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QUEM É O CONSULENTE DE APOMETRIA?, Notas de estudo de Medicina

tratamento espiritual com Apometria, em sua maioria, foram fornecidas ao consulente ... Estudos e Trabalhos Apométricos, Grupo Espiritualista Universalista ...

Tipologia: Notas de estudo

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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QUEMÉOCONSULENTEDEAPOMETRIA?
NeusaJunqueiraArmellini,VeraReginadosSantosWolff
RESUMO
A pesquisa, Quem é o consulente de Apometria?, foi uma atividade
pedagógica de caráter teóricoprático do projeto de extensão do Grupo de Estudos
sobre Pesquisa em EspiritualidadeApometria (GEPEA), no período de 20022003,
integrante do programa do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Transdisciplinares sobre
Espiritualidade (NIETE), vinculado a ProReitoria de Extensão, da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (PROREXT/UFRGS). Este projeto se originou como uma
resposta do NIETE à demanda da Sociedade Brasileira de Apometria (SBA), que
buscava a atualização de referenciais teóricopráticos na área da pesquisa científica. O
problema de pesquisa referese a pessoa que busca o atendimento espiritual com
Apometria, designada consulente, buscando identificar quais as suas características.
O quadro teórico de referência apóiase em concepções espíritas sobre o
HomemEspírito, sua evolução, processos espirituais patológicos e sobre a Apometria,
considerada como uma técnica utilizada no atendimento espiritual que desencadeia
uma terapêutica de natureza anímicomediúnica e espiritual. A quase inexistência de
estudos sobre o consulente desse tipo de tratamento e a proposta pedagógica do
projeto GEPEA motivaram a realização deste trabalho. A pesquisa é de natureza
quantitativa, tipo exploratória. Os sujeitos constituíram uma amostra de 143
consulentes que buscaram atendimento espiritual em cinco instituições de Porto
Alegre, durante o mês de novembro de 2002. Na coleta de dados foi aplicado um
questionário aberto, semiestruturado, que versou sobre algumas características dos
consulentes. As análises e interpretações dos dados, as discussões dos resultados,
bem como a formulação de conclusões, reflexões e as implicações decorrentes, foram
realizadas de forma coletiva pelos integrantes do GEPEA. Os principais resultados
indicaram que a maioria das pessoas que buscavam esse tipo de atendimento
espiritual foipredominantemente do sexo feminino, adultas, comescolaridade e
profissão de nível superior,formação católica, mas de prática espírita ou espiritualista,
com alguma sensibilidade mediúnica. Buscaram anteriormente, tanto o tratamento
médico convencional, como o não convencional, para resolver os problemas para os
quais motivou o atendimento espiritual. A maioria buscou este tipo de tratamento
espiritual na expectativa de obter ajuda emocional e física, tendo recebido mais de
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QUEM É O CONSULENTE DE APOMETRIA?

Neusa Junqueira Armellini, Vera Regina dos Santos Wolff

RESUMO A pesquisa, Q uem é o consulente de Apometria ?, foi uma atividade pedagógica de caráter teórico prático do projeto de extensão do Grupo de Estudos sobre Pesquisa em Espiritualidade Apometria (GEPEA), no período de 2002 2003, integrante do programa do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Transdisciplinares sobre Espiritualidade (NIETE), vinculado a Pro Reitoria de Extensão, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PROREXT/UFRGS). Este projeto se originou como uma resposta do NIETE à demanda da Sociedade Brasileira de Apometria (SBA), que buscava a atualização de referenciais teórico práticos na área da pesquisa científica. O problema de pesquisa refere se a pessoa que busca o atendimento espiritual com Apometria, designada consulente, buscando identificar quais as suas características. O quadro teórico de referência apóia se em concepções espíritas sobre o Homem Espírito, sua evolução, processos espirituais patológicos e sobre a Apometria, considerada como uma técnica utilizada no atendimento espiritual que desencadeia uma terapêutica de natureza anímico mediúnica e espiritual. A quase inexistência de estudos sobre o consulente desse tipo de tratamento e a proposta pedagógica do projeto GEPEA motivaram a realização deste trabalho. A pesquisa é de natureza quantitativa, tipo exploratória. Os sujeitos constituíram uma amostra de 143 consulentes que buscaram atendimento espiritual em cinco instituições de Porto Alegre, durante o mês de novembro de 2002. Na coleta de dados foi aplicado um questionário aberto, semi estruturado, que versou sobre algumas características dos consulentes. As análises e interpretações dos dados, as discussões dos resultados, bem como a formulação de conclusões, reflexões e as implicações decorrentes, foram realizadas de forma coletiva pelos integrantes do GEPEA. Os principais resultados indicaram que a maioria das pessoas que buscavam esse tipo de atendimento espiritual foi predominantemente do sexo feminino, adultas, com escolaridade e profissão de nível superior, formação católica, mas de prática espírita ou espiritualista, com alguma sensibilidade mediúnica. Buscaram anteriormente, tanto o tratamento médico convencional, como o não convencional, para resolver os problemas para os quais motivou o atendimento espiritual. A maioria buscou este tipo de tratamento espiritual na expectativa de obter ajuda emocional e física, tendo já recebido mais de

um atendimento com Apometria, com freqüência mensal. As recomendações, fornecidas pela equipe mediúnica das instituições participantes, foram seguidas pelos consulentes, envolvendo diversas práticas espíritas. As fontes de informação sobre o tratamento espiritual com Apometria, em sua maioria, foram fornecidas ao consulente por outro consulente já atendido, por trabalhador da própria instituição ou por profissionais da área da saúde. Cerca de metade dos consulentes expressou interesse em participar de alguma atividade na instituição. Os resultados sugerem algumas linhas de ação direcionadas às instituições participantes da investigação, à SBA, ao NIETE/UFRGS e à própria área de conhecimento da Apometria.

INTRODUÇÃO

Este artigo é uma parte do estudo intitulado “Quem é o consulente de Apometria?”, que se constituiu em um primeiro exercício coletivo de pesquisa, atividade pedagógica, de caráter teórico prático, do projeto de extensão do Grupo de Estudos sobre Pesquisa em Espiritualidade Apometria (GEPEA), no período de 2002 2003. O trabalho na sua íntegra foi disponibilizado à biblioteca da Faculdade de Educação da UFRGS e às instituições que participaram da execução do projeto. Nele consta uma ampla revisão bibliográfica dos referenciais teóricos sobre o Espiritismo e a Apometria, além das reflexões e implicações, produto da experiência e dos estudos dos pesquisadores, todos trabalhadores das instituições pesquisadas (ARMELLINI e WOLFF, 2005). O projeto integrou o programa de trabalho do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Transdisciplinares sobre Espiritualidade (NIETE), um dos núcleos da Pró Reitoria de Extensão (PROREXT), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A Sociedade Brasileira de Apometria (SBA), gestão 2000 2003, buscou o NIETE com o objetivo de concretizar uma de suas finalidades estatutárias, de promover estudos e pesquisas sobre Apometria. Propunha se a atualizar seus referenciais teórico práticos face às novas perspectivas do conhecimento cientifico, inspirados nos paradigmas emergentes. O NIETE, como espaço institucional interdisciplinar, que articula as diversas

A Apometria compreendida como uma técnica é utilizada no atendimento espiritual desencadeando uma terapêutica de natureza anímico mediúnica espiritual. Vem sendo empregada em cerca de 150 instituições e grupos espíritas e espiritualistas brasileiros e também no exterior. Os resultados do presente estudo, apesar de restritos as cinco instituições pesquisadas, ao serem socializados no âmbito das demais, poderão trazer novas compreensões e reflexões sobre quem é o consulente que busca o atendimento com Apometria. Conseqüentemente, poderão indicar a validação de práticas em desenvolvimento nas referidas instituições e a necessidade de criação de novas formas de trabalho. A proposta terapêutica da Apometria, sistematizada e divulgada pelo médico José Lacerda de Azevedo, conhecido como Dr. Lacerda, alicerçada na Doutrina dos Espíritos ou Espiritismo, vêm sendo construída desde a década de

Apesar do empenho de outros estudiosos da Apometria que deram seguimento ao trabalho do Dr. Lacerda, considerando se a recenticidade de sua utilização, há necessidade do aprofundamento e desenvolvimento de novos estudos e pesquisas, que venham a se integrar ao processo de construção deste conhecimento. Em especial, estudos sobre o consulente, a pessoa que busca o atendimento espiritual com Apometria, como um recurso terapêutico espiritual. Na literatura disponível, os estudos sistemáticos sobre o consulente são ainda em número reduzido. Nas publicações da área, poucas características dos consulentes são apenas referidas em casos atendidos, apresentadas como ilustração ou exemplificação do emprego da terapêutica apométrica. Em tais situações, constata se apenas uma abordagem reduzida da concepção holística do consulente. A presente pesquisa é a primeira realizada em âmbito acadêmico sobre a temática da Apometria. Retoma a dimensão científica do Espiritismo, dando continuidade ao trabalho iniciado por Kardec e seus seguidores. Assim, se justifica por sua contribuição ao processo de construção desse conhecimento.

DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Quais as características das pessoas que buscam o atendimento espiritual com Apometria, em cinco instituições de Porto Alegre: Centro Espírita de Estudos e Trabalhos Apométricos, Grupo Espiritualista Universalista Triângulo da Luz, Sociedade Espírita Casa da Luz, Sociedade Espírita Ramiro D´Ávila e Casa do Jardim Entidade Espírita Assistencial?

OBJETIVOS

Identificar características do consulente do atendimento espiritual com Apometria; Qualificar o atendimento espiritual com Apometria nas cinco instituições participantes da pesquisa; Qualificar o trabalho do NIETE / UFRGS e da SBA; Proporcionar experiências de aprendizagem de natureza teórico práticas sobre pesquisa aos participantes do GEPEA; Contribuir para o processo de construção do conhecimento sobre Apometria.

REVISÃO DA LITERATURA

1. A Doutrina dos Espíritos

No auge do Positivismo, no século XIX surgiu a Doutrina dos Espíritos ou Espiritismo que fez uma revisão crítica do cristianismo. Essa revisão aliou se à lei da palingênese ou da reencarnação, à existência da realidade dos Espíritos, invisíveis aos olhos físicos, e dos planos sutis onde eles se movimentam; da interação dos desencarnados desses planos sutis com a realidade do mundo físico denso. Descobriu e desvelou a realidade do homem e de suas interações com o mundo extrafísico, somente possíveis porque a própria

Allan Kardec é considerado o “Codificador” da Doutrina dos Espíritos, construída pela utilização de um método que pôde ser assim sistematizado, não se restringindo ao modelo positivista prevalente na época. Suas questões de estudos eram enviadas a diferentes e conceituados médiuns europeus e americanos. As respostas recebidas eram analisadas, coligadas, mantendo apenas o que havia de comum entre elas, após serem submetidas ao crivo da razão, e utilizando uma abordagem dedutiva. A perspectiva científica do método de Kardec foi reafirmada por Oliveira (2005). Os estudos de Kardec foram continuados por filósofos e cientistas de renome, buscaram comprovar cientificamente as concepções, por ele sistematizadas, colaborando para a construção da teoria espírita. Destacando se os trabalhos de Cookes, Sexton, Chambers, Lodge, Myers na Inglaterra; Bozzano e Lombroso na Itália; Asakof na Rússia; Zöllner na Alemanha; Richet, Gibier, Richet, De Rochas, Lachâtre, Flammarion e Denis na França, Mapes, Hare e Wallace nos Estados Unidos; e entre outros de igual significação em outros países (DELLANE, 1951). No último século, a dimensão científica do Espiritismo também tem sido retomada em diferentes estudos. Um exemplo é a pesquisa sobre reencarnação empreendida por inúmeros cientistas americanos como Stevenson, Wambach, Moody e Weiss, pelo indiano Banerjee e pelo canadense Whitton, que vêm realizando aproximações entre o Espiritismo e a ciência contemporânea (FRANCO, 2003). Trabalhos de outros cientistas contemporâneos como Capra, Gerber, Dossey, Chopra, Goswami entre outros, ao ampliarem a compreensão sobre as relações entre Ciência e Espiritualidade, também se aproximam de concepções da Doutrina Espírita. Podem ser citadas, ainda, as pesquisas sobre a concepção de perispírito como as dos campos eletrodinâmicos da vida de Saxton Burr, do campo biomagnético do engenheiro brasileiro Hernani Andrade, dos campos morfogenéticos de Sheldrake (NOBRE, 2003). Segundo Goldstein (2002), a formulação da Teoria dos Quanta de Max Planck e da Teoria da Relatividade, de Albert Einstein, levou a Física a desentronização do pensamento mecanicista e à introdução de novas concepções que, em muitos aspectos, tocam as fronteiras da Metafísica.

Considera, ainda, que o Espírito está sendo descoberto, surgindo modelos explicativos, e que o valor de uma teoria está na consistência dos fatos. Questiona como as teorias acolheriam os fatos verificados de casos de reencarnação, desdobramento astral, aparições, ectoplasmias, “poltergeist”, manifestações mediúnicas de desencarnados, entre outros. Conclui que inúmeros físicos vêm se insurgindo contra o cerceamento do oficialismo científico, que ao negar tais fatos ou espremendo os até caberem em hipóteses “ad hoc”, não mantém sintonia com os avanços científicos dos dias atuais. Afirma também que, cientistas, como Jean R. Charon, já estão preocupados com o Espírito. Isso pode coincidir com a afirmação de Teixeira (1994) de que podemos ingressar na Era do Espírito. Lima (2005) compartilha dessa idéia ao considerar que “hoje, juntam se vivências universais com conceitos científicos, uma vez que a ciência não pode mais se furtar à análise da fenomenologia do espírito, que pouco a pouco, vencendo as mais diferentes barreiras, vai adquirindo cidadania acadêmica”. A Doutrina dos Espíritos chegou ao Brasil após a publicação das primeiras obras de Kardec, encontrando espaço privilegiado de expansão. Kardec em 1863 reproduz, na Revista Espírita francesa, um artigo publicado no Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, noticiando sobre o Espiritismo no Brasil (ANDRADE, 2000). O trabalho sério e pioneiro de muitos brasileiros alicerçou o desenvolvimento do Espiritismo brasileiro. Entre outros podemos citar: Luis Olympio Telles Menezes, Augusto Elias da Silva, Adolfo Bezerra de Menezes, Antonio Gonçalves da Silva, Caibar de Souza Schütel, Anália Emília Franco, Eurípides Barsanulfo e Francisco Cândido Xavier. Dos 15 milhões de adeptos do Espiritismo em todo o mundo, é no Brasil que se situa a maior comunidade espírita (SAMARTZ, 2002). Quase quatro milhões de pessoas declararam serem adeptos do Espiritismo, a maioria no Sudeste do Brasil (ÚLTIMO SEGUNDO, 2013). A ciência espírita tem se enriquecido com novos aportes teóricos e práticos, decorrentes de estudos e pesquisas de respeitáveis cientistas brasileiros, como Jorge Andréa dos Santos, Hernani Guimarães de Andrade, Herculano

semelhantes, integradas a medicina convencional e a complementar emergente. No processo de construção do conhecimento sobre Apometria, Azevedo (1990) utilizou o método clássico da ciência experimental, o dedutivo, empregado por pesquisadores contemporâneos e seus predecessores do século XIX. Nesse processo fica evidente o posicionamento científico de Azevedo (1990) que escreve “... sempre que nos defrontamos com um fenômeno que se repete, procuramos observá lo com atenção durante certo tempo, a fim de ... “ ... dimensioná lo em suas proporções, avaliando lhe duração, intensidade, constância, variações sutis, abrangência espacial, repetitividade, etc. Uma vez levantados todos esses dados, tentamos encontrar a Lei que o determina, já que não há fenômeno sem Lei. Para tanto, estabelecemos uma hipótese de trabalho: procuramos imaginar como se processa o fenômeno, criando a fórmula, que, embora arbitrária, mais se aproxime da realidade observada. Passamos, novamente a observar, agora com mais atenção, o desenrolar do fenômeno e a exatidão hipotética. Se o fenômeno se comportar em estrita concordância com a imaginada Lei, esta resultará comprovada e legítima. Armados novamente da Lei, repetimos o fenômeno tantas vezes quanto possível, para confirmar a exatidão da descoberta”. Os resultados de estudos e experiências do Dr. Lacerda que incluem o corpo teórico da proposta, com 13 Leis, diversas técnicas e descrição de casos, encontram se sistematizados em suas duas obras básicas: “Espírito e Matéria: Novos Horizontes para a Medicina” (AZEVEDO, 1990), também editado em língua inglesa, e “Energia e Espírito” (AZEVEDO, 1995).

2. A Apometria

A proposta apométrica além de originada e implantada na Casa do Jardim Entidade Espírita Assistencial, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, passou a ser difundida e implantada em outras casas espíritas da capital e do interior do estado. Em outros estados do Brasil, bem como alguns países da Europa e Estados Unidos também estão estudando e implantando a Apometria em suas práticas espirituais. Além disso, diversas publicações sobre a Apometria estão

surgindo, citando como exemplo Costa (1997), Godinho (1997), Gomes (2000), Hervê et al. (2003), entre outras. A criação da SBA, em 1991 e sua oficialização em 2000, se constituíram em um fator propulsor do processo de congregar instituições e grupos interessados em socializar experiências e estudos promovendo seis congressos nacionais sobre esta terapêutica (ARMELLINI, 2003). A Apometria pode ser compreendida no sentido literal, como uma palavra de origem grega que significa além da medida: “apo” = além e “metria”= metron, medida. Refere se à transcendência da medida de tempo e espaço do plano físico. No sentido restrito, assume o significado de uma técnica, designa o desdobramento espiritual ou bilocação, bastante estudado por autores clássicos. O desdobramento se resume, em essência, na separação do corpo astral (ou mental) do corpo físico. A Apometria é um processo de desdobramento do corpo astral ou mental. Trata se de uma técnica anímica, sem relação com o mediunismo (AZEVEDO, 1990). Costa (2005) caracteriza a técnica de Apometria como uma modalidade experimental do magnetismo humano aplicado. Em sentido amplo, a Apometria é considerada um método terapêutico de natureza medianímica e espiritual, que emprega técnicas e procedimentos específicos de diagnóstico e de tratamento espiritual. A obra teórico prática de Azevedo culminou com a configuração desse tipo de método de tratamento espiritual. A técnica de Apometria abre possibilidades do desdobramento induzido dos corpos sutis já referidos e posterior tratamento de patologias neles diagnosticadas. Segundo Azevedo (1990), a proposta apométrica permite a ampliação e a diversificação do processo terapêutico espiritual, no entanto, condiciona os resultados da aplicação da Apometria a dois aspectos imprescindíveis: ao Amor, desejo intenso, espontâneo e desinteressado dos médiuns trabalhadores de servir com desejo de harmonizar, curar, iluminar e elevar o próximo. O segundo fator é a assistência espiritual de espíritos elevados do mundo extrafísico, que coordenam e orientam a seleção e utilização de técnicas e procedimentos terapêuticos espirituais, que cada caso requeira. Nesse sentido,

Ao fazer referência ao corpo mental, por exemplo, aponta para a afirmação de André Luiz sobre sua existência e para a validade dos estudos realizados por outras escolas espiritualistas a seu respeito. Segundo Azevedo (1990), André Luiz em obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, iniciou a distinção dos sete corpos de modo nítido, o que foi seguido por Ramatis, pela psicografia de Hercílio Maes. Da mesma forma, a existência nos corpos espirituais dos chacras ou centros de força, centros perispiríticos ou centros vitais, denominações dadas por André Luiz são também trabalhados na proposta apométrica, pela sua vinculação com estados patológicos do Homem Espírito. Segundo Souza (2005) este conhecimento já integra o referencial da Doutrina Espírita, apesar de não serem citados nas obras da Codificação, no século XIX e reforça a posição de André Luiz que, além do corpo mental, trata em suas obras, de outros corpos espirituais como o duplo etérico, corpo astral e corpo causal. Considera o referido autor que Kardec apenas ensaiou o estudo do perispírito. Kardec (2008) destaca a importância do estudo deste componente humano, ao afirmar que “... o conhecimento do perispírito é a chave de uma infinidade de problemas, até agora inexplicáveis”. O estudo e a prática com a Apometria têm trazido evidências sobre esta recomendação de Kardec, trabalhando com as dimensões sutis componentes do perispírito, ou seja, do perispírito expandido e desdobrado em diferentes corpos espirituais já referidos. A Lei do Amor orienta o processo apométrico desenvolvido em uma instituição por equipes mediúnicas preparadas, orientadas por equipes espirituais de hospitais astrais. Azevedo (1990) enfatiza esta Lei como suporte fundamental ao trabalho apométrico e a assistência espiritual orientadora, sem os quais o trabalho com a Apometria corre o risco de se tornar inoperante. Além disso, a preparação dos médiuns trabalhadores individualmente e em grupos, harmônicos e estruturados, completa algumas das condições que podem garantir a qualidade deste tipo de trabalho espiritual.

Com um trabalho baseado no conhecimento teórico e resultante da experiência, inspirado, também, no “Vigiai e Orai”, o atendimento apométrico torna se promissor no processo evolutivo de todos, quer consulentes, quer médiuns trabalhadores. Sua perspectiva educadora emancipatória poderá concretizar o que afirma Azevedo (1990): “... a finalidade básica da Doutrina Espírita é redimir os homens, aperfeiçoando os a colocá los em condições vibratórias que lhes permitam evolução espiritual rápida e segura”. Nas últimas décadas, a implantação da Apometria vem se expandido em instituições e grupos espiritualistas e espíritas do Brasil e do exterior, decorrendo uma busca maior este tipo de tratamento.

3. O consulente

Consulente é a pessoa que consulta, no caso, quem recebe o atendimento espiritual. Participam da dinâmica de atendimento espiritual com a Apometria, a instituição, e seus grupos de médiuns trabalhadores, a equipe espiritual de hospital astral que orienta o processo, que conjugam seus esforços, conhecimentos e experiências para auxiliar o consulente, foco fundamental do atendimento. A terapêutica espiritual desenvolvida com a Apometria centraliza se nos problemas, desarmonias, patologias do consulente e de suas potencialidades pessoais para as soluções. O conhecimento sobre o consulente torna se imprescindível para que a terapêutica empreendida possa responder com qualidade às suas necessidades e características. No entanto, são ainda inexpressivos os estudos sistemáticos sobre o consulente da Apometria na realidade das instituições e grupos brasileiros. O estudo de Hervê (1998) analisa os prontuários dos consulentes de sua instituição em Porto Alegre, inclusive com “follow up”, permitindo relatos completos. Tais registros são de pessoas que recorreram ao atendimento no período de abril de 1989 a outubro de 1997.

suas práticas de atendimento. De acordo com Polit e Hungler (1995), “o método científico de investigação refere se a um conjunto genérico de procedimentos ordenados e disciplinados, utilizados para a aquisição de informações seguras e ...

“... organizadas e a pesquisa científica que, representa a aplicação do método ao estudo de um assunto de interesse, pode ser definida como investigações controladas e sistemáticas que apresentam suas raízes na realidade objetiva e que buscam o desenvolvimento geral acerca de fenômenos naturais“. Sua abordagem quantitativa se confirma pela realização de coleta sistemática de informações de natureza numérica de atributos mensuráveis sobre a experiência humana (Polit e Hungler, 1995). No caso, são pesquisados alguns atributos dos consulentes que buscavam tratamento espiritual com Apometria. Também se constitui em um estudo do tipo focal simples e exploratório, pois elegeu como objeto uma realidade empírica, uma temática específica, com foco mais ou menos preciso, para produção de conhecimento novo sobre uma realidade social pouco conhecida (VASCONCELOS, 2002). No presente estudo, o foco foi os atributos do consulente, permitindo uma configuração ainda parcial e aproximativa do perfil do consulente. Além disso, a pesquisa de tipo exploratória coincide com a natureza didática da presente pesquisa, porque foi realizada por profissionais no processo de aprendizagem sobre a temática da pesquisa em que as deficiências normais no campo teórico, técnico, na revisão bibliográfica como também na metodologia, podem levá los a realização de uma investigação inicial de foco mais aberto. Situação semelhante é a dos pesquisadores, participantes do projeto de extensão GEPEA 2002 2003 do NIETE/PROREXT/UFRGS.

Campo de pesquisa

O estudo foi realizado em cinco instituições filiadas à Sociedade Brasileira de Apometria, sendo uma de orientação espiritualista e as restantes espíritas, todas representadas no projeto do GEPEA. Apresentam características distintas

quanto a sua situação geográfica: três localizam se no bairro Menino Deus, próximo ao centro da capital, uma no bairro Partenon e outra no bairro Navegantes. Além da localização, estas instituições variam também em seus aspectos históricos, área física, número de sócios e na sistemática de atendimento espiritual com Apometria, porém mantendo se os princípios que a orientam.

Sujeitos da pesquisa Os sujeitos da investigação eram pessoas de ambos os sexos, buscados de forma aleatória e estratificada por grupo de atendimento, que realizaram a consulta espiritual pretendida, em dias regulares de atendimento das cinco instituições. Totalizaram 143 pessoas, cerca de 30% da população total dos atendidos durante o mês de novembro de 2002, previsto no cronograma da pesquisa.

Instrumento da pesquisa

A pesquisa utilizou o questionário (Apêndice A), como uma técnica do método de auto relato, que segundo Polit e Hungler (1995) constitui se em uma fonte primária de dados e favorece a reunião de boa quantidade de informação através da interrogação direta de pessoas. Além disso, reduz o custo, oferecendo a possibilidade de anonimato total, fundamental no caso da pesquisa, evitando a tendenciosidade nas respostas pela inexistência de coleta via contato individual, aplicador/respondente. O questionário foi elaborado pelos próprios integrantes do GEPEA, tendo como uma das referências os instrumentos da pesquisa de Guimarães e Morosini (1978, 1980). O questionário constituiu se de 24 questões, do tipo fechadas e aberto fechadas, todas respondidas pelos mesmos sujeitos e na mesma ordem. Algumas questões contêm o mesmo conjunto de opções para as suas respostas e outras solicitam que os sujeitos respondessem com suas próprias palavras, seguindo se orientação de Polit e Hungler (1995).

A coleta iniciava pela apresentação dos pesquisadores. Após, atendendo aspectos éticos, os respondentes eram informados verbalmente sobre a origem, natureza e objetivos da pesquisa. Convidados a participarem espontaneamente, com a garantia de sigilo, de anonimato, de nenhum prejuízo em seu atendimento e de liberdade para desistir do preenchimento a qualquer momento, recebiam os documentos impressos, contando com a presença dos aplicadores para esclarecimentos necessários. Além da consideração de outros critérios éticos, a pesquisa envolveu a busca de autorização para a sua realização, de responsabilidade da Diretoria Executiva de cada instituição. Em uma visita prévia a cada instituição, quando eram apresentados os objetivos da pesquisa, os pesquisadores obtiveram a necessária autorização, além de serem acertadas as condições materiais e físicas previstas no plano de coleta.

Análise dos dados Os dados coletados foram organizados por questões e apresentados em tabelas de distribuição de freqüência absoluta e relativa, utilizando se o programa Microsoft Excel. Em algumas questões, houve mais de uma resposta. Utilizaram se como referência para a apresentação das tabelas e gráficos, os trabalhos de Guimarães e Morosini (1978, 1980). A análise dos dados foi realizada pelos próprios pesquisadores, de forma coletiva. Em seus encontros semanais de estudo, os integrantes do GEPEA 2002/2003 discutiam, interpretavam e identificavam implicações decorrentes dos resultados obtidos, com apoio em experiências e literatura afins, em estudos anteriores realizados pelos pesquisadores, durante o desenvolvimento do Projeto.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa foram reunidos e categorizados em cinco blocos, de acordo com os indicadores das variáveis presentes no estudo:

características dos sujeitos, religiosidade, motivos e expectativas, tratamentos anteriores e tratamento com Apometria.

1. Características dos sujeitos

Os indicadores utilizados na caracterização pessoal dos sujeitos foram sexo, escolaridade, residência, estado civil de direito e de fato, faixa etária e profissão (Tabela 1). Os dados indicam que as pessoas que buscaram atendimento espiritual com Apometria, nas cinco instituições pesquisadas, são predominantemente do sexo feminino. A distribuição do número de mulheres espíritas no Brasil em 2000 era maior que de homens conforme Censo Demográfico do Brasil – IBGE (IBGE, 2003). Mais de 50% possuem escolaridade de nível superior. A grande maioria reside em Porto Alegre. O estado civil formal da maioria é solteiro, porém o estado civil de fato da maioria é casado. Mais de 45% dos consulentes situam se na faixa de 31 a 50 anos, revelando a predominância de uma população de adultos, segundo Erikson (1982) é nesta etapa evolutiva do desenvolvimento humano que se situa o interesse pelas questões religiosas. Cerca de 30% das profissões estão relacionadas com a escolaridade de nível médio de diversas áreas, 23% são profissões de nível superior. Há muitas situações de sobreposição de atividades profissionais, como por exemplo, profissional liberal e autônomo. No caso da profissão de magistério, os respondentes podem ser de nível universitário, médio, básico ou infantil. A categoria estudante também pode ser originária dos mesmos níveis.

2. Religiosiosidade

Os indicadores sobre religiosidade referem se às questões de 9 a 15 do questionário (Tabela 2). A maioria das pessoas (74,26%) informou como Católica a formação