Docsity
Docsity

Prepare-se para as provas
Prepare-se para as provas

Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity


Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos para baixar

Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium


Guias e Dicas
Guias e Dicas

Procrastinação Estruturada: Uma Estratégia Eficaz para Procrastinadores, Manuais, Projetos, Pesquisas de Nutrição

Uma visão única sobre a procrastinação, explorando o conceito de 'procrastinação estruturada'. O autor compartilha sua própria experiência como um 'procrastinador estruturado', revelando como ele consegue realizar uma série de tarefas importantes, mesmo que não sejam as mais prioritárias. O texto aborda temas como a natureza da procrastinação, a importância das listas de tarefas, a triagem de tarefas e a organização horizontal. Além disso, o documento discute os desafios enfrentados pelos procrastinadores, incluindo a colaboração com outros procrastinadores e a superação de fantasias perfeccionistas. Essa abordagem inovadora oferece insights valiosos para aqueles que lutam com a procrastinação, apresentando uma perspectiva diferente sobre como transformar esse comportamento em uma estratégia produtiva.

Tipologia: Manuais, Projetos, Pesquisas

2020

Compartilhado em 14/02/2023

thayne-cavalcante
thayne-cavalcante 🇧🇷

1 documento

1 / 73

Toggle sidebar

Esta página não é visível na pré-visualização

Não perca as partes importantes!

bg1
pf3
pf4
pf5
pf8
pf9
pfa
pfd
pfe
pff
pf12
pf13
pf14
pf15
pf16
pf17
pf18
pf19
pf1a
pf1b
pf1c
pf1d
pf1e
pf1f
pf20
pf21
pf22
pf23
pf24
pf25
pf26
pf27
pf28
pf29
pf2a
pf2b
pf2c
pf2d
pf2e
pf2f
pf30
pf31
pf32
pf33
pf34
pf35
pf36
pf37
pf38
pf39
pf3a
pf3b
pf3c
pf3d
pf3e
pf3f
pf40
pf41
pf42
pf43
pf44
pf45
pf46
pf47
pf48
pf49

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Procrastinação Estruturada: Uma Estratégia Eficaz para Procrastinadores e outras Manuais, Projetos, Pesquisas em PDF para Nutrição, somente na Docsity!

Nunca deixe para amanhã o que você pode fazer depois de amanhã. MARK TWAIN

Agradecimentos

Dois amigos falecidos — o grande escritor Tony Burciaga e Bob Beyers, também um ótimo escritor e por muito tempo chefe do Stanford News Service — foram os primeiros a sugerir que eu deveria publicar o ensaio “Procrastinação estruturada”. De alguma forma, Beyers convenceu o jornal The Chronicle of Higher Education a fazê-lo em 1996. Marc Abrahams, o gênio por trás dos Annals of Improbable Research , reproduziu o ensaio na revista pouco tempo depois. Anos mais tarde, em 2011, fui premiado com uma das invenções de Abrahams, o Prêmio IgNobel de Literatura. Deborah Wilkes, da editora Hackett Publications , que há anos tem sofrido com minhas procrastinações, recebeu o prêmio por mim na cerimônia do IgNobel em Harvard, pois não pude comparecer. Participar desse evento maluco exigiu bom humor e coragem de Deborah, apesar de eu achar que ela não sabia disso quando concordou em ir. Entre 1996 e 2011, Erin Perry, uma das minhas netas, cresceu, aprendeu tudo sobre a internet e criou um site para esse ensaio e alguns outros. O feito de Erin gerou muitas respostas interessantes dos leitores. Alguns de meus amigos me diziam que todo o material poderia se transformar num pequeno livro, mas não levei a sugestão em frente até ouvir uma proposta de Barney Karpfinger, agora meu agente literário, que tinha lido sobre o Prêmio IgNobel. Sou muito grato a todas essas pessoas, e à minha editora, Margot Herrera, e seus

Sumário

INTRODUÇÃO: O paradoxo da procrastinação

  1. Procrastinação estruturada
  2. Procrastinação e perfeccionismo
  3. Listas de tarefas
  4. Entre no ritmo
  5. O computador e o procrastinador
  6. Um apelo para a organização horizontal
  7. Colaborando com o inimigo?
  8. Benefícios adicionais
  9. Os procrastinadores precisam ser chatos?
  10. Profundos pensamentos conclusivos

APÊNDICE: Como abandonar o hábito (leia por sua conta e risco)

INTRODUÇÃO

O paradoxo da procrastinação

Os seres humanos são animais racionais por natureza. Nossa habilidade de raciocinar supostamente nos separa de outros animais, então a sensação é de que devemos ser incrivelmente razoáveis e basear cada ação em deliberações profundas, fazendo o melhor possível de acordo com elas. Platão e Aristóteles se ativeram tanto a esse ideal que encontraram um paradoxo filosófico no nosso fracasso para alcançá-lo: akrasia , o mistério de por que as pessoas preferem fazer algo diferente do que pensam ser o melhor para elas. Essa imagem de humanos como seres racionais que baseiam suas ações em deliberações e cálculos sobre o que é melhor perdura até hoje, desde que foi articulada na Antiguidade. As ciências sociais matemáticas, como a economia, se fundamentam na concepção do ser humano como animal racional que faz escolhas com base em qual ação é mais provável de promover seus desejos fundamentais. Isso é bastante estranho, já que muitas das outras ciências sociais, incluindo a psicologia e a sociologia, fornecem muitas provas de que não funcionamos assim. Eu realmente não tenho nada contra a racionalidade, nem contra fazer o que você acha que é melhor, ou fazer o que tem maior probabilidade de

como professor — sem nunca ter sido admitido como estudante de graduação ou pós-graduação —, meu trabalho foi suficiente para me manter empregado. Então posso pensar que os trabalhos que escrevi não são uma besteira completa. Seja como for, nada do que escrevi foi lido por tantas pessoas, nem foi muito útil a tanta gente — pelo menos de acordo com seus testemunhos — e brilhou por tantos dias como meu pequeno ensaio sobre procrastinação estruturada. Durante muitos anos, esse artigo era o primeiro que aparecia quando alguém procurava no Google por procrastinação em inglês. Depois que o transferi da minha página em Stanford para um site particular (www.structuredprocrastination.com) — assim eu poderia vender camisetas com a frase STRUCTURED PROCRASTINATION —, ele caiu no ranking, depois voltou a subir, e atualmente não está muito abaixo do artigo sobre procrastinação na Wikipédia. Todo mês recebo uma dezena de e-mails de leitores. Praticamente todos são positivos, e alguns dizem que o ensaio teve um considerável impacto sobre eles. Aqui está um exemplo:

Caro John, Seu ensaio sobre procrastinação estruturada acabou de mudar minha vida. Eu já me sinto melhor comigo mesmo. Realizei milhares de tarefas nos últimos meses, enquanto me sentia terrível com o fato de que não eram as realmente importantes que estavam no alto da lista de prioridades. Mas agora começo a perceber que as nuvens escuras de culpa e vergonha acima de mim estão se dissipando… Obrigado.

Meu e-mail favorito é o de uma mulher que falou que tinha sido uma procrastinadora durante toda a vida. Ser uma procrastinadora a deixava triste, contou, em boa parte porque seu irmão sempre a criticava por ter essa

falha de caráter. Ler meu ensaio, ela continuava, permitiu que ela levantasse a cabeça e percebesse que era um ser humano valioso que realizava muitas coisas, apesar de ser uma procrastinadora. Depois da leitura, pela primeira vez na vida, teve a coragem de mandar seu irmão calar a boca e cair fora. “Por falar nisso”, ela acrescentou, “tenho 72 anos.” Com o passar dos anos, eu quis aumentar o ensaio, apesar de que, como era característico, fiquei adiando essa tarefa. Aos poucos, a partir dos e- mails que recebia, de introspecção e de algumas leituras, percebi que compreender o conceito de procrastinação estruturada é somente o primeiro passo de um programa que talvez possa ajudar a grande maioria dos procrastinadores, como me ajudou. O mais estranho é que depois que descobrimos que somos procrastinadores estruturados, não só nos sentimos melhor, mas também aprimoramos um pouco nossa capacidade de realizar coisas, porque quando o miasma da culpa e do desespero desaparece, temos uma compreensão melhor do que nos impede de fazer essas tarefas. Então este livro apresenta um tipo de programa de autoajuda filosófico para procrastinadores deprimidos. A verdade deve ser dita: chamá-lo de programa é um pouco generoso. O livro começa com alguns passos úteis que os procrastinadores podem tomar. Depois disso, oferece algumas ideias, histórias e sugestões que talvez sejam benéficas. Também falo um pouco sobre os problemas organizativos que importunam muitos procrastinadores. Nem todas as pessoas são procrastinadores, e nem todos os procrastinadores serão ajudados ao reconhecer a estratégia da procrastinação estruturada, porque procrastinação às vezes é uma manifestação de problemas mais profundos que exigem mais terapia do que a vã filosofia pode fornecer. Mesmo assim, se a caixa de entrada do meu e- mail for algum guia, muitas pessoas vão se encontrar nestas páginas e, como resultado, se sentirão melhores consigo mesmas. Sem mencionar o

1. Procrastinação estruturada

Quero escrever este ensaio há meses. Por que finalmente estou fazendo isso? Finalmente encontrei algum tempo livre? Errado. Tenho trabalhos para corrigir, pedidos de livros para preencher, uma proposta da National Science Foundation para fazer uma avaliação e rascunhos de dissertações para ler. Estou trabalhando neste ensaio como uma forma de não fazer todas aquelas outras coisas. Essa é a essência do que chamo procrastinação estruturada , uma incrível estratégia descoberta por mim que converte procrastinadores em seres humanos eficientes, respeitados e admirados por tudo que realizam e pelo bom uso que fazem do seu tempo. (Talvez o mais correto seja dizer que redescobri isso. Em 1930, Robert Benchley escreveu uma coluna para o jornal Chicago Tribune intitulada “How to Get Things Done”, na qual afirmou que “qualquer um consegue fazer qualquer quantidade de trabalho, quando não deveria estar fazendo isso naquele momento”. Como essa citação mostra, Benchley captou o princípio fundamental — e suponho que outros pensadores profundos que foram procrastinadores estruturados como ele também notaram a mesma coisa. Algum dia farei uma pesquisa mais profunda.) Todos os procrastinadores adiam as coisas que precisam fazer. A procrastinação estruturada é a arte de fazer esse traço negativo trabalhar por você. A ideia central é que a procrastinação não significa que você não vai

fazer absolutamente nada. Procrastinadores raramente não fazem absolutamente nada; eles fazem coisas marginalmente úteis, como jardinagem, apontar lápis ou criar um diagrama de como vão reorganizar seus arquivos quando se decidirem a iniciar. Por que o procrastinador faz essas coisas? Porque são uma forma de não fazer algo mais importante. Se tudo que o procrastinador tivesse de fazer fosse apontar lápis, nenhuma força na Terra o obrigaria a fazer isso. O procrastinador pode ser motivado a fazer tarefas difíceis, convenientes e importantes, desde que essas tarefas sejam uma forma de não fazer algo ainda mais importante. A procrastinação estruturada significa moldar a estrutura das tarefas que alguém precisa fazer de uma forma que se explore esse fato. Na sua mente, ou talvez até escrito em algum lugar, você tem uma lista de coisas que quer realizar, ordenada por importância. Você até poderia chamá-la de sua lista de prioridades. Tarefas que parecem mais urgentes e importantes estão no topo. Mas há também tarefas que valem a pena ser realizadas. Fazer essas tarefas se torna uma forma de não fazer as coisas que estão mais no alto da lista. Com esse tipo de estrutura de tarefas apropriada, o procrastinador se torna um cidadão útil. Na verdade, o procrastinador pode até adquirir, como eu, uma ótima reputação por ter realizado muitas coisas. A situação mais perfeita para a procrastinação estruturada que já vivenciei foi quando minha esposa e eu fomos professores convidados na Soto House, um dormitório de Stanford. À noite, com trabalhos para escrever, palestras para preparar, trabalho de comitês para decidir, eu deixava nossa casinha perto do dormitório e ia até a sala dos estudantes, jogava pingue-pongue com os residentes ou ficava conversando com eles nos seus quartos, ou simplesmente me sentava ali e lia o jornal. Tinha a reputação de ser um residente incrível e um dos raros professores no campus que passava algum tempo com os estudantes para conhecê-los

ensaístas. E qual a importância deste artigo? Não tão importante a ponto de nada mais importante aparecer. Então eu trabalharei nele. Outro exemplo são formulários de pedidos de livros. Eu os escrevo em junho. Em outubro, vou dar uma aula de epistemologia. Os formulários já estão atrasados para as livrarias. É fácil ver que essa é uma tarefa importante com um prazo urgente. (Para os não procrastinadores, devo explicar que os prazos realmente começam a se tornar urgentes uma ou duas semanas depois de serem ultrapassados.) Recebo lembretes quase diários da secretária do departamento; os estudantes às vezes me perguntam o que terão de ler; e os formulários vazios ficam bem no centro da minha mesa, embaixo do saco de batatas fritas vazio. Essa tarefa está quase no topo da minha lista; ela me incomoda e me motiva a fazer outras coisas úteis, mas superficialmente menos importantes. No entanto, a livraria já está bem ocupada com formulários preenchidos por não procrastinadores. Se eu enviar o meu no meio do verão, as coisas correrão bem. Sei que vou pedir livros bem conhecidos de editoras eficientes; sempre faço isso. E sem dúvida vou aceitar alguma outra tarefa, aparentemente mais importante, em algum momento entre agora e, digamos, o começo de agosto, em cujo ponto minha psique vai se sentir confortável em preencher os formulários como uma forma de não fazer essa nova tarefa. O leitor observador pode sentir neste ponto que a procrastinação estruturada exige certa quantidade de autoengano, porque na verdade estamos constantemente realizando um esquema de pirâmide sobre nós mesmos. Exato. Precisamos ser capazes de reconhecer e nos comprometer com essas tarefas aumentando a importância e os prazos irreais, assim sentimos que elas são necessárias e urgentes. Esse não é o problema, porque quase todos os procrastinadores têm excelentes habilidades para o

autoengano. E o que poderia ser mais nobre do que usar um defeito de caráter para superar os efeitos negativos de outro?

razão prefiro não fazer isso. Associei isso a meu medo de fracasso, sabendo que não terei de enfrentar a rejeição e o fracasso se não completar o projeto que estará sujeito ao intenso escrutínio do meu próprio julgamento pessoal. Sendo perfeccionista, passar pelo meu autoexame é uma das questões mais difíceis que enfrento. Tenho uma trilogia de romances sem terminar, uma pequena empresa de aparelhos fetichistas feitos de couro com pedidos não enviados, um álbum demo para ser gravado, uma graphic novel, numerosos quadros e esboços para terminar. Consigo fazer coisas como arrumar e limpar meus pincéis, organizar o espaço no meu computador para guardar meus projetos musicais que nunca começam, ajeitar meus capítulos e fazer muitos resumos sobre meus personagens e o enredo porque tudo isso me faz sentir como se estivesse me aproximando do trabalho verdadeiro sobre essas coisas. Até tentei escrever para possíveis bandas anunciando que estou trabalhando em minha demo, para de alguma forma criar um objetivo para mim mesma, uma data real para terminar. Quando elas respondiam, animadas por mim e com vontade de ouvir a demo, isso só amplificava meu medo de começar e da subsequente rejeição. Sou uma procrastinadora tão profunda que me recuso a me comprometer com outras pessoas em projetos, sabendo que vou desapontá-las. Isso me limita a desapontar a mim mesma com os constantes desvios que tenho, só trabalhando em atividades menos necessárias. Seu artigo é tão parecido com o modo como faço as coisas... Fiquei chocada, até perplexa, que outras pessoas também fizessem isso. Isso me trouxe autocompreensão de uma forma que ninguém antes tinha feito na área de automotivação.

Muito obrigada. Imelda

A srta. Imelda é uma procrastinadora perspicaz porque percebe que é uma perfeccionista. Mas o que vem primeiro — a procrastinação ou o perfeccionismo? Acho que o perfeccionismo leva à procrastinação. Demorei para ver a conexão entre os dois, porque não me vejo como perfeccionista. Muitos procrastinadores não percebem que são perfeccionistas, pela simples razão de que nunca fizemos nada com perfeição, não chegamos nem perto disso. Nunca nos disseram que algo que fizemos era perfeito, nem sentimos que algo que fizemos era perfeito. Pensamos, quase sempre equivocadamente, que ser um perfeccionista implica, geralmente ou às vezes (ou pelo menos uma vez), ter completado alguma tarefa com perfeição. Mas esse é um erro da dinâmica básica do perfeccionismo. Perfeccionismo do tipo que estou falando é uma questão fantasiosa. No meu caso, funciona assim: alguém quer que eu faça algo — talvez uma editora quer que eu julgue um manuscrito que foi apresentado, o que envolve dar uma opinião se vale a pena publicá-lo e, se valer, como ele poderia ser melhorado. Eu aceito a tarefa, provavelmente porque a editora me oferece vários livros como pagamento, que eu suponho equivocadamente que preciso ter e que vou ler. Imediatamente minha vida de fantasia ganha vida. Eu me imagino escrevendo o melhor parecer do mundo; me imagino lendo com profundidade o manuscrito e escrevendo uma avaliação que ajuda o autor a melhorar muito seus esforços. Imagino a editora recebendo meu trabalho e dizendo: “Uau, é a melhor avaliação que já li”. Imagino que minha análise é