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Guias e Dicas
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Projeto de um Centro Assistencial de Hemodiálise Humanizado - Prof. Rosane Zanette Antônio, Redação de Arquitetura

Um estudo para a implantação de um novo centro assistencial de hemodiálise no município de torres/rs, com o objetivo de atender a demanda crescente de pacientes com insuficiência renal crônica na região do litoral norte do rio grande do sul e extremo sul de santa catarina. O estudo visa criar um ambiente humanizado e acessível, levando em consideração o bem-estar do paciente durante o tratamento de hemodiálise, que é um procedimento longo e desgastante. A pesquisa aborda a importância da arquitetura na criação de espaços que proporcionem conforto térmico, acústico e contato com a natureza, além de analisar a situação atual de uma clínica de hemodiálise existente na região. Diretrizes e estratégias projetuais para o desenvolvimento de um centro assistencial de hemodiálise que atenda às necessidades físicas e psicológicas dos pacientes, contribuindo para a melhoria da qualidade dos serviços prestados.

Tipologia: Redação

2022

Compartilhado em 18/06/2024

mabi-arquitetura
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Escola superior de Criciúma- ESUCRI Bianca Borges Graciano

Novembro, Pesquisa apresentada á disciplina de Trabalho de Curso I (TC I), na 9 º fase do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Escola Superior de Criciúma – ESUCRI, sob a orientação da Professora Arq. Jamile Rosane Zanette Antônio.

RESUMO ABSTRACT

É possível observar no decorrer dos anos mudanças positivas em relação à arquitetura hospitalar. A humanização vem ganhando espaço nesses locais, onde o cuidado e o conforto dos pacientes são os principais fatores considerados. Apesar dessa evolução, nas clínicas que fornecem o tratamento hemodialítico para portadores de insuficiência renal crônica (IRC), foi possível perceber através de pesquisas bibliográficas e um estudo de caso em uma unidade de hemodiálise existente que na maioria das vezes, esses espaços são apenas adaptados para receber essa função, não levando em consideração o bem-estar do paciente. Deste modo, essa monografia tem por objetivo realizar um partido geral de um Centro Assistencial de Hemodiálise para Portadores de Insuficiência Renal Crônica a ser implantado no município de Torres/RS, atendendo toda a região do litoral norte do Rio Grande do Sul e parte do extremo sul de Santa Catarina, trazendo a arquitetura como meio de criar espaços agradáveis e ambientes humanizados para que o paciente se sinta bem dentro do ambiente clínico. Palavras-chave: Humanização, hemodiálise, paciente, bem- estar. It is possible to observe positive changes in relation to hospital architecture over the years. Humanization has been gaining ground in these places, where the care and comfort of patients are the main factors considered. Despite this evolution, in clinics that provide hemodialysis treatment for patients with chronic renal failure (CRF), it was possible to perceive through bibliographic research and a case study in an existing hemodialysis unit that in most cases, these spaces are only adapted to receive this function, not taking into account the well-being of the patient. In this way, this monograph aims to make a general idea of a Hemodialysis Assistance Center for Patients with Chronic Renal Insufficiency to be implemented in the city of Torres/RS, serving the entire region of the northern coast of Rio Grande do Sul and part of the extreme south of Santa Catarina, bringing architecture as a means of creating pleasant spaces and humanized environments so that the patient feels good within the clinical environment. Keywords: Humanization, hemodialysis, well-being, patient.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Número estimado de pacientes em hemodiálise por ano................................................................................................... 09 Figura 2 - Prevalência de pacientes em hemodiálise por região geográfica...................................................................................... Figura 3 – Ambiente hospitalar humanizado............................... Figura 4 – Evolução do tratamento de hemodiálise.................. Figura 5 – Enfermaria e capela Second Hospital of the Krights. Figura 6 – Modelo de enfermaria Nightingale – Hosital de dona Estefânea, Lisboa,Portugal............................................................ Figura 7 – Modelo de edificio pavilhonar.................................... Figura 8 – Hospital Sarah Kubitchek – Brasilia.............................. Figura 9 – Máquina de hemodiálise............................................. Figura10 – Tratamento por catéter e fístula................................. Figura 11- Principais causas da IRC no Brasil............................... Figura 12 – Sala de hemodiálise................................................... Figura 13 – Registro Brasileiro de transportes até o primeiro trimestre de 2022............................................................................ Figura 14 – Níves de ruído de acordo com as atividades......... Figura 15 – Sala de espera clínica pediátrica............................. Figura 16 - Sala de hemodiálise da fundação Althaia.............. Figura 17 - Sala de exames mostrando o contato com a Natureza.......................................................................................... Figura 18 – Ambiente e dimensões exigidas para clínica de hemodiálise..................................................................................... Figura 19 - Entorno clínica Cuidare.............................................. Figura 20 – Implantação e acessos clínica Cuidare................... Figura 21 – Fachada clínica Cuidare........................................... Figura 22 - Cidades do extremo sul Catarinense atendidas pela clínica Cuidare............................................................................... Figura 23 – Cidades do litoral norte do Rio Grande do Sul atendidas pela clínica Cuidare.................................................... Figura 24 – Tabela de quantidade de pacientes e distância em KM até o município de Torres................................................. Figura 25 – Fluxograma primeiro e segundo pavimento............ Figura 26 – Embarque e desembarque ambulância(1º pavimento)..................................................................................... Figura 27 – Corredor de acesso a hemodiálise(1º pavimento.. Figura 28 - Sala principal de hemodiálise com 14 máquinas.... Figura 29 – Sala para pacientes com hepatite e HIV com 1 máquina(1º pavimento)................................................................ Figura 30 – Recepção..................................................................... Figura 31 – BWC recepção(1º pavimento...................................

  • Figura 32 – Acesso 2º pavimento..................................................
  • Figura 33 – Corredor 01(2º pavimento)........................................
  • Figura 34 – Corredor 02(2º pavimento)........................................
  • Figura 35 - Copa.............................................................................
  • Figura 36 - Depósito de materiais.................................................
  • Figura 37- Mapa de localização da cidade de Mirandela.......
  • Figura 38 – Nordial Center.............................................................
  • Figura 39 – Entorno Nordial Center...............................................
  • Figura 40 – Implamtação Nordial Center....................................
  • Figura 41 – Planta subsolo, sem escala........................................
  • Figura 42 - Pavimento terreo, sem escala....................................
  • Figura 43 – Segundo pavimento, sem escala.............................
  • Figura 44 – Volumetria e materialidade - sala de hemodiálise.
  • Figura 45 - Volumetria e materialidade - sala de espera...........
  • Figura 46 - Volumetria e materialidade - parte externa.............
  • Figura 47 - Volumetria e materialidade – espaço religioso........
  • Figura 48 - Hospital Sarah Kubitschek – Brasília............................
  • Figura 49 - Entorno Hospital Sarah Kubitschek.............................
  • Figura 50 - Implantação Hospital Sarah Kubitschek...................
  • Figura 51 - Implantação Hospital Sarah Kubitschek em corte..
  • Figura 52 - Fluxos Hospital Sarah Kubitschek................................
  • Figura 53 – Planta baixa área infantil...........................................
  • Figura 54 – Planta baixa residência médica...............................
  • Figura 55 – Planta baixa setor principal.......................................
  • Figura 56 - Sheds Hospital Sarah...................................................
    • Figura 57 - Volumetria e materialidade – espera ambulatório..
    • Figura 58 - Volumetria e materialidade – espaço infantil...........
    • Figura 59 - Caminho ambulatório..................................................
    • Figura 60 - Pespectiva estacionamento.......................................
    • ...........................................................................................................
    • Figura 62 – Acessos ao município de Torres, sem escala...........
    • escala............................................................................................... Figura 63 - Recorte aproximado area de intervenção, sem
    • Figura 64 – Distanciamento hospital x area de intervenção......
    • Figura 65 – Indices urbanisticos permitido.....................................
    • Figura 66 – Usos permitidos.............................................................
    • Figura 67 – Mapa geral...................................................................
    • Figura 68 – Hierarquia viária...........................................................
    • ocupadas......................................................................................... Figura 69 – Mapa figura/fundo destacamento quadras
    • Figura 70 – Equipamentos urbanos públicas................................
    • Figura 71 – Uso do solo....................................................................
    • Figura 72 – Condicionantes locais.................................................
    • Figura 73 – Fotos do terreno vista A, B, C e E................................
    • Figura 74 – Fachada frontal............................................................
    • Figura 75 – Fachada noroeste (voltada para o rio).....................
    • Figura 76 – Fachada sul..................................................................
    • Figura 77 – Cobertura/ perspectiva geral.....................................
  • 1 INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------- SUMÁRIO - 1 1 DELIMITAÇÃO DO TEMA --------------------------------------- - 1 2 PROBLEMÁTICA --------------------------------------------------- - 1 3 JUSTIFICATIVA --------------------------------------------------- - 1 4 OBJETIVOS ---------------------------------------------------------- - 1 4 1 OBJETIVO GERAL ------------------------------------- - 1 4 2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS --------------------------- - 1 5 MÉTODO DE PESQUISA ----------------------------------------- - 1 6 ESTRUTURA DO TRABALHO ------------------------------------
  • 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ------------------------------------------- - 2 1 RELATO HISTÓRICO HEMODIÁLISE -------------------------- - 2 2 RELATO HISTÓRICO ARQUITETURA HOSPITALAR ------- - 2 3 A INSUFICIENCIA RENAL CRÔNICA ------------------------ - 2 4 PRINCIPAIS CAUSAS ---------------------------------------------
    • RELAÇÃO PACIENTE X AMBIENTE ---------------------------------------- 2 5 TRANSTORNOS CAUSADOS PELA DOENÇA NA
      • 2.6 DOAÇÃO DE ORGÃOS ----------------------------------------
      • 2.7 A ARQUITETURA E O MEIO HOSPITALAR ------------------
        • 2.7.1 CONFORTO TÉRMICO -------------------------------
        • 2.7.2 CONFORTO ACÚSTICO -----------------------------
        • 2.7.3 CORES ---------------------------------------------------- - 2 7 4 CONTATO COM A NATUREZA -------------------- - 2 8 LEGISLAÇÃO E NORMAS --------------------------------------
          • DE 2002 (ANVISA)---------------------------------------------------------------- 2 8 1 RESOLUÇÃO RDC Nº 50 DE 21 DE FEVEREIRO
            • 2004 (ANVISA)-------------------------------------------------------------------- 2 8 2 RESOLUÇÃO RDC Nº 154 DE 15 DE JUNHO DE - 2 8 3 NBR 9050 DE 03 DE AGOSTO DE 2020 ----------
          • HEMODIALISE -------------------------------------------------------------------- 3 ESTUDO DE CASO CLINICA CUIDARE – UNIDADE DE - 3 1 LOCALIZAÇÃO ---------------------------------------------------- - 3 2 CIDADES DE ATENDIMENTOS --------------------------------- - 3 3 A ROTINA DA CLÍNICA------------------------------------------ - 3 4 A ESTRUTURA ------------------------------------------------------ - 3 5 AS DIFERENTES VISÕES------------------------------------------
          • 4 REFERENCIAS PROJETUAIS ----------------------------------------------- - 4 1 NORDIAL CENTER ------------------------------------------------ - 4 1 1 ENTORNO, IMPLANTAÇÃO E FLUXOS ---------- - 4 1 2 PLANTAS DOS PAVIMENTOS, SETORIZAÇÃO- - 4 1 3 VOLUMETRIA E MATERIALIDADE ----------------- - 4 1 4 SÍNTESE DE INTERESSE -------------------------------- - 4 2 HOSPITAL SARAH KUBTSCHEK – BRASILIA ----------------
      • 4 2 1 ENTORNO,IMPLANTAÇÃO E FLUXOS ------------------
        • 4 2 2 PLANTAS DOS PAVIMENTO, SETORIZAÇÃO---
        • 4 2 3 VOLUMETRIA E MATERIALIDADE -----------------
        • 4 2 4 SÍNTESE DE INTERESSE --------------------------------
  • 5 DIAGNÓSTICO DA ÁREA ------------------------------------------------
    • 5 1 ACESSOS------------------------------------------------------------
    • 5 2 RECORTE ÁREA DE INTERVENÇÃO--------------------------
    • 5 3 TERRENO ESCOLHIDO--------------------------------------------
    • 5 4 ANALISE DO ENTORNO------------------------------------------ - 5 4 1 MAPA GERAL-------------------------------------------- - 5 4 2 SISTEMA VIÁRIO-----------------------------------------
  • OCUPADAS------------------------------------------------------------------------ 5 4 3 MAPA FIGURA/ FUNDO DESCANDO QUADRAS - 5 4 4 EQUIPAMENTOS URBANOS PÚBLICOS----------- - 5 4 5 USO DO SOLO------------------------------------------- - 5 4 6 CONDICIONANTES LOCAIS-------------------------
  • 6 PARTIDO GERAL--------------------------------------------------------------
    • 6 1 CONCEITO-----------------------------------------------------------
    • 6 2 DIRETRIZES PROJETUAIS------------------------------------------
    • 6 3 PROGRAMA DE NECESSIDADES------------------------------
    • 6 4 FLUXOGRAMA E ORGANOGRAMA-------------------------
    • 6 5 SETORIZAÇÃO------------------------------------------------------
    • 6 6 IMPLANTAÇÃO---------------------------------------------------- - ESTACIONAMENTO -------------------------------------------------------- 6 7 CALCULO DE RAMPAS E TABELA DE VAGAS DE - 6 7 1 CALCULO DE RAMPAS ------------------------- - 6 7 2 TABELA DE VAGAS ESTACIONAMENTO -- - 6 8 VOLUMETRIA--------------------------------------------------- - 6 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS---------------------------------- - 7 REFERENCIAS--------------------------------------------------------------

Pela análise do gráfico (figura 01 ), a quantidade de brasileiros portadores de IRC passou de 46 mil pessoas nos anos de 2001 para mais de 144 mil pessoas em 2020. É possível perceber um aumento significativo no número de pacientes, com o passar dos anos. O gráfico mostrado abaixo; (figura 02 ), também desenvolvido por Nerbass et al. ( 2021 ); com base nos dados do censo de diálise de 2020 , mostra a prevalência estimada de pacientes em tratamento de hemodiálise por região geográfica do Brasil, por milhão de população. Figura 02 : Prevalência de pacientes em hemodiálise por região geográfica. região Sudeste com maior número de pacientes em tratamento hemodiálitico. Na região Centro-Oeste o número de pacientes em tratamento decaiu no ano de 2018 , mas teve um aumento significativo nos anos de 2019 e 2020. A região norte, tendo em vista as outras regiões apresentadas no gráfico acima (figura 02 ) possui uma menor quantidade de pacientes em terapia renal substitutiva (TRS), onde os números foram decaindo nos anos de 2018 , 2019 e 2020. A IRC não tem cura, a partir do momento em que o paciente perde a função renal, somente o transplante de rim pode fazer com que o paciente pare de fazer a hemodiálise. A patologia diminui gradativamente a capacidade física dos pacientes além de um desconforto emocional, já que passam um período longo de suas vidas ( 20 horas semanais), aprisionados em uma máquina e interagindo com o ambiente clínico. Além disso, o indivíduo é forçado a se adaptar com a nova rotina que, por muitas vezes, o impede de realizar as atividades do dia a dia (CAMPOS et al. , 2010 ). Apesar do alto número de pacientes precisando realizar o tratamento, de acordo com o último levantamento da ANAHP (Associação Nacional de Hospitais Privados) de 2018 , apenas 7 % dos municípios brasileiros tem clínicas de hemodiálise. O Sistema Único de Saúde (SUS) paga 90 % do 10 Fonte: SBN,2020. Houve um aumento crescente de pacientes em hemodiálise na região Sul, Sudeste e Nordeste, nos anos de 2017 , 2018 , 2019 e 2020 , onde tem como predominância a

serviço, mas os proprietários dizem que o repasse é pequeno perto dos custos, o que tem desestimulado a abertura de novas unidades. Além disso, as clínicas são implantadas somente em grandes cidades ou regiões centrais de cada estado. Esses fatores fazem com que muitos pacientes moradores de cidades vizinhas tenham que se deslocar, passando horas na estrada para conseguir realizar o tratamento (GLOBO, 2018 ). Ciro Bruno Silveira Costa, presidente da SBN de Goiás, ressalta que: Boa parte das pessoas, dos brasileiros não tem nem acesso ao tratamento. Então, muitas dessas pessoas acabam falecendo sem sequer ter oportunidade de se tratar em função dessa absoluta falta de cobertura de uma rede adequada de atendimento (COSTA, 2018 ). De acordo com ALVES ( 2019 ), os centros de hemodiálise necessitam de recursos financeiros para poder realizar suas atividades e proporcionar aos pacientes um tratamento adequado. Diante desse problema, as unidades podem ser divididas em três tipos:

  • Unidades privadas: São mantidas apenas com recursos particulares.
  • Unidades mistas: São aquelas que atendem os pacientes através do Sistema Único de Saúde (SUS) e particulares.
  • Unidades públicas: que se mantém apenas com recursos públicos, por meio do SUS. 11 Das entidades participantes do censo nacional SBN 2017 , 10 % são privadas, 18 % são públicas e 72 % são privadas e possuem convênio com o SUS (ALVES, 2019 ). Pelos dados apresentados é possível perceber que 72 % das clínicas no Brasil possuem um proprietário, porém o governo fornece recurso para que a unidade possa atender os pacientes por meio do SUS. Quando se ouve a palavra hospital, na maioria das vezes é referido a uma situação desagradável, um lugar de dor/sofrimento, onde certamente não é de vontade própria estar ali (STIGAR et al. , 2022 ). Ir a lugares sem atrativos e sem vida é frustrante para qualquer pessoa. Torres conta com uma unidade de hemodiálise que atende 104 pacientes tanto do próprio município como também de cidades vizinhas. A clínica conta com uma infraestrutura pequena tendo em vista a quantidade de pacientes atendidos. Além disso os ambientes não possuem humanização e espaços adequados para a permanência dos pacientes, acompanhantes e funcionários. Os dados apresentados aqui foram retirados de um estudo de caso realizado na clínica existente do município e serão mostrados de forma mais detalhada em um capitulo ao decorrer nessa monografia.

Segundo Ribeiro ( 2008 ), “para a confecção das soluções espaciais de uma unidade de diálise, é preciso um entendimento mínimo das condições em que está se processa, de suas motivações funcionais e clínicas.” Diante disso, conhecendo através da pesquisa realizada, o tratamento e a rotina em que os pacientes portadores de IRC são submetidos, bem como, os efeitos físicos e psicológicos sofridos em decorrência da doença, o tema escolhido adquire relevância, pois de acordo com Stigar et al. ( 2022 ), através da arquitetura, é possível criar espaços favoráveis e humanizados para a realização do tratamento, amenizando um pouco o sofrimento dessas pessoas e gerando resultados significativos. A clínica proposta trará benefícios tanto para os pacientes quanto para seus acompanhantes e funcionários, proporcionando um ambiente mais acolhedor, agradável e humanizado. A ambiência arquitetônica é criada através de um amplo conjunto de elementos em um determinado espaço e a escolha dos elementos que compõe um ambiente são fundamentais para gerar um espaço que interage com a percepção dos usuários, seja de forma agradável ou desagradável (ALVES, 2019 , p. 21 ). A humanização do espaço não afeta somente o paciente, mas também quem o acompanha nessa fase difícil da vida. Além disso, também traz benfeitorias para a equipe médica e funcionários que permanecem no ambiente clínico de forma continua (STIGAR et al. , 2022 ). As clínicas que oferecem o tratamento, podem remeter, através de projetos arquitetônicos eficazes e bem planejados, a sensação de paz, esperança, reflexão e relaxamento. A criatividade e a sensibilidade do arquiteto, enquanto profissional, certamente trará contribuições para que se tenha um projeto humanizado (RIBEIRO, 2008 ). Toledo ( 2006 ) explica sobre a importância de um ambiente humanizado dentro do corpo hospitalar: Em geral, é nesse edifício que nos conscientizamos de nossas fragilidades, impotências e solidão diante da doença, é também que podemos vir a encontrar a coragem, a solidariedade e a esperança necessárias ao processo de cura. A humanização do edifício hospitalar é condição imprescindível para que esses sentimentos positivos floresçam, ajudando-nos a superar o estresse, a mitigar a dor e a abreviar o momento da alta (TOLEDO, 2006 , p. 54 ). 13

1. 5 MÉTODO DE PESQUISA

A pesquisa é de caráter qualitativo. Para Flick Aud Godoi ( 2006 ), a pesquisa qualitativa é onde estão colocadas várias formas de investigação, com o objetivo de auxiliar os pesquisadores na compreensão do assunto estudado. A pesquisa qualitativa não tem como objetivo medir ou enumerar os assuntos estudados, nem tem como foco trazer dados estatísticos. Os interesses são definidos na medida em que a pesquisa se desenvolve. A pesquisa terá sua fundamentação através de livros, artigos, monografias, revisão de literatura e pesquisas relacionadas ao tema proposto. Além disso, será embasada em um estudo de caso realizado na clínica de hemodiálise Cuidare , localizada no município de Torres/RS. Os referenciais projetuais serão analisados de forma crítica, além de estudar a implantação com seus respectivos fluxos, o programa de necessidade de cada referencial e a materialidade dos projetos analisados. Além disso, será utilizado o método de redesenho, pois segundo Mahfuz ( 2016 ) o método auxilia na identificação da forma e o contexto histórico dos projetos, fazendo com que os mesmos fiquem na memória, contribuindo assim para a elaboração do partido geral.

1. 4 OBJETIVOS

1. 4. 1 OBJETIVO GERAL

Desenvolver o Partido Geral de um Centro Assistencial de Hemodiálise para Portadores de Insuficiência Renal Crônica no município de Torres, RS. 1. 4. 2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Pesquisar referencias bibliográficas para adquirir dados que tragam embasamento para o tema proposto; Avaliar o município e definir um terreno que atenda as necessidades do partido proposto; Realizar um estudo de caso na clinica existente estudando melhor o funcionamento da mesma; Analisar os referenciais projetuais de forma crítica trazendo contribuições para elaboração do partido; Definir o partido com base em todos os dados estudados e de acordo com a legislação; 14

2. 1 RELATO HISTÓRICO

HEMODIÁLISE

A diálise foi introduzida pela primeira vez em 1830 , e grandes inovações em seu desenvolvimento ocorreram ao longo do século XIX. As mudanças nas máquinas de diálise e nos procedimentos de tratamento contribuíram para mudanças que proporcionam as melhorias necessárias para estender o tratamento dialítico aos pacientes com doença renal crônica em todo o mundo (MACHADO, 2016 ). Algumas dessas contribuições são mostradas ao lado: 16

2 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O físico britânico Thomas Graham observou a troca entre materiais separados por membranas de celulose, procedimento que ele chamou de "diálise". John Abel inventou e usou o primeiro "rim artificial" em cães que não tinham rins, e o dispositivo consistia em tubos de celulose umedecidos com solução salina para circular o sangue do cão. Durante a Primeira Guerra Mundial, casos de poliúria por insuficiência renal aguda levaram o alemão Georg Haase a usar métodos de locomoção ou sintéticos que supriam algumas das deficiências observadas em materiais previamente desenvolvidos. George Haas realizou o primeiro procedimento de diálise em um homem que sofria de uremia. Durante a Segunda Guerra Mundial, o holandês Willem Kolvey fez grandes mudanças no projeto anterior e concebeu outro "rim artificial" para uso em pacientes com insuficiência renal aguda em 1943 , por isso foi considerado o "pai da Diálise". Graças às inovações de Building Scribner e Wayne Quinton, o primeiro paciente com insuficiência renal crônica pôde ser tratado com diálise regular. Entre 1960 e 1965 eles desenvolveram uma máquina de diálise, que foi aprimorada em 1965 , garantindo uma melhor capacidade de excretar substâncias tóxicas. Cennino Breccia criou cirurgicamente uma fístula arteriovenosa interna, que consiste em uma pequena conexão direta de menos de 0 , 5 cm entre uma veia e uma artéria. Desta forma, uma quantidade razoável de sangue arterial é desviada para a circulação venosa na área correspondente.

Iniciou as atividades de comercialização das maquinas de hemodiálise no Brasil, por uma empresa multinacional norte- americana. Figura 04 : Evolução do tratamento de hemodiálise. Fonte: Autora, baseado em Machado, 2016.

No século XVIII, período em que acontece a revolução industrial, os hospitais eram alvo de muitas críticas por conta da má ventilação e superlotação. Foi notado uma insatisfação com o modelo de hospital que eram feitos até o momento, com falta de higiene e péssimas condições. Essa questão mostrou a necessidade de repensar sobre os conceitos da arquitetura utilizada. Nesse período o hospital começou a ser visto como um local de cuidado e cura aos pacientes e não somente de morte, como era visto na idade média ( BARROSO, 2021 ). No século XIX começou a preocupação com a ventilação e a iluminação do ambiente, avançando a concepção arquitetônica do hospital. Nesse momento, surge na Inglaterra Florence Nightingale, uma enfermeira que foi a primeira a pensar na humanização dos hospitais, dando prioridade para os pacientes. A tipologia do hospital de Florence (figura 06 ) consistia, principalmente, em um corredor longo e estreito. As camas eram colocadas perpendiculares às paredes e o pé-direito dos quartos foi reduzido, pois foi possível obter um melhor equilíbrio de temperatura. Também possuíam aberturas em ambos os lados, proporcionando ventilação cruzada e luz natural. Isso trouxe grandes evoluções para a 17

2. 2 RELATO HISTÓRICO ARQUITETURA HOSPITALAR

A palavra hospital surgiu do latim hospitalis, que tem significa hospedar. Esse conceito já era utilizado desde a idade média, com o objetivo de hospedar pessoas estrangeiras e enfermos que ali estavam, a fim de tirá-los da sociedade que estava saudável. Nessa época, ainda não existia estrutura para que os pacientes pudessem ser tratados, logo os indivíduos tinham poucas esperanças de recuperação. Eles esperavam ali apenas pela morte ou pela cura de forma natural. As estruturas tinham como características o período gótico, que entrou em vigor durante a idade média e se caracterizava por ter uma tipologia de catedrais. Tinham largas paredes e janelas com dimensões limitadas, pois acreditavam que o ar era responsável por espalhar a contaminação, tornando o ambiente aterrorizante (COSTI, 2002 ). Figura 05 : Enfermaria e capela Second Hospital of the Knights Rhodes. Fonte: Costi, 2022.

Figura 08 : Hospital Sarah Kubistchek, Brasília. 19 volume sanguíneo) (CAMPOS, 2015 , SANTOS et al. 2017 ). A insuficiência renal (IRC) é uma doença na qual os rins perdem a capacidade de exercer a sua função (CAMPOS, 2015 ). Quando os rins param de funcionar, o indivíduo precisa passar por um tratamento, chamado hemodiálise ou terapia renal substitutiva (TRS). É um procedimento onde através de uma máquina, é filtrado o sangue do paciente deixando-o limpo, fazendo o tratamento que os rins por estarem doentes, não podem fazer (SANTOS et al. , 2018 ).

Fonte: Arquitetura e Saúde, 2022. Figura 09 : Maquina de hemodiálise.

Nos dias atuais ainda é muito utilizado o modelo monobloco e, se defende que os ambientes hospitalares são locais que devem trazer conforto, bem-estar e segurança para os usuários. Para isso, o projeto arquitetônico hospitalar deve ser desenvolvido com estratégias e exigências especificas, visando assistir esses objetivos (COSTEIRA, 2011 ). 2. 3 A INSUFICIENCIA RENAL CRÔNICA Os rins são órgãos primordiais para o equilíbrio do corpo humano. Eles funcionam como uma espécie de filtro e desempenham função vital, onde são responsáveis por eliminar as toxinas prejudiciais para o organismo, como amônia, ureia e ácido úrico. Além disso, regula o volume de líquidos e filtra o sangue (é filtrado por minuto cerca de 20 % do Fonte: Clinica do rim, 2022. De acordo com Silva et al. ( 2021 ), o sangue é retirado pouco a pouco do organismo, através de uma agulha especial. Essa agulha é colocada na fistula, que se localiza no braço do paciente.

A fistula é a junção de uma veia e uma artéria, que tem como objetivo facilitar a passagem do sangue, tendo em vista a necessidade de passar ali um grande fluxo sanguíneo devido ao tratamento. Outro método utilizado é o cateter (tubo), inserido em uma veia do pescoço, tórax ou virilha. Esse método é utilizado, geralmente, quando o paciente está no início do tratamento, pois o risco de infecção pelo cateter é nove vezes maior do que pela fístula. As sessões de hemodiálise são realizadas em clínicas especializadas ou hospitais, no mínimo três vezes por semana onde tem duração de aproximadamente quatro horas (SANTOS et al. , 2018 ). A figura abaixo (figura 10 ) ilustra o tratamento realizado pelos dois métodos mencionados acima. Figura 10 : tratamento por cateter e fistula. 20

2. 4 PRINCIPAIS CAUSAS

Rezende et al. ( 2021 ) ressalta que, a diabetes principalmente tipo II e a hipertensão, são as principais causas para se obter a insuficiência renal crônica no mundo. A diabetes é uma doença caracterizada por níveis elevados de açúcar no sangue. Os sintomas geralmente aparecem após os 40 anos e se desenvolve de forma lenta. Ocorre principalmente em pessoas com excesso de peso, que têm hábitos alimentares pouco saudáveis e o histórico familiar (SECRETARIA DA SAÚDE, 2012 ). Já a hipertensão, é uma patologia que afeta os vasos sanguíneos, coração, cérebro e olhos. Embora a doença seja herdada dos pais em 90 % dos casos, existem vários fatores que afetam a pressão arterial. Exemplos incluem tabagismo, consumo de álcool, obesidade, estresse, alto consumo de sal, colesterol alto e falta de exercício (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016 ). Essas duas doenças de acordo com Pena et al. ( 2012 ), são bem comuns na sociedade brasileira e, também, se enquadra como as principais causas da IRC, além do histórico familiar. O gráfico (figura 11 ) desenvolvido por Fonte: Dr Marcelo Kalil, 2022.