DUTRA BRAZ (dezembro, 2020).
Foi concluído no estudo citado que houve uma associação importante (p <0,001) entre indivíduos que relataram depressão nos últimos dois anos e a ocorrência de diagnóstico de doença de Alzheimer (DA), com um Hazard Ratio de 2,32 [IC95%, 1,87 -2,88], em comparação com aqueles que não foram diagnosticados com depressão. O estudo também avaliou distúrbios do sono e ansiedade, encontrando que essas doenças também são fatores de risco para DA. O segundo maior estudo, realizado por Burke et al. (2016), com uma amostra de 11.453 participantes cognitivamente assintomáticos, encontrou associação significativa (p <0,001) entre indivíduos com depressão nos últimos dois anos e diagnóstico de DA. Além disso, o estudo avaliou a relação entre distúrbios do sono, genótipo da apolipoproteína E
diabetes isoladamente. Saczynski et al. (2010) estabeleceram a relação entre DA e depressão em uma coorte de acompanhamento de 17 anos e descobriram que os participantes deprimidos tiveram uma probabilidade de 1,5 vezes maior de desenvolver DA em comparação com aqueles que não estavam deprimidos. Quando incluídos os medicamentos antidepressivos no tratamento da depressão, os participantes deprimidos tiveram um risco 50% maior de desenvolver DA em comparação aos que não estavam deprimidos (SACZYNSKI et al., 2010). IGOR DUTRA BRAZ (dezembro, 2020).
Diversos estudos apontam para a possibilidade de a depressão ser um dos sintomas da Doença de Alzheimer (DA). Em um estudo de Seung-Ho et al. (2017), foi encontrado que 13,29% dos pacientes com DA sem depressão inicial apresentaram sintomas depressivos ao longo do tempo, com uma incidência de episódios depressivos de 1,68% quando avaliados pelo MINI, resultados semelhantes aos de Weiner et al. (1994). No estudo de Usman et al. (2010), a frequência de sintomas depressivos foi de 25% sem depressão, com maior incidência no sexo feminino. O estudo de Mossaheb et al. (2012) revelou que 10,8% dos pacientes com demência de Alzheimer apresentam sintomas depressivos, contra 2,2% no grupo sem demência. O estudo de Arbus et al. (2011) avaliou a incidência de sintomas depressivos em pacientes com DA sem depressão e sem tratamento com antidepressivos ao longo de 4 anos, e encontrou uma taxa de 17,45% de pessoa/ano, identificando a duração da doença e o número de comorbidades como fatores de proteção e agitação, agressão e distúrbios do sono como fatores preditivos. IGOR DUTRA BRAZ (dezembro, 2020).
Dois outros estudos sugerem que depressão pode ser um pródromo da DA. O estudo de Lu et al. (2009) associou cada ponto de aumento no BDI a 3% de aumento do risco de desenvolver DA. O estudo de Wu et al. (2013) sugere que a depressão de início tardio pode ser o pródromo ou o início precoce da manifestação clínica da DA, especialmente em pacientes com APOE4, mas alerta para a necessidade de ampliar o tamanho da amostra para validar esses achados. Cada estudo usou diferentes ferramentas para diagnosticar os sintomas depressivos. IGOR DUTRA BRAZ (dezembro, 2020).
Os estudos não encontraram uma forte associação entre a doença de Alzheimer (DA) e depressão. O primeiro estudo, realizado por Wilson et al. (2010), relatou um aumento quase imperceptível de sintomas depressivos durante 6 a 7 anos antes do diagnóstico, afastando a ideia de que a depressão poderia ser um sintoma prodrômico da DA. Além disso, o estudo sugere que a DA pode diminuir o diagnóstico dos sintomas depressivos, colaborando com a ideia apresentada no estudo de Holtzer et al. (2005) Li, Meyer e Thornby (2001). Já o segundo estudo, realizado por Tapiainen et al. (2017), identificou que a depressão estava associada a um maior risco de DA, entretanto, essa associação desapareceu quando a janela de 10 anos foi aplicada. Estes resultados podem ser devidos ao diagnóstico incorreto de sintomas prodrômicos da DA como distúrbios mentais e comportamentais ou porque alguns casos diagnosticados como DA são na verdade formas de demência mista (DA e doença de corpúsculo de Lewy), que apresentam sintomas como
delírios e alucinações, que podem ter sido erroneamente diagnosticadas como alterações mentais. A maioria das evidências científicas sugere que a depressão seja um fator de risco para o desenvolvimento de DA, mas a relação ainda não está completamente elucidada. IGOR DUTRA BRAZ (dezembro, 2020).
Hipocampo
Uma importante estrutura curva e de pequeno tamanho presente no cérebro é o hipocampo, que faz parte do sistema límbico. Essa região tem influência na capacidade de formar novas memórias e se relaciona com o processo de aprendizagem e emoções. O hipocampo é fundamental na organização, armazenamento e formação de novas memórias, estabelecendo conexões entre as sensações e emoções sentidas em determinados momentos. (CENTRO UNIVERSITÁRIO ÍTALO BRASILEIRO. 2019)
Hipocampo e depressão
O estresse é uma ameaça à homeostase, podendo ser causado por fatores físicos e psicológicos. A liberação de glicocorticóides (GC) em resposta ao estresse afeta o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA) e desempenha um papel na resposta adaptativa ao estresse. No entanto, a persistência e intensidade do estresse podem levar a um funcionamento hiperreativo do eixo HPA, prejudicando o organismo. O estresse é um fator de risco para a depressão, com cerca de 60% dos casos de depressão sendo precedidos por eventos estressantes. O controle inibitório do eixo HPA parece estar comprometido em pacientes deprimidos, manifestando-se por níveis elevados de cortisol e falta de resposta ao teste de supressão. Alterações na estrutura e função do hipocampo também são observadas em pacientes deprimidos e em indivíduos com a síndrome de Cushing. O hipocampo desempenha um papel na resposta ao estresse, sendo ativado por estressores e participando do processamento de informações relacionadas a eventos ameaçadores. A exposição a estressores induz alterações no hipocampo, incluindo remodelamento dendrítico e diminuição da neurogênese. Níveis elevados de cortisol estão relacionados à atrofia hipocampal em humanos, enquanto o tratamento com antidepressivos aumenta a neurogênese e a expressão do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) no hipocampo. A hipótese de que o estresse tem um efeito neurotóxico no hipocampo e que os antidepressivos atuam prevenindo ou revertendo esses efeitos ganhou destaque. No entanto, essa hipótese ainda não é considerada a explicação definitiva para a depressão, e há desafios em compreender como os novos neurônios gerados estão relacionados com a melhora dos sintomas depressivos e as funções do hipocampo. A neurogênese no hipocampo gera neurônios funcionais e integrados nos circuitos hipocampais, conferindo maior plasticidade ao hipocampo. Esses novos neurônios podem desempenhar um papel no processamento de tarefas cognitivas e no aprendizado. A inibição da neurogênese devido ao estresse pode prejudicar a aquisição e consolidação de respostas adaptativas.