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psicopatologia na infância voltado para psicopedagogos
Tipologia: Notas de estudo
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Um fenômeno é sempre biológico em suas raízes e social em sua extensão final. Mas nós não nos devemos esquecer, também, de que, entre esses dois, ele é mental. Jean Piaget Campbell (1986) define a psicopatologia como o ramo da ciência que trata da natureza essencial da doença mental – suas causas, as mudanças estruturais e funcionais associadas a ela e suas formas de manifestação. Entretanto, nem todo estudo psicopatológico segue a rigor os ditames de uma ciência sensu strictu. A psicopatologia, em acepção mais ampla, pode ser definida como o conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano. É um conhecimento que se esforça por ser sistemático, elucidativo e desmistificante. Como conhecimento que visa ser científico, não inclui critérios de valor, nem aceita dogmas ou verdades a priori. O psicopatólogo não julga moralmente o seu objeto, busca apenas observar, identificar e compreender os diversos elementos da doença mental. Além disso, rejeita qualquer tipo de dogma, seja ele religioso, filosófico, psicológico ou biológico; o conhecimento que busca está permanentemente sujeito a revisões, críticas e reformulações.
O campo da psicopatologia inclui um grande número de fenômenos humanos especiais, associados ao que se denominou historicamente de doença mental. São vivências, estados mentais e padrões comportamentais que apresentam, por um lado, uma especificidade psicológica (as vivências dos doentes mentais possuem dimensão própria, genuína, não sendo apenas “exageros” do normal) e, por outro, conexões complexas com a psicologia do normal (o mundo da doença mental não é um mundo totalmente estranho ao mundo das experiências psicológicas “normais”).
A psicopatologia tem boa parte de suas raízes na tradição médica (na obra dos grandes clínicos e alienistas do passado), que propiciou, nos últimos
dois séculos, a observação prolongada e cuidadosa de um considerável contingente de doentes mentais. Em outra vertente, a psicopatologia nutre-se de uma tradição humanística (filosofia, literatura, artes, psicanálise) que sempre viu na “alienação mental”, no pathos do sofrimento mental extremo, uma possibilidade excepcionalmente rica de reconhecimento de dimensões humanas que, sem o fenômeno “doença mental”, permaneceriam desconhecidas. Apesar de se beneficiar das tradições neurológicas, psicológicas e filosóficas, a psicopatologia não se confunde com a neurologia das chamadas funções corticais superiores (não se resume, portanto, a uma ciência natural dos fenômenos relacionados às zonas associativas do cérebro lesado), nem à hipotética psicologia das funções mentais desviadas. A psicopatologia é, pois, uma ciência autônoma, e não um prolongamento da neurologia ou da psicologia.
Karl Jaspers (1883-1969), um dos principais autores da psicopatologia, afirma que esta é uma ciência básica, que serve de auxílio à psiquiatria, a qual é, por sua vez, um conhecimento aplicado a uma prática profissional e social concreta.
Jaspers é muito claro em relação aos limites da psicopatologia: embora o objeto de estudo seja o homem na sua totalidade (“Nosso tema é o homem todo em sua enfermidade.” [Jaspers, 1913/1979), os limites da ciência psicopatológica consistem precisamente em que nunca se pode reduzir por completo o ser humano a conceitos psicopatológicos. O domínio da psicopatologia, segundo ele, estende-se a “todo fenômeno psíquico que possa apreender-se em conceitos de significação constantes e com possibilidade de comunicação”. Assim, a psicopatologia, como ciência, exige um pensamento rigorosamente conceptual, que seja sistemático e que possa ser comunicado de modo inequívoco. Na prática profissional, entretanto, participam ainda opiniões instintivas, uma intuição pessoal que nunca se pode comunicar. Dessa forma, a ciência psicopatológica é tida como uma das abordagens possíveis do homem mentalmente doente, mas não a única.
Em todo indivíduo, oculta-se algo que não se pode conhecer, pois a ciência requer um pensamento conceitual sistemático, pensamento que cristaliza, torna evidente, mas também aprisiona o conhecimento. Quanto mais conceitualiza, afirma Jaspers, “quanto mais reconhece e caracteriza o típico, o
O estudo da doença mental, como o de qualquer outro objeto, inicia pela observação cuidadosa de suas manifestações. A observação articula-se dialeticamente com a ordenação dos fenômenos. Isso significa que, para observar, também é preciso produzir, definir, classificar, interpretar e ordenar o observado em determinada perspectiva, seguindo certa lógica.
Assim, desde Aristóteles, o problema da classificação está intimamente ligado ao da definição e do conhecimento de modo geral. Segundo ele, definir é indicar o gênero próximo e a diferença específica. Isso quer dizer que definir é, por um lado, afirmar a que o fenômeno definido se assemelha, do que é aparentado, com o que deve ser agrupado e, por outro, identificar do que ele se diferencia, a que é estranho ou oposto. Portanto, na linha aristotélica, o problema da classificação é a questão da unidade e da variedade dos fatos e dos conhecimentos que sobre eles são produzidos.
Classicamente, distinguem-se três tipos de fenômenos humanos para a psicopatologia:
fenômenos psicóticos, como alucinações, delírios, turvação da consciência, alteração da cognição nas demências, entre outros.
Que é loucura: ser cavaleiro andante ou segui-lo como escudeiro? De nós dois, quem o louco verdadeiro? O que, acordado, sonha doidamente? O que, mesmo vendado, vê o real e segue o sonho de um doido pelas bruxas embruxado? Carlos Drummond de Andrade (Quixote e Sancho de Portinari, 1974). O conceito de saúde e de normalidade em psicopatologia é questão de grande controvérsia (Almeida Filho, 2000). Obviamente, quando se trata de casos extremos, cujas alterações comportamentais e mentais são de intensidade acentuada e de longa duração, o delineamento das fronteiras entre o normal e o patológico não é tão problemático. Entretanto, há muitos casos limítrofes, nos quais a delimitação entre comportamentos e formas de sentir normais e patológicas é bastante difícil. Nessas situações, o conceito de normalidade em saúde mental ganha especial relevância. Aliás, o problema não é exclusivo da psicopatologia, mas de toda a medicina (Almeida Filho, 2001); tome-se como exemplo a questão da delimitação dos níveis de tensão arterial para a determinação de hipertensão ou de glicemia, na definição do diabete. Esse problema foi cuidadosamente estudado pelo filósofo e médico francês Georges Canguilhem (1978) cujo livro O normal e o patológico tornou-se indispensável em tal discussão.
O conceito de normalidade em psicopatologia também implica a própria definição do que é saúde e doença mental. Esses temas apresentam desdobramentos em várias áreas da saúde mental. Por exemplo:
baseia-se em uma “definição negativa”, ou seja, define-se a normalidade não por aquilo que ela supostamente é, mas, sim, por aquilo que ela não é, pelo que lhe falta (Almeida Filho; Jucá, 2002).
Portanto, de modo geral, pode-se concluir que os critérios de normalidade e de doença em psicopatologia variam consideravelmente em função dos
Para a psiquiatria descritiva, interessa fundamentalmente a forma das alterações psíquicas, a estrutura dos sintomas, aquilo que caracteriza a vivência patológica como sintoma mais ou menos típico. Já para a psiquiatria dinâmica, interessa o conteúdo da vivência, os movimentos internos de afetos, desejos e temores do indivíduo, sua experiência particular, pessoal, não necessariamente classificável em sintomas previamente descritos. A boa prática em saúde mental implica a combinação hábil e equilibrada de uma abordagem descritiva, diagnóstica e objetiva e uma abordagem dinâmica, pessoal e subjetiva do doente e de sua doença.
Assim, logo na introdução de seu tratado de psiquiatria, Bleuler (1985, p.
Quando um médico se defronta com a grande tarefa de ajudar uma pessoa psiquicamente enferma, vê à sua frente dois caminhos: ele pode registrar o que é mórbido. Irá, então, a partir dos sintomas da doença, concluir pela existência de um dos quadros mórbidos impessoais que foram descritos. [...] Ou pode trilhar outro caminho: pode escutar o doente como se fosse um amigo de confiança. Nesse caso, dirigirá a sua atenção menos para constatar o que é mórbido, para anotar sintomas psicopatológicos e, a partir disso, chegar a um diagnóstico impessoal, e mais para tentar compreender uma pessoa humana na sua singularidade e convivência suas aflições, seus temores, seus desejos e suas expectativas pessoais.
PSICOPATOLOGIA MÉDICA VERSUS PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL
A perspectiva médico-naturalista trabalha com uma noção de homem centrada no corpo, no ser biológico como espécie natural e universal. Assim, o adoecimento mental é visto como um mau funcionamento do cérebro, uma desregulação, uma disfunção de alguma parte do “aparelho biológico”. Já na perspectiva existencial, o doente é visto principalmente como “existência singular”, como ser lançado a um mundo que é apenas natural e biológico na sua dimensão elementar, mas que é fundamentalmente histórico e humano. O
ser é construído por meio da experiência particular de cada sujeito, na sua relação com outros sujeitos, na abertura para a construção de cada destino pessoal. A doença mental, nessa perspectiva, não é vista tanto como disfunção biológica ou psicológica, mas, sobretudo, como um modo particular de existência, uma forma trágica de ser no mundo, de construir um destino, um modo particularmente doloroso de ser com os outros.
PSICOPATOLOGIA COMPORTAMENTAL-COGNITIVISTA VERSUS PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA
Na visão comportamental, o homem é visto como um conjunto de comportamentos observáveis, verificáveis, que são regulados por estímulos específicos e gerais, e por certas leis e determinantes do aprendizado. Associada a essa visão, a perspectiva cognitivista centra atenção sobre as representações cognitivas conscientes de cada indivíduo. As representações conscientes seriam vistas como essenciais ao funcionamento mental, normal e patológico. Os sintomas resultam de comportamentos e representações cognitivas disfuncionais, aprendidas e reforçadas pela experiência sociofamiliar.
Em contraposição, na visão psicanalítica, o homem é visto como ser “determinado”, dominado, por forças, desejos e conflitos inconscientes. A psicanálise dá grande importância aos afetos, que, segundo ela, dominam o psiquismo; o homem racional, autocontrolado, senhor de si e de seus desejos, é, para ela, uma enorme ilusão. Na visão psicanalítica, os sintomas e síndromes mentais são considerados formas de expressão de conflitos, predominantemente inconscientes, de desejos que não podem ser realizados, de temores aos quais o indivíduo não tem acesso. O sintoma é encarado, nesse caso, como uma “formação de compromisso”, um certo arranjo entre o desejo inconsciente, as normas e as permissões culturais e as possibilidades reais de satisfação desse desejo. A resultante desse emaranhado de forças, dessa “trama conflitiva” inconsciente, é o que se identifica como sintoma psicopatológico.
Griesinger (1845) resume bem essa perspectiva: “doenças mentais são (de fato) doenças cerebrais”. Em contraposição, a perspectiva sociocultural visa estudar os transtornos mentais como comportamentos desviantes que surgem a partir de certos fatores socioculturais, como discriminação, pobreza, migração, estresse ocupacional, desmoralização sociofamiliar, etc. Os sintomas e os transtornos devem ser estudados, segundo essa visão, no seu contexto eminentemente sociocultural, simbólico e histórico. É nesse contexto de normas, valores e símbolos culturalmente construídos que os sintomas recebem seu significado, e, portanto, poderiam ser precisamente estudados e tratados. Mais que isso, a cultura, em tal perspectiva, é elemento fundamental na própria determinação do que é normal ou patológico, na constituição dos transtornos e nos repertórios terapêuticos disponíveis em cada sociedade.
PSICOPATOLOGIA OPERACIONALPRAGMÁTICA VERSUS PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL
Na visão operacional-pragmática, as definições básicas de transtornos mentais e sintomas são formuladas e tomadas de modo arbitrário, em função de sua utilidade pragmática, clínica ou orientada à pesquisa. Não são questionados a natureza da doença ou do sintoma e tampouco os fundamentos filosóficos ou antropológicos de determinada definição. Trata-se do modelo adotado pelas modernas classificações de transtornos mentais; o DSM-IV, norte-americano, e a CID-10, da OMS. Por sua vez, o projeto de psicopatologia fundamental, proposto pelo psicanalista francês Pierre Fedida, visa centrar a atenção da pesquisa psicopatológica sobre os fundamentos de cada conceito psicopatológico. Além disso, tal psicopatologia dá ênfase à noção de doença mental como pathos, que significa sofrimento, paixão e passividade. O pathos, diz Berlinck (1977), é um sofrimento-paixão que, ao ser narrado a um interlocutor, em certas condições, pode ser transformado em experiência e enriquecimento.
Upa! Cá estamos. Custou-te, não, leitor amigo? É para que não acredites nas pessoas que vão ao Corcovado, e dizem que ali a impressão da altura é tal, que o homem fica sendo cousa nenhuma. Opinião pânica e falsa, falsa como Judas e outros diamantes. Não creias tu nisso, leitor amado. Nem Corcovados, nem Himalaias valem muita cousa ao pé da tua cabeça, que os mede. Machado de Assis (O cônego ou metafísica do estilo, em Várias histórias, 1896).
Visão geral dos sistemas neuronais De fato, como afirma Machado de Assis, apesar da riqueza do universo, a cabeça que o estuda e o admira talvez seja uma das partes mais ricas desse universo. A riqueza do cérebro humano está basicamente relacionada à sua capacidade de receber, armazenar e elaborar informações, intimamente dependente das conexões neuronais via sinapses. Ele contém cerca de 10 bilhões de neurônios (109); cada neurônio individual, com seus axônios e dendritos, faz aproximadamente 60.000 a 100.000 conexões com outros neurônios. O total de conexões sinápticas está na faixa de 1027! Hoje se pensa que a unidade funcional do cérebro não é o neurônio isolado, mas os circuitos neuronais. A percepção, a memória, as emoções e mesmo o pensamento surgem em conexão com a atividade desses circuitos neuronais. O desenvolvimento de tais circuitos baseia-se, em parte, em uma programação genética, mas é intensamente dependente das experiências individuais do sujeito com o seu ambiente (Pally, 1997).
A arquitetura e a organização do cérebro são produto de uma longa história evolucionária. Podem-se distinguir três etapas “ancestrais” básicas nessa história: de répteis, mamíferos inferiores e primatas (MacLean, 1990). As partes mais antigas e primitivas do cérebro são o tronco cerebral e o diencéfalo, responsáveis pelas funções vitais, como respiração, batimentos cardíacos, temperatura corporal e ciclo sono vigília. Tais estruturas e os gânglios da base seriam originários do período réptil, cujos padrões motores, próprios às espécies, são mantidos. Já o cérebro mamífero inferior é composto pelas estruturas
Porção anterior (frontal) do cérebro versus porção posterior do cérebro
A porção posterior do cérebro, incluindo os lobos occipitais, parietais e temporais, contém as áreas sensoriais primárias (da visão, da audição, do tato, do olfato, da gustação e da propriocepção), as áreas secundárias adjacentes e funcionalmente relacionadas às áreas primárias e uma extensa área terciária de associação, a saber, a grande área associativa da encruzilhada temporoparietoccipital. Essa porção posterior relaciona-se mais intimamente a recepção, identificação e ordenação do ambiente em relação ao indivíduo. É a zona do cérebro que “recebe” o mundo. Obviamente essas áreas também participam de tarefas ativas e motoras do indivíduo sobre o meio, mas o seu funcionamento mais característico refere-se à percepção do mundo e à organização dessa percepção em unidades ordenadas e integradas, na codificação, na decodificação e na recodificação em níveis de complexidade crescente, de todos os elementos sensoriais e, finalmente, na configuração e representação coerente da realidade.
A porção anterior, frontal, do cérebro relaciona-se muito mais intimamente com as atividades do indivíduo sobre o mundo. É a porção do cérebro que “age” sobre o mundo. As áreas anteriores do cérebro, principalmente os córtices pré- frontal e frontal e os núcleos da base (sobretudo o núcleo caudado), também participam da identificação de problemas a serem solucionados. Sua especificidade relaciona-se à criação e ao planejamento de uma estratégia de ação, à colocação na prática de tal estratégia, à monitorização dos efeitos da ação sobre o meio e à adequação contínua dessa ação perante as condições cambiantes do meio.
De modo simplificado e resumido, pode-se afirmar que os lobos frontais são responsáveis pelo planejamento da ação e do futuro, assim como pelo controle dos movimentos; os lobos parietais, pelas sensações táteis e pela imagem corporal; os lobos occipitais, pela visão; e os lobos temporais, pela audição e por muitos aspectos da memória, da linguagem, do aprendizado e das emoções (Kandel; Schwartz; Jessel, 1995).
Hemisfério esquerdo versus hemisfério direito Desde as pesquisas de Broca (1861) e de Wernicke (1874), no século XIX, sabe-se que os dois hemisférios cerebrais não são nem semelhantes anatomicamente nem equivalentes funcionalmente. Tanto estudos clínico- patológicos com pacientes que sofreram acidentes vasculares cerebrais ou tumores como pesquisas experimentais têm demonstrado que os hemisférios esquerdo e direito são assimétricos em múltiplos aspectos cognitivos. Para a maioria dos seres humanos, o hemisfério esquerdo desenvolve-se ontogeneticamente de forma mais lenta que o direito e está intimamente associado a funções linguísticas verbais. O hemisfério direito, por sua vez, relaciona-se com habilidades viso espaciais, aspectos prosódicos da fala e percepção e expressão musical. No Quadro 6.1 verificam-se algumas das funções e das habilidades diferenciais entre os dois hemisférios (Gaebel, 1988).
Cabe assinalar que a chamada dominância hemisférica para a linguagem (sobretudo para os aspectos semânticos e sintáticos) é esquerda para 99% dos indivíduos destros e para dois terços dos canhotos. Pessoas canhotas, ambidestras ou com lateralidade ambígua representam geralmente 10% da população (entretanto, em países como Índia e Japão, são em torno de 5%) (Ferrari, 2007). Em 20% dos canhotos, a dominância hemisférica para a linguagem fica no hemisfério direito e, em 15% deles, a dominância para a linguagem é bilateral (Madalozzo; Tognola, 2006).
A neuropsicologia investiga as relações entre as funções psicológicas e a atividade cerebral. É de seu particular interesse o estudo das funções cognitivas, como a memória, a linguagem, o raciocínio, as habilidades viso espaciais, o reconhecimento, a capacidade de resolução de problemas, etc. As alterações classicamente estudadas pela neuropsicologia são as afasias (perda de linguagem), as agnosias (perda da capacidade de reconhecimento), as amnésias (déficits de memória) e as apraxias (perda da capacidade de realizar gestos complexos).
Além dessas alterações, tem-se dado ênfase a outras dimensões da cognição, como as atividades construtivas (execução de tarefas complexas,