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Uma visão geral das comunidades ribereiras, povoações tradicionais que vivem ao longo dos rios da amazônia. Através de descrições detalhadas, é possível conhecer a história, a caracterização do território, da população, das relações e da economia dessas comunidades. Além disso, o texto aborda os desafios que essas comunidades enfrentam, como a falta de infraestrutura, acesso limitado a serviços básicos e a desestruturação ambiental. O documento também discute a importância da saúde e da psicologia comunitária na promoção do desenvolvimento sustentável e da inclusão social.
Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas
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Comunidades Ribeirinhas da Amazônia Bacia Amazônica (Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Amapá) Abram Maeda Faleiro da Silva - 02210132 Aleksandra Csoknyai Del Monte - 02210564 Júlia Silva Sousa - 02210066 Lueica Willyanne dos Santos Rodrigues - 02211183 SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – SP 2024
1. História e surgimento da comunidade A Amazônia é formada por uma variedade de povos e etnias, resultado das ocupações e da miscigenação no país. Os termos "comunidades" ou "povos ribeirinhos" são utilizados quando se referem às pessoas que vivem próximas aos rios, estabelecendo forte vínculo com a natureza, visto que a pesca artesanal é sua principal fonte de renda e sobrevivência. Os ribeirinhos podem ser encontrados em diversas partes do Brasil, mas sua presença é maior na Amazônia. Nessa perspectiva, suas casas são montadas sobre palafitas, e seu meio de transporte são os barcos e/ou canoas em épocas de cheias dos rios da região. A população ameríndia é conhecida também como "cabocla" e teve início com a chegada dos portugueses, seguida pela fase extrativista da borracha, denominada e conhecida como “ciclo da borracha”. É uma época em que a industrialização e o desenvolvimento tecnológico tornaram a borracha, produto exclusivo da região, muito valorizada, consequentemente gerando grande quantidade de riqueza e lucro para quem a cultivava e para a região amazônica. Gráfico 1 - Exportações brasileiras e participação da exportação de borracha e café na balança comercial do Brasil: 1901- Fonte: Wesley Pereira de Oliveira; José Raimundo Barreto Trindade; Nathalia Menezes Machado.Cadernos CEPEC, 2012.
farinha e leite, foi associado somente à maior distância da moradia até centro urbano. Nas comunidades mais distantes da cidade, pela dificuldade de acesso aos mercados, é esperada uma alimentação mais baseada na pesca. (GAMA et al, 2022. p. 2616-2617). Apesar de viverem, em sua maioria, isolados geograficamente, algumas dessas comunidades usufruem de uma infraestrutura melhor, visto estarem próximas de centros urbanos, mas ainda encontram barreiras em razão das políticas públicas insuficientes. No que se refere às relações construídas pelos ribeirinhos, foi observado que os laços entre os casais são estabelecidos com base em apoio econômico e colaboração no trabalho, companheirismo para momentos de lazer ou prática religiosa. Em outras palavras, as relações são influenciadas por padrões de gênero que organizam as atividades do dia a dia, determinam o papel ocupado na família e moldam os vínculos na rede social.(SILVA et al., 2010). A população da comunidade é composta por povos indígenas, quilombolas, imigrantes, emigrantes, enfim por uma diversidade de grupos étnicos, constituídos a partir dos processos de colonização, migratórios e de miscigenação, trazendo uma ancestralidade revelada na sua cultura, educação, no seu cotidiano em suas manifestações socioculturais. Normalmente, para se ter acesso às comunidades ribeirinhas, o meio de transporte mais utilizado, em épocas de cheias, são os barcos a motor ou as canoas, e em épocas de seca, somente a pé.
3. Caracterização da população da comunidade As populações ribeirinhas possuem diversas peculiaridades se levarmos em conta a população urbana, destacando-se a exposição às doenças tropicais e o isolamento geográfico, fatores que podem levar à exclusão social e à limitação de acesso aos serviços e políticas públicas, especialmente em municípios do interior. Vivem geralmente em comunidades mais fechadas, compostas de núcleos familiares, distribuídas ao longo das margens de rios, lagos e igarapés, utilizando-se deles e da floresta para garantir sua sobrevivência, dando destaque para mandioca, cheiro verde, cebola de palha, couve, alface, dentre outros. Sua economia baseia-se no comércio, com complementação de renda de recursos advindos de programas
governamentais e municipais, sendo representada por uma mistura de grupos sociais diferentes como os indígenas, nordestinos, migrantes de outras regiões e imigrantes. (Reis et al, 2021, p. 2-3). Assim, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da realização do Censo em 2022, apesar de não caracterizar o território das comunidades ribeirinhas, visto a dificuldade apresentada pelo próprio clima e localização destas (MINUTO IBGE, 2022) , apresentou os primeiros resultados destacando um aumento populacional na Amazônia Legal principalmente em Canaã dos Carajás, município do Pará.com um salto 26.677, em 2010, para 77.079, variação absoluta de 50.363 habitantes, por ser considerada por muitos como a “Terra Prometida”, fazendo parte do Projeto Grande Carajás. Outro município que obteve um “boom” foi Parauapebas, que teve seu crescimento de 153.785 para 266.424 habitantes. Porém ambas vivem em função da Vale. Manaus obteve a maior variação entre as capitais, contando com 2.063. habitantes, com um acréscimo de 261.533 residentes, mas com uma densidade demográfica de 181 habitantes por quilômetros quadrados. E a capital com maior destaque foi Roraima, tendo como taxa de crescimento geométrico uma expansão anual de 2,92%, ou seja, de 450.479 para 636. habitantes, com predomínio demográfico na capital Boa Vista. Porém, através de vários projetos particulares e de ONGs é possível realizar uma maior delimitação territorial mas sem dados específicos devido às finalidades de cada uma. II. CULTURA E ECONOMIA DA COMUNIDADE
1. Principais costumes, hábitos e cultura Os povos ribeirinhos carregam consigo práticas culturais profundamente enraizadas nas tradições indígenas e caboclas, que se entrelaçam ao longo da história e culminam em uma comunidade marcada por fortes valores coletivos. A relação estabelecida entre os ribeirinhos, os rios, as matas e as terras proporciona a construção de uma singularidade própria baseada em uma troca dialética: enquanto o meio provém alimentos, água e terras férteis, os ribeirinhos protegem aquele espaço perpetuando simbolismos culturais, por meio de mitos e
Figura 1 - Moradores da comunidade ribeirinha Bacuri às margens do Rio Juruá. Fonte: Zanone Fraissat, Folha de São Paulo, 2020. Figura 2 - Julielza de Souza Simas e as filhas, Thainara e Ana Julia, guardam mantimentos em balde em sua casa, na Boca do Jacaré. Fonte: Zanone Fraissat, Folha de São Paulo, 2020.
Figura 3 - Mulher ribeirinha em sua casa na comunidade Buriti Vencedor, no Alto Solimões: quando há profissionais de saúde disponíveis, eles têm dificuldade em chegar aos povoados. Fonte: Antonio Souza, O Globo, 2014. Figura 4 - Pescador ribeirinho. Fonte: André Dib, Revista Galileu, 2015.
ambiental e territorial, vigente até 2019. Apesar do programa desenvolvido para a região, é necessário realizar uma análise crítica acerca do que foi proposto, considerando que a maioria das políticas públicas desenvolvidas pelo estado para a região amazônica são criadas a partir de referências do sul e sudeste do país, gerando uma padronização que, de certa forma, apaga a singularidade dos costumes tradicionais (Fernandes; Moser 2021 apud Teixeira, 2008). É notável que a escassez de políticas públicas não só dificulta as trocas econômicas, mas também provoca a marginalização e isolamento dessas comunidades, fazendo com que muitas famílias ribeirinhas sobrevivam apenas com auxílios governamentais, como o programa Bolsa Família. Um estudo realizado por Santos, Silva e Koller em 2017 na Ilha de Combú, em Belém (PA), mostrou que, com o auxílio, as rendas per capita variavam entre R$80,00 e R$159,86, valores que se somados para um família de, por exemplo, quatro integrantes resultam em totais que oscilam entre R$320,00 e R$639,44, quantias baixas para se garantir as necessidades básicas necessárias para o sustento de todos.
3. Espaços existentes na comunidade As comunidades ribeirinhas se estendem por toda a bacia amazônica, nos estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Amapá, e dada a dificuldade de acesso aos locais onde estão, não é possível estimar de forma confiável quantas existem nesse recorte territorial. Contudo, através de artigos selecionados pelo grupo, foi possível localizar algumas das semelhanças compartilhadas entre as comunidades ribeirinhas. Os espaços são fortemente afetados pela estrutura precária, a falta de saneamento básico, água potável e casas de palafitas dificultam - e muito - a construção de locais de uso comum como escolas, hospitais ou centros de esporte. Dessa forma, o acesso à educação se dá pelas viagens realizadas de canoas até a cidade mais próxima ou através de pequenas escolas multisseriadas montadas em um espaço cedido pela comunidade. Os deslocamentos diários realizados pelas crianças são demorados, podendo chegar a horas de trajeto, e perigosos, devido às estruturas comprometidas desses meios de transporte. Em 2020, a professora Laura Viviane realizou um ensaio fotográfico de comemoração da formatura das crianças ribeirinhas para as quais leciona na
Comunidade Tabuleiro, localizada na Zona Rural do município de Carauari, distante 788 Km de Manaus (AM). As fotos foram realizadas com um celular simples, na beira de um lago próximo a comunidade, com o intuito de fortalecer a relação das crianças com o meio em que vivem e também de parabenizá-las pela conclusão de uma fase importante de estudos, além de incentivá-las a continuar nesse caminho, mesmo em meio a tantas dificuldades. Em entrevista fornecida ao portal de notícias G1, a professora afirma que a formatura É uma oportunidade que chega a ser única na vida de uma criança. Ainda mais aqui, na Zona Rural, afastada da cidade, longe de tudo, da modernidade. Sendo que geralmente os filhos crescem se inspirando nos pais, que são caçadores, pescadores, agricultores, vivem da roça. E a gente sabe que para seguir esses passos, de certa forma, não terão uma formatura. Então, eu quis tornar esse momento único na vida deles, ao menos uma vez na vida (Portal G1, 2020). As dificuldades de acesso aos ambientes de saúde se assemelham às dificuldades vivenciadas no âmbito da educação. Os ribeirinhos contam com poucos postos de saúde ou hospitais, para os quais precisam se deslocar pelos rios. Para facilitar o acesso, o cuidado médico e odontológico também é realizado através de profissionais que vão até as comunidades para prestar os suporte necessário. A assistência é prestada por meio de Equipes de Saúde das Famílias Ribeirinhas (eSFR), locadas em Unidades Básicas de Saúde (UBS), projetos de extensão de universidades próximas, ongs, missionários de igrejas evangélicas ou outros setores do poder público, como agentes de saúde da Marinha. As equipes geralmente contam com uma profissionais diversos que oferecem serviços médicos e odontológicos e promovem atividades educativas com assuntos relacionados às principais necessidades da comunidade atendida. Além da precariedade estrutural, duas das principais dificuldades encontradas nesse contexto são o analfabetismo e a desconfiança dos ribeirinhos. Muitos não conseguem escrever os próprios nomes, informar sua idade ou data de nascimento e, junto a isso, têm receio dos medicamentos ou cápsulas de cloro - utilizadas para deixar a água potável - pois acham que esses itens fazem mal (Jornal O Globo, 2014).
O rio pode ser considerado como uma extensão dos lotes das famílias, pois há uma interação e complementação de espaços ecológicos, econômicos e principalmente culturais. Desse modo, as populações que habitavam e habitam as margens do rio, precisam ter a sua identidade preservada e reconhecida. (Santos, 2012, p. 8) O modo de vida, os costumes, as tradições, os rituais refletem a conexão do povo ribeirinho com os rios e as florestas, se adaptando às condições adversas e preservando as práticas ancestrais de subsistência, respeitando a natureza. A interdependência com o rio, proporciona os recursos materiais, mas também uma base cultural e espiritual. A identidade da comunidade ribeirinha é um ponto de atenção, pois se constitui a partir de inúmeros fatores históricos, políticos e sociais. Assim, “identidade” acaba por significar “aparecer”: ser diferente e, por essa diferença, ser singular. Seu principal objetivo, ao contrário do que pode indicar inicialmente, não é dividir, separar ou classificar, mas agrupar, identificar, representar, ainda que tal agrupamento não seja estático, homogêneo e perpétuo no contexto espacial e temporal ilimitado. (Escudero, 2021, p. 6) Desse modo, é evidente que há múltiplos determinantes para a identidade de uma comunidade, como a sensação de pertencimento, às necessidades serem atendidas quando estão em coletivo e a importância dos participantes daquele agrupamento e a colaboração mútua, outrossim, sua singularidade no conjunto de normas, tratativas, cultura, território, condição social e quaisquer outra temática que afete o grupo pertencente a comunidade. Destacando a dinâmica e a mutabilidade da identidade, que se constitui no decorrer do tempo, assim como ocorre com o desenvolvimento de cada indivíduo participante. De acordo com Castells (2002), é possível notar uma distinção entre três formas e origens da construção de identidades. Nesse cenário, a primeira identidade é a legitimadora, que é introduzida pelas instituições dominantes; A segunda é a de resistência que é criada por atores que se encontram em posições desvalorizadas ou estigmatizada pela lógica de dominação e a última, a identidade de projeto, que ocorre quando os atores sociais, utilizando-se de qualquer tipo de material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de redefinir sua posição na sociedade com o objetivo de ampliar a comunidade.
Nesse processo de categorização, as comunidades ribeirinhas do Brasil se enquadram, majoritariamente, na categoria de Identidade de Resistência. Isso ocorre porque essas comunidades, ao longo do tempo, têm resistido às pressões externas, como políticas governamentais e interesses econômicos, que muitas vezes ameaçam suas tradições, modos de vida e recursos naturais, como já citados em parágrafos anteriores. Os ribeirinhos tendem a preservar a sua cultura, suas práticas ancestrais e a relação harmoniosa com o ambiente natural, resistindo à assimilação cultural, à dominação. Além disso, buscam o direito à autodeterminação, a tomada de consciência e a preservação de seu modo de vida tradicional distante do que está posto a eles, potencializando e defendendo a diversidade. Ainda, constata-se elementos de Identidade Legitimadora entre os ribeirinhos, especialmente quando reivindicam seu direito histórico e cultural de habitar e utilizar os recursos naturais das áreas ribeirinhas. A resistência é um traço proeminente em suas lutas pela proteção de seus territórios e modos de vida tradicionais, uma vez que se opõem ao sistema econômico capitalista. Este sistema, que se configura como uma estrutura dominante, poderia promover mudanças que os ribeirinhos não desejam, como uma relação que promoveria prejuízos à natureza, baseada na exploração exploratória e selvagem, em detrimento da interação mútua dos ribeirinhos. Portanto, a relação construída com os recursos naturais, a vida em comunidade e os modos de subsistência tradicionais são características da comunidade.
2. Relações de poder As relações estão inseridas em todos os aspectos da vida do sujeito; ademais, são elas que constroem a subjetividade do ser em uma relação dialética de mútua transformação. Dentro dessa perspectiva, destaca-se que as relações envolvem o afeto, tanto o positivo quanto o negativo, dado que pode unir ou excluir pessoas, dependendo do seu ideal de pertencimento e do grau de extremismo. A relação é um fenômeno social e estruturado, não é algo meramente individual. Dentro das diversas relações que ocorrem no decorrer do desenvolvimento humano, vivenciam-se as relações de poder, comumente associadas à dominação.
A dominação sobre os grupos/comunidades repete a história, o colonizador impõe o seu estilo/padrão de vida sobre aquele que ele considera “inferior” desconsiderando qualquer tipo de diferença e potencialidade do outro, desprezando identidades e as relações construídas pelo sujeito com o seu espaço, dado que seu território é afeto, é vivo. Nessa conjuntura, a dominação exclui as singularidades e promove a criação de uma história única que não engloba as diversas perspectivas.
3. Demandas sociais, econômicas e/ou políticas (ARRUMAR) Como já citado em tópicos anteriores, a comunidade ribeirinha possui diversos desafios significativos em seu cotidiano. De acordo com a Constituição Federal de 1988 no artigo 196 é citado que: A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. (BRASIL,1988, Art.196). Dado o direito básico acima, é crucial garantir saúde de qualidade a essa comunidade, por meio da disponibilidade de postos de saúde e espaços que possam ser utilizados para garantir a saúde integrada da comunidade, como campanhas de prevenção de doenças, consultas em diversas especialidades e disponibilidade de remédios e vacinas. A questão do transporte e do acesso, decorrentes da sua localização geográfica, dificultam o acesso a serviços básicos e direitos essenciais. Essa situação de vulnerabilidade social, econômica e política gera demandas, incluindo a necessidade de infraestrutura adequada, como acesso à água, eletricidade e saneamento básico. Além disso, a situação de fragilidade nessas áreas essenciais, gera demandas no âmbito educacional, como a dificuldade de acesso à educação básica e alfabetização. Portanto, diante dessas demandas sociais, políticas e econômicas, é imprescindível que o Estado assuma um compromisso com a implementação de políticas públicas eficazes, alocando recursos adequados para garantir a implementação dos serviços de saúde, educação e infraestrutura básica necessários. Somente assim será possível promover o desenvolvimento sustentável
e melhorar as condições de vida dessas comunidades, respeitando seus direitos fundamentais e promovendo a inclusão social e o bem-estar de todos os seus membros. IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS A discussão sobre as comunidades e suas características está no âmbito da Psicologia Social, área de estudo que abrange a compreensão das dinâmicas sociais e dos processos psicológicos que ocorrem nas interações entre indivíduos e grupos. Apesar de sua relevância, a Psicologia Social é desvalorizada em relação às outras vertentes da psicologia. A Psicologia Comunitária integra-se e correlaciona-se com a comunidade e a psicologia, que compreende o tecido social; desse modo, enfrenta desafios similares em relação à sua importância no contexto psicológico. Ademais, é comum a falta de políticas públicas adequadas e assertivas para as populações que estão em vulnerabilidade socioeconômica, dado que deveriam ser priorizadas, pois possuem acesso limitado a serviços básicos de saúde, educação e assistência social, como os ribeirinhos que estão em uma localização geográfica de difícil acesso. Ressalta-se que o Brasil é um país diverso, e suas diferentes regiões são reflexos dessa pluralidade em cultura, culinária, oralidade, linguagem e rituais. Assim, quando o grupo optou pela comunidade da Amazônia, uma comunidade geograficamente distante da nossa região, foi possível notar uma estranheza ao estudar uma cultura que se distancia da região Sudeste. Dada essa premissa, é essencial a necessidade de ampliar nossos olhares para respeitar e observar as potencialidades da diversidade entre os grupos e populações, visando uma cultura inclusiva, rica e potente. É importante ressaltar também que essas populações ribeirinhas têm uma relação muito próxima e respeitosa com a natureza, algo que contrasta com a realidade dos centros urbanos, com o consumismo e a produção excessiva de resíduos. O cenário econômico dos ribeirinhos também é interessante, dado que, mesmo inseridos em um sistema capitalista onde a agricultura em grande escala é difundida, eles se dedicam principalmente à agricultura de subsistência e atividades
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