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Desafios e Perspectivas do Atendimento Educacional Especializado (AEE), Notas de estudo de Psicopedagogia

psicopedagogia_e_educacao_inclusiva

Tipologia: Notas de estudo

2023

Compartilhado em 24/02/2023

susana-albuquerque
susana-albuquerque 🇧🇷

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PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA
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PSICOPEDAGOGIA E EDUCAÇÃO INCLUSIVA

Sumário

OLHARES DA PSICOPEDAGOGIA SOBRE O DESENVOLVIMENTO DA

APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO ESPECIAL ......................................................... 3

A Função da Escola na Perspectiva da Educação Inclusiva e a Implementação do Atendimento Especializado Educacional (AEE) ......................................................... 3 A Evolução da Legislação Nacional e das Ações sobre Atendimento Educacional Especializado (AEE)................................................................................................... 6 O Desenvolvimento da Aprendizagem à Luz da Psicopedagogia .............................. 9

O Ensino Inclusivo e o Trabalho Psicopedagógico .................................................. 16 PSICOPEDAGOGIA E INCLUSÃO – O papel do profissional e da escola .............. 19

BRASIL: Realidade Nacional ................................................................................... 23

IDENTIDADE DA PSICOPEDAGOGIA .................................................................... 24

INCLUSÃO: O que cabe ao Psicopedagogo? .......................................................... 25

REFERÊNCIAS ............................................................................................. 27

OLHARES DA PSICOPEDAGOGIA SOBRE O

DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO

ESPECIAL

A Função da Escola na Perspectiva da Educação Inclusiva e a

Implementação do Atendimento Especializado Educacional (AEE)

A escola já é, por excelência, uma instituição que salienta a alteridade, o estranhamento e a mestiçagem e poderia ser o lugar ideal para propiciar a transformação das relações humanas (AQUINO, 2000).

Dessa forma, a questão a ser discutida é muito maior do que quem está dentro ou fora e precisa ou deve ser incluído. Aqui, vale ressaltar como se dá esta inclusão e em que contexto se pretende incluir, assim como, e principalmente, a implicação do educador no processo.

No entanto, inúmeras questões ainda precisam ser incansavelmente discutida, é possível criar condições sociais que permitam o acesso à cidadania e à construção da vida de cada pessoa, cada qual com sua particularidade e pelo reconhecimento do sujeito o qual tem direito ao respeito e à dignidade e ao desejo de influenciar as condições sociais.

Neste propósito, o Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial (MEC/SEESP) apresenta o documento: Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que aprecia a evolução dos marcos filosóficos, políticos, legais e da pedagogia, e define diretrizes para os sistemas de ensino. Essas diretrizes se manifestam nas políticas educacionais que produzem o deslocamento de ações e são interpretadas nos diversos níveis de ensino, ao acompanhar os avanços do conhecimento, dos conflitos sociais e constituir políticas públicas promotoras do amplo acesso à escolarização (SEESP/MEC, 2007).

No contexto da Política Nacional de Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva, o Atendimento Educacional Especializado (AEE) é definido como aquele que identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade. As atividades desenvolvidas no AEE diferenciam-se das realizadas na sala de aula

comum, não sendo substitutivas à escolarização, e esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos para autonomia e independência na escola e fora dela. Neste sentido, o AEE proporciona programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajuda técnica e tecnologia assistiva (SEESP/MEC, 2007).

As ações previstas para o AEE envolvem planejamento e organização de recursos e serviços para a promoção da acessibilidade aos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as atividades que envolvem o ensino, a pesquisa e a extensão (SEESP/MEC, 2007). De acordo com o Decreto 6571/2008, são objetivos do AEE:

I - prover condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos alunos referidos no art. 1º; II - garantir a transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; III - fomentar o desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem e IV - assegurar condições para a continuidade de estudos nos demais níveis de ensino (BRASIL, 2008. p. 1).

No contexto da política inclusiva, o Atendimento Educacional Especializado destaca-se pelo caráter complementar e suplementar deste atendimento (e não mais substitutivo), as atividades aplicadas nesse atendimento são diferentes da sala de aula.

O atendimento educacional especializado identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos considerando suas necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia e independência na escola e fora dela.(...) Ao longo de todo o processo de escolarização, esse atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum (BRASIL, 2008, p. 16).

A Evolução da Legislação Nacional e das Ações sobre

Atendimento Educacional Especializado (AEE)

Nas pesquisas em AEE no Brasil, não fugindo à regra mundial, as primeiras preocupações com a educação especial são ligadas à medicina. Médicos e profissionais da saúde, buscando alternativas para as pessoas com deficiência, procuram compreender a origem e os desdobramentos dos problemas de saúde, acabam por contribuir para o surgimento do AEE no processo de experimentação para prover o tratamento aos pacientes.

Remontando à época imperial (1822 – 1889) não evidenciamos na história da educação no Brasil nenhuma ação oficial em relação ao atendimento das pessoas com deficiência. Algumas poucas iniciativas de instituições de abrigo são relatadas em orfanatos e asilos que recebiam pessoas com deficiência abandonadas se tornavam conhecidas pelo trabalho assistencial, entretanto, nenhuma atividade educativa oficial era disponibilizada.

Em meados da década de 1850, podemos citar o Imperial Instituto dos Meninos Cegos e o Imperial Instituto dos Surdos-mudos como sendo as primeiras instituições criadas com objetivo de prover educação especial para pessoas com deficiência no Brasil. Ambas ligadas ao poder público, proviam AEE de forma particularizada, pois não havia normativas legais que determinassem diretrizes para a educação oferecida às pessoas com deficiência. Com o passar das décadas, ambas tiveram seus respectivos nomes mudados para Instituto Beijamin Constant (IBC) e Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

Com o advento da primeira constituição da república, em 1891, os estados passam a ter mais independência no processo de criação das suas leis, e passam a ser responsáveis pela educação, desde o ensino primário ao profissionalizante, e a União, fica como responsável apenas pelo ensino secundário e educação superior (BRASIL, 1891). Contudo a educação especial ainda continua sem normatização específica.

A partir de 1930, nascem as associações filantrópicas preocupadas com a adaptabilidade das pessoas com deficiências intelectuais. Em 1934, a nova constituição coloca em seus termos legais a educação como direito de todos, gratuita

e obrigatória, (BRASIL, 1934) e a preocupação com a educação especial se expande nos debates em âmbito nacional.

Após mais de uma década de planejamento e discussão, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de Nº 4.024/61 foi promulgada e traz em seu escopo o direito de todos os “excepcionais” à educação, quando fosse possível, inseridos no sistema geral de educação (BRASIL, 1961). Mas a flexibilização da interpretação do termo legal “quando for possível” não acarreta grandes mudanças no histórico do AEE no Brasil.

Entre os anos de 1960 e 1975 surgem instituições como a Sociedade Pestalozzi, e APAE (Associação de País e Amigos dos Excepcionais), e a partir de então, cresce o número de ofertas no AEE. A LDB de Nº 5.692/71 é aprovada e passa a determinar que os alunos com deficiência deveriam receber o que a lei chamou de “tratamento especial”, no entanto, a interpretação da lei acabou por reforçar a prática de encaminhamento dos alunos com deficiência para as escolas especiais como as APAE.

Outro grande marco neste histórico é a promulgação da nova Constituição Federal em 1988, que em seu artigo 5º apresenta como garantia o direito de todos “à igualdade” e “o direito de todos à educação”, e o “acesso à escola” no artigo 205. Ainda no artigo 206 apresenta como um dos princípios para o ensino, a “igualdade de condições de acesso e a permanência na escola”, rompendo com a ideologia da educação que praticava a segregação dos alunos com deficiências nas escolas especiais (BRASIL, 1988).

E com o estabelecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Lei Nº 8.069/90, que garantiu aos “portadores de deficiência” o direito ao AEE, “preferencialmente na rede regular de ensino”, e em continuidade a essas ações da política nacional, é sancionada Nova LDB Nº 9.394/96, muitos novos avanços se sucederam.

A Nova LDB traz em seu artigo 4º a gratuidade do AEE e troca a terminologia de “portador de deficiência” por “educandos com necessidades educacionais especiais”. No artigo apresenta a obrigatoriedade dos municípios oferecerem a educação infantil, com prioridade no ensino fundamental, e determinando ainda que

Educação Básica, modalidade Educação Especial é promulgada em 2009 e define com maiores detalhes o público alvo do AEE, e garante o direito de matricula no AEE aos alunos matriculados em classes comuns de ensino regular público. E no tocante a formação do docente para a atuação no AEE, trata de forma geral, explicitando que a formação inicial deve ser licenciatura, e a formação continuada, específica para a educação especial (BRASIL, 2008).

E mais recentemente, o Decreto Nº 7.611/11 (Brasil, 2011) dispõe sobre a Educação Especial no Atendimento Educacional Especializado e estabelece que educação especial deve garantir os serviços de apoio especializado dedicando seus esforços na eliminação das barreiras que obstruem a escolarização dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. O referido Decreto altera a Resolução Nº 04/09, e revoga o Decreto Nº 6.571/08, excluindo a condicionalidade de matrícula no AEE apenas ao aluno matriculado na escola regular no outro turno, oportunizando o acesso a todas as pessoas com transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação.

No estudo da história da educação especial no Brasil observamos que tanto a educação regular, quanto especial passam por transformações em sua dinâmica de funcionamento. A psicopedagogia surge no Brasil, em meados do século XIX para auxiliar na identificação e tratamento das dificuldades de aprendizagem, e em muito contribui no AEE no Brasil desde então.

O Desenvolvimento da Aprendizagem à Luz da

Psicopedagogia

Em seus estudos a psicopedagogia contribui para a compreensão das motivações internas e externas do por que o aluno aprende, e ainda para a percepção da dimensão da relação entre o processo de ensino e o processo de aprendizagem. A aprendizagem, em sua complexidade, ultrapassa os limites do âmbito cognitivo, sendo dependente também dos aspectos afetivas/emocionais e sociais do sujeito, sendo amplamente impactadas pelos processos culturais de uma dada sociedade.

Para Fernández (1991) o processo de aprendizagem é construído pelo sujeito que aprende por meio da intervenção feita nas inter-relações socioculturais, nos níveis do corpo, organismo, inteligência e interesse. Essas combinações representam

uma infinidade de possibilidades para processo do desenvolvimento da aprendizagem, conferindo características únicas para o aprender de cada aluno.

Assim como a assimilação das vivencias cognitivas, emocionais, sociais e culturais são únicas, também o são o modo de aprender de cada sujeito. Para a psicopedagogia o sujeito tem seu jeito, seu ritmo, seu tempo, e as intervenções externas e internas são os estímulos que proporcionam oportunidades especiais de aprendizado para o aluno.

Fatores como a estabilidade e estimulação vindas do ambiente familiar, as perspectivas e contribuições do contexto social, a motivação do professor e a escolha acertada da metodologia de ensino na escola representam aspectos fundamentais na compreensão dos problemas de aprendizagem dos alunos.

A psicopedagogia compreende que os marcos do desenvolvimento do aluno, e percebe que na coordenação, na percepção, atenção e memória, fundamentais no processo de aprendizagem, sofrem transformações profundas à medida em que a criança cresce. É campo de estudo da psicopedagogia a interpretação das dificuldades de aprendizagem, dos transtornos da aprendizagem do aluno e propositura de medidas corretivas das inadequações que causam tais problemas.

Para Fernández (2001) há um cuidado que deve ser tomado, um dos maiores problemas a ser superados é a busca pelos culpados do fracasso escolar, a partir desta prática errônea, percebe-se um jogo onde ora se culpa a criança, ora a família, ora uma classe social, ora o sistema econômico, político e social. Para a autora, não existe um culpado para a não-aprendizagem.

As dificuldades de aprendizagem estão relacionadas aos desvios de ordem sociocultural, e a origem da dificuldade não reside na estrutura individual do aluno, mas na rede de vínculos que ele estabelece com a família, a escola e a sociedade. Conforme Fernández (2001) se a aprendizagem acontece dependente do vínculo, se ela é um processo que ocorre entre as subjetividades, nunca uma única pessoa pode ser culpada da não aprendizagem.

Para Wolffenbüttel (2005) o sistema educacional no Brasil não oferece uma educação básica de qualidade para a maioria de seus alunos. Família, escola e

em testes padronizados e individualmente administrado para mensurar os níveis de desenvolvimento da leitura, escrita e conhecimentos matemáticos. Essa terminologia é aplica para classificar os transtornos da aprendizagem dos alunos de inteligência normal, que não tem outro fator causador de dificuldades de aprendizagem relacionados aos fatores socioculturais, deficiências físicas e mentais, doenças neuropsiquiátricas e outros.

Crianças com TEA têm o desenvolvimento da linguagem, coordenação motora e as habilidades visuoespaciais comprometidas, e por não conseguir corresponder às expectativas e pressões da família e escola no tocante ao rendimento escolar, tem sua autoestima rebaixada, apresentam sintomas depressivos e acentuam a desmotivação para o estudo. Entre os principais transtornos de aprendizagem estão: a dislexia (distúrbios da leitura e escrita); a discalculia (distúrbio da aprendizagem matemática); a disgrafia (distúrbio da expressão escrita) e os distúrbios não verbais.

O primeiro procedimento diagnóstico e terapêutico para uma criança com TEA é a realização de uma avaliação multidisciplinar, composta de análise de todas as circunstancias socioculturais, familiares e individuais do sujeito. O diagnóstico psicopedagógico tem como e ainda aqueles que apresentam um potencial elevado em comparação com os demais e grande capacidade de aprendizagem e desenvolvimento intelectual, psicomotor, de criatividade, artes e liderança, combinadas ou isoladas.

As atividades docentes desenvolvidas na sala de recursos devem suplementar os conhecimentos dos alunos, seu desenvolvimento cognitivo, social, afetivo, da linguagem e do raciocínio lógico-matemático que capacitam o aluno para toda a vida, inclusive para acompanhar as aulas no ensino regular. Para Bossa (1992) entre muitas atribuições do psicopedagogo no espaço escolar, está a orientação da família, o auxílio dos professores e profissionais da escola nas questões pedagógicas, a colaboração nas ações da gestão educacional e a assistência ao aluno que está com algum tipo de necessidade educacional específica.

As salas de recursos são espaços planejados para promover o desenvolvimento da aprendizagem de alunos com dificuldades necessidades educacionais especiais. Ao assumir as responsabilidade e funções das salas de aula comum, põe em risco o trabalho a ser realizado com foco no desenvolvimento do

aprendizado dos alunos com dificuldades de aprendizagem e com transtornos de aprendizagem. A compreensão equivocada do conceito de educação inclusiva por parte dos agentes da educação acaba acentuando as desigualdades, provendo justificativas para o fracasso dos alunos da inclusão com base nas dificuldades ou transtornos de aprendizagem dos alunos. Segundo a professora Rios

Os colegas (professores da sala regular) querem trazer as tarefas da sala de aula, a tarefa de matemática, o texto de português, o conteúdo das ciências e de história, aquele que o aluno não deu conta de fazer na sala de aula - e não ia dar conta mesmo, porque ele recebeu a mesma atividade que foi planejada para a turma toda – e então os professores ficam zangados quando explicamos que nossa função aqui não é fazer as tarefas da sala de aula do regular, mas trabalhar para o desenvolvimento das habilidades diversas dos nossos alunos, trabalhar metodologias diversificadas que proporcionem o aprendizado do nosso aluno. Os colegas querem que a gente pare com o nosso planejamento, com os nossos objetivos, pra dar reforço pros alunos, pra fazer as tarefas atrasadas com eles. (RIOS, 2013, entrevista individual).

O trabalho em equipe, os estudos em conjunto favorecem a melhor compreensão do processo de inclusão e direciona as ações rumo às necessidades da educação inclusiva.

Nosso planejamento a gente prefere fazer aqui com a nossa equipe. É aqui que a gente passa a semana toda com os nossos meninos, até tentaram levar a gente pra lá, pra sala dos professores planejar, mas colocar todas dentro do mesmo ambiente não é planejamento conjunto, já que é pra centrar cada grupinho separado, a gente fica aqui mesmo, é aqui que a nossa criatividade flui minha irmã. Mas nós fazemos só. Não temos o acompanhamento da equipe pedagógica. (RIOS, 2013, entrevista individual).

O planejamento da atividade docente com foco no desenvolvimento da aprendizagem do aluno faz a diferença no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem. No trabalho em equipe nascem os incentivos para uma atividade docente criativa que ao ser desenvolvida culmina na aprendizagem dos alunos. O trabalho do psicopedagogo neste espaço educativo é fundamental, uma vez que sua

A atividade docente inclusiva exige uma mudança de conceitos da escola, dos professores e da comunidade, é muito mais que trazer os alunos com necessidades especiais para dentro das escolas para conviver com os outros. Segundo olhar da psicopedagogia nenhum aluno é normal, pois todos são diferentes, têm seus tempos, ritmos, modos de aprendizagem diferentes, e precisam especificidades para o desenvolvimento da aprendizagem.

Uma educação que se preocupa com o desenvolvimento pleno das aprendizagens do sujeito contribui para que todos aprendam a aceitar as singularidades de outro, para que desenvolvam a capacidade de agir juntos para a construção de uma sociedade melhor para todos.

Mais do que instrumentalizar o sujeito com a habilidade de cálculo e de decodificação da língua, a psicopedagogia se preocupa em orientar a atividade docente para o compromisso de posicionar o sujeito diante da sua realidade, de contribuir para a construção da formação do sujeito ativo na luta contra as desigualdades.

Para Mantoan (2003) é na construção destes vínculos sociais que nascem o entendimento, a compreensão; é onde as pessoas se humanizam e constroem laços afetivos, e destes laços o conhecimento se expande e se projeta para os ambientes mais profundos capazes de produzir efeitos significativos.

Ainda com Vygotsky (2004) percebemos que formas superiores de comportamento consciente são desenvolvidas nas relações sociais mantidas pelo sujeito com o seu contexto sócio cultural, dentro desta perspectiva o sujeito não é apenas um produto do seu meio, mas um agente ativo no processo de criação deste meio, podendo contribuir de diversas formas para a sua manutenção ou transformação.

Nós ensinamos nossos alunos pra vida lá fora. Eles chegam aqui pra gente totalmente dependente das famílias, não sabem andar sozinhos, não saem. E depois eles aprendem a pegar ônibus, a ir na padaria, a comprar o que precisa, a pedir informação. Muitos deles hoje já vêm pra escola sozinhos. Isso é emancipação. A educação deles é diferente, eles precisam aprender outros saberes que a família fica com medo de dar em casa, as famílias acham que eles são incapazes. É o medo da família que põe medo neles. Nós ensinamos

eles a ter coragem de encarar a vida. (LAGUNA, 2014, entrevista individual). Nossa primeira barreira é a família. Meu aluno não se aceita por causa porque não é aceito e valorizado com suas diferenças pela família. Nós oferecemos as tecnologias que o ajudaria a ler melhor, mas ele não aceita nenhuma ajuda, nenhuma tecnologia assistiva. (LAGOS, 2014, entrevista individual).

O trabalho da psicopedagogia na orientação do processo de ensino procura direcionar a atenção do professor a observar com atenção as especificidades de cada aluno. A atuação do psicopedagogo na escola contribui com o processo de construção da aprendizagem no espaço escolar, e organiza as atuações da escola e da família de forma que juntos proporcionarem momentos de ensino que promovam desenvolvimento da aprendizagem para o sujeito.

Podemos indicar que o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos da inclusão vai depender, em grande parte, do desenvolvimento de uma atividade docente inclusiva, seja na sala de aula de ensino regular, seja nas salas de recursos. O ensino no contexto inclusivo deve reconhecer e responder às necessidades das especificidades do AEE com ênfase nas dificuldades / transtornos de aprendizagem da sua diversidade de alunos, com diferentes ritmos, estilos e tempos de aprendizado, que sendo observados no processo de ensino, contribuem para o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos.

O Ensino Inclusivo e o Trabalho Psicopedagógico

Atualmente, vivencia-se a Fase da Inclusão, que se trata da construção de um sistema que deve ser iniciado pela ruptura entre os dois sistemas e pelo inverso do fluxo de encaminhamento, o que fortalece o movimento de transferência de alunos das escolas especiais para a escola comum e não o processo contrário, ainda hoje predominante, que, consequentemente, pressupõe muito mais do que a garantia de vaga no sistema comum de ensino para os alunos com deficiência (DOMINGOS, 2005).

A psicopedagogia é ditada no Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2010) em termos de “aplicação da psicologia experimental à pedagogia”, como

O trabalho do psicopedagogo depende da atuação da escola pelo modo com a escola trata a diversidade e pela sua possibilidade de que ser flexível e acolhedora. É percebida a dificuldade de criar uma escola integradora e respeitosa das individualidades e que, ao mesmo tempo, obtenha bons níveis de formação.

Cada escola pode abordar, e, na verdade, muitas o estão fazendo, o tema da educação na diversidade de forma coletiva. No que se refere a este aspecto, a elaboração do projeto educativo tem sido um bom recurso, para explicitar o problema e para começar a buscar soluções institucionais (BASSEDAS, 1996. p. 28).

O importante é que o psicopedagogo aprenda a entender a demanda da escola, atento às relações sociais e culturais do local em que a escola está inserida, estabelecendo uma situação de diálogo, que lhe permita definir o que pode e quer desempenhar.

O sujeito aluno envolvido no sistema de diagnóstico psicopedagógico é considerado uma pessoa que desempenha um dos diferentes papéis que ocorrem durante a vida (filho, neto, amigo, etc.), assim, é necessário não perder de vista a globalidade da pessoa e não vê-lo somente como aluno.

Ao retratar um pouco a intervenção psicopedagógica é importante salientar que existem diversos caminhos por meio dos quais é possível provocar uma mudança numa situação, e, assim, trata-se de aprender a mobilizar algum ponto da situação do aluno, colocando-o num contexto determinado de trabalho.

Em seu livro, Intervenção Psicopedagógica da Escola, Oliveira (2009), reforça que a proposta psicopedagógica, junto às dificuldades de aprendizagem, deve levar o psicopedagogo a ter uma visão diferenciada sobre a aprendizagem, tirando a responsabilidade da pessoa com dificuldade de aprendizagem, e ampliar as possibilidades de conhecer aperfeiçoar as suas potencialidades e habilidades.

De acordo com uma citação de Carlos Drummond de Andrade, “brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação

humana.” Configura-se, expressivamente, a ação psicopedagógica na escola, propondo uma prática muito mais voltada ao coletivo do que ao individual.

O trabalho em grupo se estabelece como um espaço onde se vive a autoria de frente ao outro, exercendo os papéis de ensinante e aprendente num ir e vir que possibilita a cura do sujeito na medida que oportuniza que ele se recrie enquanto participante criativo de um grupo onde age e é interagido. É um espaço de experimentação que favorece, além de uma riqueza de trocas, o respeito ao ritmo de produtividade e ás expressões fruto da objetividade e subjetividade de cada um, possibilitando a reorganização do sujeito aprendente enquanto social e enquanto indivíduo (PEGO, 2003, p. 34).

O psicopedagogo tem a finalidade básica em ajudar a promover mudanças, tanto quando intervir diante de problemas que a escola coloca (individuais, de grupo ou metodológicos), como também quando colaborar para melhorar as condições, os recursos e o ensino, realizando a tarefa preventiva que leve a uma diminuição dos problemas que enfrentam.

Faz-se urgente que a psicopedagogia irradie o seu diâmetro de ação até as populações de estudantes que, insistentemente, entram em nossas escolas, sem, contudo, lograr aprendizagens capazes de modificar o seu comportamento pessoal e contribuir para modificação de suas condições de vida coletiva.

Assim, é imprescindível (re)pensar e (re)estruturar o sistema da educação convencional para se diminuir e, possivelmente, eliminar os obstáculos que impeçam que todos os educandos alcancem o progresso, tornando o sistema educacional mais justo, coerente, eficaz e equânime. Essa concepção do desempenho escolar e dos planejamentos didáticos, no que se trata de inclusão, revoluciona o que, tradicionalmente, se pratica nas escolas ainda hoje.

PSICOPEDAGOGIA E INCLUSÃO – O papel do

profissional e da escola

PSICOPEDAGOGIA

Psicopedagogia é concebida como a área que estuda o ato de aprender, entendendo-se o ato de aprender como os sentimentos, as ações, as elaborações do