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Cada um dos itens das provas objetivas está vinculado ao comando que imediatamente o ... católica como a religião oficial do império, o ensino religioso era.
Tipologia: Notas de aula
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606CG1_01N129143 (^) CEBRASPE | SEDUC/AL – Edital: 2021
Texto CG1A1-I
A teoria das causas cerebrais dos transtornos mentais passou gradualmente a ironizar tudo o que se relacionava com a forma de vida do sujeito, compreendida como unidade entre linguagem, desejo e trabalho. As narrativas de sofrimento da comunidade ou dos familiares com quem se vive, a própria versão do paciente, o seu “lugar de fala” diante do transtorno, tornaram-se epifenômenos, acidentes que não alteram a rota do que devemos fazer: correção educacional de pensamentos distorcidos e medicação exata. Quarenta anos depois, acordamos em meio a uma crise global de saúde mental, com elevação de índices de suicídio, medicalização massiva receitada por não psiquiatras e insuficiência de recursos para enfrentar o problema. Esse é o custo de desprezar a cultura como instância geradora de mediações de linguagem necessárias para que enfrentemos o sofrimento antes que ele evolua para a formação de sintomas. Esse é o desserviço dos que imaginam que teatro, literatura, cinema e dança são apenas entretenimento acessório — como se a ampliação e a diversidade de nossa experiência cultural não fossem essenciais para desenvolver capacidade de escuta e habilidades protetivas em saúde mental. Como se eles não nos ensinassem como sofrer e, reciprocamente, como tratar o sofrimento no contexto coletivo e individual do cuidado de si.
Christian Dunker. A Arte da quarentena para principiantes. São Paulo: Boitempo, 2020, p. 32-33 (com adaptações).
Acerca das ideias do texto CG1A1-I, julgue os itens a seguir.
1 De acordo com o texto, as práticas terapêuticas propostas pela teoria das causas cerebrais dos transtornos mentais são comprovadamente eficazes, por utilizarem o cálculo preciso da dosagem de medicamentos.
2 Depreende-se do terceiro parágrafo que a cultura possui função preventiva para a preservação da saúde mental, o que decorre do valor pedagógico das artes no desenvolvimento da capacidade do ser humano de lidar com o sofrimento tanto no âmbito coletivo quanto no âmbito individual.
3 Depreende-se do texto que a teoria das causas cerebrais dos transtornos mentais considera que aspectos subjetivos do paciente — como seus sentimentos, sua forma de vida e sua versão dos fatos — são dispensáveis na definição do tratamento de transtornos mentais.
4 Infere-se do texto que, quanto mais variadas forem as vivências artísticas de um indivíduo, menor será a probabilidade de adoecimento mental.
5 O autor do texto defende que a repressão do sofrimento é capaz de inibir o surgimento de sintomas antes que estes evoluam para quadros mais graves de transtorno mental.
Julgue os próximos itens, relativos aos sentidos e aos aspectos linguísticos do texto CG1A1-I. 6 A correção gramatical do texto seria prejudicada caso, no trecho “se vive” (segundo período do primeiro parágrafo), a forma pronominal “se” fosse deslocada para logo após a forma verbal — escrevendo-se vive-se. 7 Caso fosse inserido o sinal indicativo de crase no vocábulo “a”, no trecho “em meio a uma crise” (primeiro período do segundo parágrafo), a correção gramatical do texto seria prejudicada. 8 Mantendo-se a correção gramatical do trecho “essenciais para desenvolver capacidade de escuta e habilidades protetivas em saúde mental” (terceiro parágrafo), o termo “para” poderia ser substituído por a. 9 No primeiro período do primeiro parágrafo, o termo “ironizar” está empregado com o sentido de relevar. 10 No segundo período do primeiro parágrafo, o termo “tornaram-se” concorda com “narrativas”. 11 O emprego dos dois-pontos no segundo período do primeiro parágrafo se justifica por introduzir exemplos. 12 O termo “Esse”, que inicia o terceiro parágrafo, retoma toda a ideia veiculada pelo segundo parágrafo. 13 No trecho “Esse é o custo de desprezar a cultura como instância geradora de mediações de linguagem necessárias” (terceiro parágrafo), o termo “como” poderia ser substituído por enquanto, sem prejuízo dos sentidos originais no texto. 14 No primeiro período do terceiro parágrafo, o emprego da forma verbal “evolua”, que está no modo subjuntivo, é determinado pela forma verbal “enfrentemos”, também no subjuntivo. 15 A expressão “Como se”, no último período do texto, introduz uma hipótese com a qual o autor do texto não concorda.
Oh, Deus, meu Deus, que misérias e enganos não experimentei, quando simples criança me propunham vida reta e obediência aos mestres, a fim de mais tarde brilhar no mundo e me ilustrar nas artes da língua, servil instrumento da ambição e da cobiça dos homens. Fui mandado à escola para aprender as primeiras letras, cuja utilidade eu, infeliz, ignorava. Todavia, batiam-me se no estudo me deixava levar pela preguiça. As pessoas grandes louvavam esta severidade. Muitos dos nossos predecessores na vida tinham traçado estas vias dolorosas, por onde éramos obrigados a caminhar, multiplicando os trabalhos e as dores aos filhos de Adão. Encontrei, porém, Senhor, homens que Vos imploravam, e deles aprendi, na medida em que me foi possível, que éreis alguma coisa de grande e que podíeis, apesar de invisível aos sentidos, ouvir-nos e socorrer-nos. Ainda menino, comecei a rezar-Vos como a “meu auxílio e refúgio”, desembaraçando-me das peias da língua para Vos invocar. Embora criança, mas com ardente fervor, pedia-Vos que na escola não fosse açoitado.
606CG1_01N129143 (^) CEBRASPE | SEDUC/AL – Edital: 2021
Quando me não atendíeis — “o que era para meu proveito” —, as pessoas mais velhas e até os meus próprios pais, que, afinal, me não desejavam mal, riam-se dos açoites — o meu maior e mais penoso suplício. Contudo, pecava por negligência, escrevendo, lendo e aprendendo as lições com menos cuidado do que de nós exigiam. Senhor, não era a memória ou a inteligência que me faltavam, pois me dotastes com o suficiente para aquela idade. Mas gostava de jogar, e aqueles que me castigavam procediam de modo idêntico! As ninharias, porém, dos homens chamam-se negócios; e as dos meninos, sendo da mesma natureza, são punidas pelos grandes, sem que ninguém se compadeça da criança, nem do homem, nem de ambos. Santo Agostinho. Confissões. Montecristo Editora. Edição do Kindle, p. 23-24 (com adaptações).
Com relação às ideias e aos aspectos linguísticos do texto precedente, julgue os itens a seguir. 16 Infere-se do texto que o narrador fugia da escola, por causa dos castigos que recebia, e procurava abrigo na igreja, onde se sentia protegido por Deus.
17 O narrador sofria castigos físicos na escola não porque tivesse dificuldade para aprender, mas porque gostava de jogar. 18 Depreende-se do último parágrafo do texto que as ninharias das crianças e as dos adultos são, respectivamente, os jogos e os negócios.
19 Depreende-se do texto que, na maioria das vezes em que o narrador pedia a Deus para não ser açoitado na escola, suas súplicas eram atendidas. 20 Os trechos “Oh, Deus, meu Deus” (primeiro parágrafo) e “Senhor” (último período do segundo parágrafo) evidenciam que o narrador dirige-se a um interlocutor específico: Deus.
21 No primeiro parágrafo, o trecho “a fim de mais tarde brilhar no mundo e me ilustrar nas artes da língua” indica um objetivo a ser alcançado a partir de uma vida reta e da obediência aos mestres.
22 No trecho “batiam-me se no estudo me deixava levar pela preguiça” (segundo parágrafo), a substituição do termo “se” por quando seria gramaticalmente correta e manteria a coerência do texto.
23 A vírgula empregada logo após “Encontrei” (último período do segundo parágrafo) é de uso facultativo, portanto a sua supressão seria gramaticalmente correta no texto. 24 Infere-se do trecho “Embora criança, mas com ardente fervor” (terceiro parágrafo) a ideia de que não é uma característica comum às crianças rezar fervorosamente.
25 Depreende-se do quarto parágrafo que o narrador se ressentia de Deus quando não era atendido em suas orações, sendo tal ressentimento descrito no texto como o maior e mais penoso suplício do narrador.
26 No quarto parágrafo, a palavra ‘proveito’ tem o mesmo sentido de benefício.
27 A substituição do termo “infeliz” (primeiro período do segundo parágrafo) por infelizmente alteraria os sentidos originais do texto. 28 No quinto parágrafo, o narrador afirma que quem lhe aplicava os castigos físicos na escola “pecava por negligência”.
29 No quinto parágrafo, a palavra “negligência” está empregada com o mesmo sentido de ignorância.
30 Mantendo-se a coerência do texto, o trecho “com menos cuidado do que de nós exigiam” (quinto parágrafo) poderia ser corretamente reescrito da seguinte forma: com menos zelo do que nos era exigido.
Considerando as disposições do Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civis do Estado de Alagoas, das Autarquias e das Fundações Públicas Estaduais e as disposições do Estatuto do Magistério Público do Estado de Alagoas, julgue os itens que se seguem. 31 A nomeação é a forma originária de provimento dos cargos públicos, sendo formas derivadas a promoção e a ascensão. 32 Vencimento consiste na retribuição pecuniária pelo exercício do cargo público acrescida das vantagens pecuniárias permanentes estabelecidas em lei. 33 No que tange às responsabilidades dos servidores públicos, as ações disciplinares têm prazos prescricionais diversos, os quais dependem da penalidade disciplinar que poderá ser aplicada a cada conduta infracional. 34 A gestão democrática do ensino público estadual constitui um espaço de construção coletiva do processo educacional, sendo um de seus princípios a participação efetiva da comunidade escolar no processo de gestão, em níveis deliberativo, consultivo e avaliativo. 35 A carreira do magistério público estadual é composta por níveis, que estão associados a critérios de avaliação de desempenho e à participação em programas de desenvolvimento para a carreira, e classes, associadas a critérios de habilitação e titulação.
Com relação ao Plano de Cargo e Carreira do Magistério Público Estadual e ao Código de Ética Funcional do Servidor Público Civil do Estado de Alagoas, julgue os itens subsequentes. 36 Havendo descumprimento de normas éticas estipuladas no Código de Ética Funcional do Servidor Público Civil do Estado de Alagoas, poderá ser aplicada a advertência, no caso dos servidores que tenham deixado o cargo efetivo, ou poderá ser aplicada a censura ética, no caso daqueles que ainda estejam em exercício do cargo efetivo. 37 A gratificação de função é devida aos ocupantes de cargo de magistério que exerçam função de direção de escola e aos que exerçam as funções próprias do cargo em condições especiais, como em escolas classificadas como de difícil lotação ou em classes especiais.
Quanto à Lei n.º 7.795/2016 (Plano Estadual de Educação do estado de Alagoas) e à Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), julgue os itens a seguir. 38 O atual Plano Estadual de Educação do estado de Alagoas tem vigência de dez anos e busca, por meio de metas e estratégias, desenvolver a educação local, seguindo diretrizes como a superação das desigualdades educacionais, a universalização do atendimento escolar e a erradicação do analfabetismo. 39 A LDB determina que o estudo da história e da cultura afro-brasileira e indígena é obrigatório nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio; tais conteúdos, embora devam ser tratados em todo o currículo escolar, devem ser especialmente abordados nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. 40 De acordo com a LDB, é obrigação exclusiva do docente a promoção de meios de recuperação dos alunos de menor rendimento; no entanto, o dever de elaboração e execução das propostas pedagógicas é uma incumbência dos docentes e dos estabelecimentos de ensino, conjuntamente.
606003_01N467408 (^) CEBRASPE | SEDUC/AL – Edital: 2021
O texto da Carta Magna de 1824 mantinha a religião católica como a religião oficial do império, o ensino religioso era desenvolvido como meio de evangelização dos gentios e catequese dos negros (aparelho ideológico), em concordância com os acordos estabelecidos entre o Sumo Pontífice e o Monarca de Portugal. Samir Casseb. Cultura de paz e não violência no ensino religioso: possibilidades através da vida e obra de Mahatma Gandhi. Belém: UEPA, 2009.
Tendo o texto precedente como referência e considerando o ensino religioso no Brasil, julgue os itens a seguir.
51 O ensino religioso está presente no Brasil desde sua colonização, no entanto sofreu diversas transformações até os dias atuais. 52 A presença dos jesuítas influenciou a organização do ensino religioso no Brasil, modelando-o de acordo com a Reforma Protestante e suas ideias. 53 Compreender a busca transcendente e o sentido da existência humana para o exercício responsável de valores universais na construção da cidadania era o objetivo do ensino religioso no período colonial. 54 No período imperial do Brasil, conflitos entre a Igreja Católica e o Império restringiram o ensino religioso somente aos negros.
55 O princípio da laicidade do Estado influenciou ideais de liberdade religiosa e modificou o entendimento sobre o ensino religioso no período republicano do Brasil.
Ainda com relação ao ensino religioso no Brasil, julgue os itens seguintes.
56 O ensino religioso atualmente veicula conhecimentos específicos, tendo entre seus objetivos conhecer os fundamentos do fenômeno religioso no cotidiano da vida. 57 A partir da Constituição de 1934, o ensino religioso tornou-se obrigatório em todas as escolas e subordinou-se às diretrizes da Igreja Católica. 58 As modificações sobre o entendimento do ensino religioso na história brasileira deslocaram suas metodologias, passando da doutrinação para a observação, informação e reflexão.
Convém destacar que todo o conteúdo a ser tratado nas aulas de ensino religioso contribuirá para a superação do preconceito à ausência ou à presença de qualquer crença religiosa, de toda forma de proselitismo, bem como da discriminação de qualquer expressão do sagrado. Assim, os conteúdos a serem ministrados nas aulas de ensino religioso não têm o compromisso de legitimar uma manifestação do sagrado em detrimento de outra, uma vez que a escola não é um espaço de doutrinação, de evangelização, de expressão de crença de ritos ou símbolos, campanhas e celebrações. Rosária da Silveira Lima. Aplicabilidade da Lei 10.639/2003 na disciplina de ensino religioso. UFPR, 2014, p. 30. Internet: <acervodigital.ufpr.br>.
A partir da temática abordada no texto precedente e dos múltiplos aspectos pertinentes ela, julgue os itens que se seguem.
59 O ensino religioso deve garantir que não aconteça nas escolas nenhuma manifestação do sagrado, porque a escola é um espaço laico. 60 O respeito à diversidade religiosa deve orientar o ensino religioso para que seus conteúdos contribuam para a superação de preconceitos. 61 No ensino religioso, deve-se refletir sobre vários aspectos da existência, entre eles o transcendente e o sagrado.
62 A evangelização nas escolas deve acontecer de acordo com as práticas religiosas nas quais estão inseridas, expressando seus ritos e símbolos.
Toda pessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, de fluir as artes e de participar do processo científico e de seus benefícios. Declaração Universal dos Direitos Humanos , art. 27. Levando-se em consideração o fragmento do texto precedente e considerando os múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue os próximos itens. 63 O ensino religioso deve reconhecer e apresentar as diversidades culturais e religiosas. 64 Textos sagrados não participam do processo científico, razão pela qual não podem constituir materiais para o ensino religioso. 65 A intolerância desafia a convivência das comunidades e o ensino religioso contribui para ampliar a tolerância a partir do conhecimento.
Como fenômeno social, cultural e histórico, as tradições, instituições e movimentos religiosos estão em constante mudança. Esse é o mais forte argumento a favor da tolerância. Da mesma forma que um consenso é impossível, a consciência da mudança constante nos leva a refletir sobre a necessidade de compreensão dos fenômenos religiosos no tempo e espaço, em suma, na sua historicidade. Eliane Moura da Silva. Religião, Diversidade e Valores Culturais : conceitos teóricos e a educação para a cidadania. In : Revista de estudos da religião. Internet: <pucsp.br>. Tendo o fragmento do texto precedente como referência inicial e considerando os aspectos pertinentes às culturas e tradições religiosas no Brasil, julgue os itens a seguir. 66 As tradições religiosas dependem de dogmas e fé, portanto o caráter sagrado desse conhecimento torna o ensino religioso obrigatório. 67 O conhecimento de diferentes culturas e manifestações religiosas contribui para o exercício da tolerância. 68 A existência de um único Deus constituiu-se como consenso entre todos os movimentos e tradições religiosos. 69 A compreensão dos fenômenos religiosos em sua historicidade caracteriza as orientações para o ensino religioso nas escolas. 70 A releitura do fenômeno religioso possibilita sua compreensão como um acontecimento em constante mudança. 71 O ensino religioso deve promover a memorização das tradições religiosas, em detrimento do seu entendimento, tendo em vista a historicidade dessas tradições. 72 As tradições orientais negam a existência do espaço e do tempo, por isso não se relacionam aos temas do ensino religioso. 73 Algumas tradições religiosas são transmitidas oralmente e por isso não podem estar presentes no ensino religioso. 74 Reconhecer as diversas tradições religiosas como fenômenos sociais, culturais e históricos exige situá-las no tempo e espaço.
Levando em consideração os propósitos do ensino religioso, julgue os itens a seguir. 75 O docente formado no curso de ciência da religião é apto a ministrar a disciplina de ensino religioso, pois a natureza interdisciplinar desse curso oferece amplo espaço teórico e metodológico para a formação sobre o fenômeno e o campo do religioso, incluindo-se a descrença, o agnosticismo e o ateísmo, além de que esse curso pode fundamentar uma perspectiva de ensino religioso de natureza laica.
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76 O ensino religioso, quando ministrado por docente formado em teologia, tem a finalidade de doutrinar o corpo discente no sentido de garantir a formação de cidadãos religiosos. 77 Um professor formado em filosofia, ao ministrar o ensino religioso, deve buscar desconstruir as ideias de filósofos de tempos passados que usaram a filosofia para corroborar dogmas religiosos, visando ao caráter agnóstico e laico desse componente curricular.
Ninguém pode negar que o racismo é o maior assassino no mundo moderno. No entanto, observa-se uma considerável resistência em vê-lo como um problema profundo para a religião do cristianismo. (...) Teólogos e filósofos brancos escrevem numerosos livros e artigos sobre teodiceia, indagando por que Deus permite sofrimentos em massa, mas eles dificilmente mencionam os horrendos crimes que os brancos cometeram contra pessoas de cor no mundo moderno. Por que teólogos brancos ignoram o racismo? James H. Cone. Theology’s great sin : silence in the face of white supremacy. In : D. N. Hopkins e E. P. Antonio. The Cambridge Companion to Black theology. Cambridge: Cambridge University Press, 2012, p. 143-155 (tradução livre).
Um dos expoentes das teologias da libertação negra, James H. Cone discorre sobre a falta de engajamento de teólogos brancos em ações antirracistas no âmbito de suas reflexões teológicas e, por conseguinte, no interior das comunidades de crenças cristãs. Com relação a essa perspectiva, julgue os itens que se seguem, acerca da teologia negra.
78 A teologia negra é um movimento teológico que surgiu entre os cristãos negros na África, no bojo das lutas contra o sistema de segregação racial do apartheid , cujo principal inspirador era o ativista Nelson Mandela. 79 A teologia negra, no contexto brasileiro, reveste-se de considerável importância na medida em que problematiza as diversas desigualdades no país, no que tange ao trato com corpos e territórios historicamente marginalizados. 80 A teologia negra, entre outras associações, toma como ponto de partida as narrativas bíblicas do Êxodo, não no sentido de romantizar o período em que o povo hebreu viveu na condição de servidão no Egito dos faraós, mas de pensar a escravidão na subjugação de um povo por uma nação estrangeira.
Considerando as relações entre ensino religioso e as diferentes teologias, julgue os itens subsequentes. 81 Nas salas de aula de ensino fundamental, os professores de ensino religioso devem facultar aos alunos o acesso à máxima quantidade possível de teologias e doutrinas religiosas, para fomentar, por meio de estudos comparados, reflexões que permitam aos alunos a construção de uma opinião sobre elas. 82 Embora o credo do profissional não seja um critério para o exercício da docência na disciplina de ensino religioso, é condição sine qua non que o professor tenha uma visão crítica acerca das teologias, para que suas aulas não se transformem em catequese. 83 Convém filtrar as teologias a serem ensinadas, considerando-se o peso exercido pelas religiões majoritárias e as suscetibilidades religiosas dos alunos e de suas famílias, a fim de evitar que o debate sobre teologias pouco conhecidas gere conflitos religiosos entre os alunos.
As mais diversas religiões, especialmente as monoteístas, comungam de dois elementos comuns: o conceito de revelação e a aceitação de um corpo literário normativo, ou seja, um cânone. Tendo como referência a noção de escrituras sagradas, julgue os próximos itens. 84 Judaísmo, cristianismo e islamismo dispõem, cada qual, de escritos em que estão registradas revelações divinas recebidas por mediadores escolhidos. 85 Em virtude de seu caráter divino, as escrituras sagradas de diferentes religiões não servem para legitimar estruturas de poder e dominação. 86 No âmbito do cristianismo, que considera como sua escritura sagrada a Bíblia, a qual compreende os livros do Antigo Testamento e do Novo Testamento, estão superadas as discussões em torno de quantos livros, de fato, compõem o cânone, por conseguinte protestantes, evangélicos, pentecostais e católicos adotam a mesma, única e verdadeira escritura sagrada. 87 O hinduísmo, por ter um panteão de inúmeros deuses, nunca constituiu um corpo de textos que pudessem ser considerados escrituras sagradas. 88 O islamismo, religião monoteísta, tem o Alcorão como seu livro sagrado, entre cujos princípios básicos está o de rezar cinco vezes ao dia. 89 Recentemente, foi aceita a inclusão, na Bíblia, dos livros cristãos que foram encontrados em Nag Hammadi. 90 A tradição budista Theravada reúne seu corpo doutrinal na Tripitaka, que é a coleção canônica de seus livros sagrados. 91 O xintoísmo, de origem japonesa, não tem uma escritura sagrada.
Uma pedra não é imaginária. Visível, concreta. Como tal, nada tem de religioso. Mas, no momento em que alguém lhe dá o nome de altar, ela passa a ser circundada de uma aura misteriosa, e os olhos da fé podem vislumbrar conexões invisíveis que a ligam ao mundo da graça divina. E ali se fazem orações e se oferecem sacrifícios. R. Alves. O que é religião. São Paulo: Abril Cultural/Brasiliense, 1984, p. 26 (com adaptações).
A partir das ideias expressas no fragmento de texto precedente, julgue os itens seguintes, relativos à origem do fenômeno religioso. 92 A religião, ou o fenômeno religioso, origina-se desse ato de dar nomes às coisas, em que se discriminam as que têm importância secundária das que conferem sentido à existência, à vida e à morte; nessa perspectiva, o sagrado não é das coisas, mas passa a estar naquelas que o ser humano assim nomeia. 93 Para adquirir conhecimento de dada religião, é prescindível inteirar-se de sua origem (no tempo e no espaço), seus fundadores, seus mitos, suas teologias, seus ritos e suas práticas. 94 A religião nasce de um forte anseio interior do ser humano de comunicar-se com o transcendental e dele receber revelações sobre como organizar a vida e ordenar o mundo; nessa perspectiva, o fenômeno religioso não é redutível à ética ou à moralidade.
606003_01N467408 (^) CEBRASPE | SEDUC/AL – Edital: 2021
O ensino religioso, embora possa ser mais direcionado a uma religião específica, não visa converter os estudantes a alguma crença religiosa. Com relação a esse tema, julgue os itens a seguir, considerando os objetivos do ensino religioso para o ensino fundamental na rede pública de educação.
113 O objetivo principal do ensino religioso no Brasil é levar o estudante a compreender ideias centrais de religiões existentes.
114 Um dos objetivos do ensino religioso no Brasil é a delimitação de sua área de atuação, de modo a diferenciar os objetivos do ensino religioso dos objetivos do ensino da filosofia e da sociologia. 115 O ensino da esfera do sagrado e de suas relações com determinadas religiões consiste em um objetivo do ensino religioso no Brasil.
116 Embora as aulas de ensino religioso devam reconhecer que a sociedade brasileira possui crenças religiosas diversas, as quais devem ser respeitadas e compreendidas no espaço escolar, esse componente curricular deve dar ênfase à figura do Deus cristão e ao credo religioso compartilhado pela maioria da população brasileira, delimitado pelo texto constitucional. 117 Um dos objetivos do ensino religioso nas escolas de educação básica da rede educacional brasileira é torná-lo o sustentáculo ideológico de uma visão de mundo atrelada aos princípios evangelizadores do nosso período colonial.
O Brasil passou recentemente por casos de intolerância religiosa, principalmente contra as religiões afro-brasileiras. De acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos, 759 casos de intolerância religiosa foram denunciados por meio do Disque 100 em 2016. Esse número corresponde a 36,51% a mais de denúncias do que no ano anterior. Basta realizar uma rápida busca na Internet para constatar casos como o do menino de 12 anos de idade que foi proibido de entrar em uma escola porque carregava no pescoço guias de candomblé, ou o caso da garota que foi apedrejada na saída de um culto dessa mesma religião. Dados como esses confirmam um cenário de intolerância que, nos termos de Gaardner, Hellern e Notaker, é significado de “conhecimento insuficiente de um assunto”.
Internet: <https://www. educacaopublica.cecierj.edu.br> (com adaptações).
A escola é um lugar propício para a educação e a formação de crianças e jovens quanto aos conhecimentos sobre diferentes religiões. A respeito desse assunto e dos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue os itens subsequentes.
118 Considerando-se a autonomia didático-pedagógica do espaço escolar, as aulas de ensino religioso devem, a fim de não gerar polêmicas, evitar abordar as manifestações religiosas plurais, limitando-se a absorver e reproduzir as correntes religiosas hegemônicas no contexto social em questão.
119 Existe defasagem no conhecimento sobre as religiões de matriz africana coexistentes no Brasil porque o componente curricular ensino religioso não prevê o ensino desse tipo de religião, por não haver previsão oficial da abordagem da cultura afro-brasileira no sistema de ensino brasileiro. 120 Na escola, lugar de produção e partilha de conhecimentos, devem ser utilizados instrumentos variados e ferramentas didático-pedagógicas para desenvolver posturas mais compreensivas e tolerantes — com vistas à garantia do espaço da laicidade, próprio da proposta do ensino religioso nas escolas do sistema público brasileiro — e, consequentemente, evitar situações de intolerância religiosa.
Espaço livre