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A) defeitos hereditários: síndromes de Dubin Jhonson e de Rotor; ... justifica o encaminhamento de um paciente ictérico e com vesícula palpável.
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
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José Sebastião dos Santos Rafael Kemp Ajith Kumar Sankarankutty Wilson Salgado Jr
Orlando de Castro e Silva Jr Fernanda Fernandes de Souza Andreza Corrêa Teixeira
Os pacientes adultos e idosos com icterícia que buscam os serviços de saú- de podem apresentar-se, na maioria das vezes, com quatro cenários distintos. Os pacientes que estão conscientes e estáveis e apresentam icterícia sem dor e sem febre podem ter a avaliação e o tratamento programados. Desse grupo, aqueles que possuem vesícula palpável podem apresentar neoplasia periam- polar e devem ser encaminhados para um serviço de cirurgia digestiva em hospital terciário; os demais precisam ser submetidos a exames bioquímicos e de imagem para defi nir se a doença é de abordagem clínica ou cirúrgica. A icterícia associada a dor, febre, sem comprometimento neurológico e car- diorrespiratório configura urgência moderada que pode ser avaliada e tratada em serviços de média complexidade. Por outro lado, a associação de icterícia, confusão mental e hipotensão caracteriza urgência grave e necessita de es- tabilização clínica nos serviços pré-hospitalares fixos, remoção em unidade móvel de suporte avançado e internação em hospital terciário. Dessa forma, o sinal icterícia em função dos sintomas e de outros sinais associados compor- ta diferentes diagnósticos sindrômicos, anatômicos e etiológicos, bem como formas, tempo e locais distintos para avaliação e tratamento, o que justifica a elaboração de um protocolo clínico de regulação (PCR).
A icterícia é um sinal clínico caracterizado pela cor amarela da pele, das mucosas e da esclera, sendo determinada pelo aumento das bilirrubinas no
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sangue, geralmente acima de 2,5 a 3 mg/dl. A bilirrubina é produzida a par- tir da degradação de complexos proteicos, sobretudo da hemoglobina, e é transportada pela albumina até o fígado, onde é recolhida pelos hepatócitos mediante um processo chamado captação. No hepatócito, essa bilirrubina não conjugada (forma indireta) é conjugada, tornando-se mais polar e hidrosso- lúvel (bilirrubina direta) e passível de ser excretada por meio do polo biliar do hepatócito para os canalículos biliares. Assim, a hiperbilirrubinemia e a icterícia podem ocorrer por meio de dois mecanismos: I- aumento da produção de bilirrubina: hemólise, formação de hemácias vul- neráveis (talassemia, anemia), reabsorção de hematoma, transfusão; II- diminuição da depuração da bilirrubina: A) defeitos hereditários: síndromes de Dubin Jhonson e de Rotor; B) colestase:
● Diferenciar a icterícia pré-hepática e hepática da icterícia pós-hepática. ● Diferenciar os quadros inflamatórios infecciosos brandos (hepatite aguda, pancreatite branda e colangite branda) dos quadros graves (pancreatite grave, insuficiência hepática aguda grave (hepatite fulminante) e colangite grave). Essas diferenciações podem ser feitas com base na anamnese e no exame físico, na maioria dos casos, ou com a realização de alguns exames comple- mentares de acesso em todos os serviços de saúde. Esse processo permitirá que o encaminhamento para eventual finalização do diagnóstico etiológico e do tratamento seja efetuado com mais precisão e racionalidade para os usuá- rios e para o sistema de saúde. O paciente que procura os serviços de saúde com icterícia comporta, na maioria dos casos, o enquadramento em quatro cenários (Fluxograma 71-1).
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cirúrgicas, manejo da dor de pequena intensidade, orientação nutricional, entre outros. ● Os tratamentos complementares necessários fora do âmbito da atenção bá- sica e do hospital terciário devem ser solicitados para o CR por meio de guia de referência preenchida manualmente ou por meio eletrônico. A complementação diagnóstica e terapêutica para os casos que se enqua- dram no cenário I deve ser solicitada pelo médico da atenção básica por meio de encaminhamento ao CR em hospital de elevada complexidade porque as evidências clínicas indicam que o diagnóstico anatômico e etiológico é de cân- cer na região periampolar. Na condição apresentada, o paciente precisará ser submetido a exames para dosagem de marcadores tumorais e de imagem, como endoscopia digestiva alta, tomografia computadorizada (TC) de abdo- me e/ou ressonância nuclear magnética (RNM) de abdome e, eventualmente, ultrassonografia (US) endoscópica com biópsia. Ademais, o tratamento pode demandar descompressão biliar e digestiva por via endoscópica ou operações de grande porte, que requerem equipe e infraestrutura especializadas. A comunicação entre os diferentes pontos da rede assistencial para garantir o atendimento integral e com efetividade deve ser feita pelos profissionais da saúde da atenção básica e do CR, e não pelos usuários. Dessa forma, não se justifica o encaminhamento de um paciente ictérico e com vesícula palpável para serviços que só fazem exames de patologia clínica e de imagem. Haverá retardo no tratamento com ônus para o paciente e para o sistema de saúde porque, geralmente, esses exames, por conta da demora, serão repetidos no hospital terciário em decorrência da mudança da condição do doente e da doença. Deve ser reforçado também que os usuários não têm de arcar com o ônus de se locomover entre os diferentes serviços da rede assistencial para agendar novas consultas, exames e procedimentos. Assim, os serviços de saúde, com o apoio do CR, devem garantir o acesso com atendimento integral e avisar o paciente acerca da data, do local e do horário da avaliação. Na atualidade, com os recursos de telessaúde disponíveis, não se admite que os usuários saiam das unidades de saúde com solicitações de consultas, exames e procedimentos ou do próprio CR com autorizações, para por conta própria, garantir o acesso e o tratamento. O acesso aos serviços de saúde não é unidirecional. Dessa forma, após a solução do problema de saúde que gerou a referência, o paciente deve ser redi- recionado para a atenção básica por meio de contrarreferência para continuar a cuidar de outras eventuais comorbidades ou problemas advindos do trata- mento, como curativos em feridas cirúrgicas e orientações sobre suporte a dor e nutricional. Caso haja necessidade de outros tratamentos complementares fora do âmbito da atenção básica e do hospital terciário, a solicitação deve ser encaminhada ao CR por meio de guia de referência preenchida manualmente ou por meio eletrônico.
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Icterícia com ou sem dor, associada ou não a: ● colúria, acolia fecal, prurido, anorexia, perda de peso; ● ingestão de álcool ou uso de medicações ou drogas hepatotóxicas; ● passado de cirurgia abdominal ou biliar prévia; ● passado de transfusão de sangue; ● sinais de hepatopatia crônica (eritema palmar, ascite, ginecomastia, aranhas vasculares ( spiders ), atrofia testicular e circulação colateral); ● hepatoesplenomegalia.
DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO
● Diferenciar entre: icterícia pré-hepática e hepatocelular da icterícia pós-he- pática.
DIAGNÓSTICOS ETIOLÓGICOS PROVÁVEIS
● Causas pré-hepáticas. ● Hemólise excessiva (esferocitose), eritropoiese inefetiva (talassemia) e reab- sorção de grandes hematomas. ● Causas hepáticas:
MEDIDAS CLÍNICAS E REGULATÓRIAS
● Aumentar a ingestão hídrica para a manutenção da diurese acima de 0,5 ml/ kg/h (prevenção de insuficiência renal).
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7 1 ● Os tratamentos complementares necessários fora do âmbito da atenção bá- sica e do serviço especializado devem ser solicitados para o CR por meio de guia de referência preenchida manualmente ou por meio eletrônico. A avaliação clínica e a realização de exames de rotina, passíveis de serem solicitados na atenção básica (hemograma, bilirrubinas totais e frações, AST e ALT, fosfatase alcalina, tempo de atividade de protrombina e US do abdome), podem diferenciar a icterícia não obstrutiva (de abordagem clínica) da obstru- tiva (de abordagem cirúrgica) em quase 75% dos casos. Na colestase intra-hepática por lesão tóxica ou isquêmica, os valores séri- cos das aminotransferases, em geral, ultrapassam 10 vezes o limite superior da normalidade (×LSN) e as bilirrubinas não ultrapassam cinco vezes esses valores. Por outro lado, na colestase intra-hepática por hepatite viral e álcool, o aumento das aminotransferases e das bilirrubinas, em geral, situa-se entre 5 e 10 vezes o ×LSN. Eventualmente, o aumento das aminostranferases ultra- passa 10 ×LSN na hepatite viral, enquanto as bilirrubinas podem elevar-se 10 ×LSN na obstrução biliar aguda e na hepatite alcoólica. Essa diferenciação é relevante porque oferece subsídios para que o CR direcione os casos de for- ma mais adequada para os diferentes serviços especializados, o que minimiza a perda de tempo por parte dos usuários e o consumo adicional de recursos pelo sistema de saúde. Os casos de icterícia pré-hepática e colestase intra-hepática devem ser enca- minhados para serviços que contam com recursos para suporte clínico, rastre- amento de vírus (hepatites), marcadores de doenças autoimunes (eletroforese de proteínas, dosagem de imunoglobulinas e anticorpos antimitocôndria, anti- músculo liso e antinúcleo (FAN) e distúrbios do metabolismo (cobre urinário, ceruloplasmina, alfa-1-antitripsina e bioquímica do ferro, entre outras). Por outro lado, os pacientes com colestase extra-hepática necessitam de servi- ços que contam com recursos de imagem e profissionais com experiência em endoscopia, radiologia intervencionista e cirurgias de grande porte. As colestases intra-hepática e extra-hepática crônicas pode induzir cirrose biliar e necessidade de transplante hepático. Nessa circunstância, o CR deve proceder ao encaminhamento para serviços altamente especializados que contam com equipes multidisciplinares e multiprofissionais.
Icterícia, com ou sem dor e febre associada ou não a: ● antecedentes de dor biliar ou cirurgia biliar; ● passado de ingestão de álcool ou uso de medicações ou drogas hepatotóxicas.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
● Colangite branda.
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● Hepatite aguda. ● Colecistite aguda. ● Pancreatite aguda. ● Abscesso hepático. ● Pielonefrite.
MEDIDAS CLÍNICAS E REGULATÓRIAS ● Jejum e acesso venoso para a reposição de fluidos, a fim de manter o débito urinário > 0,5 ml/kg/h. ● Prescrição de antitérmicos. ● Acionar a central de regulação de urgência (telefone 192). ● Caso haja necessidade de remoção, encaminhar uma unidade de suporte básico. ● Encaminhar o paciente para uma unidade não hospitalar de urgência (UPA), caso haja dúvida em relação ao diagnóstico, ou um hospital de média com- plexidade. ● Os pacientes que não melhoram no período de 48 a 72 horas do tratamento clínico instituído devem ser encaminhados para hospital terciário. ● Os procedimentos complementares necessários para diagnóstico e trata- mento fora do âmbito da atenção básica, da unidade não hospitalar de ur- gência e do hospital de média complexidade devem ser solicitados para o CR por meio de telefone ou guia de referência preenchida manualmente ou por meio eletrônico. ● Caso haja solução do problema na unidade não hospitalar de urgência ou no hospital de média complexidade, o paciente deve ser redirecionado para a atenção básica com guia de contrarreferência preenchida manualmente ou por meio eletrônico para cuidar de outras eventuais comorbidades ou problemas advindos do tratamento. Os pacientes ictéricos e com febre, sem comprometimento sistêmico, po- dem ser mantidos em leitos de observação nas salas de urgência não hospitalar e hospitalar até definição do diagnóstico. Recomenda-se o jejum com hidrata- ção e reposição de fluidos, se houver indícios de desidratação, e antitérmicos, se necessário. O paciente é submetido a exames de rotina (hemograma com- pleto, bilirrubinas totais e frações, AST e ALT, fosfatase alcalina, tempo de atividade de protrombina, amilase, exame de urina simples e US do abdome). Esses exames podem diferenciar a hepatite aguda e a pielonefrite (de aborda- gem clínica) da colangite branda, da colecistite aguda e da pancreatite aguda biliar (de abordagem clinicocirúrgica). Essa diferenciação permite a introdução de tratamento com antibiótico para cobertura de germes Gram-negativos e anaeróbios para os casos de pielonefrite, colangite e colecistite aguda. Ademais, permite que o caso seja solucionado no hospital de média complexidade, ou seja encaminhado, pela Central de Regulação de Urgência do CR, para os serviços especializados para conclusão do tratamento.
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7 1 na, amilase, exame de urina simples e US do abdome). Esses exames podem diferenciar a insuficiência hepática aguda fulminante da colangite grave, que requer o acréscimo de antibióticos para cobertura de germes Gram-negativos e anaeróbios e descompressão biliar endoscópica de urgência.
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Fluxograma 71-
Algoritmo para as ações clínicas e de regulação na presença de icterícia em pacientes adultos e idosos na rede assistencial do
Sistema Único de Saúde (SUS). SAMU/192: Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.
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