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RAÍZES MISTAGÓGICAS DA LITURGIA CRISTÃ, Trabalhos de Teologia

A mistagogia e o método mistagógico usado pelos Santos Padres volta a ser estudado, pela teologia, catequese e liturgia, servindo de inspiração e modelo à formação cristã, principalmente na teologia litúrgico-sacramental. A Mistagogia é a arte de conduzir os fieis para dentro do mistério celebrado, revelando-o através de cada rito, gesto e símbolo. A partir da própria celebração, dando os códigos e chaves para que permitam os catecúmenos, os neófitos e fieis a descobrirem, a desvendarem pouco a

Tipologia: Trabalhos

2020

Compartilhado em 12/03/2020

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Revista Eletrônica Espaço Teológico ISSN 2177-952X. Vol. 8, n. 14, jul/dez, 2014, p. 262-273.
262
http://revistas.pucsp.br/index.php/reveleteo
RAÍZES MISTAGÓGICAS DA LITURGIA CRISTÃ
(Mystagogic roots of christian liturgy)
Thiago Aparecido Faccini*
Mestrando em Teologia da PUC/SP
RESUMO
A mistagogia e o método mistagógico usado pelos
Santos Padres volta a ser estudado, pela teologia,
catequese e liturgia, servindo de inspiração e modelo à
formação cristã, principalmente na teologia litúrgico-
sacramental. A Mistagogia é a arte de conduzir os fieis
para dentro do mistério celebrado, revelando-o através
de cada rito, gesto e símbolo. A partir da própria
celebração, dando os códigos e chaves para que
permitam os catecúmenos, os neófitos e fieis a
descobrirem, a desvendarem pouco a pouco o mistério
que ali se celebra. No presente artigo, busca-se
identificar as raízes e características mistagógicas da
liturgia cristã, a partir da liturgia da ceia judaica e da
experiência vivida pelos Santos Padres em suas
catequeses.
Palavras-chave: Liturgia. Mistagogia. Catequese
mistagógica. Ceia Judaica.
ABSTRACT
Mystagogy and the Mystagogic method used by the
Holy Fathers has been studied by theology, catechesis
and liturgy, becoming an inspiration and model for
christian education, especially in liturgical and
sacramental theology. Mystagogy is the art of leading
the faithful into the celebrated mystery, revealing it
through each rite, gesture and symbol. The celebration
itself provides codes and keys to enable the
catechumens, neophytes and faithful to discover, little
by little, the mystery that is celebrated there. The aim
of this paper is to identify the mystagogical
characteristics and roots of the christian liturgy by
studying the jewish supper liturgy and the experience
lived by the Holy Fathers in their catechesis.
Keywords: Liturgy. Mystagogy. Mystagogic
Catechesis. Jewish Suppe.
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RAÍZES MISTAGÓGICAS DA LITURGIA CRISTÃ

(Mystagogic roots of christian liturgy)

Thiago Aparecido Faccini


Mestrando em Teologia da PUC/SP

RESUMO

A mistagogia e o método mistagógico usado pelos Santos Padres volta a ser estudado, pela teologia, catequese e liturgia, servindo de inspiração e modelo à formação cristã, principalmente na teologia litúrgico- sacramental. A Mistagogia é a arte de conduzir os fieis para dentro do mistério celebrado, revelando-o através de cada rito, gesto e símbolo. A partir da própria celebração, dando os códigos e chaves para que permitam os catecúmenos, os neófitos e fieis a descobrirem, a desvendarem pouco a pouco o mistério que ali se celebra. No presente artigo, busca-se identificar as raízes e características mistagógicas da liturgia cristã, a partir da liturgia da ceia judaica e da experiência vivida pelos Santos Padres em suas catequeses.

Palavras-chave: Liturgia. Mistagogia. Catequese mistagógica. Ceia Judaica.

ABSTRACT

Mystagogy and the Mystagogic method used by the Holy Fathers has been studied by theology, catechesis and liturgy, becoming an inspiration and model for christian education, especially in liturgical and sacramental theology. Mystagogy is the art of leading the faithful into the celebrated mystery, revealing it through each rite, gesture and symbol. The celebration itself provides codes and keys to enable the catechumens, neophytes and faithful to discover, little by little, the mystery that is celebrated there. The aim of this paper is to identify the mystagogical characteristics and roots of the christian liturgy by studying the jewish supper liturgy and the experience lived by the Holy Fathers in their catechesis.

Keywords: Liturgy. Mystagogy. Mystagogic Catechesis. Jewish Suppe.

INTRODUÇÃO

A liturgia é a vida, o centro, a fonte e o cume para onde convergem todas as ações da Igreja

1

. A

palavra Lit + urgia vem da língua grega: laos = povo e ergon = ação, trabalho, serviço, ofício, ou

seja, a liturgia é a “ação do povo”, “serviço da parte do povo e em favor do povo”. Na tradição

cristã, significa que o povo de Deus torna parte na “obra de Deus”. Pela Liturgia, Cristo, nosso

redentor e sumo sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra da redenção.

Nenhuma comunidade vive sem a celebração da liturgia, pois ela é essencial na vida da

comunidade^2. Nesse sentido as ações rituais devem ser bem entendidas e preparadas com zelo e

carinho. As liturgias bem celebradas inserem as pessoas através da ação simbólico-ritual na

vivência do mistério pascal de Cristo. Porém no segundo milênio da fé cristã, a liturgia perdeu

muito do que era característico da sua origem. Tantas coisas desnecessárias foram inseridas nas

igrejas (espaço litúrgico), e o que era essencial e de grande valor simbólico foi deixado de lado, ou

esquecido.

Outro fator importante é que neste mesmo período (segundo milênio), a fé passou a ser por demais

racionalizada, ou seja, o que antes era vivido, experienciado, depois compreendido nas escolas

catequéticas, passou a ser estudado, depois vivido, havendo uma inversão de valores.

O presente trabalho busca apresentar um caminho para resgatar aquilo que é essencial na fé, a partir

da vivência mistagógica da liturgia, inserindo o catecúmeno na prática ritual-celebrativa da vivência

da fé comunitária.

1. CONCEITO DE MISTAGOGIA

Cinquenta anos após o Concílio Ecumênico Vaticano II, que propôs a volta às fontes do

cristianismo, aprofundaremos na compreensão e o resgate do termo “mistagogia”, palavra muito

comum e usual principalmente pelos Padres da Igreja dos séculos II a IV.

O Ritual da Iniciação Cristã de Adultos (RICA), reformado por decreto do Concílio Vaticano II^3 , e

promulgado pelo Papa Paulo VI, incorporou a mistagogia como o último de seus quatro tempos, a

O termo mistagogia se apresenta como referência não apenas com relação aos sacramentos de

Iniciação, ao se dedicar a iniciar aos mistérios e ou explicá-los depois de havê-los experimentado,

como no caso das catequeses mistagógicas de Cirilo de Jerusalém, João Crisóstomo, Gregório

Nazianzeno, Gregório de Nissa, Ambrósio de Milão, mas também por constituir atenta, minuciosa e

às vezes complexa, explicação de cada palavra e gesto. A Bíblia com seus textos e alusões, a

liturgia com o simbolismo de seus ritos.

O método mistagógico usado pelos Padres identifica três elementos: a valorização dos símbolos na liturgia; a interpretação dos ritos à luz da escritura, na perspectiva da história da salvação; a abertura ao compromisso cristão e eclesial, expressão da vida nova em Cristo^8.

Ione Buyst, diz que há ainda duas palavras que se relacionam ao termo mistagogia: a primeira é o

“mistagogo” ou “mistagoga” que se refere a pessoa que realiza a mistagogia, que inicia, que conduz

ao conhecimento do mistério; a segunda é “mistagógico” ou “mistagógica” que é o adjetivo

derivado de mistagogia

9

Sendo assim, pode-se dizer que a Mistagogia é a arte de conduzir os fieis para dentro do mistério

celebrado, o revelando através de cada rito, gesto e símbolo. É partir da própria celebração, dando

os códigos e chaves para que permitam os catecúmenos, os neófitos, fieis a descobrirem, a

desvendarem pouco a pouco o mistério que ali se celebra. O “mistério da fé”!

2. A MISTAGOGIA NOS RITOS DE ISRAEL

É importante recordar que as raízes do cristianismo estão no judaísmo. Ao buscar entender e

conhecer os ritos celebrados no antigo e novo Israel, antes e após Jesus de Nazaré, facilmente se

identificará familiaridade nos ensinamentos e transmissão da fé na liturgia judaica com a mistagogia

da Igreja cristã primitiva.

Uma breve análise da estrutura e de alguns ritos da celebração anual da páscoa judaica ajudará a

identificar as raízes da mistagogia e do método mistagógico praticado pelos Santos Padres.

2.1. ELEMENTOS MISTAGÓGICOS DA CEIA JUDAICA NO

TEMPO DE JESUS

A páscoa judaica é a celebração da libertação do povo de Israel da escravidão do Egito. Este

momento tão importante e significativo na vida e na história de um povo não pode ser esquecido. É

necessário fazer memória, não no sentido apenas de lembrar, mas de atualizar. A celebração anual

da páscoa judaica é, portanto, a prefiguração litúrgica da saída do Egito, da passagem a pé enxuto

do mar, para a libertação.

Este evento vivido e atualizado a cada ano, é um conjunto bastante complexo de ações, palavras e

gestos. É também um importante momento para transmitir às novas gerações a fé professada. A

estrutura ritual, como de costume na tradição religiosa judaica tem intuito didático, preocupando-se

com a clareza e o entendimento na íntegra de cada rito

10

Vejamos abaixo a estrutura compilada por Cesare Giraudo:

O ritual do anúncio da páscoa

PRIMEIRA PARTE: RITO DE INTRODUÇÃO

<1> CONSAGRA (Qaddéš): pronuncia-se a benção do Quiddúš [consagração] sobre o vinho

<2> E LAVA (Ureḥáṣ) : lavam-se as mãos sem pronunciar a bênção respectiva

<3> AIPO (Karpás) : imerge-se o aipo no vinagre ou na água salgada

<4> REPARTE (Yaḥáṣ) : parte-se o ázimo intermédio em dois e se esconde uma parte para ʾepíqomon

SEGUNDA PARTE: ANÚNCIO PASCAL E CEIA

<5> ANUNCIA (Maggíd): Diz-se o anúncio

<5.1> Introdução em aramaico (“Este é o pão de miséria...”)

<5.2> A pergunta do filho (“Por que esta noite é diferente...”)

<5.3> A primeira introdução ao midráš (“Fomos escravos...”)

<5.4> Exemplificações instrutivas sobre o tempo da Haggadá (“por toda a noite”).

<5.5> Exemplificações instrutivas sobre os destinatários da Haggadá (“...os quatro filhos: o sábio, o mau, o íntegro e aquele que não sabe perguntar...”)

<5.6> A segunda introdução ao midráš (“Desde o início...”)

<5.7> O midráš (“O arameu queria destruir meu pai...”)

que tudo é preparado nos mínimos detalhes, desde a decoração, organização da sala, louças e

alimentos. Tudo tão organizado que indica, sem anúncio verbal, que aquela noite é diferente de

todas as outras.

A mistagogia nesse sentido não é feita verbalmente, mas através da visão. Só de adentrar na sala

para refeição já se remete a algo novo, diferente, célebre, importante... Cada festa do calendário

judaico continha seus próprios símbolos e ritos específicos, que exigiam uma organização e prévia

preparação. Estes elementos tornam-se catequéticos, mistagógicos. A pergunta do filho é mais um

elemento mistagógico que pode ser identificado.

A pergunta especificada em quatro exclamações de admiração

12

atesta a importância da presença de

crianças na ceia. Nesta noite sua presença é momento oportuno de mistagogia, onde serão inseridas

num anúncio salvífico, onde se cumpre a prescrição descrita no livro do Êxodo 13,14 de se

transmitir de geração em geração o anúncio da libertação

13

“O que nós ouvimos, o que aprendemos, o que nossos pais nos contaram, não ocultaremos a nossos

filhos; mas vamos contar à geração seguinte as glórias do Senhor, o seu poder e as obras grandiosas

que Ele realizou” (Sl 78,3-4).

Na literatura talmúdica há testemunhos da atenção que mestres respeitáveis costumavam dar às crianças na noite de páscoa, esforçando-se de todos os modos por interessá-los e mantê-los despertos, de maneira que estivessem em condição de formular as perguntas. Desses pormenores se entrevê a figura de um pai disponível, solícito e constantemente preocupado em adaptar-se à real compreensão do filho e de cada comensal que o filho representa, para fornecer-lhe a informação que lhe permitirá estar envolvido salvificamente no evento da páscoa^14.

Por fim, o matzá , pão em forma de bolacha, não contendo fermento e assado rapidamente, lembra o

povo que não teve tempo para que a massa levedasse e o tem que assar às pressas no momento da

saída do Egito. É o alimento da mesa judaica durante todos os dias de Pessach , substituindo o pão

fermentado. O mandamento da não ingestão de pão fermentado descrita em Êxodo 12, descreve que

no décimo quarto dia do mês de Nissam deve-se retirar todo o fermento ( chametz ) de dentro da

casa.

A busca pelo chametz é feita à luz de uma vela, onde os membros da família percorrem toda a casa

em busca de qualquer alimento fermentado, como migalhas de pão, biscoito etc. Costuma-se ainda

espalhar livremente dez pedaços de pão bem embrulhados no interior da casa, para serem achados e

coletados pelas crianças, munidas de uma pena, “varrerem” todo o chametz ao encontrá-lo.

Na noite do Seder (jantas de Pessach), três^15 matzot são colocadas no centro de uma bandeja e

utilizadas em vários momentos do ritual. É mais um momento mistagógico, onde através do

simbolismo do não fermento, se transmite toda uma tradição, onde cada geração deverá sentir como

se eles próprios tivessem sido libertados do Egito. A explicação, a busca e o comer o pão ázimo

mantém viva a memória do povo liberto da escravidão.

O local da celebração, a preparação, o ritual em suas catorze divisões e palavras, os alimentos

simbólicos, formam um todo, que revelam a história, o passado, presente e futuro de um povo.

Nesse sentido, a liturgia cristã recebe como herança tal tradição, onde cada tempo litúrgico,

expressado por seus cantos, cores e símbolos revelam o mistério celebrado e vivido ao longo do

tempo.

As leituras bíblicas, unida à homilia orientam e clarificam o mistério celebrado. O sacrifício e

banquete, dado em alimento, atualiza e exprime a história e identidade do povo de Deus, de um só

corpo.

3. A MISTAGOGIA CRISTÃ

Com elementos herdados da tradição judaica e com a novidade do evento salvífico da morte e

ressurreição de Jesus Cristo, as primeiras comunidades cristãs formadas criaram aos poucos e

redigiram em partes seus ensinamentos transmitindo-os aos que se convertiam à fé cristã.

Os escritos, tidos como testemunhos literários do depósito da fé, dos apóstolos à primeira ou

segunda geração pós-apostólica^16 , em síntese tradições litúrgicas e canônicas, compiladas

receberam o nome de “ Didaché ” ou ainda “Doutrina dos Apóstolos” ou um nome mais completo

“Doutrina do Senhor através dos doze Apóstolos”.

Esses escritos foram fundamentais para compreender a doutrina e a prática da Igreja primitiva. Une-

se à Didaché muitos outros textos posteriores que para um estudo mais aprofundado poderão ser

tomados: Epístola de Santo Inácio de Antioquia; Carta de São Clemente Romano; Tradição

Apostólica de Hipólito; Catequese de São Cirilo de Jerusalém; Peregrina de Etéria etc.

É um ensinamento que parte da prática, da vivência. É impossível reduzir a relação da pessoa de fé

com o mistério de Deus e de seu Reino, revelado por Jesus em conceitos racionais, dogmas ou a um

código moral, ou ainda à uma mera explicação. É necessário ser iniciado no conhecimento do

mistério, na comunhão com Deus, não somente com palavras, mas principalmente através de uma

experiência eclesial e ritual do mistério de Cristo que leve o fiel a uma vida de fé, centrada na

pessoa dele^20.

Nesse sentido, ao escrever a exortação apostólica pós-sinodal sobre a Eucaristia, o Papa Bento XVI

diz:

O Sínodo dos Bispos recomendou que se fomentasse, nos fiéis, profunda concordância das disposições interiores com os gestos e palavras; se ela faltasse, as nossas celebrações, por muito animadas que fossem, arriscar-se-iam a cair no ritualismo. Assim, é preciso promover uma educação da fé eucarística que predisponha os fiéis a viverem pessoalmente o que se celebra. Vista a importância essencial desta participação pessoal e consciente, quais poderiam ser os instrumentos de formação mais adequados? Para isso, os padres sinodais indicaram unanimemente a estrada duma catequese de carácter mistagógico, que leve os fiéis a penetrarem cada vez mais nos mistérios que são celebrados^21.

A mistagogia e todo o método mistagógico, que foi a base da Iniciação Cristã dos primeiros séculos

da Igreja, desenvolvido e usado pelos Santos Padres voltam a ser estudado, pela teologia, catequese

e liturgia, não para aplicá-lo tal qual, mas para servir de inspiração e modelo à formação cristã,

principalmente na teologia litúrgico-sacramental. Ponto de referência desse tipo de formação é a

participação litúrgica e a experiência que nos proporciona um contato vivo e pessoal com o mistério

da fé^22.

CONCLUSÃO

A prática ritual e os espaços em que a fé é celebrada revelam a crise na atualidade e na realidade de

muitas comunidades. O distanciamento entre catequese e liturgia, e a sua racionalização, fez com

que na grande maioria das vezes a liturgia não passasse de mero ritualismo.

Os ritos e símbolos não comunicam, não falam mais ao fiel que ali está. É preciso tudo se explicar,

ou “inventar” ou “criar”, algo que “dinamize” nossas celebrações, para que haja uma “participação”

por parte da assembleia, pois para muitos a ação ritual não passa de uma mera repetição de ações

chata e monótona.

Para tanto, uma liturgia bem celebrada, com um ambiente bonito, arejado e iluminado, valorizando

os elementos fundamentais que constituem o espaço litúrgico, respeitando a espiritualidade própria

do calendário litúrgico, com seus símbolos e ritos, fazendo o caminho pedagógico e mistagógico

proposto por ele é de fundamental importância para se ter uma liturgia mistagógica, que comunique

e conduza para o Mistério.

Redescobrir as raízes mistagógicas da liturgia cristã, buscando no judaísmo o entendimento e a

dinâmica de sua espiritualidade, bem como, compreender a liturgia cristã, sua formação e

transmissão nos primeiros séculos da fé cristã, voltando às suas origens, nos ajudará a resgatar o que

é fundamental dos ritos e símbolos, e conscientizar o fiel daquilo que é essencial na fé, dando-lhes

as chaves para compreensão e interpretação da ação realizada, fazendo com que o mesmo faça essa

experiência mística com Jesus Cristo.

Portanto, o contato com liturgias mistagógicas, onde os ritos e símbolos são vivenciados e bem

compreendidos na sua essência, e que leve o catecúmeno a se encontrar com o mistério pascal de

Cristo, é o primeiro passo para uma fé viva no seio da comunidade celebrante.

BIBLIOGRAFIA

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Disponível em: < http://www.vatican.va> Acesso em: 12 de março de 2014.

BUYST, Ione. Mistagogia hoje: como e quando? In: Revista de liturgia. n. 202, jul/ago. 2007.

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COMPÊNDIO do Vaticano II. Constituições, decretos e declarações. 29ª Ed. Vozes: Petrópolis

COSTA, Rosemary Fernandes da. Mistagogia Hoje. O resgate da experiência mistagógica dos

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