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Psicopatia: Mitos e Realidades, Exercícios de Comunicação

Este documento discute o conceito de psicopatia, apresentando teorias e casos, tanto reais quanto fictícios, que ilustram a visão distorcida transmitida pela mídia. O documento inicialmente pretendia pesquisar sobre a psicopatia e entender mais sobre essa doença, que afeta milhares de pessoas anualmente. No entanto, após pesquisarmos um pouco sobre o assunto, percebemos que tinhamos uma visão distorcida sobre a psicopatia, gerando perguntas sobre se as pessoas, em geral, também possuem uma visão distorcida do conceito de psicopatia. O documento também explora os fatores que levam as pessoas a desenvolverem esse transtorno, além de discutir a influência dos meios de comunicação na compreensão sobre o tema no contexto do senso comum.

Tipologia: Exercícios

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Roseli
Roseli 🇧🇷

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Convenit Internacional 31 (Convenit Internacional coepta 2) set-dez 2019
Cemoroc-Feusp / IJI - Univ. do Porto / Colégio Luterano São Paulo
Psicopatia: por trás da mascára
Luiza Brunelli Bührer
1
Hanna Maeyama
Helena Barbieri
Felipe Schultz Assef
Alessia Arantes de Almeida Berry
Isabella Carnovali Bianco
Resumo: A presente pesquisa parte da hipótese de que há uma distorção na compreensão acerca do que é
um psicopata, uma vez que, nossos meios de comunicação, tais como cinema, mídia e redes sociais,
retratam o psicopata como um indivíduo associado a crimes e contravenções. A partir dos resultados
desse trabalho, pretende-se fazer com que o leitor reavalie sua noção sobre o tema em questão. Inicialmen-
te, é debatido o conceito de psicopatia e a doença em geral, seguido de fundamentos teóricos e casos,
tanto reais como de ficção, que ilustram a visão adulterada transmitida pela mídia. Posteriormente, também
é realizada uma pesquisa quantitativa que tem como objetivo verificar a veracidade da hipótese inicial.
Palavras-Chave: Psicopatia, psicanálise, mente humana, mídia.
Abstract: The present research is based on the hypothesis that there is a distortion in the understanding of
what a psychopath is, since our media, such as cinema and social networks portray the psychopath as an
individual associated with crimes and misdemeanors. From the results of this work, it is intended to make
the reader re-evaluate his notion on the subject in question. Initially, the concept of psychopathy and
disease in general is debated, followed by theoretical foundations and cases, both real and fictional, which
illustrate the adulterated view conveyed by the media. Subsequently, a quantitative research is also
carried out to verify the veracity of the initial hypothesis.
Keywords: Psychopathy, psychoanalysis, human mind, media.
Introdução:
Este ano fomos introduzidos à disciplina de TIC (Trabalho de Iniciação
Científica) e nos foi proposto a realização de um trabalho cujo tema era de livre
escolha, com base em uma pergunta sobre o assunto selecionado. A partir deste
momento, começamos a pesquisar e refletir sobre temas de interesse do grupo. No
começo sentimos que seria complicado a decisão sobre o tema final, porém,
conseguimos chegar a um consenso do grupo como um todo: A Psicopatia e sua
influência no mundo integrado.
Inicialmente, nossa ideia era pesquisar sobre a psicopatia e entender mais
sobre essa doença, que atinge milhares de pessoas anualmente. Porém, após
pesquisarmos um pouco sobre o assunto, percebemos que tínhamos uma visão
adulterada sobre a psicopatia, fazendo com que surgissem perguntas: será que as
pessoas, em geral, também possuem uma visão distorcida do conceito de psicopatia?
Se sim, esta visão seria transmitida pela mídia? Do mesmo modo, logo após a
pesquisa, identificamos que além, dessa perspectiva imprecisa da psicopatia, os fatores
que levam as pessoas a desenvolverem esse transtorno são bem mais complexos do
que imaginávamos, pois suas personalidades e mentes modificadas foram fatores
primordiais na construção da definição.
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Estudantes da Escola Bilíngue Pueri Domus. Todos com 14 anos e cursam o ano do Ensino
Fundamental II em 2018. Sob orientação do professor Vitor Ikeda redigiram este artigo como Trabalho de
Iniciação Científica. Vitor Ikeda professor é psicanalista especialista em Teoria Psicanalítica pela
Pontifícia Universidade Católica e Mestrando em Educação pela Universidade de São Paulo.
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Convenit Internacional 31 (Convenit Internacional coepta 2 ) set-dez 2019 Cemoroc-Feusp / IJI - Univ. do Porto / Colégio Luterano São Paulo

Psicopatia: por trás da mascára

Luiza Brunelli Bührer^1

Hanna Maeyama

Helena Barbieri

Felipe Schultz Assef

Alessia Arantes de Almeida Berry

Isabella Carnovali Bianco

Resumo: A presente pesquisa parte da hipótese de que há uma distorção na compreensão acerca do que é um psicopata, uma vez que, nossos meios de comunicação, tais como cinema, mídia e redes sociais, retratam o psicopata como um indivíduo associado a crimes e contravenções. A partir dos resultados desse trabalho, pretende-se fazer com que o leitor reavalie sua noção sobre o tema em questão. Inicialmen- te, é debatido o conceito de psicopatia e a doença em geral, seguido de fundamentos teóricos e casos, tanto reais como de ficção, que ilustram a visão adulterada transmitida pela mídia. Posteriormente, também é realizada uma pesquisa quantitativa que tem como objetivo verificar a veracidade da hipótese inicial. Palavras-Chave: Psicopatia, psicanálise, mente humana, mídia. Abstract: The present research is based on the hypothesis that there is a distortion in the understanding of what a psychopath is, since our media, such as cinema and social networks portray the psychopath as an individual associated with crimes and misdemeanors. From the results of this work, it is intended to make the reader re-evaluate his notion on the subject in question. Initially, the concept of psychopathy and disease in general is debated, followed by theoretical foundations and cases, both real and fictional, which illustrate the adulterated view conveyed by the media. Subsequently, a quantitative research is also carried out to verify the veracity of the initial hypothesis. Keywords : Psychopathy, psychoanalysis, human mind, media. Introdução: Este ano fomos introduzidos à disciplina de TIC (Trabalho de Iniciação Científica) e nos foi proposto a realização de um trabalho cujo tema era de livre escolha, com base em uma pergunta sobre o assunto selecionado. A partir deste momento, começamos a pesquisar e refletir sobre temas de interesse do grupo. No começo sentimos que seria complicado a decisão sobre o tema final, porém, conseguimos chegar a um consenso do grupo como um todo: A Psicopatia e sua influência no mundo integrado. Inicialmente, nossa ideia era pesquisar sobre a psicopatia e entender mais sobre essa doença, que atinge milhares de pessoas anualmente. Porém, após pesquisarmos um pouco sobre o assunto, percebemos que tínhamos uma visão adulterada sobre a psicopatia, fazendo com que surgissem perguntas: será que as pessoas, em geral, também possuem uma visão distorcida do conceito de psicopatia? Se sim, esta visão seria transmitida pela mídia? Do mesmo modo, logo após a pesquisa, identificamos que além, dessa perspectiva imprecisa da psicopatia, os fatores que levam as pessoas a desenvolverem esse transtorno são bem mais complexos do que imaginávamos, pois suas personalidades e mentes modificadas foram fatores primordiais na construção da definição. (^1) Estudantes da Escola Bilíngue Pueri Domus. Todos com 14 anos e cursam o 9º ano do Ensino Fundamental II em 2018. Sob orientação do professor Vitor Ikeda redigiram este artigo como Trabalho de Iniciação Científica. Vitor Ikeda professor é psicanalista especialista em Teoria Psicanalítica pela Pontifícia Universidade Católica e Mestrando em Educação pela Universidade de São Paulo.

Logo, a partir destas hipóteses, começamos a pesquisar sobre a doença e a influência dos meios de comunicação na compreensão sobre o tema no âmbito do senso comum e realizamos uma pesquisa quantitativa, na qual colocamos questões relacionadas ao comportamento psicopático e, seguido de cada uma, uma escala linear de 1 a 5, sendo 1 menos propenso e 5 mais propenso à realização do ato que caracteriza o psicopata. Aplicamos a pesquisa em 84 adolescentes e adultos, com diferentes níveis de escolaridade. Atualmente, vivemos em um mundo digitalizado e globalizado, no qual as notícias se espalham rapidamente e, a maioria das pessoas aceita como verdade absoluta o que é transmitido pela mídia. Entretanto, nem sempre as mensagens passadas pela mídia são corretas, logo, as pessoas ficam com uma visão distorcida de alguns conceitos. Um destes conceitos que é pouco compreendido pela sociedade é a psicopatia, por isso, o objetivo deste trabalho é fazer com que, após a leitura, o leitor seja capaz de reavaliar seu conhecimento e sua noção sobre o tema. De acordo com o Dicionário Aurélio de Português Online^2 , psicopatia vem a ser uma “designação genérica das doenças mentais” e um “desequilíbrio patológico no controle das emoções e dos impulsos, que corresponde frequentemente a um comportamento antissocial”. Apesar da definição não mencionar crimes graves, como assassinatos, nossos meios de comunicação frequentemente retratam o psicopata como algum assassino em série ou um indivíduo associado a crimes e contravenções, gerando uma percepção distorcida de psicopatia.

1. Origem do termo O termo psicopata se formou no século XIX a partir do alemão psychopatisch , que derivou da palavra em grego psykhé, que significa “mente”, mais pathos , que significa sofrimento, caracterizando então um distúrbio mental. “O conceito de psicopatia tem sido, ao longo da evolução dos conhecimentos no campo da psicopatologia, objeto de muitas controvérsias devido à multiplicidade de aspectos envolvidos neste dis- túrbio (social, moral, criminal, etc)”. (BITTENCOURT, 1981, p. 20). No decorrer dos séculos, o termo psicopatia foi muito debatido e abordado por diversos autores importantes com diferentes visões sobre o assunto, tornando-se difícil a conceitualização do fenômeno em si. Os diferentes pontos de vista, desde o início da psiquiatria até hoje, atribuem a psicopatia a múltiplos fatores, que vão desde causas orgânicas, ou seja, relacionadas à disfunção cerebral até distúrbios adquiridos através de experiências afetivas. 2. Psicopatia: a doença A psicopatia é "definida por psicólogos e psiquiatras como uma condição. Trata-se de um tipo de comportamento social, em que pessoas são desprovidas de consciência ética, humana e principalmente moral. Psicopatas normalmente possuem deficiência de empatia" (ROCHA, 2018 ). A psicopatia corresponde a um distúrbio mental que leva ao desprezo por outras pessoas, configuradas como instrumentos de manipulação. O tratamento adequado pode ajudar, mas não se trata de uma cura definitiva, incluindo psicoterapia (^2) Disponível em https://dicionariodoaurelio.com/psicopatia. Acesso em: 2 out. 2018.

Posteriormente, Gage desmaiou, porém recuperou rapidamente a consciência e foi prontamente levado ao médico local. Seu caso foi considerado um milagre para a ciência e serviu como meio para realização de pesquisas sobre o cérebro, pois Phineas Gage não só sobreviveu como se recuperou bem, fisicamente. Contudo, pessoas próximas a ele relataram que, pouco tempo depois do ocorrido, Phineas começou a ter mudanças surpreendentes na personalidade e no humor, tornando-se extravagante, anti-social, praguejador, mentiroso, com péssimas maneiras e não conseguia manter o foco em suas atividades tampouco permanecer com um mesmo emprego ou planejar o futuro. “Gage já não era mais Gage”, diziam amigos. Deste modo, o crânio de Phineas Gage foi muito estudado e hoje está preservado no Warren Medical Museum da Universidade de Harvard. Além dele, muitas pessoas que sofrem acidentes relacionados ao cérebro têm mudanças notáveis na personalidade, tornando-se indivíduos mais perversos do que o usual. Logo, uma das causas da psicopatia pode ser acidentes ocorridos ao longo da vida do indivíduo.

3. Psicopatia x Sociopatia Dentro da perspectiva dos membros da sociedade, há uma diferença entre os psicopatas e sociopatas porém, os dois termos são sinônimos para um tipo específico de transtorno de personalidade. Conforme a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), o termo oficial para designar um psicopata ou sociopata é personalidade dissocial ou antissocial. “A psicopatia é um termo muito confuso historicamente, sendo que hoje se refere a apenas um dos oito transtornos de personalidade existen- tes”, diz o psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Hospital das Clínicas, em São Paulo (SALLA, 2018). Isto é, a associação que, em geral, fazemos do termo psicopata com um assassino frio, como um serial killer , não passa de mau uso do termo. Sociopatia é um distúrbio mental causado pelo desprezo de outras pessoas. A sociopatia se caracteriza pela incapacidade de sentir culpa, falta de empatia e remorso. Sociopatas são normalmente emocionalmente estáveis e muito impulsivos. A falta de empatia é algo significante em um sociopata, podendo explicar transtornos mentais e estresse. Sociopatas e psicopatas apresentam características similares, com personali- dade antissocial. Os dois apresentam dados similares, sendo considerados transtornos relativamente semelhantes. Psicopatas são manipuladores e calculistas, sofrem por não ter consciência de seus atos. Eles apresentam características extremamente calculistas e manipuladoras. Muitos são reconhecidos por ter características antissociais, com uma diminuição do controle comportamental. Um psicopata pode, mas não necessariamente, apresentar ações violentas e manipuladoras e cometer crimes sem sentir culpa. 4. A mente humana em trabalho psicopata A mente humana psicopata apresenta no cérebro uma menor conexão entre o córtex pré-frontal ventromedial e a amígdala, responsáveis pela empatia, culpa, ansiedade e medo. Assim, fica evidente que essas duas áreas são compreendidas como as encarregadas das emoções e intenções conturbadas e são relacionadas aos comportamentos morais. Os indivíduos que parecem guiados por seus instintos mais primitivos são caracterizados como psicopatas, ou mesmo, egoístas, narcisistas e desonestos. Devido aos nossos meios de comunicação, e através do cinema e da TV, que influenciam o

ponto de vista e a formação de opinião, grande parte da sociedade ainda trata os psicopatas como ficção ou algo distante da realidade pessoal. Todavia, essa percepção se encontra cada vez mais perto de nossa sociedade atual, psicopatas veem outras pessoas como ferramentas para a obtenção de sua própria satisfação e, deste modo, é com mais cautela que devemos nos dedicar a um olhar mais apurado sobre nossa realidade. A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, esclarece em seu livro Mentes Perigosas: O Psicopata Mora ao Lado (2008) que psicopatas são atores da vida real, que mentem com normalidade e que, portanto, conseguem deixar seus instintos mali- ciosos imperceptíveis aos nossos olhos e sentidos, a ponto de não percebermos a dife- rença entre aqueles que têm consciência e aqueles que são desprovidos deste atributo.

5. Tipos de psicopatia De acordo com o psiquiatra norte-americano Cleckey (1950) existem dois tipos de psicopatas: os primários, que são aqueles que não apresentam planos de vida, são incapazes de sentir emoções e parecem ser capazes de inibir seus impulsos antissociais, não devido à consciência, mas sim por favorecer seu propósito naquele momento; e os secundários, que são passíveis a oferecer risco aos outros, porém indivíduos mais propensos a reagir frente a situação de estresse e a sentir culpa. São vulneráveis ao estresse assim como pessoas normais. São pessoas ousadas, aventureiras e pouco convencionais, que estabelecem suas próprias regras. Tanto os primários quanto os secundários estão subdivididos em dois tipos. Os psicopatas descontrolados, os quais parecem se aborrecer ou enlouquecer mais facilmente e com mais frequência. Em geral, também são homens com impulsos sexuais incrivelmente fortes, e que têm como característica predominante sentir muitos desejos, como o vício em drogas, a cleptomania, a pedofilia ou qualquer tipo de indulgência ilícita ou ilegal. Os psicopatas carismáticos, por sua vez, são mentirosos, encantadores, manipuladores e atraentes; possuem uma capacidade extrema de persuadir os outros facilmente ou de abandonar tudo o que possuem, inclusive suas vidas. Podem até chegar a acreditar em suas próprias invenções. 6. Psicopatia do cotidiano Serial killers que aparecem em manchetes de jornais ou protagonizam filmes de terror chamam a atenção do ser humano por conta de suas extremas atitudes perversas. Porém, o que a maioria das pessoas não sabem é que, antes dos casos mais graves de psicopatia, há um tipo de psicopata que pode até não cometer crimes absurdos, mas tem o costume de afetar a vida dos outros à sua volta. Pessoas nessa condição impingem um sofrimento diário a quem está próximo. Psicopatas do cotidiano comumente estão presentes no nosso dia a dia, fazendo parte de nossa rotina, sem nem sabermos que apresentam um tipo de transtor- no mental. Encontram-se em nosso ambiente de trabalho, ambiente escolar, vizinhan- ça, e até mesmo dentro de nossa própria família. A psiquiatra Mecler (2015) exempli- fica esses casos: É o chefe que desqualifica o funcionário publicamente; o namorado excessivamente grudento; o parente esquisito que vive enfurnado em casa e evita contato com os outros; o vizinho que sempre está procurando motivos para criar confusão no condomínio; os pais que frequentemente fazem chantagem emocional para que os filhos tomem atitudes contrárias às suas vontades...

produto e de seu próprio consumo. No decorrer do filme, percebe-se que João acumula uma boa quantia de dinheiro devido às altas transações, mas que com a perda de controle de suas atividades que este processo havia criado, gasta tudo, viajando a Europa com sua namorada Sofia. Johnny acaba por desenvolver transtorno mental relacionado à cocaína , observado pelo seu estado de euforia nas festas retratadas no filme. Dentre esses transtornos mentais estão à síndrome da dependência, uma característica forte e desejo intenso e irresistível de consumir drogas psicoativas, álcool ou tabaco. O estado de abstinência é um conjunto de sintomas, de agrupamento e gravidade variáveis, ocorrendo em abstinência absoluta ou relativa após o uso repetido e usualmente prolongado uso de doses daquela substância. Em 1995, João e seus dois companheiros são presos em flagrante pela Polícia Federal e a partir deste momento, passam a construir o cotidiano do sistema carcerário brasileiro. O dia do julgamento revela a atuação da juíza, que os sentencia a dois anos de reclusão em um Manicômio Judiciário, pois ao analisar as provas, julga procedente apenas a ação penal pela prática dos crimes de tráfico entorpecentes e tráfico internacional. Assim rejeita o pedido do ministério público com relação ao artigo 14 da antiga Lei de Entorpecentes. A juíza considera nesse ponto a inexistência de formação de quadrilha, pois concorda com a defesa na tese de inexistência da estrutura organizada de sociedade criminosa. É também abordado o conceito de criminologia que se trata de um conjunto de conhecimentos que estudam o fenômeno e as causas de criminalidade, a personalidade do delinquente e sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo. Os distúrbios de personalidade reconhecidos no filme foram de neurose, paranoia, transtorno bipolar e personalidade psicopática afetada por fatores neurológicos ao exemplo dos lobos frontais e temporais. O filme chega a demonstrar esse impasse da visão da sociedade contra a punibilidade.

8. Casos de psicopatia: reais 8.1. Situações da Psicopatia (vida real): “O maníaco do parque” O motoboy Francisco de Asis Pereira ficou conhecido como o “maníaco do parque” após cometer, em 1998, um série de estupros e assassinatos no parque do Estado de São Paulo. O homem abordava suas vítimas, mulheres jovens, em pontos de ônibus, apresentando-se como agente de modelos e propunha uma sessão de fotos no meio da natureza. Convencidas da história, as mulheres subiam na garupa da moto que seguia para o parque, uma área de 550 hectares que Francisco conhecia bem. Uma vez isolados no meio da mata, o motoboy estuprava e matava suas vítimas por estrangulamento. Matou aproximadamente seis mulheres e tentou assassinar outras nove. O fato de Francisco ter tido uma infância conturbada, com assédios sexuais, pode ter desencadeado esse comportamento violento e psicopático. Definitivamente se aperfeiçoou na capacidade de eliminar o próximo sem sofrer nenhum tipo de perturbação. Podemos então concluir que Francisco é um tipo de psicopata - alguém sem nenhum remorso e nenhuma compaixão pelo semelhante. Os psiquiatras que o analisaram para um laudo pericial, escreveram que a maior motivação de sua vida era 'a afirmação violenta do próprio eu'. Além disso, diagnosticaram caráter paranóide e anti-social.

Embora a psicopatia seja popularmente associada somente a pessoas violentas, tal associação é comumente incorreta. A associação correta, que difere do que as pessoas normalmente acreditam, afirma que psicopatas, em sua maioria, não são assassinos. Assim como nem todos os assassinos são psicopatas.

9. Pesquisa quantitativa Tendo em vista o nosso interesse pelo tema, realizamos uma pesquisa para análise da percepção de alunos, funcionários e adultos, em geral, na Escola Bilíngue Pueri Domus (escola particular de São Paulo – SP, Brasil) sobre o termo psicopatia. Os 84 adolescentes e adultos entrevistados, que possuem diferentes níveis de escolaridade, foram expostos a uma série de delitos que podem ser cometidos por psicopatas: assassinato; sentir prazer ao praticar o mal a outro; não aprender com seus erros; mentir sem culpa; e manipular as pessoas para benefício próprio. Seguido de cada uma das infrações citadas anteriormente, foi colocado uma escala linear de 1 a 5. Consideraremos que respostas de números 1 e 2 indicam que o entrevistado acredita que o psicopata está menos propenso a cometer certo delito e respostas de números 3, 4 e 5 indicam que o entrevistado acredita que o psicopata está mais propenso a cometer certo delito. De modo algum negamos a diferença entre as respostas agrupadas, entretanto, para facilitar a compreensão, generalizamos as respostas e as separamos em dois grupos de ideias distintas. Os gráficos abaixo ilustram os resultados obtidos a partir das categorias de delitos ou de comportamentos: Gráfico 1 Após a análise deste gráfico, é possível perceber que um total de 92,9% dos interrogados crêem que o psicopata está propenso a cometer assassinato, enquanto um total de 7,2% dos interrogados crêem que o psicopata não está propenso a cometer assassinato. Gráfico 2

Gráfico 5 Após a análise deste gráfico, é possível perceber que um total de 69% dos interrogados crêem que o psicopata está propenso a manipular as pessoas para benefício próprio, enquanto um total de 30,9% dos interrogados crêem que o psicopata não está propenso a manipular as pessoas para benefício próprio.

10. Análise da pesquisa: o que a sociedade entende por psicopata? Avaliando os dados obtidos em nossa pesquisa quantitativa, foi constatado que, a maioria das pessoas vê o indivíduo perverso como alguém violento e associado a crimes, uma vez que o primeiro gráfico, que representa o assassinato , indica uma diferença exorbitante entre os dois grupos de respostas, concluindo-se que quase todos acreditam que um psicopata cometeria assassinato. Seguindo aos demais gráficos, vemos uma diferença relativamente grande entre os dois grupos, presumindo-se que muitos crêem que um psicopata sente prazer ao praticar o mal a outro ou, até mesmo, pode se inferir que algumas pessoas consideram que um psicopata não aprende com seus erros. É possível averiguar, que, o almejo do psicopata é duvidoso à maioria da sociedade, em razão da ativa posição da mídia sobre o conhecimento geral do psicopata. Deste modo, conseguimos perceber que nossa hipótese de que as pessoas, normalmente, associam psicopatas a crimes é válida, pois o delito que apresentou a maior distância entre as duas visões foi o assassinato. Nos outros, predominaram as respostas 3, 4 e 5 em menores quantidades. Portanto, conclui-se que poucas pessoas entendem de fato o conceito de psicopatia e a maioria apenas associa o perverso a crimes, assim como a mídia faz. 11. A mídia formadora de opinião Com base em nossa pesquisa, podemos afirmar que prevalece uma imagem distorcida da psicopatia, em grande parte, fomentada pela mídia. Ao executar este trabalho, tivemos a oportunidade de aprender e entender o real significado desse termo, que certamente difere da visão que os meios de comunicação transmitiram nos últimos anos. Depois de estudarmos os tipos de psicopatas existentes, suas características específicas e seus jeitos de pensar, notamos que o psicopata não é apenas aquele sujeito que comete crimes absurdos ou mata com prazer. Um psicopata não é

necessariamente um assassino que suja suas mãos de sangue, assim como nem todo assassino é um psicopata. Grande parte de nossa sociedade não enxerga isso, pois muito provavelmente, graças ao cinema, às redes sociais, ou aos noticiários, acabamos associando o psicopata apenas a pessoas violentas, com uma aparência insana e que, consequentemente, são mais facilmente identificadas. Porém, ao contrário dessa visão distorcida que acaba predominando em nossa sociedade, a psicopatia apresenta diferentes níveis de gravidade. O que a maioria desconhece é que, parte das pessoas que desenvolveram esse distúrbio mental, ao longo da adolescência ou no início da vida adulta, estão presentes no nosso dia a dia. Aquele que mente, manipula, é egoísta, gosta de praticar o mal ao outro, tem o costume de chantagear, sente prazer ao culpar os outros, em geral, é considerado um psicopata. Esses normalmente fazem parte de nossa rotina, e são muito difíceis de serem reconhecidos, justamente porque a nossa atenção está voltada à mídia, que apenas divulga casos extremos de serial killers , como por exemplo o caso real que selecionamos para o nosso trabalho, “O Maníaco do Parque”. Estudamos e comentamos sobre dois filmes: “Prenda-me se for capaz” e “Meu nome não é Johnny”, que diferentemente do que normalmente é proposto pelo cinema, os sujeitos psicopatas não chegam a matar. Esses servem como um bom exemplo para psicopatas do cotidiano, que mentem, manipulam e são egoístas sem apresentar comportamentos mais extremos. Também notamos que a maioria do público que assistiu ao filme, não chegou a associar os personagens à psicopatas, pelo fato de não matarem ninguém. Com isso, conseguimos dar mais suporte à nossa tese, de que os meios de comunicação passam à sociedade uma visão distorcida do tema. Fizemos uma pesquisa quantitativa em que buscamos analisar a percepção de funcionários, alunos e adultos presentes em nossa escola. Os resultados mostrados nos gráficos contribuíram e comprovaram nossa tese. Com base nisso, finalizamos nosso trabalho de iniciação científica, “ Psicopatia: por trás da máscara ”. Referências ABAGNALE, Frank Jr. Prenda-me se for capaz. Nova Iorque: Grosset & Dunlap,

BITTENCOURT, Maria Inês G. F.. Conceito de psicopatia : elementos para uma definição. Arquivos Brasileiros de Psicologia, Rio de Janeiro, v. 33, n. 4, p. 20-34, mar. 1981. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/ index.php/abp/article/view/18612. Acesso em: 3 out. 2018 CECKLEY, H. The mask of sanity. St. Louis: Mosby, 1950. FREITAS DA SILVA, Jordan. A Psicopatia a partir da Psicanálise: desmistificando a visão da mídia. Mneme - Revista de Humanidades, v. 16, n. 37, p. 72-90, 3 fev.

MELO, Carolina. Quem são os “Psicopatas do Cotidiano?” Você pode estar entre eles_._ 2015. Disponível em: https://veja.abril.com.br/saude/quem-sao-os-psicopatas- do-cotidiano-voce-pode-estar-entre-eles/. Acesso em: 2 out. 2018.