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Reforma Calvinista - Resumo Histórico, Resumos de Teologia

Resumo histórico da Reforma na Suiça e França

Tipologia: Resumos

2021

Compartilhado em 20/07/2021

marcus-de-mendonca-5
marcus-de-mendonca-5 🇧🇷

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ÍNDICE

  • Introdução.................................................................................................................................
  • 1- Reforma Calvinista: Formação de Calvino...........................................................................
  • 2- Reforma Calvinista: Institutas da Religião Cristã.................................................................
  • 3- Reforma Calvinista: Entre Estrasburgo e Genebra................................................................
  • Conclusão..................................................................................................................................
  • Bibliografia...............................................................................................................................

Introdução

Enquanto a Reforma Luterana foi iniciada em um ambiente acadêmico, a reforma Calvinista se originou de várias tentativas de reforma voltadas a ética e o culto da igreja fundamentados de forma mais próxima possível das Escrituras. Desde de Ulrico Zuínglio, a reforma na Suíça foi se expandindo de Zurique para Berna e depois para Genebra como centro principal da igreja Reformada. Seu programa de reforma era de cunho institucional, social, ético, sendo semelhante, em muitos aspectos, às exigências de reforma emanadas do movimento humanista. MCGRATH, 2005 Enquanto Lutero com seu estilo propulsor do novo movimento, Calvino foi um pensador cuidadoso, elaborou diversas doutrinas buscando coerência na teologia cristã. João Calvino pertenceu a segunda geração de reformadores. Calvino, como homem da segunda geração, não permitiu que a doutrina da justificação eclipsasse o restante da teologia cristã, e, por isso, deu mais atenção a aspectos do cristianismo que foram postergados por Lutero, em particular, a doutrina da santificação. GONZÁLEZ, 2011 Calvino não teve as crises espirituais que Lutero teve, porém, enfrentou problemas de saúde em todo o período de trabalho em Genebra. Calvino preferia o estudo solitário do que as mesas repletas de pessoas conversando sobra diversos assuntos como era na casa de Lutero. Enquanto Lutero enfrentou uma Alemanha monárquica buscando apoio da aristocracia e dos príncipes, Calvino vivia numa Suíça republicana, e focava-se numa igreja governada representativamente. Calvino preocupava-se com a formulação de um sistema formal de teologia. Ambos aceitaram a autoridade da Bíblia, só que a ênfase maior de Lutero era a justificação pela fé, ao passo que a de Calvino estava na soberania de Deus. CAIRNS, 2008 Calvino rejeitava tudo que não pudesse ser provado pela Bíblia, principalmente, praticas do passado. Essa ênfase vem de Zuínglio, reformador suíço da primeira geração. E Calvino afirma que a única forma autorizada de ensino da igreja é a Palavra de Deus, negando qualquer ensino que não seja comprovado pelas Escrituras. Nas Institutas, Calvino escreveu: Que seja este um firme princípio: Nenhuma outra palavra deve ser dita como Palavra de Deus, e dado lugar como tal na igreja, do que é contido primeiramente na Lei e nos profetas, e depois nos escritos dos apóstolos: a única forma autorizada de ensino na igreja é por meio da prescrição e do padrão de sua Palavra. REEVES e CHESTER (2017)

1- Reforma Calvinista: Formação de Calvino

João Calvino nasceu na cidade de Noyon, na França, em julho de 1509. Filho de família da classe média da cidade, cujo a mãe faleceu quando tinha entre 5 e seis anos de idade. Praticamente criado pelo pai, Geraldo Cauvin, que era secretário do bispo e procurador da biblioteca da catedral. A família de Calvino recebia muitos benefícios eclesiásticos, o próprio Calvino exerceu cargos eclesiásticos, mas nunca foi ordenada sacerdote romano. Com quatorze anos foi para Paris onde estudou no Colégio de la Marche e, em seguida no Colégio de Montaigu , onde estudou Erasmo de Roterdã, e era a Faculdade de Artes de Paris. Calvino recebeu notável instrução em latim, educado na filosofia aristotélica e na logica nominalista. Teve contato com o humanismo e as doutrinas de Wycliffe, Huss e Lutero, por conta das discussões teológicas da época. Porém, Calvino estava ainda envolvido com as superstições do papado. O domínio e habilidade de Calvino nas formas predominantes de argumentação latina, bem como sua seriedade religiosa e ética, podem estar por traz da lenda de que seus colegas de classe o apelidaram de “acusativo”. LINDBERG, 2017 Em 1529, obteve o grau de Mestre em Artes e seu pai tinha planos para Calvino seguir a teologia e o sacerdócio, porem em 1527 estava com problemas com o colegiado de clérigos da catedral de Noyon e resolveu que seu filho estudasse direito. Calvino foi para Orleans, onde conheceu Pierre de l’Estoile, tradicional nos métodos de interpretação das leis, e depois, foi para Bourges estudar jurisprudência sob a orientação de outro celebre jurista, Andrea Alciati, um humanista presunçoso. Porém, Calvino se interessava mais pelos métodos tradicionais, isso, segundo GONZÁLEZ (2011) é uma amostra de que Calvino não simpatizava com a presunção dos famosos humanistas. Mesmo assim, Calvino se envolveu nos estudos humanistas em círculos de estudiosos admiradores de Erasmo. Nessas duas universidades, Calvino estudou grego com auxílio do erudito alemão Melquior Wolmar. Em 1530, Calvino se ocupou em seu projeto de preparação do comentário sobre a obra de Sêneca, De clementia. Obra marcada pelo profundo senso moral, porem Calvino não demonstrou interesse pelas questões religiosas da época. Foi uma resposta ao contexto político frágil daquele período na França com o absolutismo real. Para WALKER (2006), Calvino era, nesse período, um humanista entusiasta e profundamente culto. Aparentemente um fracasso editorial, a obra [comentário da obra De clementia ], no entanto, mostra a habilidade linguística precoce de Calvino e seu conhecimento profundo dos clássicos. LINDBERG, 2017

Calvino se forma em direito e com a morte de seu pai, em 1531, deixou-o livre para decidir sua vida como queria, resolveu continuar seus estudos em grego e iniciou hebraico no Collège de France , instituição humanista fundada em 1530 pelo rei Francisco I em Paris. Foi nesse período que ele se dedicou ainda mais na sua obra De clementia , publicada em 1532. Diferente de Lutero, Calvino narra muito pouco sobre a sua conversão. Através de seus estudos das Escrituras e da antiguidade cristã, ele chegou a convicção de que teria de abandonar a comunhão romana e seguir o caminho dos protestantes. Segundo CAIRNS, Calvino se converteu entre a conclusão do comentário da obra De clementia e o fim de 1533. No final de sua vida, Calvino falou de sua conversão em seu prefacio de seu comentário dos Salmos de 1557. Calvino cita a providencia de Deus em mudar o rumo de sua vida: O que primeiro aconteceu foi que, por uma conversão inesperada, Deus domou uma mente teimosa demais para ser ensinável. Era tão devoto das superstições do papado no decorrer dos anos que nada menos [que uma intervenção divina] podia me tirar das profundezas do lamaçal [cf. Salmos 40:1-11]. LINDBERG,

Calvino e das polemicas em que se envolveu, bastaria comparar as edições sucessivas das Institutas. GONZÁLEZ (2011) Essa primeira versão das Institutas já era a apresentação popular mais ordenada e sistemática da doutrina e da vida cristã que a reforma produziu, segundo WALKER (2006). Calvino reconhecia que sua obra não poderia ser feita sem o trabalho anterior de Lutero. Para CAIRNS (2008), a influência do Catecismo de Lutero é percebida na sequência da primeira edição das Institutas. WALKER defende que do reformador alemão ele se apropria dos conceitos de justificação pela fé e dos sacramentos como selos das promessas Divina. Calvino extrai muito do seu amigo Martin Bucer com relação a glória de Deus como objetivo para o qual todas as coisas são criadas, na predestinação como doutrina de confiança cristã e nas consequências da eleição divina como um esforço para uma vida em conformidade com a vontade de Deus. Para Calvino a natureza dá a humanidade a capacidade de conhecimento por meio do testemunho de consciência. Porém, apenas as Escrituras podem fornecer o conhecimento salvífico adequado. A obediência a vontade de Deus é o dever principal do ser humano, pois tal obediência foi perdida em Adão e a humanidade é incapaz de tal tarefa. Somente mediante a obra de Cristo, que pagou o preço pelos pecados daqueles pelos quais morreu. Para Calvino, foi um ato livre da parte de Deus. Se todo o bem provem de Deus, e os pecadores são incapazes de se converterem, conclui-se que a razão por que alguns são salvos e outros não, é a escolha divina. Para Calvino a eleição (ou predestinação) nunca foi um tópico de especulação, mas sim uma doutrina de conforto cristão. O fato de Deus ter um plano de salvação para cada pessoa, individualmente, seria uma inabalável rocha de confiança, não somente para alguém convicto de sua própria indignidade, mas ainda para alguém cercado por forças adversas, ainda que representadas por sacerdotes e reis. Isso faria do crente um cooperador de Deus no cumprimento da vontade deste mesmo Deus. WALKER, 2006 Para Calvino a manutenção da vida cristã se estabelece em três instituições: a igreja, os sacramentos e o governo civil. A igreja deve ter seus oficiais (pastores, mestres, presbíteros e diáconos) que possuem “vocação” dupla, a secreta dada por Deus e a “aprovação do povo”. O reformador defendia a voz do povo na escolha de seus dirigentes. É nesses oficiais que Calvino defende total poder na disciplina de seus membros independente do governo civil. O batismo e a ceia do Senhor são os únicos sacramentos para Calvino. A ceia do Senhor é uma das principais discursões teológicas entre os reformadores, e Calvino defendeu

uma posição intermediaria entre Lutero e Zuínglio. Para ele a presença de Cristo na comunhão é real, porem espiritual, assim, não é mero símbolo, como defende Zuínglio, ou exercício de devoção, mas há uma verdadeira ação da parte de Deus na comunhão em benefício da igreja que participa dela. Os crentes são levados pelo poder do Espírito Santo ao céu, e participam com Jesus de uma antecipação do banquete celestial. Para Calvino à ubiquidade de do Cristo ascendido na visão luterana compromete a continua humanidade de Cristo. Não será um corpo humano se não estiver em um lugar especifico. Como, então, o corpo de Cristo pode estar visível em um lugar (no céu), pergunta Calvino, e invisível ou escondido em outro (no pão da comunhão)? “Onde está a própria natureza de um corpo”, ele pergunta, “e onde está sua unidade? ”. Ele fala “daquela noção insana [...] de que seu corpo teria sido engolido por sua divindade”. REEVES e CHESTER, 2017 Quando Jesus disse: Este é o meu corpo”, não deveria pensar que o pão se transforma em carne humana, dizia Calvino, pois quando falou que era uma rocha não concluímos que seja uma pedra inanimada. A questão da presença física, para Calvino, não faz sentido algum se Cristo prometeu e nos deixou o Espírito Santo como seu substituto. Calvino entende que na ceia do Senhor “nos são oferecidos todos os dulçores do Evangelho”. Na santa ceia temos uma representação real da unidade da Igreja em Cristo Jesus a qual deve ser preservada. MAIA, 2007 Com os anos posteriores, Calvino continuou preparando e aperfeiçoando novas edições das Institutas , que foi crescendo ao passar dos anos. Em Estrasburgo a edição de 1539 Calvino manteve em latim, porem a edição francesa de 1541 publicada em Genebra foi na língua da nação. As últimas edições produzidas foram as de 1559 (latim) e 1560 (francês), são essas os textos definitivos das Institutas. São quatro livros, o primeiro, com focos em Deus e sua revelação, o segundo, Deus como redentor, o terceiro, a participação do Espirito na graça de Jesus Cristo, e por último, os meios para a participação da graça, a igreja e os sacramentos. Por toda a obra, manifesta-se um conhecimento profundo, não só das Escrituras, mas também de antigos escritos cristãos, particularmente Agostinho, e as controvérsias teológicas do século XVI. Sem dúvida, essa foi a obra-prima de teologia sistemática protestante em todo esse século. GONZÁLEZ (2011) O que se comenta mais sobre Calvino e o Calvinismo é a doutrina da predestinação. Porém, não era o assunto central do reformador, pois sua maior preocupação era de ser o mais fiel possível às Escrituras e expor de forma clara seus ensinamentos.

3- Reforma Calvinista: Entre Estrasburgo e Genebra

Calvino já ocupado com pensamentos teológicos e reformados, ainda participava dos círculos humanistas, e um de seus líderes, Nicolau Cop em 1533 proferiu um discurso de posse como reitor da universidade de Paris, e nele pediu reformas, usando linguagens emprestada de Erasmo e Lutero. Muitos acusaram Cop de propagandista luterano, pois o rei já havia prendido alguns luteranos. Segundo WALKER (2006) é provável que Calvino tenha escrito aquele discurso. O discurso provocou oposição do rei Francisco I, assim, Cop e Calvino tiveram que procurar refúgio. Com a finalidade de romper com a igreja romana, em 1534, Calvino foi a sua cidade natal, Noyon, renunciou aos seus benefícios eclesiásticos que seu pai conseguira e era sua principal fonte de sustento econômico. E em 1535, foi para Basiléia, onde encontrou segurança naquela cidade protestante. ... a França progredia em direção a uma monarquia centralizada e absolutista. Tolerar movimentos de reforma incompatíveis com seu desejo de criar unidade política e nacional não era, de modo nenhum, de interesse político – muito menos religioso – do rei Francisco I. LINDBERG, 2017 Com a publicação das Institutas , em 1536, Calvino visita a corte de Ferrara, na Itália, compartilha suas ideias com a duquesa Renata, faz uma passagem rápida pela França e segue rumo a Estrasburgo, onde a causa reformadora crescia em meio a grande atividade teológica e literária. Porém, devido aos perigos de uma guerra ele foi obrigado a desviar para Genebra. Uma cidade confusa com relação a reforma. Muitos missionários da cidade de Berna chegaram e conseguiram apoio de dois grupos: os leigos instruídos, que sonhavam por uma reforma na igreja, e a forte burguesia da cidade, que queriam ganhar vantagens e liberdades que não tinham no regime católico romano. Com um clero de baixa instrução e pouca convicção, simplesmente, seguiam ordens do governo da cidade, quando eles aboliram a missa e abraçaram a reforma. Guilherme Farel, um dos missionários de Berna que estabeleceu a reforma em Genebra, soube da chegada de Calvino na cidade e imediatamente o procurou e pediu sua ajuda. Farel precisava de alguém mais capacitado administrativa mente que ele. Farel apresentou a Calvino várias razões para que ele ficasse em Genebra. O reformador ouviu atentamente mas negou o convite, pois tinha planos em Estrasburgo, continuar estudos específicos e termina-los. Depois de ouvir Calvino, Farel apelou para o Senhor de ambos e disse para Calvino:

“Deus amaldiçoe teu descanso e a tranquilidade que buscas para estudar, se diante de uma necessidade tão grande te retiras e te negas a prestar socorro e ajuda” (GONZÁLEZ, 2011) Essas palavras espantaram Calvino e “quebraram as barreiras” que dificultavam sua estadia em Genebra, e ele desistiu de continuar sua viagem para Estrasburgo. Assim, inicia sua jornada na igreja em Genebra. Farel via Calvino como alguém que fora literalmente enviado por Deus em favor da causa protestante, exortando-o a permanecer e a se juntar ao trabalho de reformar Genebra. LINDBERG, 2017 Disposição insociável, tímido, segundo o próprio Calvino, gostava do isolamento e da tranquilidade. O objetivo do reformador era viver sempre no anonimato. Para Calvino, segundo LINDBERG (2017), Farel não o manteve em Genebra somente pelo conselho ou pedido, mas por uma insistência temível, como se fosse Deus segurando Calvino pela mão para nãos sair de Genebra. Calvino começou de forma discreta seus trabalhos em Genebra, ensinava Bíblia, depois passou a pregar, fez um trabalho conjunto auxiliando ministros e autoridades civis de Berna a estabelecerem comunidade da reforma em Vaud e Lausana. Farel e Calvino tinha em mente três objetivos para Genebra. Primeiro, era fazer da cidade uma comunidade modelo no movimento reformador, com isso, queriam a aceitação do Conselho da cidade de uma série de recomendações propostas por eles dois que incluía, por exemplo, a celebração mensal da ceia e a formação de um sistema de regulação da disciplina na igreja com relação aos indignos. Nesse caso, o governo da cidade escolheria pessoas de boa conduta para juntamente com os ministros tomar decisões de excomunhão ou não de uma pessoa. O segundo objetivo era a adoção do catecismo elaborado por Calvino, e a terceira a imposição de um credo, possivelmente de autoria de Farel. O pequeno conselho da cidade aceitou tais recomendações, mas fez algumas alterações. Pois, muitos não estavam dispostos a seguir o caminho que os reformadores, Calvino e Farel, ensinavam. E o conflito aumentou dento do assunto da excomunhão, pois Calvino defendia que a vida religiosa se conformasse com os princípios reformadores, retirando aqueles que não mudavam de vida (falta de arrependimento) da comunhão dos irmãos, ou seja, eram excomungados. Calvino e Farel foram acusados de arianismo por Pedro Caroli, ministro em Lausana. Mesmo sendo falsa a acusação, o caso gerou certa desconfiança com relação a nova disciplina e o novo credo. Daí o conselho tomou a decisão de liberar a ceia do Senhor a todos e para

formação do chamado “Consistório”, um grupo que governava a igreja, formado por pastores e doze leigos conhecidos como “anciãos”. Um texto muito mais preciso que o de 1537. [ Ordenanças Eclesiásticas ] delineavam as atividades de quatro classes de oficiais na Igreja. Elas estabeleciam uma associação de pastores para dirigir a disciplina; um grupo de mestres para ensinar a doutrina; um grupo de diáconos para administrar a obra de caridade; e, mais, importante que tudo, o consistório, composto de ministros e anciãos, para supervisionar a teologia e a moral da comunidade, com a faculdade de punir, quando necessário, com a excomunhão os membros renitentes. CAIRNS (2008) Conflitos entre o governo e o Consistório existiam sempre por conta da rigidez da regulação dos costumes que não agradava o governo. Daí surge Miguel Serveto, um médico espanhol, autor de livros de teologia e forte defensor da separação da igreja com o Estado, chegou a Genebra depois de escapar das mãos da Inquisição francesa. Outro problema era que Serveto via a doutrina da Trindade como uma ofensa a Deus. Calvino preparou 38 acusações contra ele e o governo pediu conselhos as regiões protestantes da Suíça, e todos concordaram que Serveto era um herege. Isso calou a oposição, e resolveram condenar Serveto a ser queimado, mas Calvino mudou a sentença para decapitação por ser menos cruel. A partir de então, esse episódio se tornou símbolo do dogmatismo rígido que reinava na Genebra de Calvino. Não há dúvida que há muito de verdade nisso. Todavia, não se deve esquecer que nessa época, e em diversas partes da Europa, tanto católicos como protestantes estavam procedendo de maneira semelhante contra aqueles que eram considerados hereges. O próprio Serveto foi condenado à fogueira pela inquisição francesa, que não pôde executar sua sentença por causa da fuga do réu. GONZÁLEZ, 2011 Na visão de Calvino somente Consistório poderia, se necessário, excomungar os que não se arrependessem. Porém, se fosse necessária uma pena maior, que levasse o caso às autoridades civis. Isso era a independência da igreja e Calvino lutou muito para que, somente em 1555, foi estabelecido. Calvino elaborou um novo catecismo e introduziu na liturgia da igreja de Genebra bases da liturgia da igreja de Estrasburgo. A nova liturgia dava lugar central ao canto congregacional, porém com relação a ceia o conselho estabeleceu quatro por ano, ao invés de um por semana como Calvino sugeria. A fama de Calvino atraiu grande número de refugiados da França, Itália, Países Baixos, Escócia e Inglaterra. Assim, além de Calvino, alguns ministros da igreja eram estrangeiros gerando desconforto com alguns opositores que reclamavam da rigidez da disciplina da igreja e eram de famílias tradicionais de Genebra. Surgiu então, o partido conhecido com os

Libertinos, sob a liderança de Ami Perrin que foi, antes disso, um dos mais vigorosos defensores de Calvino. De 1548 até 1555, foi um período de muita luta, em especial dois conflitos. O primeiro causado por Jeronimo Bolsec que acusou Calvino de erro em uma reunião da Congregação, ao afirmar que a predestinação tornava Deus o causador do pecado. Foi necessário consultar outros governos Suíços sobre o fato e com muita dificuldade Calvino conseguiu o banimento de Bolsec. Depois desse episódio, Calvino passou a insistentemente dá uma importância enorme a doutrina da predestinação como verdade cristã. O segundo conflito foi gerado por Miguel de Servetus, em 1535. As eleições sempre eram equilibradas, porem estava nesse ano favorável aos opositores de Calvino. Servetus um médico espanhol muito inteligente, que estudou em Paris tinha escrito “Sobre os Erros da Trindade”, em 1531, e foi forçado a se esconder, assim, mudou de identidade. A Trindade era uma das causas para a corrupção da igreja dizia Servetus. Em 1545, trocou cartas com Calvino criticando as Institutas. Um amigo de Calvino, Guilherme de Trie, forneceu as informações sobre Servetus, pois foi o próprio Guilherme que entregou ele nas mãos das autoridades eclesiásticas romanas em Lyon, onde conseguiu fugir e foi para Genebra. Não há evidencias sobre o motivo dele ter tomado este destino. Em Genebra, foi desmascarado por Calvino e os opositores do reformador recuaram, pois não podiam se posicionar em defesa de Servetus. Esse evento foi decisivo para as eleições e Calvino saiu vitorioso. Servetus foi condenado a morte e executado em 1553. CAIRNS comenta sobre a condenação de morte: Embora não se justifiquem tais atos, deve-se lembrar que o povo de então cria que tinha de seguir a religião do Estado e que a desobediência deveria ser punida com a morte. Essa convicção era compartilhada por protestantes e católicos. Hoje, algumas das normas de Calvino seriam consideradas interferências injustificadas na vida particular. CAIRNS, 2008 Bucer, Calvino e outros teólogos protestantes suíços e do sul da Alemanha, em 1549, firmaram o “Consenso de Zurique”, documento semelhante à “Concórdia de Wittenberg”, criada em 1536, para conciliar as diferenças doutrinarias dos movimentos reformadores. Havia agora certa “paz” em meio as diferenças entre os movimentos reformados. Mas em 1552, o luterano Joaquim Westphal publicou um ataque contra Calvino. Lutero já havia morrido e Melanchthon se negou a atacar Calvino. Westphal queria isso para se fortalecer e conseguiu criar um distanciamento entre os luteranos e os que aceitavam o

Conclusão

O reformador Escocês, João Knox, disse que Genebra era a mais perfeita escola de Cristo desde da época dos apóstolos, afirmou FERREIRA (2013). Ao morrer Calvino disse que era suficiente para ele viver e morrer para Cristo, que é, para todos os seus seguidores, um ganho tanto na vida quanto na morte. Assim, a seu pedido, não colocaram lapide em sua sepultura. Diferente de boa parte dos reformadores da primeira geração, Calvino não foi monge e nem ministro, pois não sabe ao certo, segundo LINDBERG (2017), se foi consagrado em Estrasburgo quando pastoreava na cidade. Nunca recebeu um treinamento formal em teologia, Calvino foi um teólogo autodidata. De todo seu esforço nos estudos, Calvino seguiu o caminho começando para soberania de Deus, mostrou a depravação total humana herdada de Adão. Sua teologia toma como isso como base. Salvação é Eleição incondicional, independe do mérito humano ou da presciência de Deus. Calvino cria, segundo CAIRNS (2008), a limitação da redenção, pois a obra de Cristo está restrita aos eleitos. Daí a doutrina da irresistibilidade da graça é necessária, pois irresistivelmente são salvos pela obra do Espirito Santo e jamais perderão a salvação, por conta da Perseverança dos santos defendida por Calvino. A influência de Calvino se espalhou muito além de Genebra, graças as Institutas , seu modelo de governo eclesiástico, sua universidade e suas produções literárias, seja comentários ou cartas. Seu pensamento inspirou as ideias protestantes da França, dos Países Baixos, da Escócia e dos puritanos ingleses. Penetrou na Polônia, Hungria, e antes de sua morte, no sudoeste da Alemanha. Seu sistema preparava pessoas fortes, certos de que foram eleitos para ser colaboradores de Deus na execução da sua vontade, corajosos na luta, exigentes quanto ao caráter, confiantes de que Deus dera nas Escrituras a norma de toda conduta humana correta e culto apropriado. WALKER, 2006 A visão entre Igreja e o Estado, segundo CAIRNS (2008), influencio o avanço da democracia, pois aceitava o princípio representativo da direção da Igreja e do Estado. Para Calvino ambos foram criados por Deus para o bem do homem, portanto deviam cooperar harmoniosamente para o progresso do cristianismo. O surgimento das nações, o crescimento do comercio, e assim o nascimento do capitalismo tem sido relacionado, por historiadores, com o calvinismo. Sobre isso GONZÁLEZ (2011) vai afirmar:

Alguns tem tratado de provar que o calvinismo foi o espirito propulsor do capitalismo. Porém, o mais correto parece ser que ambos os movimentos começaram a ganhar impulso na mesma época e, logo depois, aliaram-se. Seguindo o curso do calvinismo em diversos países, veremos algo dessa aliança e os seus resultados. GONZÁLEZ (2011) A reforma calvinista produziu, através de Calvino, muitas doutrinas que formaram as bases de fé das chamadas “Igrejas Reformadas” de hoje. Com base nos cinco pontos do calvinismo, muitas vezes criticada por alguns por parecer negativo do ponto de vista, da necessidade do evangelismo. FERREIRA (2013), comenta que Genebra se tornou um centro missionário, do qual, muitos estrangeiros que estudaram por lá, espalharam sua fé por toda a Europa. Para os que não se convencem que Calvino tinha uma visão missionária, basta, segundo FERREIRA (2013), consultar o “Registro da Companhia dos Pastores” principalmente entre 1555 a 1562. Em 1561, o ano de maior envio de missionários, chegou a 142 servos. Vejamos o que CAIRNS escreve sobre isso: (...) um estudo da história da expansão do evangelho mostrará que aqueles que professam a fé reformada tiveram parte importante nos grandes reavivamentos do passado e nos movimentos missionários modernos. A influência desse [Calvino] talentoso pregador, desse estudioso sóbrio, mesmo que enfraquecido, sobre a evolução espiritual da sociedade moderna ultrapassa em muito o seu físico frágil. Só mesmo a graça de Deus operando em sua vida explica adequadamente o trabalho que ele realizou e que até hoje frutifica. Ele foi, sem dúvida, um reformador internacional, cujo trabalho influenciou presbiterianos, reformados e puritanos. CAIRNS, 2008