













Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
O estímulo da prática empreendedora autônoma do enfermeiro se faz relevante por dar a possibilidade de novos campos de atuação voltados.
Tipologia: Provas
1 / 21
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Núbia Aparecida Alexandre* Grace Pfaffenbach**
Resumo: O presente estudo tem por finalidade identificar quais as práticas empreendedoras podem ser adotadas por enfermeiros. Objetivos: Realizar uma análise por meio de revisão da literatura sobre as práticas empreendedoras realizadas por enfermeiros. Método: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com o recorte temporal referente aos anos de 2015 a 2019, em pesquisa realizada nas bases de dados LILACS e PUBMED, nos idiomas português e inglês usando os descritores empreendedorismo, enfermagem, enfermeiro, entrepreneurship and nurse, artigos disponíveis na íntegra para free download , que respondessem a questão norteadora. Resultados: Foram incluídos 11 artigos. As categorias que emergiram do estudo foram as seguintes: Habilidades, motivadores e práxis predominantes do enfermeiro empreendedor e Fragilidades e barreiras percebidas no empreendedorismo na enfermagem. Conclusão: Há grande necessidade de inclusão de disciplinas voltadas para o desenvolvimento de habilidades empreendedoras para os enfermeiros durante a graduação, uma vez que o empreendedorismo de enfermagem é uma das carreiras promissoras para o enfermeiro e possibilita diversos benefícios ao profissional e a sociedade.
Palavras-chave: Enfermeiro, mercado de trabalho, ocupações em saúde, inovação.
Abstract: This study focuses upon finding nursing entrepreneurship ways. Objectives: Investigate throughout a literature review the entrepreneurship in nursing. Method: Studying database LILACS and PUBMED from 2015 to 2019 searching following keywords: Entrepreneurship, Nursing, Nurse in an amount of 11 articles both in English and Portuguese. All articles covered in this study are available for free download. Results: The categories that emerged from the study were as follows: Abilities, motivators and predominant praxis of entrepreneurial nurses and Fragilities and barriers perceived in entrepreneurship in nursing. Conclusion: There is a great need for the inclusion of disciplines aimed at the development of entrepreneurial skills for nurses during graduation, since nursing entrepreneurship is one of the promising careers for nurses and allows several benefits for professionals and society.
Keywords: Nurse, Job Market, Health Occupations, Innovation.
Data de submissão: 19 de novembro de 2020.
*Núbia Aparecida Alexandre: Aluna de graduação em Enfermagem, Curso de Enfermagem. Faculdade de Americana (FAM). E-mail: nubiaaa@fam.br. **Grace Pfaffenbach: Professora Doutora em Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Professora Enfermeira, Curso de Enfermagem. Faculdade de Americana (FAM). E-mail: gracepfaffenbach@fam.edu.br.
Data de aprovação: 10 de dezembro de 2020.
Empreendedores são pessoas que idealizam o futuro e visualizam oportunidades nos negócios, são rápidos nas tomadas de decisões, são dedicados, dinâmicos e organizados, sendo um diferencial no mercado de trabalho. Entre as habilidades necessárias para o empreendedor destaca-se a habilidade em gestão como fundamental para o êxito nos negócios, já que é necessário conhecimento administrativo, financeiro, de mercado bem como habilidades na gestão de recursos humanos para suprir as necessidades que um modelo de negócio exige (MORAIS et al., 2013).
Enfermeiras, a frente de seu tempo, empreenderam na inovação de recursos físicos e educacionais, a fim de mudar o mercado de trabalho dos profissionais de enfermagem e melhor atender seus clientes. Exemplos como os de Anita Dorr, inspiraram as futuras gerações, que desenvolveu programas educacionais de enfermagem para motivar e qualificar enfermeiras a adquirirem conhecimento para melhor assistir seus pacientes na emergência, sendo fundadora da Emergency Nurses Association no início dos anos 1970. Também desenvolveu o protótipo do carrinho de emergência, que surgiu a partir da percepção da demora na reunião dos equipamentos e medicamentos necessários para a reanimação em pacientes graves. Dorr não recebeu a patente por sua invenção, mas é lembrada pela criação e por sua sensibilidade e busca por conhecimento (JEZIERSKY, 1996).
A sensibilidade e observação de Jean Ward, em 1950 a levou a propor ao avanço nos tratamentos com fototerapia para neonatos que sofrem com hiperbilirrubinemia, e que ainda hoje é utilizado para minimizar os efeitos da icterícia neonatal (KELLER, 2017).
O enfermeiro é considerado um profissional liberal autônomo, respaldado pela Lei nº 2.604 de 17 de setembro de 1955 e a Lei nº 7.498 de 25 de junho de 1986 que trata da regulamentação e exercício profissional de enfermagem em todas as suas categorias profissionais. Está inscrito na Confederação Nacional de Profissões Liberais, CNPL, sendo assim pode exercer todas as suas funções com independência profissional e o livre exercício assegurado pela Constituição Federal. Art. 25 da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986.
Os enfermeiros, segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) 2235-30 prestam assistência ao paciente, coordenam, planejam ações e auditam serviços de enfermagem. Implementam ações para a promoção da saúde junto à comunidade. Todos os profissionais desta família ocupacional podem realizar projetos de pesquisa (BRASIL, 2010).
O enfermeiro autônomo consegue desenvolver sua atividade profissional, totalmente ciente dos espaços de atuações possíveis, pautado pela satisfação pessoal e de seus clientes. Tem consciência da sua prática para o mercado de trabalho, serviços de saúde, para os empregadores e para a sociedade em que se insere e está apto para desenvolver várias vertentes do empreendedorismo (KRAEMER; DUARTE; KAISER, 2011).
possibilidades podem emergir, como: formação, historicidade, apresentação social da profissão e alguns paradigmas existentes em nas práticas cotidianas. Uma questão a ser levantada é que há um empobrecimento de iniciativas e práticas efetivas de construção do empreendedorismo na profissão. Porém, o empreendedorismo foi iniciado por volta da década de 1990 no país e é um modificador cultural em nossa sociedade (POLAKIEWICZ, 2019).
Existem dificuldades encontradas na prática, como questões burocráticas ganham que destaque por parte dos enfermeiros que optaram por empreender, seguido das incertezas e inexperiência no ramo do empreendedorismo. A insuficiência na preparação acadêmica para o desenvolvimento das habilidades empreendedoras dos estudantes, aliada a cultura do serviço assalariado tradicional e o pouco incentivo de programas de apoio ao empreendedorismo é encontrada também na literatura. Há uma grande necessidade de discutir a formação do enfermeiro, é necessário inserir conteúdos fundamentados desde a graduação até em cursos e capacitações para serem absorvidos (MORAIS et al. , 2013).
O cenário atual vislumbra um mercado de trabalho como um amplo leque de vários seguimentos com novos papeis para as profissões. O mercado de trabalho do enfermeiro mostra positivo crescimento nas últimas décadas (POLAKIEWICZ, 2019).
O enfermeiro, na condição de profissional liberal estará preparado e respaldado para assumir efetivamente essa nova perspectiva de atuação profissional, com possibilidade de exercer suas ações de forma autônoma, oferecendo diversos serviços de atenção à saúde: consultas de enfermagem à pacientes crônicos, gestantes e idosos; administração de medicamentos e tratamentos previamente prescritos; orientações sobre a amamentação, realização de curativos, auditoria e consultoria em enfermagem entre outros (MORAIS et al. , 2013).
Esse estudo pretendeu analisar, por meio de revisão da literatura, o papel do enfermeiro frente às práticas empreendedoras, destacando sua autonomia profissional que possibilita sua atuação nos mais diversos mercados de trabalho, além das práticas já consagradas e as dificuldades descritas na literatura para tais práticas.
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa sobre o tema “Práticas empreendedoras na enfermagem: Potencialidades e Fragilidades”. Para realização da revisão integrativa, determinou-se o objetivo específico, formularam-se os questionamentos para posteriormente iniciar a busca a fim de coletar e identificar um grande número de pesquisas relevantes dentro de critérios de inclusão e exclusão estabelecidos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
O revisor avaliou criteriosamente os métodos utilizados para o desenvolvimento dos estudos selecionados e determinou sua validade. Nesse
há uma significativa diminuição no número de estudos selecionados para a fase final da revisão. Os dados passaram por uma análise sistemática, foram interpretados, sintetizados e ocorreram conclusões a partir dos vários estudos incluídos (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).
Para orientar a presente revisão integrativa, formulou-se a seguinte questão norteadora: Quais são as práticas empreendedoras realizadas por enfermeiros?
A pesquisa foi realizada no período de fevereiro a maio de 2020, por levantamento bibliográfico realizado pela internet, através do banco de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) usando as bases de dados: Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e PUBMED Central (PMC).
Os critérios de inclusão foram: artigos e teses na íntegra, disponíveis online para free download , que respondessem a questão norteadora, que contivessem os descritores combinados com o booleano “ and ”: “Empreendedorismo and Enfermagem” e “ Entrepreneurship and Nurse ”, nos idiomas português e inglês e publicados entre os anos 2015 a 2019.
Utilizando-se os passos metodológicos acima descritos, foram identificados 609 artigos onde 509 foram excluídos por terem mais de cinco anos de publicação. Os critérios de exclusão adotados foram artigos não completos na íntegra para free download , artigos que não respondiam a questão norteadora do estudo e artigos duplicados. Sendo assim 52 artigos foram excluídos por não estarem completos e disponíveis na íntegra para free download , 36 artigos não respondiam a questão norteadora do estudo e 1 artigo estava duplicado. A amostra final desta revisão foi construída por 11 artigos (Figura 1).
e 2 (18%) foram publicados entre os anos de 2016 e 2017. Observou-se maior prevalência de estudos entre os anos de 2018 e 2019, correspondendo a mais de dois terços da amostra (Quadro 1).
Os artigos selecionados buscaram avaliar o cenário mundial, no entanto observou-se o Brasil apareceu com 8 estudos publicados (72%), seguido pelo Irã com 2 estudos publicados (18%) e Índia com apenas um estudo publicado (9%).
Quanto ao tipo de pesquisa, observou-se a maior frequência de pesquisas qualitativas (5/45%), seguida das pesquisas quantitativas (3/27%), estudos de revisão integrativa da literatura (1/9%), revisão de literatura (1/9%) e estudo exploratório (1/9%).
Em relação às revistas que publicaram os artigos, 8 (72%) estudos selecionados foram publicados em revistas especializadas de Enfermagem, enquanto 3 (27%) artigos foram publicados em revistas da área da saúde de forma geral.
8
Quadro 1 -
Caracterização dos artigos selecionados sobre quais são as práticas empreendedoras realizadas pelo enfermeiro segundo código, título, autores,
ano de publicação, revista, objetivos de estudo e principais resultados, 2020. Código
Título/Autores/Ano
Revista
Objetivo do estudo
Principais resultados
E
Empreendedorismona Enfermagem:panorama dasempresas no Estadode SãoPaulo (ANDRADE;DAL BEM; SANNA,2015)
Revista Brasileira deEnfermagem
Identificar e caracterizar as empresas de enfermagem dirigidas por enfermeiros empresários, registradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo até 2011.
Entre as empresas ativas cadastradas no JUCESP porenfermeiros empresários, nota-se que entre 1999 e 2000constituíram-se apenas 26 empresas, enquanto na décadaseguinte, 170 empresas. 62% das empresas estavamcadastradas na Grande São Paulo. A maioria dosempreendimentos cadastrados presta assistência ao clientecom atividades de enfermagem.O aumento nas ultimas décadas está ligado às insatisfaçõesprofissionais dos enfermeiros, como também questõesfinanceiras e o mercado tradicional hospitalar para o enfermeiro,motivando, a partir do estímulo ao empreendedorismo no Brasilna década de 1990 a procurarem sua autonomia profissional.
E
Iranian EntrepreneurNurses' PerceivedBarriers toEntrepreneurship: AQualitative Study (JAHANI
et al.,
Iran Journal Nursing and Midwifery Research
Descrever as barreiraspercebidas por enfermeirosempreendedores em relaçãoà prática.
As barreiras do empreendedorismo na enfermagem começamna estrutura da enfermagem tradicional assistencial hospitalar,na graduação onde não acontece o incentivo e não dispõe dedisciplinas específicas de empreendedorismo. As barreiraseconômicas também ganham destaque, segundos os relatos,muitos empreendimentos não visam o lucro. E problemasburocráticos também são barreiras, ligados a licenciaturas edocumentação necessária, além de questões governamentais.Por fim, os próprios enfermeiros são uma concorrência desleal,desencorajando colegas que querem se colocar no mercado.
Código
Título/Autores/Ano
Revista
Objetivo do estudo
Principais resultados
10
E
Perfil empreendedorde docentes do cursode enfermagem deuma universidadepública (TOSSIN
et
al.,
Revista Enfermagemda Universidade doEstado do Rio deJaneiro
Analisar a tendênciaempreendedora de docentesdo curso de enfermagem deuma universidade estadualpública.
As características relevantes para os enfermeiros que buscamao empreendedorismo estão ligadas a um conjunto de atitudes,como a necessidade de realização dos profissionais, seguidosda necessidade de assumir riscos e seu impulso/determinação.Sua autonomia e independência faz-se uma tendência forte nosenfermeiros empreendedores, e é vista como um reflexo do quea literatura aborda como amadurecimento entre as relações dosprofissionais e o coletivo, ligada a mudanças nas relações depoder do profissional e seu meio.A determinação e impulso são características de pessoas quese consideram únicos e responsáveis pelos objetivos, sãoprofissionais que conseguem controlar o ambiente, resultados eações.
E
O empreendedorismode negócios entreenfermeiros(CHAGAS
et al.,
Revista Enfermagemda Universidade doEstado do Rio deJaneiro
Caracterizar oempreendedorismo denegócios entre enfermeiros.
As motivações ao empreendedorismo podem ser variadas,podem estar ligadas desde a visão do lucro, como na facilidadedo enfermeiro em atuar autonomamente em umempreendimento com o qual já possui experiência anterior. Abusca pelo desligamento ao cenário hospitalar também motivaos enfermeiros á busca de novos papeis. As característicascitadas como imprescindíveis estão ligadas ao perfilempreendedor, a capacidade de conquistar a confiança de seusclientes e a identificação das necessidades e oportunidades denegocio do meio em que está inserido.
E
Arte e ciência docuidar: alteridade,estabelecidos eoutsiders naautonomia doenfermeiro comoprofissional liberal(SILVA
et al
., 2019)
Revista online depesquisa Cuidado éFundamental
Compreender o processo deconstrução da autonomia doenfermeiro como profissionalliberal.
Os enfermeiros entrevistados relataram diversas dificuldades naprática empreendedora, como a rejeição vinda de outrosenfermeiros empreendedores com a possível novaconcorrência, dificuldades financeiras de começar a investir noseu próprio negócio, a falta de incentivo durante a graduaçãopor parte de dos docentes. 100% dos enfermeiros entrevistadosnessa pesquisa relataram não terem tido nenhum tipo dedisciplina voltada para o empreendedorismo durante agraduação em enfermagem.
Código
Título/Autores/Ano
Revista
Objetivo do estudo
Principais resultados
11
E
Características ehabilidades dosenfermeirosempreendedoresadquiridas por meiodo aprendizado naformação e na práticaprofissional(VILLARINHO, 2019)
Base de dados deenfermagem
Descrever os aspectos quecontribuem para a formaçãode visão no enfermeiroempreendedor e suasimplicações para a práticaempreendedora; e Analisaras características ehabilidadesdos Enfermeiros Empreendedores, adquiridas por meiodo aprendizado na formaçãoe na prática profissional.
Influencias de história familiar colaboraram para a decisãoprofissional de empreender, os entrevistados relaram quetiveram apoio familiar e que se recordam de terem tido asprimeiras ideias empreendedoras ainda na infância.As experiências profissionais anteriormente vivenciadas pelosenfermeiros contaram como grande motivador na maioria doscasos.Experiências durante a graduação também foram citadas comoinfluenciadoras, sejam vindas de estímulos de docentes ou deoutros colegas de graduação.
E
Empreendedorismo eEnfermagem: revisãointegrativa (COLICHI et al.
, 2019)
Revista Brasileira deEnfermagem
Identificar o conhecimentoproduzido sobreempreendedorismo social naenfermagem.
Tema escasso de pesquisas. No cenário mundial, os EstadosUnidos é o país que mais produz a respeito, no Brasil, foramencontrados apenas dois estudos.As praticas mais comuns de empreendedorismo naenfermagem são
homecare
, cuidados com feridas, portadores
de doenças crônicas e ostomias.A área de podologia e estética são descritos como as menoscomuns. Fora da assistência ao paciente, assessoria,consultoria e gestão de projetos são carreiras promissoras paraos enfermeiros empreendedores.
Fonte: Elaboração própria.
históricos ligados a profissão (CHAGAS et al., 2018; JAHANI et al., 2018; VILLARINHO, 2019).
Há ainda o interesse pelo empreendedorismo motivado pela busca por melhores condições de trabalho, de não depender de terceiros para exercer suas funções e como prova de competência e garantir seu lugar na sociedade como profissão autônoma e suficiente para com os clientes também é um motivador valioso para o empreendedorismo de negócios na enfermagem (CHAGAS et al., 2018 ; TOSSIN et al., 2018).
Esse estímulo pode partir desde sua unidade familiar, como também durante a graduação, vindos de docentes, colegas ou conhecidos que atuam ou atuaram de forma autônoma. A rede de contatos do enfermeiro empreendedor se faz como uma ferramenta importantíssima para o sucesso de seu empreendimento, já que a network entre enfermeiros empreendedores indicam e divulgam os trabalhos dos colegas e ajudam a aumentar e fortalecer o empreendimento dos colegas (JAHANI et al., 2018; VILLARINHO, 2019).
Aos enfermeiros que iniciaram suas práticas empreendedoras após anos de atuação profissional em outros seguimentos destaca-se como fator motivador para o empreendedorismo, a exaustão da jornada hospitalar, baixos salários e decepções com as funções anteriormente exercidas como grande impulsionador para a procura de novos caminhos e colocações no mercado de trabalho. Para estes, os anos de trabalhos anteriores em áreas específicas são fundamentais para o direcionamento dos empreendimentos (CHAGAS et al., 2018).
As práxis predominantes do enfermeiro empreendedor aparecem como um leque de diversos tipos de oportunidades e áreas. A enfermagem dermatológica é um dos grandes fortes para a emancipação profissional, seguidas de gerenciamento de equipes de home care , enfermeiros autônomos atuantes em instituições de ensino, como instrutores de atividades práticas, em cursos de educação continuada e que realizam treinamentos específicos e gestão de residências de longa permanência para idosos. Em menor quantidade, porém em grande ascensão, notam-se enfermeiros construindo carreiras nas áreas de estética e podologia especializadas. A descrição dessas atividades foi descrita em apenas um artigo da revisão, evidenciando a falta de estudos que busquem descrever e quantificar especificamente o tema (COLICHI et al. , 2019).
3.2 Fragilidades e barreiras percebidas no empreendedorismo na enfermagem
Nesta categoria aparecem às dificuldades vivenciadas e relatadas por enfermeiros empreendedores, seja na estrutura inicial de suas ideias empreendedoras, ou vivenciadas após o inicio de fato de suas práticas empreendedoras (JAHANI et al., 2015 ; DEHGHANZADEH et al., 2016 ; COLICHI; LIMA, 2018; SILVA et al ., 2019).
A vivência do enfermeiro nos dias atuais ainda está atada às práticas culturais que colocam o enfermeiro como um profissional fadado ao trabalho assistencial- hospitalar e subordinado à classe médica. Essas amarras enraizadas a profissão da enfermagem ainda desencorajam os enfermeiros a ocuparem esses novos papeis da
profissão que trazem autonomia e satisfação pessoal e profissional ao enfermeiro (JAHANI et al., 2015; DEHGHANZADEH et al., 2016).
Essas questões culturais fazem com que até mesmo durante graduação, faltem disciplinas na grade curricular, iniciativas de estímulo, atividades práticas que incitem as atividades empreendedoras do enfermeiro e que estimulem aos futuros enfermeiros a ter seu próprio negócio (JAHANI et al., 2015; DEHGHANZADEH et al., 2016; SILVA et al ., 2019).
A falta de modelos empreendedores para incitar as práticas na enfermagem se fez presente nos relatos em pesquisas qualitativas, onde os enfermeiros não sabem por onde começar e não veem quais são as práticas possíveis de se realizar autonomamente na enfermagem, além de não possuírem o conhecimento administrativo e de finanças adequado para que possam iniciar seu empreendimento. Outro fato mencionado é o temor de sofrerem represália por parte da classe médica, que não aprova a emancipação do enfermeiro em consultórios e assistência individualizada (DEHGHANZADEH et al., 2016; COLICHI; LIMA, 2018).
Os enfermeiros empreendedores ainda sentem uma resistência às práticas empreendedoras advindas de sua própria classe. A enfermagem de forma geral ainda não assumiu efetivamente esses novos papeis possíveis, muito embora, nas últimas duas décadas iniciativas governamentais incitem ao microempresário e oferece algumas facilidades para iniciar seu empreendimento (JAHANI et al., 2015; COLICHI; LIMA, 2018; SILVA et al ., 2019).
Diversos relatos na literatura apontam como uma barreira ao empreendedorismo às questões burocráticas com o governo local seja na dificuldade de conseguir se licenciar como empreendedor perante a lei, ou pelas dificuldades do aporte financeiro necessário para que o investimento inicial possa sair do campo das ideias. O fato é que, por trás do enfermeiro empreendedor além de questões anteriormente citadas, falta também o conhecimento financeiro desejável para conciliar com as práticas que pretende exercer (JAHANI et al., 2015; COLICHI; LIMA, 2018; SILVA et al ., 2019).
No que concerne á classe, ainda existe o forte relato de desunião e rivalidade entre os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Essa desunião da classe gera uma grande barreira profissional e desmotiva os enfermeiros empreendedores, já que a própria classe de enfermeiros atuantes em outras áreas se tornam desleais com os colegas empreendedores, não os incentivando e não colocando os serviços ofertados por eles como opção de tratamento para os clientes, por exemplo. Tal fato repercute no estudo, ressaltando os números quantitativos da categoria com maior número de inscritos, e menor no número de empresas abertas e administradas por enfermeiros, em relação a outras categorias de profissionais da área da saúde (ANDRADE; DAL BEM; SANNA, 2015; JAHANI et al., 2015; COLICHI; LIMA, 2018).
Os resultados encontrados no presente estudo relatam as diversas dificuldades do enfermeiro que pretende empreender. As iniciativas durante a graduação não estimulam o empreendedorismo, que em muitos cursos nem mesmo é colocado como
Ainda que os enfermeiros estejam completamente aptos para exercer suas práticas empreendedoras, ainda se notam diversas problemáticas relativas ao tema relacionadas á falta de estímulo empreendedor durante a graduação em enfermagem, o despreparo dos enfermeiros para conseguir se colocar no mercado de trabalho empreendedor e a escassez de artigos que abordem a temática (JAHANI et al., 2015; DEHGHANZADEH et al., 2016; SILVA et al ., 2019; POLAKIEWICZ, 2019).
A classe da enfermagem vivencia uma relação conflituosa quanto à busca pelo desenvolvimento de práticas diferenciadas, remetida ás suas já consagradas áreas de atuação enraizado na difusão da profissão. A flexibilidade das práticas e habilidades possíveis à enfermagem ainda é um tema que necessita de maior investigação, tanto para futuros enfermeiros como aos profissionais de enfermagem que buscam novos papeis na sociedade (PENNAFORT et al ., 2012; ANDRADE; DAL BEM; SANNA, 2015; JAHANI et al., 2015; COPELI; ERDMANN; SANTOS, 2017).
A enfermagem ainda nos dias atuais, não é dotada da cultura empreendedora, como é amplamente verificado em outras categorias profissionais na área da saúde, como os psicólogos, médicos e fisioterapeutas que são associados facilmente a profissionais que empreendem e têm como opção de carreira a abertura de seu próprio consultório ou negócio, quando não se identifica com ás práticas de enfermagem já consagradas (BACKES; ERDMANN; BÜSCHER, 2010; PENNAFORT, et al ., 2012; COLICHI; LIMA, 2018).
A realidade tem apontado que os enfermeiros que possuem tendência empreendedora acabam por conhecer e desenvolver o empreendedorismo somente após o término da graduação, dificultando assim o início de suas práticas inovadoras pelo despreparo em relação ao conhecimento específico necessário. Há lacunas de conhecimento sobretudo em relação aos tramites legais, burocráticos, desenho de modelo de negócios atrativo para investidores e parceiros e falta de habilidade de gestão financeira durante a graduação (COPELI; ERDMANN; SANTOS, 2017 ; COLICHI; LIMA, 2018).
Parte da falta de desenvolvimento da enfermagem no empreendedorismo se dá a falta de iniciativas efetivas durante a graduação, seja em disciplinas que envolvam habilidades administrativas, financeiras e empreendedoras, como na produção cientifica de conhecimento de enfermagem sobre esse tipo de prática diferenciada (COLICHI et al. , 2019; NEVES, 2019).
Existem poucos relatos na literatura de instituições de ensino superior que apoiam iniciativas de estímulo ao empreendedorismo durante a graduação. No entanto enfermeiros relatam o papel fundamental dos docentes que já atuavam em áreas empreendedoras para o desenvolvimento de suas habilidades ainda na graduação, tendo sido um facilitador aos graduandos com tendências empreendedoras (TOSSIN et al., 2018; VILLARINHO, 2019).
No que concerne aos enfermeiros empreendedores já estabelecidos em seus empreendimentos, à literatura indica que esses profissionais quando consolidados no mercado de trabalho autônomo se mantém como enfermeiros empresários, enfermeiros empreendedores sociais e enfermeiros coorporativos que alcançaram a satisfação profissional e pessoal, sendo totalmente capazes de administrarem seus próprios negócios e prestarem uma assistência de qualidade à sua clientela
BACKES et al., 2016).
Nesse sentido, a literatura encontra e identifica práticas já consagradas dos enfermeiros sob uma abordagem autônoma e responsável, como no tratamento e acompanhamento de feridas crônicas, gestão de equipes de home care e residências de longa permanência, e também avocam para novas práticas em que os enfermeiros podem assumir o desenvolvimento como na podologia e enfermagem estética (MORAIS et al. , 2013; COLICHI et al. , 2019).
As iniciativas de pesquisas, bem como as consultorias e atividades de coaching também tem ganhado grande espaço no currículo do enfermeiro, sendo um tipo de abordagem totalmente inovadora e possível para os enfermeiros associarem a outras atividades, bem como usarem ferramentas de mídias sociais para alavancarem seus negócios e promoverem seus empreendimentos, tem se mostrado como uma positiva forma de mostrar à população o trabalho do enfermeiro. (MORAIS et al. , 2013; COLICHI et al. , 2019).
Nos últimos anos, o enfermeiro tem conquistado cada vez mais novas áreas de atuação que possibilitam a atuação direta em práticas diferenciadas e que não estão associadas necessariamente ás práticas já consagradas, como na atenção hospitalar e na saúde coletiva. Desta maneira, os enfermeiros passam a assumir o protagonismo em sua carreira, sendo totalmente capazes de planejar, implementar e executar intervenções mediante às necessidades de sua clientela.
Observa-se escassez de estudos na literatura que abordem quais são as práticas empreendedoras que podem ser executadas por enfermeiros, ainda que essas práticas abranjam os mais diversos tipos de seguimentos, como a enfermagem dermatológica, em estomaterapia, enfermeiros que estão á frente de seus negócios gerenciando equipes de homecare bem como residências de longa permanência, além dos enfermeiros que empreendem em recursos educacionais promovendo cursos, treinamentos e supervisão de atividades práticas dos estudantes.
Ficam evidenciadas as dificuldades que o enfermeiro encontra tanto no planejamento financeiro, identificação de oportunidades, como também dificuldades para se manter no mercado de trabalho autônomo de forma lucrativa.
Parte da escassez de pesquisas relacionadas ao tema ainda se dá pela cultura envolta da profissão do enfermeiro a nível mundial, onde ainda associa-se o profissional de enfermagem a um profissional subordinado, sem conhecimento cientifico suficiente para garantir e manter sua emancipação e autonomia.
Mudanças do arranjo tradicional nos cursos de graduação em enfermagem pode ser um tipo de iniciativa inovadora para facilitar aos graduandos a conhecerem o mercado empreendedor e desenvolverem habilidades voltadas para essas práticas ainda pouco discutidas nos cursos.
Este estudo sugere que novas pesquisas sejam realizadas, a fim de aumentar a produção de conhecimento sobre o empreendedorismo da enfermagem, e que
BRASIL. Ministério do Trabalho. CBO - Classificação Brasileira de Ocupações.
CHAGAS, S. C. et al. O empreendedorismo de negócios entre enfermeiros. Revista Enfermagem Uerj. v.26. Rio de Janeiro. Out. 2018. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/31469. Acesso em: 05 out. 2020.
COLICHI, R. M. B, et al. Empreendedorismo de negócios e Enfermagem: revisão integrativa. Revista Brasileira de Enfermagem. v.72 sulp.1. Brasília. Jan./Feb.
COLICHI, R. M. B; LIMA, S. A. M. Empreendedorismo na enfermagem: comparação com outras profissões da saúde. Revista Eletrônica de Enfermagem. v.20, a.11. São Paulo. Jul. 2018. Disponível em: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/11/964282/v20a11.pdf. Acesso em: 05 out.
COPELLI, F. H. S; ERDMANN, A. L; SANTOS, J. L. G. Empreendedorismo na Enfermagem: revisão integrativa da literatura. Revista Brasileira de Enfermagem. v.72 supl.1. Brasília. Jan./Fev. 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/reben/v72s1/pt_0034-7167-reben-72-s1-0289.pdf. Acesso em: 05 maio 2020.
DEHGHANZADEH, M. R. et al. Entrepreneurship Psychological Characteristics of Nurses. Acta Medica Iraníca. v.54, n.9. Teerã. Set. 2016. Disponível em: http://acta.tums.ac.ir/index.php/acta/article/view/5162. Acesso em: 05 out. 2020.
JAHANI, S. et al. Iranian entrepreneur nurses' perceived barriers to entrepreneurship: A qualitative study. Iranian Journal of Nursing and Midwifery Research. v.21, n.43-43. Isfahan. Jan./Feb. 2016. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4776560/. Acesso em: 05 out. 2020.
JAHANI, S. et al. The experience of Iranian entrepreneurial nurses on the identification of entrepreneurial opportunities: A qualitative study. Journal of Family Medicine and Primary Care. v.7, n.230-236. Maharashtra. Jan./Feb. 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5958575/. Acesso em: 05 out. 2020.
JEZIERSKI, M. Anita Dorr: Her legacy to ENA. Journal of Emergency Nursing. v.22, n. 258-260. Massachusetts Jun. 1996. Disponível em: https://www.jenonline.org/article/S0099-1767(96)80129-2/abstract. Acesso em: 05 maio 2020.
KELLER, A. Bedside Insight: Amazing Nurse Discoveries. Daily Nurse. New York. Jul. 2017. Disponível em: https://dailynurse.com/bedside-insight-amazing-nurse- discoveries/. Acesso em: 05 maio 2020.
KRAEMER, F. Z; DUARTE, M. L.C; KAISER, D. E. Autonomia e trabalho do enfermeiro. Revista Gaúcha Enfermagem. v.32, n.3. Porto Alegre. Set. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-
LIMA, K. F. R. et al. Perfil empreendedor do Enfermeiro: contribuição da formação acadêmica. Revista de Enfermagem UFPE On Line. v.13, n.904-14. Recife. Abr.
MESQUITA, A. C. et al. As redes sociais nos processos de trabalho em enfermagem: revisão integrativa da literatura. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v.51. São Paulo. 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0080- 62342017000100800&script=sci_arttext&tlng=pt. Acesso em: 04 out. 2020.
MENDES, K.S; SILVEIRA, R. C.C.P; GALVÃO, C. M. Revisão integrativa: Método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto – Enfermagem. v.17, n.4. Florianópolis Out./Dez. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v17n4/18.pdf. Acesso em: 16 abr. 2020.
MORAIS, J. A. et al. Práticas de Enfermagem Empreendedoras e Autônomas. Revista Cogitare Enfermagem. v.18, n.4. Curitiba Out./Dez. 2013. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/46422. Acesso em: 26 fev. 2020.
NEVES, Úrsula. Consultórios de enfermagem e as oportunidades para o enfermeiro empreendedor. Portal PebMed. Maio. 2019. Disponível em: https://pebmed.com.br/consultorios-de-enfermagem-e-as-oportunidades-para-o- enfermeiro-empreendedor/. Acesso em: 08 set. 2020.
PENNAFORT, V. P. S. et al. Práticas integrativas e o empoderamento da enfermagem. Revista Mineira de Enfermagem. v.16.2, n.289-295. Belo Horizonte Abr./Jun. 2012. Disponível em: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/531. Acesso em: 2 fev. 2020.
POLAKIEWICZ, R. O empreendedorismo na enfermagem: um novo espaço para o cuidado. Pebmed. Dez. 2019. Disponível em: https://pebmed.com.br/o- empreendedorismo-na-enfermagem-um-novo-espaco-para-o-cuidado/. Acesso em: 09 mar. 2020.
SILVA, E. K. B. et al. Arte e ciência do cuidar: alteridade, estabelecidos e outsiders na autonomia do enfermeiro como profissional liberal. Revista Online de Pesquisa Cuidado é Fundamental. v.11, n.370-376. Rio de Janeiro. Jan. 2019.Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/6568/pdf_. Acesso em: 05 out. 2020.
TOSSIN, C. B et al. Perfil empreendedor de docentes do curso de enfermagem de uma universidade pública. Revista Enfermagem UERJ. v.25. Rio de Janeiro.