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Prova de Antropologia, Provas de Antropologia

O texto aborda a relação entre cultura e saúde, mostrando como a cultura em que a pessoa está inserida afeta sua saúde física e mental. Através de exemplos, o autor mostra como o entendimento sobre a doença é um processo de interpretação e ação no meio sociocultural em que cada sujeito está inserido. O texto também aborda temas como racismo e migrações.

Tipologia: Provas

2021

À venda por 19/01/2022

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carolina-fontoura-da-motta 🇧🇷

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Questão 01)
Incio a minha resposta usando como exemplo a Anorexia Nervosa - AN.
Segundo Rêgo et al (2018) aproximadamente 1% da população mundial sofre de AN,
cerca de 90% dessas pessoas são do sexo femino com idade entre 15 e 25 anos.
Acredito que esses dados nos mostram o quanto a cultura em que a pessoa está
inserida afeta sua saúde física e, muitas vezes, mental. Os mesmos autores nos
dizem que a etiologia da AN está atrelada à fatores ambientais (aqui entram os
fatores culturais), psicológicos e fisiológicos. Os dados apresentados nos fazem inferir
que a cultura ‘do corpo femino perfeito’, principalmente no Ocidente, contribui para o
desenvolvimento da doença.
Apresentado isso, podemos observar que cada sociedade/cultura entende a
saúde de maneira diferente. O significado que é dado para a doença está
relacionados às experiências de cada uma das pessoas envolvidas no processo
saúde-doença, tais como: o sujeito, sua família e os profissionais da saúde. Logo, a
maneira de entender a saúde e as práticas para mantê-la variam de indivíduo para
indivíduo, de sociedade para sociedade, de cultura para cultura.
Vale lembrar, ainda, que o entendimento sobre o sofrer e a doença que cada
indivíduo forma está atrelado não só ao meio cultural ao qual ele está insserido mas,
também, ao período histórico que tomamos para análise. No livro Medicina Macabra o
autor relata casos ‘engraçados’ apresentados em revistas de medicina publicadas
entre os anos 1700 e 1800, na Europa e Estados Unidos. Por mais bizarros que
possam ser esses casos (tratar uma pessoa que comeu vidro com a ingestão de
repolho, por exemplo) eles mostram as crenças e a sabedoria médica e científica da
época em que foram apresentados.
Compreender uma doença se com um desenrolar sociocultural e de
experiência vivida. Assim, a doença são eventos que ganham significado à medida
que a pessoa busca alívio do seu sofrimento. O processo de busca pelo alívio da
doença se dá através do reconhecimento dos sintomas, do diagnóstico, da escolha do
tratamento, entre outras situaçãos. Logo, entendo que a experiência corporal advinda
com uma doença ou sofrimento físico ou mental é mediada pela cultura e pelas
sensações do corpo, que não estão separadas do significado da percepção de todo o
processo de adoecimento, sofrimetno e cura.
Por fim, acredito que o entendimento sobre a doença, como realidade do ser
humano é um processo de interpretação e ação no meio sociocultural no qua cada
sujeito está inserido, implicando uma negociação entre os diversos significados na
busca pela cura. É na realidade social, em constante mudança, onde são construídas
a saúde, o ser saudável, as doenças e seus processos de tratamento. Os individuos
interpretam o mundo e agem usando um sistema simbólico e, quando agem,
reescrevem a realidade. A partir disso cria-se o diálogo entre culturas diversas com
seus sistemas de saúde e cuidados diferentes uns dos outros.
Questão 02)
Entendo que o racismo nasce sob uma ótica essencialista, com a finalidade de
criar grupos hierárquicos diferentes, infra-humanizando os grupos hierárquicos
considerados inferiores, dando à eles características “animais” para que eles “não se
pareçam tanto comigo”, permitindo a prática de atos racistas “que não sejam racistas
e que possam ser socialmente aceitos”.
Quando verificamos que aquilo que é considerado humano está relacionado com
cultura, valores, linguagem, inteligência e capacidade de expressar sentimentos,
percebemos que os atos de racismo ganham “apoio” da sociedade em geral porque
negamos ao outro, ao grupo minoritário, a manifestação da sua própria cultura,
valores, linguagem, etc. para que ele não se pareça comigo. Esse ponto é, na minha
opinião, um ponto muito importante na realização de um ato violento pois todos os
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Questão 01) Incio a minha resposta usando como exemplo a Anorexia Nervosa - AN. Segundo Rêgo et al (2018) aproximadamente 1% da população mundial sofre de AN, cerca de 90% dessas pessoas são do sexo femino com idade entre 15 e 25 anos. Acredito que esses dados nos mostram o quanto a cultura em que a pessoa está inserida afeta sua saúde física e, muitas vezes, mental. Os mesmos autores nos dizem que a etiologia da AN está atrelada à fatores ambientais (aqui entram os fatores culturais), psicológicos e fisiológicos. Os dados apresentados nos fazem inferir que a cultura ‘do corpo femino perfeito’, principalmente no Ocidente, contribui para o desenvolvimento da doença. Apresentado isso, podemos observar que cada sociedade/cultura entende a saúde de maneira diferente. O significado que é dado para a doença está relacionados às experiências de cada uma das pessoas envolvidas no processo saúde-doença, tais como: o sujeito, sua família e os profissionais da saúde. Logo, a maneira de entender a saúde e as práticas para mantê-la variam de indivíduo para indivíduo, de sociedade para sociedade, de cultura para cultura. Vale lembrar, ainda, que o entendimento sobre o sofrer e a doença que cada indivíduo forma está atrelado não só ao meio cultural ao qual ele está insserido mas, também, ao período histórico que tomamos para análise. No livro Medicina Macabra o autor relata casos ‘engraçados’ apresentados em revistas de medicina publicadas entre os anos 1700 e 1800, na Europa e Estados Unidos. Por mais bizarros que possam ser esses casos (tratar uma pessoa que comeu vidro com a ingestão de repolho, por exemplo) eles mostram as crenças e a sabedoria médica e científica da época em que foram apresentados. Compreender uma doença se dá com um desenrolar sociocultural e de experiência vivida. Assim, a doença são eventos que ganham significado à medida que a pessoa busca alívio do seu sofrimento. O processo de busca pelo alívio da doença se dá através do reconhecimento dos sintomas, do diagnóstico, da escolha do tratamento, entre outras situaçãos. Logo, entendo que a experiência corporal advinda com uma doença ou sofrimento físico ou mental é mediada pela cultura e pelas sensações do corpo, que não estão separadas do significado da percepção de todo o processo de adoecimento, sofrimetno e cura. Por fim, acredito que o entendimento sobre a doença, como realidade do ser humano é um processo de interpretação e ação no meio sociocultural no qua cada sujeito está inserido, implicando uma negociação entre os diversos significados na busca pela cura. É na realidade social, em constante mudança, onde são construídas a saúde, o ser saudável, as doenças e seus processos de tratamento. Os individuos interpretam o mundo e agem usando um sistema simbólico e, quando agem, reescrevem a realidade. A partir disso cria-se o diálogo entre culturas diversas com seus sistemas de saúde e cuidados diferentes uns dos outros. Questão 02) Entendo que o racismo nasce sob uma ótica essencialista, com a finalidade de criar grupos hierárquicos diferentes, infra-humanizando os grupos hierárquicos considerados inferiores, dando à eles características “animais” para que eles “não se pareçam tanto comigo”, permitindo a prática de atos racistas “que não sejam racistas e que possam ser socialmente aceitos”. Quando verificamos que aquilo que é considerado humano está relacionado com cultura, valores, linguagem, inteligência e capacidade de expressar sentimentos, percebemos que os atos de racismo ganham “apoio” da sociedade em geral porque negamos ao outro, ao grupo minoritário, a manifestação da sua própria cultura, valores, linguagem, etc. para que ele não se pareça comigo. Esse ponto é, na minha opinião, um ponto muito importante na realização de um ato violento pois todos os

crimes considerados bárbaros e extremamente violentos, tanto contra negros e contra mulheres, o agressor “descaracteriza” ou “despersonaliza” a vítima para praticar o ato violento. Negar o racismo, no Brasil, só pode ser feito por pessoas brancas que nunca passaram por nenhum tipo de preconceito, mesmo aquelas pessoas de classe pobre pois sabemos que, infelizmente, a cor da pele determina a abertura ou não de oportunidades de educação, trabalho, saúde, relacionamentos, dentre tantas outras esferas da vida de uma pessoa. Minha opinião é de que o racismo, perpetrado no Brasil é, acima de tudo, relacionado à manutenção de supostos privilégios desfrutados pela classe social mais alta da população. Entendo que essa classe social mais alta e sem cor (afinal somos todos fruto descendentes do filho de Iracema e Martin) tenta, através do racismo, mostrar-se diferente e “superior”. Também, minha opinião pessoal é que, além de racista, somos xenófobos, pois tratamos os estrangeiros, principalmente os africanos e chineses, com racismo. Hoje, vivemos em uma sociedade intolerante, onde as pessoas tentam impor, através da força e da manipulação, suas crenças, acreditando serem essas, sempre as melhores. Daí surge a necessidade de criar “raças”, “grupos”, “coletivos” para diferenciar as pessoas e as classes umas das outras. Por fim, negar o racismo é como negar a violência, em si. Entendo que, hoje, somos manipulados peloss meios de comunicação, independente de ideologias político-partidáras, somos manipulados por todas as fontes de informação. Umas levam à crer que racismo não existe, e o que existe é desigualdade (fruto do racismo histórico brasileiro), outras levam à crer que a violência é exclusiva contra negros (o que não é, entendo eu, uma verdade absoluta). A superação do racismo, não só no Brasil, vai muito além de um sistema de cotas raciais em universidades ou em concursos públicos. Partindo de outra ótica, como a do sistema prisional, por exemplo, basta um gesto ‘simples’ de cumprimento da Lei de Execução Penal que prevê atendimento psicossocial aos apenados e suas famílias para garantir a reeduação dos mesmos, evitando a reincidênia e garantindo a inclusão no mercado de trabalho, além das condições adequadas de saúde física e mental. Para finalizar, apresentamos, como breve exemplo, o sucesso obtido com o ‘simples cumprimento’ da Lei de Execução Penal como forma de possível superação do racismo através do grupo de terapia para apenados do regime semi-aberto e aberto que trabalham na Secretaria de Estado de Adminsitração Penitenciária do Estao da Paraíba. Lá, 42 presos passaram por um processo de terapia de grupo para superar as dificuldades de inserção no mercado de trabalho e, destes, nenhum deles reincidiu na criminalidade, mesmo após o término das sessões terapêuticas. Questão 03) As migrações humanas perpassam a história de quase todos os povos, especialmente desde que foram aprimoradas as tecnologias de transporte e de comunicação e, assim, as culturas passaram a interagir e a se misturar. Também, as pessoas migram por várias razões, tais como: guerras, repressão política, violência, pobreza, possibilidade de melhoria de vida, etc. O Brasil, que havia recebido aproximadamente cinco milhões de imigrantes entre 1819 e fins da década de 1940, passou, depois disso, a receber refugiados judeus, sírios, libaneses e palestinos. Porém, houve crescimento recente, já que, em 2000, os imigrantes representavam quase 96 mil pessoas, e, em 2014, eram mais de 1.100 mil pessoas. Nosso Estado apresenta a mesma tendência, embora com crescimento menor.