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Resultados de uma pesquisa sobre o consumo responsável em portugal, incluindo dados sobre idade, localização, rendimento, escolaridade, práticas alimentares e outros fatores relevantes. Os autores identificam tendências no consumo de diferentes tipos de produtos e apontam medidas para aumentar o consumo responsável, como a promoção da produção e comércio de proximidade e a exigência de mais informação. Além disso, o documento fornece informações sobre as áreas de portugal com maior necessidade de investimento em energias renováveis, licenciatura, mestrado e doutoramento.
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Tipologia: Notas de estudo
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Luísa Schmidt Mónica Truninger João Guerra Pedro Prista Lisboa, Agosto de 2016
A Equipa do ICS-ULisboa, parceiro estratégico na Missão Continente neste projeto, liderou o processo de elaboração e operacionalização do 1º Grande Inquérito que constitui o elemento-chave para o arranque do Barómetro de Desenvolvimento Sustentável da Missão Continente. O objetivo central do Barómetro de Desenvolvimento Sustentável é contribuir para a sustentabilidade social, económica e ambiental do país, baseando-se no reconhecimento do papel que a informação desempenha na mobilização das comunidades para uma governança mais responsável e participada. Este I Grande Inquérito sobre Sustentabilidade em Portugal é um estudo de grande dimensão a replicar posteriormente com abordagens semestrais ou anuais mais focadas e, consequentemente, mais reduzidas. A sua operacionalização consiste num inquérito por questionário aplicado direta e pessoalmente a uma amostra representativa da população portuguesa cobrindo todas as áreas temáticas respeitantes à Missão Continente Consciente (alimentação saudável, produção nacional, sustentabilidade ambiental e consumo responsável), mas não descurando temáticas relevantes que se enquadram em outras áreas estratégicas da sustentabilidade (ex. o desperdício alimentar, a inclusão e justiça social e ambiental, a saúde, a cidadania e a participação). Posteriormente, em cada edição, vai ser selecionado um tema específico que será alvo de um aprofundamento mais detalhado, não invalidando, porém, a manutenção regular de uma bateria de questões consideradas centrais, e que serão monitorizadas ao longo do tempo. Acreditando que o desenvolvimento sustentável é responsabilidade de todos – governo, empresas, sociedade civil e cidadãos – o Primeiro Grande Inquérito sobre Sustentabilidade tem como objetivos gerais i) conhecer os hábitos dos portugueses no que respeita às várias vertentes que compõem o conceito de desenvolvimento sustentável; ii) identificar áreas onde se tornam prioritárias ações de informação, sensibilização e mobilização; iii) partilhar informação importante com diversos parceiros da sociedade civil para definir melhores estratégias de atuação no sentido do Desenvolvimento Sustentável. Trata-se de um inquérito pioneiro e, como já se referiu, representativo da população portuguesa, maior de idade, residente em Portugal [continente e ilhas] que explora a
sensibilidade, os valores, o conhecimento e as representações sociais dos portugueses sobre Sustentabilidade. Neste sentido, abordam-se grandes campos temáticos organizados em torno das quatro dimensões do conceito: economia, sociedade, ambiente e governança. A partir destas dimensões da Sustentabilidade, aplicaram-se questões que cobriram os seguintes campos temáticos: a. Opções e expectativas de desenvolvimento: actividades e visões mais e/ou menos sustentáveis que se vislumbram para o futuro do país; políticas públicas prioritárias e dimensões que mais se articulam ao conceito de sustentabilidade; b. Consumo e responsabilidade : perfis de consumidor (consciência, lazer, variedade e escolha, experiência, suficiência, etc.); conflitos de valores nas práticas de consumo quotidianas (conveniência, preço, ambiente, justiça social, saúde e higiene); predisposição para a mudança nos padrões de consumo; c. Produção nacional/global: valores, atitudes em relação à produção nacional e local, e também à produção global e suas implicações; d. Alimentação e saúde : perceções sobre alimentação saudável, critérios e locais de compra alimentar, perceções sobre risco alimentar, atitudes face ao futuro da alimentação; e. Desperdício alimentar: atitudes face ao desperdício alimentar (nas cantinas, nos supermercados e em casa); ações para minimizar o desperdício e noção da suficiência; f. Participação e práticas : causas mais mobilizadoras para os portugueses na resolução estrutural dos problemas socioambientais (ação coletiva ecológica, social ou económica, economia circular, associativismo, iniciativas de solidariedade social); g. Crise e mudanças : impactos da recente crise económica nas alterações dos hábitos de consumo, nas práticas alimentares e de lazer, bem como nas perspetivas futuras dos portugueses. Os resultados obtidos encontram-se organizados em 7 capítulos. Em primeiro lugar o ‘Enquadramento’ (Capítulo 1) que inclui a apresentação do inquérito e metodologia utilizada e, ainda como subponto, uma análise sucinta da amostra selecionada.
Remata-se esta análise ao I Grande Inquérito sobre Sustentabilidade em Portugal 1 com um conjunto de ‘Reflexões Finais’ onde se sintetizam as principais conclusões e se perspetivam caminhos futuros de aprofundamento de algumas das questões centrais abordadas no estudo.
A amostra é constituída por 1500 portugueses com mais de 18 anos, sendo 54,1% mulheres e 45,9% homens. A nacionalidade predominante da amostra (96,6%) e da ascendência da mesma é portuguesa (94,8% e 95%). No entanto, é possível identificar outras nacionalidades de origem africanas, europeia, sul-americana e asiática. Cerca de 22,1% indica ter filhos menores na sua dependência, e 77,9% refere não ter filhos menores na sua dependência (Tabela 1.1). Tabela 1. 1 - Nacionalidades da amostra e da sua ascendência Nacionalidade do próprio Nacionalidade do pai Nacionalidade da mãe Portuguesa 96,6% 94,8% 95,0% Angolana ,9% 1,0% ,9% Brasileira 1,1% 1,4% 1,3% Cabo-verdiana ,7% 1,3% 1,5% Chinesa ,1% ,1% ,1% Francesa ,1% ,2% ,2% Macedónia ,1% ,1% ,1% Moldava ,1% ,2% ,2% Ucraniana ,1% ,1% ,1% Venezuelana ,1% 0 % ,1% Espanhola ,1% ,3% ,1% Italiana ,0% ,1% ,0% Guineense ,0% ,1% ,0% Russa ,0% ,1% ,1% Alemã ,0% ,1% ,2% Total 100% 100% 100% A faixa etária entre os 18 e os 24 anos corresponde a 6,9%, a faixa entre os 25 e 43 anos corresponde a 17,5%, a faixa entre os 35 e 44 anos corresponde a 18,7%, a faixa entre os 45 e 54 anos corresponde a 15,6% e a faixa com idades superiores a 64 anos corresponde a 23,9% da amostra. Os inquiridos sem escolaridade constituem 6,3%, com 1º ciclo do ensino básico 24,1%, com 2º ciclo do ensino básico 10,3%, com 3º ciclo do ensino básico 11,7%, com ensino secundário 22,9%, com licenciatura 17,9%, com mestrado 5,6% e com doutoramento 1,2% da amostra. A maior parte dos inquiridos (^1) Este projeto contou ainda com a colaboração executiva do Continente (particularmente de Maria do Céu Ramos), da IMR - Instituto de Marketing Research (João Ferreira) e da GCI (João Nabais e João Carmona), bem como com a colaboração consultiva de todos os parceiros estratégicos da Missão Continente (na fase de validação do Inquérito). O Inquérito foi ainda enriquecido pela discussão de que foi alvo no Grupo de Investigação ‘Ambiente, Território e Sociedade’ no âmbito do ICS-ULisboa. Destaque ainda para a colaboração de Tiago Abril na análise dos dados.
encontra-se a trabalhar, quer seja por conta de outrem (48,2%), por contra própria (10,2%) ou como patrão (4,1%), seguindo-se os reformados e pensionistas (24,3%) e, finalmente, os que indicam estarem desempregados (6,6%), serem estudantes (3,9%), ou assumirem tarefas domésticas em casa (2,7%) (Figura 1.1). Figura 1. 1 - Situação dos inquiridos face ao trabalho Existem diferenças significativas entre situações de trabalho e rendimentos (x^2 (18)= 156.387, p <.001), com os desempregados a declararem as maiores dificuldades em termos de rendimento; seguidos pelas domésticas; e os que se enquadram na categoria ‘patrão’ a revelarem ter os rendimentos mais confortáveis. A alguma distância seguem- se os reformados e pensionistas ( Figura 1.2 ). Figura 1. 2 - Inquiridos segundo o rendimento subjetivo Por região, a distribuição da amostra reparte-se da seguinte forma: o Norte (sem Grande Porto) constitui 14,4%, Grande Porto 18,9%, Centro 22,5%, Grande Lisboa 25,5%, Alentejo 7,1%, Algarve 3,7%, Região Autónoma da Madeira 4,1% e Região Autónoma dos Açores 3,9%. Doméstica/ não trabalha fora de casa 2.7% Estudante 3.9% Patrão 4.1% Desempregado 6.6% Conta própria/ independente 10,2% Reformado/ pensionista 24,3% Conta de outrem 48,2% 32.0% 15.8% 2.1% 8.7% 10.5% 0% 39.2% 42.1% 30.4% 37.5% 26.7% 17.4% 8.3% 26.8% 34.2% 53.1% 50.0% 45.3% 57.6% 61.7% 2.1% 7.9% 9.7% 10.4% 19.3% 14.5% 30.0% Desempregado Doméstica/ não trabalha fora de casa Trabalhador por conta de outrem Estudante Trabalha por conta própria/ independente Reformado/ pensionista Patrão Rendimento muito difícil Rendimento difícil Rendimento razoável Rendimento confortável
extremas: rendimentos muito confortáveis e/ou muito difíceis. A população em geral concentra-se nas categorias intermédias, ora considerando que tem rendimentos razoáveis, ora difíceis (Tabelas 1 .2 e 1.3). Tabela 1. 3 – Retrato sociodemográfico – Habitat subjetivo (menos comum) Sexo Idade Escolaridade Região Rendimento subjetivo^ Filhos menores no agregado
- Rural n.d. 18 - 24 e 45 anos-^54 2/3º ciclo e.b., mestrado e doutoramento Porto, Alentejo, Algarve e Madeira Difícil e muito difícil Com filhos - Cidade média n.d. n.d. n.d. Porto e Lisboa Confortável e muito difícil n.d. - Área metropolitana n.d.^ >54 anos^ Sem esc. e 1º ciclo e.b. Centro, Alentejo, Algarve, Madeira e Açores Confortável e razoável Sem filhos s.e. x (^2) (10) = 63,696, p<. x^2 (14) = 100, p<.0 01 x (^2) (14) = 502,237 p<.001 x^2 (6) = 65, p<.001 x (^2) (2) = 20,426 p<. n.d. (Não discriminatório) s.e. (Sem diferenças estatísticas) De facto, a nível do rendimento do agregado familiar, e como autoavaliação, 12,2% dos inquiridos indica viver com um rendimento confortável, 51,3% indica viver com um rendimento razoável, 27,2% indica viver com um rendimento difícil e 9,3% indica viver com um rendimento muito difícil (Figura 1. 4 ). Temos, assim, cerca de 37% da população inquirida a considerar que vive numa situação económica difícil. Figura 1. 4 – Distribuição de demográfica por rendimento do agregado familar Quem apresenta um rendimento confortável são sobretudo os homens, as pessoas com idades entre os 18 e os 24 anos (estudantes ou dependentes dos pais), entre os 55 e 64 anos e com ensino superior. Já os que declaram um rendimento razoável são, sobretudo, as mulheres acima dos 64 anos e com formação elevada (Mestrado). Em contrapartida, os que declaram ter rendimento difícil são, sobretudo, mulheres entre os 18 e 54 anos, 12.20% 12.30% 11.70% 10.50% 17.10% 16.40% 8.60% 51.30% 52.20% 48.50% 49.30% 57.60% 50.20% 52.30% 27.20% 15.50% 33% 29.30% 20.70% 26% 28.10% 9.30% 10.10% 6.80% 10.90% 4.70% 7.30% 11% Total Sem filhos menores Com filhos menores Sem ensino superior Com ensino superior Homens Mulheres Rendimento confortável Rendimento razoável Rendimento difícil Rendimento muito difícil
com níveis de escolaridade relativamente baixos (3º Ciclo e Secundário), residentes nas grandes cidades e com filhos menores. Quem considera ter um rendimento muito difícil tendem também a ser as mulheres, com idades superiores a 54 anos, com baixa escolaridade ao nível do 1ª Ciclo e residentes em locais urbanos ou suburbanos (Tabela
1. 4 ). Tabela 1. 4 – Retrato sociodemográfico - Rendimento do agregado familiar Sexo Idade Escolaridade Região Habitat Filhos menores **no agregado
Figura 2. 1 - Setores em que Portugal deve investir (escolha múltipla) Quanto ao grau de importância geral atribuído aos setores, existem algumas flutuações entre as respostas dos participantes, sendo de salientar, por exemplo, que as mulheres atribuem ainda maior importância à ‘educação e formação’, enquanto os homens atribuem mais importância do que as mulheres ao ‘desporto’, ‘mar e pescas’ e também ‘extração mineira’ (Figura 2.2, Tabela 2.1). Figura 2. 2 - Sectores em que Portugal deve investir segundo o género Com exceção do ‘Turismo’ que surge referido com percentagens semelhantes entre as faixas mais jovens e mais idosas, as prioridades não se distribuem uniformemente pelas diferentes gerações. Para os mais jovens, Portugal deveria investir, sobretudo, e por ordem de preferência, na ‘educação e formação’, nas ‘energias renováveis’, no ‘turismo’, nas ‘novas tecnologias/ investigação’ e também no ‘ambiente’ e no 1.0% 2.7% 4.5% 5.8% 7.5% 12.6% 22.0% 22.2% 23.2% 24.9% 31.5% 36.4% 37.1% 45.6% 45.7% Energias fósseis Banca e seguros Extração mineira Florestas Museus e património Desporto Indústrias Mar e pescas Ambiente Tecnologia, ciência e investigação Comércio Agricultura e pecuária Energias renováveis Turismo Educação e formação 1.0% 2.5% 3.3% 6.8% 8.2% 8.7% 19.6% 21.3% 23.9% 24.2% 34.1% 36.7% 37.0% 45.8% 50.0% 1.1% 3.1% 6.3% 5.6% 6.7% 16.5% 25.2% 24.8% 25.7% 21.6% 33.9% 38.3% 32.1% 42.9% 38.2% Energias fósseis Banca e seguros Extração mineira Florestas Museus e património Desporto Mar e pescas Indústrias Tecnologia, ciência e investigação Ambiente Comércio Agricultura e pecuária Energias renováveis Turismo Educação e formação Homens Mulheres
‘desporto’. De assinalar também que na opção de investimento em ‘Energias Renováveis’, ‘Novas Tecnologias’ e ‘Educação/Formação’ se destacam os inquiridos com filhos menores e que residem em cidades médias e Áreas Metropolitanas. Já os portugueses com mais de 54 anos, com baixa escolaridade e sem filhos menores a cargo, apostariam maioritariamente no ‘Comércio’ e na ‘Agricultura’. Neste caso, tanto o ‘Turismo’, como a ‘Educação e formação’ e, sobretudo, as ‘energias renováveis’ e as ‘novas tecnologias’ surgem com percentagens substancialmente inferiores às indicadas pelos grupos mais jovens (Figura 2.3). Figura 2. 3 - Sectores em que Portugal deve investir, segundo as gerações mais jovens e mais velhas Quanto ao ‘Mar e Pescas’ , que não está tão destacado como seria expectável, dada a projeção política de que tem sido alvo nos últimos anos, é um sector referido sobretudo por indivíduos com idade ativa (entre 35 e 55 anos) e, curiosamente, com alguma polarização quanto ao grau de escolarização, dado que tanto é destacado pelos que têm apenas o ensino básico, como pelos que têm mestrado. A par do sector ‘Mar e Pescas’, as ‘Novas Tecnologias/ Investigação’ são claramente mais referenciadas pelos mais novos (18-44 anos) e pelos doutorados. Quem escolhe mais o ‘Ambiente’ como sector prioritário são os grupos etários extremos: ora os indivíduos mais novos (18-34 anos), sobretudo da Região de Lisboa, ora os indivíduos mais velhos (maiores de 64 anos). As razões serão diferentes e decorrem de experiências e realidades distintas: os mais velhos ligados a uma visão mais tradicional ou até rural de ligação à Natureza; os mais novos, com uma conceção mais escolar e modernizada, já que são eles que também mais apostam nas energias renováveis – as quais contribuem para reduzir a emissão de Gases com Efeito de Estufa, 0.7%^ 2.3%^ 3.6% 7.6% 5.8% 20.8% 19.9%^ 23.7% 32.2% 24.2% 13.4% 28.2% 49.3% 44.8% 51.2% 1.5%^ 3.4% 5.7%^ 7.4% 5.7% 24.3%^ 25.2% 22.5% 42.9% 42.6% 11.3% 15.9% 39.9% 25.3% 37.2% Energias fósseis^ Banca e seguros Extração mineira Museus e património^ Florestas Mar e pescas Indústrias Ambiente Agricultura e pecuária^ Comércio^ Desporto Tecnologia, ciência e investigação Turismo Energias renováveis Educação e^ formação **18 -‐54 anos
54 anos**
Estamos, portanto, perante gerações que partilham algumas prioridades (educação e turismo), mas se distanciam claramente noutras (energias renováveis e novas tecnologias no caso dos mais novos versus agricultura e comércio no caso dos mais velhos ), vislumbrando um futuro para o país em (e com) sentidos diferentes. Num inquérito realizado em 2000 (Ferreira de Almeida, 2004) colocara-se a mesma questão (ainda que com algumas atualizações – nomeadamente a introdução do sector do mar) pelo que interessou agora comparar resultados. **Figura 2. 4 - Setores em que o país deve investir (Comparação entre 2000 e 2016)
Temos assim que a sociedade portuguesa que atravessou (e atravessa) uma crise económica e financeira com graves consequências ainda por avaliar, ganhou entretanto também novas gerações muito mais formadas e capacitadas e que trazem novas visões para o futuro do país. Esta polarização, que passa simultaneamente por diferenças etárias e educativas coloca os mais velhos (também os menos escolarizados) centrados nas atividades tradicionais (agricultura e comércio), dificilmente concebendo o papel que sectores mais modernos como as energias renováveis e as novas tecnologias podem desempenhar para o desenvolvimento do país. Em contraste, as gerações mais novas projetam nestes sectores mais modernizados, juntamente com o ‘cluster’ do turismo na sua diversidade, a esperança de um futuro mais promissor. Seria importante aprofundar futuramente os significados destas diferenças e os conteúdos que cada um destes sectores implicam, para a construção de uma visão mais estratégica e concertada do país.
Em termos de políticas públicas quais são as áreas mais importantes para os portugueses, considerando questões de ordem social, ambiental, económica e de governança? Figura 2. 5 - Prioridades de políticas públicas De acordo com os resultados expressos na Figura 2.5 destacam-se as prioridades de cariz social, nomeadamente aquelas que se prendem com incentivos à boa prestação de ‘serviços públicos’ básicos (educação, saúde, segurança social…) e também um aumento da ‘segurança pública’. Trata-se, afinal, de áreas percecionadas pelos inquiridos como particularmente ameaçadas pelos efeitos da crise económica. A evidência do potencial de enfraquecimento do Estado social terá impulsionado a 3.74 4.1^ 4.^
4.64 4.
Dimensão governança Dimensão económica Dimensão ambiental Dimensão social Mínimo: 1 – Máximo: 8 Simplificar a legislação para cidadãos e empresas Garantir a participação dos cidadãos nas decisões públicas Garantir o equilíbrio das contas públicas Promover a inovação tecnológica Garantir o bom estado do ambiente Combater as Alterações Climáticas Aumen-‐ tar a se-‐ gurança pública Melhorar os serviços públicos
a maior defesa do ‘equilíbrio das contas públicas’ entre os habitantes dos meios urbanos, do género masculino e com rendimentos baixos; enquanto a ‘promoção da inovação tecnológica’ é vincada sobretudo pelos mais novos e mais escolarizados e residentes em cidades médias ( Figura 2.7 e Tabela 2.2 ). Figura 2. 7 - Prioridades de políticas públicas (média por idade, escolaridade e rendimento) Tabela 2. 2 - Quem defende o quê nas Políticas Públicas? (% das duas primeiras dimensões (economia e ambiente) HOMENS +Garantir o equilíbrio das contas públicas (H 28,4%; M 24,6%) +Promover a inovação tecnológica (21,6%; M 16,9%) MULHERES +Melhorar os serviços públicos (M 57,1%; H 50,1%) +Aumentar a segurança pública (M32,8%; H 28,0%) GRUPO ETÁRIO 25- 64 +Melhorar os serviços públicos (55,7%; MN 53,0%) +Simplificar a legislação (17,6%; MN 15,5%) GRUPOS ETÁRIOS EXTREMOS (+Jovens + Velhos) +Garantir o bom estado do ambiente (26,5%; MN 23,7%) +Valorização da segurança pública MAIS ESCOLARIZADOS (Ensino Superior) +Garantir Equilíbrio das contas públicas (29,6%; MN 26,4%) +Combater as A. Climáticas (20,0%; MN 17,0%) MENOS ESCOLARIZADOS (Sem Ensino Superior) +Aumentar a segurança pública (33,2%; MN 25,4%) ÁREAS RURAIS
Nas prioridades ambientais, ‘garantir o bom estado do ambiente’ é mais importante para mulheres, quanto maior for o rendimento e quanto mais rural for a zona de residência, com especial destaque para o Alentejo e Região Autónoma da Madeira. O ‘combate às alterações climáticas’ recolhe maior importância nos mais novos, eventualmente ainda estudantes em formação (Tabela 2. 3 ). Tabela 2. 3 – Retrato sociodemográfico - Políticas públicas mais importantes n.d. (Não discriminatório) s.e. (Sem diferenças estatísticas No que respeita às prioridades económicas, ‘garantir o equilíbrio das contas públicas’ é mais importante para homens, quanto menor for o rendimento e quanto mais urbana for a zona de residência, com especial destaque para Lisboa. ‘Promover a inovação tecnológica’ é mais importante para a faixa etária entre os 25 e os 34 anos, com doutoramento e residentes em zona rural ou em cidades médias, com especial destaque para a região Centro, sendo menos importante para os maiores de 45 anos, sem escolaridade e residentes nas áreas metropolitanas, com especial destaque para o Grande Porto (Tabela 2. 3 ). Sexo Idade Escolaridade Região Habitat Rendimento subjetivo menores^ **Filhos