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A história da educação física no brasil, abordando sua vinculação a instituições militares e médicas, a reforma educacional de 1851, a influência do movimento escolanovista, o papel do exército, a esportivização da educação física, as mudanças na política educacional e as relações entre educação física e sociedade.
Tipologia: Notas de aula
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Professor – Especialidade: Educação Física
Histórico Para que se compreenda o momento atual da Edu- cação Física é necessário considerar suas origens no contexto brasileiro, abordando as principais influências que marcam e caracterizam esta disciplina e os novos rumos que estão se delineando. No século passado, a Educação Física esteve estrei- tamente vinculada às instituições militares e à classe médica. Esses vínculos foram determinantes, tanto no que diz respeito à concepção da disciplina e suas fina- lidades, quanto ao seu campo de atuação e à forma de ser ensinada. Visando melhorar a condição de vida, muitos médi- cos assumiram uma função higienista e buscaram mo- dificar os hábitos de saúde e higiene da população. A Educação Física, então, favoreceria a educação do cor- po, tendo como meta a constituição de um físico sau- dável e equilibrado organicamente, menos suscetível às doenças. Além disso, havia no pensamento político e intelectual brasileiro da época uma forte preocupação com a eugenia. Como o contingente de escravos negros era muito grande, havia o temor de uma “mistura” que “desqualificasse” a raça branca. Dessa forma, a educa- ção sexual associada à Educação Física deveria incutir nos homens e mulheres a responsabilidade de manter a “pureza” e a “qualidade” da raça branca. Embora a elite imperial estivesse de acordo com os pressupostos higiênicos, eugênicos e físicos, havia uma forte resistência na realização de atividades físicas por conta da associação entre o trabalho físico e o trabalho escravo. Qualquer ocupação que implicasse esforço físi- co era vista com maus olhos, considerada “menor”. Essa atitude dificultava que se tornasse obrigatória a prática de atividades físicas nas escolas. Dentro dessa conjuntura, as instituições militares so- freram influência da filosofia positivista, o que favoreceu que tais instituições também pregassem a educação do físico. Almejando a ordem e o progresso, era de fun- damental importância formar indivíduos fortes e saudá- veis, que pudessem defender a pátria e seus ideais. No ano de 1851 foi feita a Reforma Couto Ferraz, a qual tornou obrigatória a Educação Física nas esco- las do município da Corte. De modo geral, ouve grande contrariedade por parte dos pais em ver seus filhos en- volvidos em atividades que não tinham caráter intelec- tual. Em relação aos meninos, a tolerância era um pouco maior, já que a ideia de ginástica se associava às institui- ções militares; mas, em relação às meninas, houve pais que proibiram a participação de suas filhas. Em 1882, Rui Barbosa deu seu parecer sobre o Pro- jeto 224 — Reforma Leôncio de Carvalho, Decreto n. 7.247, de 19 de abril de 1879, da Instrução Pública —, no qual defendeu a inclusão da ginástica nas escolas e a equiparação dos professores de ginástica aos das outras disciplinas. Nesse parecer, ele destacou e explicitou sua ideia sobre a importância de se ter um corpo saudável para sustentar a atividade intelectual. No início deste século, a Educação Física, ainda sob o nome de ginástica, foi incluída nos currículos dos Esta- dos da Bahia, Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Per- nambuco e São Paulo. Nessa mesma época a educação brasileira sofria uma forte influência do movimento escolanovista, que evidenciou a importância da Educação Física no desen- volvimento integral do ser humano. Essa conjuntura possibilitou que profissionais da educação na III Confe- rência Nacional de Educação, em 1929, discutissem os métodos, as práticas e os problemas relativos ao ensino da Educação Física. A Educação Física que se ensinava nesse período era baseada nos métodos europeus — o sueco, o alemão e, posteriormente, o francês —, que se firmavam em princípios biológicos. Faziam parte de um movimento mais amplo, de natureza cultural, política e científica, conhecido como Movimento Ginástico Europeu, e foi à primeira sistematização científica da Educação Física no Ocidente. Na década de 30, no Brasil, dentro de um contexto histórico e político mundial, com a ascensão das ideo- logias nazistas e fascistas, ganham força novamente as ideias que associam a eugenização da raça à Educação Física. O exército passou a ser a principal instituição a comandar um movimento em prol do “ideal” da Educa- ção Física que se mesclava aos objetivos patrióticos e de preparação pré-militar. O discurso eugênico logo cedeu lugar aos objetivos higiênicos e de prevenção de doen- ças, estes sim, passíveis de serem trabalhados dentro de um contexto educacional. A finalidade higiênica foi duradoura, pois institui- ções militares, religiosas, educadores da “escola nova” e Estado compartilhavam de muitos de seus pressupostos. Mas a inclusão da Educação Física nos currículos não havia garantido a sua implementação prática, prin- cipalmente nas escolas primárias. Embora a legislação visasse tal inclusão, a falta de recursos humanos capa- citados para o trabalho com Educação Física escolar era muito grande. Apenas em 1937, na elaboração da Constituição, é que se fez a primeira referência explícita à Educação Física em textos constitucionais federais, incluindo-a no currículo como prática educativa obrigatória (e não como disciplina curricular), junto com o ensino cívico e os trabalhos manuais, em todas as escolas brasileiras.
Também havia um artigo naquela Constituição que ci- tava o adestramento físico como maneira de preparar a juventude para a defesa da nação e para o cumprimento dos deveres com a economia. Os anos 30 tiveram ainda por característica uma mu- dança conjuntural bastante significativa no país: o pro- cesso de industrialização e urbanização e o estabeleci- mento do Estado Novo. Nesse contexto, a Educação Fí- sica ganhou novas atribuições: fortalecer o trabalhador, melhorando sua capacidade produtiva, e desenvolver o espírito de cooperação em benefício da coletividade. Do final do Estado Novo até a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1961, houve um amplo debate sobre o sistema de ensino brasileiro. Nes- sa lei ficou determinada a obrigatoriedade da Educação Física para o ensino primário e médio. A partir daí, o esporte passou a ocupar cada vez mais espaço nas au- las de Educação Física. O processo de esportivização da Educação Física escolar iniciou com a introdução do Mé- todo Desportivo Generalizado, que significou uma con- traposição aos antigos métodos de ginástica tradicional e uma tentativa de incorporar esporte, que já era uma instituição bastante independente, adequando-o a ob- jetivos e práticas pedagógicas. Após 1964, a educação, de modo geral, sofreu as influências da tendência tecnicista. O ensino era visto como uma maneira de se formar mão-de-obra quali- ficada. Era a época da difusão dos cursos técnicos pro- fissionalizantes. Nesse quadro, em 1968, com a Lei n. 5.540, e, em 1971, com a 5.692, a Educação Física teve seu caráter instrumental reforçado: era considerada uma atividade prática, voltada para o desempenho técnico e físico do aluno. Na década de 70, a Educação Física ganhou, mais uma vez, funções importantes para a manutenção da ordem e do progresso. O governo militar investiu na Educação Física em função de diretrizes pautadas no na- cionalismo, na integração nacional (entre os Estados) e na segurança nacional, tanto na formação de um exérci- to composto por uma juventude forte e saudável como na tentativa de desmobilização das forças políticas oposicionistas. As atividades esportivas também foram consideradas como fatores que poderiam colaborar na melhoria da força de trabalho para o “milagre econômi- co brasileiro”. Nesse período estreitaram-se os vínculos entre esporte e nacionalismo. Um bom exemplo é o uso que se fez da campanha da seleção brasileira de futebol, na Copa do Mundo de 1970. Em relação ao âmbito escolar, a partir do Decreto n. 69.450, de 1971, considerou-se a Educação Física como “a atividade que, por seus meios, processos e técnicas, desenvolve e aprimora forças físicas, morais, cívicas, psí- quicas e sociais do educando”. A falta de especificida- de do decreto manteve a ênfase na aptidão física, tanto na organização das atividades como no seu controle e avaliação. A iniciação esportiva, a partir da quinta série, tornou-se um dos eixos fundamentais de ensino; bus- cava-se a descoberta de novos talentos que pudessem participar de competições internacionais, representando a pátria. Nesse período, o chamado “modelo piramidal” norteou as diretrizes políticas para a Educação Física: a Educação Física escolar, a melhoria da aptidão física da população urbana e o empreendimento da iniciativa privada na organização desportiva para a comunidade comporiam o desporto de massa que se desenvolveria, tornando-se um desporto de elite, com a seleção de in- divíduos aptos para competir dentro e fora do país. Na década de 80 os efeitos desse modelo começa- ram a ser sentidos e contestados: o Brasil não se tornou uma nação olímpica e a competição esportiva da elite não aumentou o número de praticantes de atividades físicas. Iniciou-se então uma profunda crise de identida- de nos pressupostos e no próprio discurso da Educação Física, que originou uma mudança significativa nas polí- ticas educacionais: a Educação Física escolar, que estava voltada principalmente para a escolaridade de quinta a oitava séries do primeiro grau, passou a priorizar o seg- mento de primeira a quarta e também a pré-escola. O enfoque passou a ser o desenvolvimento psicomotor do aluno, tirando da escola a função de promover os espor- tes de alto rendimento. O campo de debates se fertilizou e as primeiras produções surgiram apontando o rumo das novas ten- dências da Educação Física. A criação dos primeiros cur- sos de pós-graduação em Educação Física, o retorno de professores doutorados fora do Brasil, as publicações de um número maior de livros e revistas, bem como o au- mento do número de congressos e outros eventos dessa natureza foram fatores que também contribuíram para esse debate. As relações entre Educação Física e sociedade passa- ram a ser discutidas sob a influência das teorias críticas da educação: questionou-se seu papel e sua dimensão política. Ocorreu então uma mudança de enfoque, tanto no que dizia respeito à natureza da área quanto no que se referia aos seus objetivos, conteúdos e pressupostos pedagógicos de ensino e aprendizagem. No primeiro aspecto, se ampliou a visão de uma área biológica, rea- valiaram-se e enfatizaram-se as dimensões psicológicas, sociais, cognitivas e afetivas, concebendo o aluno como ser humano integral. No segundo, se abarcaram obje- tivos educacionais mais amplos (não apenas voltados para a formação de um físico que pudesse sustentar a atividade intelectual), conteúdos diversificados (não só exercícios e esportes) e pressupostos pedagógicos mais humanos (e não apenas adestramento).
Da formação do atleta à formação do guerreiro Além da educação espontânea que caracteriza os an- tigos habitantes da terra, existia nos povos da Antiguida- de grega uma outra forma de educação: a educação dos efebos. Nesta forma de educação, os jovens eram sub- metidos a exercícios rigorosos longe de seus clãs. Essa espécie de ritual destinava-se a prepará-los adequada- mente para as atividades guerreiras, incluindo exercícios diversificados, que pretendiam, sobretudo, disciplinar a alma, expulsar o demônio e promover a aquisição do ca- ráter masculino próprio do guerreiro primitivo. Sob a direção de um mago sacerdote ou de um an- cião experimentado e distinto, essa iniciação era concluí- da com uma cerimônia de ordenação em que participam todos os membros da tribo. Era, assim, o início de uma educação profissional, embora não fosse ainda sistemáti- ca, intencional e em instituição especializada, ministrada por mestres também especializados. A efebia ateniense, que nasceu com a finalidade de preparar para a guerra, torna- se escola também intelec- tual; o ginásio, destinado aos exercícios físicos a serem praticados nus, torna- se também (e depois sobretudo) lugar de exercitações culturais, e acolherá retores e filó- sofos. Os dois tipos de competição, as do corpo e as da mente andam juntas. Em seguida, paulatinamente, apesar de um período de euforia da ginástica entre os séculos II e III d. C., as exercitações intelectuais terão a prevalência e a antiga unidade entre físico e intelectual estará defini- tivamente perdida. Para os filósofos gregos que procuravam explicar o homem de forma dual, corpo e mente, os exercícios físi- cos eram essencialmente importantes, tanto para a pro- dução da beleza física, quanto para a formação do cará- ter. Essa visão de homem, apesar de privilegiar o intelecto baseava-se na comunhão do corpo e do espírito, daí a re- levância atribuída pelos gregos às diversas modalidades de atividades físicas. A filosofia pedagógica que orienta a educação grega tem o mérito de não divorciar a intelec- tual da corporal. A civilização grega deu início a um novo tempo na história da humanidade, descobriu-se o valor humano, a individualidade, começando, efetivamente, a história da Educação Física. Nesse momento, o aspecto “atividade física” constituía uma característica fundamental na vida cultural da Grécia em todos os seus momentos. A Edu- cação Física na Antiguidade grega em sua fase heroico- cavalheiresca, representada pelos poemas homéricos, foi concebida para formar o atleta herói, conduzindo ao bom desempenho atlético da aristocracia guerreira, es- tando presente nesse processo conceitos como o aretê e agonístico. De um modo geral, pode-se conceituar a Educação Física grega como um conjunto de atividades com a finalidade de desenvolver a perfeição física e os valores morais, buscando a formação do indivíduo forte, saudável, belo e virtuoso. Falar sobre a Educação Física conduz, necessaria- mente, às principais cidades-estado gregas, Atenas e Es- parta, especialmente pelas particularidades de ambas com relação à educação. Enquanto a característica predomi- nante na segunda foi a de um povo rude e inculto, cuja preparação física submete toda a população jovem a uma ordem cerrada de combate numa atmosfera efetivamente política, Atenas caminhou no sentido cívico. Em Atenas, no século VI a. C educava-se o jovem aris- tocrata. A preparação guerreira estava em segundo plano. A atividade física “ginástica” era uma iniciação para os des- portos elegantes e a vitória desportiva. As conquistas nos jogos constituíam um dos mais altos valores da cidade. Enquanto Atenas consolidou o Estado do Direito, Es- parta optou pelo Estado do Dever, onde tudo girava em torno do interesse coletivo e os exercícios físicos tinham caráter predominantemente guerreiro. Esses exercícios conduziam os jovens a uma preparação militar, ao endu- recimento do corpo e a disciplina cívica. A Educação Física para o povo ateniense estava voltada não apenas para o aspecto físico, mas também para a formação do caráter em que está reunida a educação moral e estética e passam a [...] compreender tanto o cultivo do corpo, a beleza física, com o sentido moral e social. Ambos os aspectos predomi- nam aqui sobre o intelecto e o técnico. Os jogos e esportes, o canto e a poesia, são instrumentos essenciais dessa educa- ção, de tipo ainda minoritário, embora com espírito cívico e, em certo sentido, democrático, por ser patrimônio de todos os homens livres. A decadência da civilização grega reflete-se em todos os setores da sua cultura e a dominação dos gregos pelos romanos marca o último momento na história da Grécia antiga, com a influência do helenismo em todo o mundo. Cresce o interesse pelo intelecto e uma sensível diminuição dos valores físicos e estéticos e também dos ideais huma- nistas, o que, no entendimento de Oliveira, “[...] significou o mais belo exemplo já inscrito na história da educação físi- ca.” Começa a surgir a especialização e a profissionalização dos atletas contrariando os objetivos educacionais a que se propunham “[...] numa evidente traição aos princípios que haviam forjado a grandeza da civilização helênica”. Ao contrário dos gregos, os romanos realizavam suas manifestações culturais de modo eminentemente prático, ou seja, enquanto para os gregos a ginástica significava uma forma de se atingir a perfeição do corpo e o desen- volvimento dos valores morais, nos romanos era destinada a formar o protótipo de virilidade. Tinha como primeira finalidade a preparação para a conquista de novas terras contemplando o ideal expansionista que os caracterizava. Em Roma a Educação Física estava voltada, também, para os aspectos da higiene e da saúde corporal.
A compreensão de Educação Física para os roma- nos relacionava-se não mais com o aspecto humanista como faziam os gregos, mas com a preparação militar pura e simples, em um primeiro momento. Posterior- mente, quando se inicia a decadência do Império Ro- mano, outros elementos são introduzidos para formar novo conceito. Nesse momento ela é o meio através do qual são preparados, além do guerreiro conquistador, o gladiador hábil e resistente para vencer os combates sangrentos nas arenas e circos romanos. Com o surgimento do cristianismo, passou-se a pre- conizar o abandono do corpo e os interesses centram- se na conquista da vida celestial, o que vem contribuir, decisivamente, para o enfraquecimento da austeridade dos romanos, fato esse que acabou por facilitar as in- vasões bárbaras. Expandindo-se rapidamente pelo Im- pério, o cristianismo conseguiu a adesão de plebeus, mulheres e escravos, minando as bases do regime, uma vez que pregava o pacifismo monoteísta, negando o mi- litarismo e a figura divina do Imperador. O Imperador Teodósio oficializa o cristianismo em 373 d.C. na tentativa de criar uma nova base ideológi- ca para o governo e divide o Império Romano em duas partes: o Império Romano do Oriente e o do Ocidente, este, após sucessivas invasões bárbaras é destruído em 476 d.C. Como consequência, acentuou-se o processo de descentralização econômica, dando origem ao feu- dalismo que marcaria decisivamente a Idade Média. As destrezas físicas A Idade Média tem início com a divisão do Impé- rio Romano em 395, erigiu como instituição suprema a Igreja, esta adotou uma visão de homem cuja exis- tência estava inteiramente dedicada à vida celestial. O surgimento do cristianismo colocou novos rumos para a história ocidental e a educação centrou-se, sobretudo, no ascetismo, na vida emotiva e religiosa e no ensino de matérias abstratas, ficando os exercícios ginásticos relegados a um plano secundário. Entretanto, esclarece Luzuriaga, as cruzadas organizadas pela Igreja durante os séculos XI, XII e XIII exigiam, evidentemente, uma preparação militar e dentre as atividades físicas deste período destacam-se a esgrima e a equitação. É interessante ressaltar a educação cavalheiresca que tomou corpo na Idade Média e que preconizava a formação do homem valoroso e cortês, honrado e fiel. Cultivava-se em grande medida as destrezas físicas e corporais, como o manejo do arco e da lança, corrida, equitação, esgrima, natação e caça. As habilidades men- cionadas eram disputadas em competições e torneios nos quais se julgava o valor e as destrezas dos cavalei- ros. A Educação Física desse período pode ser entendida como um conjunto de práticas, que tinha como obje- tivo o desenvolvimento de habilidades físicas específi- cas buscando a formação do indivíduo hábil, valoroso e cortês. A Idade Média é denominada de “idade das trevas” principalmente pelo declínio cultural que se abateu so- bre o mundo ocidental. No campo educacional subsistiu apenas as escolas e mosteiros da educação cristã pri- mitiva, até o surgimento da Renascença. Inaugurou-se um novo olhar sobre o homem, passando a conceber o corpo como algo livre do véu de sacralidade que o en- volveu por toda a Idade Média. O corpo agora é objeto da ciência e a filosofia cartesiana contribuiu, em grande medida, para essa nova abordagem culminando com o dualismo psicofísico proposto por Descartes, em que o homem se constitui de duas substâncias distintas: a pensante (privilegiada), de natureza intelectual – o pen- samento, e a extensa de natureza material – o corpo. É interessante ressaltar que, ao longo da sua histó- ria, o homem possui formas diversificadas de conceber e tratar o próprio corpo, assim como são variadas as for- mas de agir corporalmente, revelando que suas relações com o mundo, corporais inclusive, é uma construção so- cial resultante do processo histórico. Nas sociedades estruturalmente mais simples o ho- mem utiliza-se diretamente dos sentidos, da agilidade, da rapidez, enfim, da vivência corporal para sobreviver. Nessas sociedades pré-industriais valorizam-se as quali- dades corporais em torneios e competições como tam- bém na vida militar e política. Do bem-estar físico ao conceito atual de Educação Física No Renascimento (século XV), com o acelerado progresso das ciências, a razão passou a se constituir o único conhecimento válido, estabelecendo para o cor- po uma visão de objeto a ser controlado e disciplinado. Voltaram a povoar o universo humano, a individualida- de, o espírito crítico e a liberdade do homem. Este é agora personagem principal, permitindo o desenvolvi- mento do antropocentrismo, contrário ao teocentrismo predominante na Idade Média. Dentre os vários pressu- postos que caracterizaram este momento histórico, con- sidera-se importante a vida física, corporal e estética, a exemplo da educação grega antiga. O ideal de homem preconizado na Renascença compreende primeiramente os exercícios físicos e de- pois as letras e a erudição. As atividades físicas confi- guram-se em momentos importantes que subsidiam a educação intelectual e, nesse período, surgiram os jogos mentais, que posteriormente “[...] serão popularizados pelos jesuítas como estratégias educacionais, mudando um pouco as relações educacionais entre as crianças e os adultos”.