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Análise de Práticas de Benefícios Sociais em Setores de Comércio e Serviços, Notas de aula de Cultura

Este artigo analisa as práticas de concessão de benefícios sociais em setores de serviços e comércio, bem como o papel da gestão de pessoas neste contexto. A pesquisa é baseada em organizações brasileiras e aborda os desafios na gestão de pessoas relacionados a esses benefícios. Além disso, o artigo discute a relação entre os planos de benefícios sociais e os programas de responsabilidade social das empresas.

O que você vai aprender

  • Qual é o impacto da falta de benefícios sociais na motivação e satisfação dos colaboradores?
  • Como as práticas de benefícios sociais estão relacionadas aos programas de responsabilidade social das empresas?
  • Qual é o papel da gestão de pessoas na concessão de benefícios sociais em setores de serviços e comércio?

Tipologia: Notas de aula

2022

Compartilhado em 07/11/2022

Michelle87
Michelle87 🇧🇷

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PRÁTICAS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS NAS ORGANIZAÇÕES:
DESAFIOS NA GESTÃO DE PESSOAS
Silvio Roberto Stefano1
*
Elaine Aparecida Regiani de Campos2
**
Eduardo Christ3
***
RESUMO: Um plano de benefícios possibilita aos colaboradores maiores níveis de
satisfação, bem-estar e contribui para a redução do absenteísmo e rotatividade dos
funcionários das organizações. O objetivo principal deste artigo é analisar quais são
as práticas de concessão de benefícios sociais que os setores de serviços e comércio
realizam e qual o papel da gestão de pessoas nesse contexto. Foram analisadas doze
empresas do setor de serviços e doze do setor de comércio, que atuam na mesorregião
central do Paraná. Os dados foram coletados no primeiro semestre de 2013, por meio
de questionários respondidos pelo gestor de pessoas das organizações. Em termos
de análise, o estudo foi predominantemente amparado pelo método de estatística
descritiva. Os resultados indicam que as empresas concedem os benefícios que são
obrigatórios e, na busca por reter os colaboradores, proporcionam outros benefícios
além dos fixados por lei. Observou-se também que área de recursos humanos é a
intermediadora na concessão de benefícios, assim como é estratégica para a empresa
no processo transformacional.
PALAVRAS-CHAVE: Gestão de Pessoas; Satisfação no Trabalho; Recursos Humanos.
PRACTICES OF SOCIAL BENEFITS IN ORGANIZATIONS:
CHALLENGES IN PERSONNEL MANAGEMENT
ABSTRACT: Benefits give to collaborators great satisfaction and well-being and
contribute towards a decrease in absenteeism and dismissal of workers in an
organization. Current analysis describes which social benefits the service and
commerce sections concede and the role of employees in this context. Twelve service
firms and twelve commerce firms in the central mesoregion of the state of Paraná,
* Doutor em Administ ração pela Universidade de São Pau lo – USP; Docente Adjunto, Coordenador e Doc ente do Mestra-
do Profissio nal em Admin istração da Universidade Estadu al do Centro- Oeste – UNIC ENTRO; Bolsista Produtividade d a
Fundação Araucária.
* Mestranda em Engenha ria de Produção pelo Progra ma de Pós-Graduação em E ngenharia de Produçã o da Universidade
Tecnológica Federal do Pa raná - PPGEP-UTFPR , Ponta Grossa, PR.
*** Especialista em MBA Gestão Econ ômica e Financeira pela Universidade Es tadual do Centro- Oeste – UNICENT RO.
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PRÁTICAS DE BENEFÍCIOS SOCIAIS NAS ORGANIZAÇÕES:

DESAFIOS NA GESTÃO DE PESSOAS

Silvio Roberto Stefano^1 *

Elaine Aparecida Regiani de Campos 2 **

Eduardo Christ 3 ***

RESUMO: Um plano de benefícios possibilita aos colaboradores maiores níveis de

satisfação, bem-estar e contribui para a redução do absenteísmo e rotatividade dos

funcionários das organizações. O objetivo principal deste artigo é analisar quais são

as práticas de concessão de benefícios sociais que os setores de serviços e comércio

realizam e qual o papel da gestão de pessoas nesse contexto. Foram analisadas doze

empresas do setor de serviços e doze do setor de comércio, que atuam na mesorregião

central do Paraná. Os dados foram coletados no primeiro semestre de 2013, por meio

de questionários respondidos pelo gestor de pessoas das organizações. Em termos

de análise, o estudo foi predominantemente amparado pelo método de estatística

descritiva. Os resultados indicam que as empresas concedem os benefícios que são

obrigatórios e, na busca por reter os colaboradores, proporcionam outros benefícios

além dos fixados por lei. Observou-se também que área de recursos humanos é a

intermediadora na concessão de benefícios, assim como é estratégica para a empresa

no processo transformacional.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão de Pessoas; Satisfação no Trabalho; Recursos Humanos.

PRACTICES OF SOCIAL BENEFITS IN ORGANIZATIONS:

CHALLENGES IN PERSONNEL MANAGEMENT

ABSTRACT: Benefits give to collaborators great satisfaction and well-being and

contribute towards a decrease in absenteeism and dismissal of workers in an

organization. Current analysis describes which social benefits the service and

commerce sections concede and the role of employees in this context. Twelve service

firms and twelve commerce firms in the central mesoregion of the state of Paraná,

  • (^) Doutor em Administração pela Universidade de São Paulo – USP; Docente Adjunto, Coordenador e Docente do Mestra- do Profissional em Administração da Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO; Bolsista Produtividade da Fundação Araucária.
  • (^) Mestranda em Engenharia de Produção pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Tecnológica Federal do Paraná - PPGEP-UTFPR, Ponta Grossa, PR. *** (^) Especialista em MBA Gestão Econômica e Financeira pela Universidade Estadual do Centro-Oeste – UNICENTRO.

66 Práticas de benefícios sociais nas organizações: desafios na gestão de pessoas

Brazil, were analyzed. Data were collected in the first half of 2013 by questionnaires

answered by the organization´s personnel administrator and the study was based

on descriptive statistics. Results show that firms provide only mandatory benefits

and concede other benefits to maintain its employees. The area of human resources

is an intermediary section in benefit concessions and strategic for the firm in the

transformational process.

KEY WORDS: Personnel Management; Satisfaction on Work; Human Resources.

INTRODUÇÃO

A sociedade atual é caracterizada por ser base para a geração do

conhecimento. Zambrano, Merino e Castellanos (2012) avaliam que as pessoas

dentro das organizações são os recursos intangíveis capazes de gerar novas fontes de

vantagens competitivas por meio da transferência de conhecimento para a empresa.

As pessoas são consideradas como núcleo central de recurso estratégico para as

organizações e sociedade.

O mapa de transformações que circunda a atualidade e que rege a sociedade

contemporânea é marcado por um processo veloz de mudanças. O capital humano

ganhou maior importância e passou a ser visto como fundamental para a organização.

Cavalcanti; Gomes e Pereira (2001, p. 14) avaliam que:

A tecnologia, no fundo iguala as empresas; as pessoas é que fazem a diferença. E a nova economia exige uma nova forma de gestão, tanto das pessoas quanto da tecnologia. Não mais aquela empresa hierarquizada, onde manda quem pode e obedece quem tem juízo, mas uma empresa que valoriza a criatividade e compartilhamento de idéias, uma empresa que aprende com seus colaboradores, parceiros e clientes.

O mercado de trabalho, por sua vez, se encontra em um cenário de

significativa dificuldade para empresas tanto na contratação quanto na manutenção

de pessoas dentro da organização; os benefícios ofertados para os trabalhadores

geram valores tangíveis e intangíveis como, por exemplo, uma maior segurança no

trabalho.

68 Práticas de benefícios sociais nas organizações: desafios na gestão de pessoas

a temática proposta; na segunda etapa tem-se a metodologia utilizada para atingir

o objetivo principal do estudo e, por fim, apresentam-se as análises e os resultados

obtidos e as considerações finais.

2 QUADRO TEÓRICO

2.1 DIREITOS SOCIAIS

O ambiente empresarial tende a ser cada vez mais competitivo; portanto,

de acordo com Sobral e Peci (2008, p. 328), “o sucesso das organizações depende

cada vez mais do fator humano”, sendo que os autores lembram que, se antes o

funcionário era considerado apenas como uma extensão da máquina, o que

importava era a sua produtividade. Atualmente as empresas devem valorizar as

habilidades, os conhecimentos e as experiências de seus recursos humanos.

Assim, objetivando atrair, desenvolver e reter colaboradores competentes,

a cultura das organizações deve incluir alguns fatores, sendo que entre eles há o

desenvolvimento de planos e técnicas que visem à valorização dos seus colaboradores,

atentando para seus direitos individuais e sociais.

Os direitos sociais e individuais de todo cidadãos são assegurados por lei,

bem como a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e

a justiça, desde a consolidação da Constituição da República Federativa do Brasil,

de 1988.

Assim cada pessoa, indiferente de gênero, cor, raça e credo, de acordo

com o art. 5° da Constituição Federal, possuem os mesmos direitos em relação

à inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à

propriedade, além dos direitos sociais, assegurados pelo art. 6°, que dizem respeito

à educação, à saúde, à alimentação, ao trabalho, à moradia, ao lazer, à previdência

social, à proteção à maternidade e à infância, à assistência aos desamparados, dentro

dos termos da lei.

Ainda, de acordo com Gonçalves, Caldas e Stefano (2011, p. 155), os direitos

sociais são:

Stefano, Campos e Christ 69 Direitos fundamentais do homem, de observância obrigatória em um Estado Social de Direito, pois visa à melhoria das condições de vida, buscando a concretização da igualdade social, consagrados como fundamento do Estado democrático, conforme prevê o Art. 1° da Constituição Federal.

Em relação aos direitos sociais dos trabalhadores, tanto urbanos quanto

dos rurais, é importante ressaltar que são previstos pelo art. 7°, o qual estabelece

princípios norteadores para a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e Acordos e

Convenções Coletivas, como apresentado no quadro 1:

Quadro 1. Benefícios/Direitos Sociais da Constituição Federal de 1988

(continua)

Benefícios CF/88, CLT e Legislação Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável.

ARTIGO 7°, INCISO VII, DA CF/88, E ARTIGO

78, PARÁGRAFO ÚNICO DA CLT.

Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria. ARTIGO 7°, INCISO VIII, DA CF/88; Art. 1° da LEI N° 4.090/1962 regulamentada pelo Decreto-57.155-1965. Participação nos lucros.

ARTIGO 7°, INCISO XI, DA CF/88; LEI N°

Remuneração do trabalho noturno superior ao do diurno.

ARTIGO 7°, INCISO IX, DA CF/88; ARTIGO 73

§ 1°, § 2°, § 3°, § 4°, § 5°, DA CLT.

Duração do trabalho normal não superior à oito horas diárias e à quarenta e quatro horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.

ARTIGO 7°, INCISO XIII, DA CF/88; ARTIGOS

58 E 224 DA CLT.

Jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva.

ARTIGO 7°, INCISO XIV, DA CF/88.

Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos.

ARTIGO 7°, INCISO XV, DA CF/88; ARTIGO 67

DA CLT.

Stefano, Campos e Christ 71

Entre as decisões que competem à área de Recursos Humanos de uma

empresa, está a responsabilidade relacionada ao pagamento da remuneração e

benefícios sociais, além da obrigação de atentar para os direitos sociais das pessoas,

assegurados por lei, como já mencionados.

Neste contexto, como defendem Grzeszczeszyn e Huzek (2008), embora a

tendência do mercado seja que organizações cada vez mais incorporem benefícios

sociais à remuneração, ainda é ínfima a quantidade de estudos que abordem esse

assunto, principalmente voltados para micros e pequenas empresas.

Ao abordar o pagamento da remuneração e oferecimento de benefícios

sociais, Zampier, Stefano e Bernardim (2013, p. 55) conceituam salário como “o

pagamento de um trabalho, medida do valor de um indivíduo na organização”,

sendo que existe o salário nominal, que é o registrado na carteira de trabalho, assim

como o salário global ou remuneração.

De acordo com o conceito de Marras (2009), o salário não é a única forma

de remuneração recebida pela contraprestação do trabalho. Mas, em um aspecto

mais abrangente a remuneração é, na visão desses autores, considerada a soma do

salário total com os benefícios oferecidos pela organização, bem como outras verbas

a acrescentar como, por exemplo, horas extras, gratificações, bônus, comissões,

componentes de remuneração variável, entre outros.

Na concepção de Gheno e Berlitz (2011, p. 271), “os programas tradicionais

de remuneração já não são mais suficientes; eles estão se tornando barreiras ao

crescimento e sucesso da empresa”, assim as organizações estão passando a

incorporar novas soluções de remuneração que direcionem para novos valores,

entre os quais é possível citar a qualidade, serviço ao cliente, trabalho em equipe e

produtividade.

Assim, como citam Gonçalves, Caldas e Stefano (2011, p. 145), “quando

se fala em gestão da remuneração, busca-se recompensar o trabalhador pelo

desempenho das suas funções dentro da organização. Nesse momento, entra em

cena a importância dos benefícios inerentes à remuneração”.

Na definição de Marras (2009, p. 137), “denomina-se benefício o conjunto de

programas ou planos oferecidos pela organização como complemento ao sistema de

salários”. Lacombe e Heilborn (2011) complementam afirmando que tais benefícios

podem ser monetários ou não.

72 Práticas de benefícios sociais nas organizações: desafios na gestão de pessoas

No mesmo sentido, Marras (2009) aborda os benefícios sociais, classificando-

os como compulsórios ou espontâneos, sendo que, respectivamente, enquanto um é

aquele que a empresa concede para atender às exigências da lei ou de normas legais,

o outro é oferecido por vontade do empregador a fim de atender às necessidades

dos colaboradores e/ou tornar a remuneração atraente e competitiva.

O quadro 2 traz a relação de benefícios obrigatórios de acordo com a

legislação trabalhista da CLT de 1999.

Quadro 2. Benefícios Sociais obrigatórios legislação Trabalhista CLT, 1999

Benefícios Obrigatórios Descrição do Benefício Social Creches Toda empresa que possuir mais de 30 colaboradores, fica obrigada a dispor de creche, Portaria 3296 de 03/09/86. Exames médicos periódicos Obrigatório exame médico periódico por conta do empregador, quando ocorrem admissão e demissão de colaboradores, amparado pela Lei nº 7.855 de 24/10/89, Art. 168 da CLT. Médico do Trabalho Classificação das empresas segundo o número de colaboradores e o grau de risco oferecido pelas atividades, as empresas estão obrigadas a manter Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho, amparados pela Lei nº 6.514 de 22/12/77 da CLT e normas expedidas pelo Ministério do Trabalho. Refeitório/ Restaurante Todas as empresas que possuem 300 (trezentos) funcionários ou mais é obrigada a dispor de um espaço para refeitório, o que não obriga o fornecimento de refeições; apenas o local próprio que constitui o espaço onde o trabalhador possa fazer sua refeição. Com o surgimento do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), Lei nº 6.321 da CLT, independente do número de colaboradores, o empregador pode oferecer refeições na própria empresa, ou em forma de tickets cobrando o equivalente até 20% da refeição e podendo ressarcir no Imposto de Renda na Fonte (IRF), o dobro da despesa do período. Vale Transporte É obrigatório para todos os trabalhadores o vale transporte que corres- ponde em até 6% do salário é subsidiado pelo trabalhador e o exceden- te é pago pela empresa empregadora. Fonte: Adaptado de Pizolotto (2000, p. 135-136).

Ainda, Lacombe e Heilborn (2011) diferenciam os benefícios classificando-

os como encargos sociais, que são obrigatórios por lei, como, por exemplo, décimo

74 Práticas de benefícios sociais nas organizações: desafios na gestão de pessoas

Ao partir do estudo de Zambrano, Merino e Castellanos (2012, p. 17), onde

o capital humano é o único bem tangível, assim como um dos componentes que

fazem parte do capital intelectual das empresas (“ nuestros empleados son nuestro

mayor activo ”), é crucial que as organizações tenham por objetivos alinhar os

benefícios à estratégia da empresa.

No contexto competitivo, toma-se por base a questão da remuneração

estratégica. Conforme considera Pizolotto (2000), a remuneração estratégica é uma

tendência no processo de modernização da gestão de recursos humanos. Nesse

sentido, é palpável que as empresas, na busca por enquadrar-se nessa tendência,

repassem pacotes de benefícios aos seus colaboradores.

Já algumas vantagens, citadas por Gonçalves, Caldas e Stefano (2011) e

Zampier, Stefano e Bernardim (2013) para os colaboradores, são, por exemplo, a

complementação da satisfação das necessidades pessoais, a redução do sentimento

de insegurança, além de oferecer oportunidades adicionais de assegurar status

social.

2.3 BENEFÍCIOS SOCIAIS E SATISFAÇÃO NO TRABALHO

São diversos fatores ligados à satisfação ou insatisfação no trabalho, como

o trabalho em si, o tipo de supervisão exercida, a cultura e o clima organizacional,

os treinamentos e as capacitações executados, as oportunidades de carreira e

desenvolvimento, o feedback, os tipos de remuneração e de benefícios sociais, entre

outros.

O fato de não dispor benefícios sociais para os colaboradores incidem

em níveis de insatisfação e, sobretudo, reflete na baixa motivação dos mesmos,

conforme evidencia Grzeszczeszyn e Huzek (2008); e para Zampier, Stefano e

Bernardim (2013), a ausência de benefícios contribui para a insatisfação geral, com

absenteísmo e níveis crescentes de rotatividade. Neste sentido, quando o individuo

não está satisfeito com seu trabalho, a empresa pode ser prejudicada, por exemplo,

com taxas crescentes de absenteísmo.

Quanto maior a quantidade de benefícios, maior tende a ser a fidelidade

de um funcionário com a empresa; os benefícios salariais são relacionados à

manutenção do cargo e não tanto com a satisfação, embora funcionários com maior

Stefano, Campos e Christ 75

quantidade de benefícios, remuneração adequada e bom ambiente de trabalho são

teoricamente mais satisfeitos do que em situação diferente.

Ainda, Lacombe e Heilborn (2011, p. 173) lembram que “um dos fatos que

mais desmotiva um profissional é considerar-se injustiçado em sua remuneração, pois

ela afeta não só o nível material, mas também o bem-estar psicológico das pessoas”.

Dentro deste contexto, o autor também cita a importância da remuneração ser

coerente tanto internamente, sendo justas as remunerações concedidas às pessoas

da mesma empresa, quanto externamente, na qual se considera a remuneração

praticada pelo mercado de trabalho.

O quadro 3 traz uma gama de benefícios tanto para a empresa quanto para os

colaboradores. Tais vantagens têm potencial para criar vantagens competitivas para

as organizações quando consegue aliar bem-estar do colaborador no suprimento de

uma necessidade que não circunda apenas no aspecto salarial.

Quadro 3. Vantagens dos benefícios Organizações X Colaboradores

Para as Organizações Para os Colaboradores  Eleva o moral dos colaboradores.  Reduz a rotatividade e o absenteísmo.  Eleva a lealdade do empregado para com a empresa.  Aumenta o bem estar do empregado.  Facilita o recrutamento e a retenção de pessoal.  Aumenta a produtividade e diminui o custo unitário de trabalho.  Demonstra as diretrizes e os propósitos da empresa para com os empregados.  Reduz os distúrbios e queixas.  Promove relações públicas com a comunidade.  Oferece conveniências não avaliáveis em dinheiro.  Oferece assistência disponível na solução de problemas pessoais.  Aumenta a satisfação no trabalho.  Contribui para o desenvolvimento pessoal e bem estar individual.  Oferece meio de melhor relacionamento social entre empregados.  Reduz sentimentos de insegurança.  Oferece oportunidades adicionais de assegurar status social.  Oferece compensação extra.  Melhora a relação com a empresa.  Reduz as causas de insatisfação. Fonte: Adaptado de Marras (2009).

Stefano, Campos e Christ 77

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Esse estudo caracteriza-se como exploratório, descritivo, ocasional único,

utilizando dados primários (pesquisa de campo) e secundários (pesquisas anteriores

e bibliográficas). Utilizou-se um questionário com perguntas objetivas, dividido em

grupos: o primeiro grupo, objetivando conhecer o perfil da empresa; o segundo

grupo, com o propósito de compreender o papel da gestão de pessoas dentro das

organizações a partir de perguntas com escala Likert, de cinco pontos; e o terceiro

grupo, buscando compreender quais os benefícios as empresas ofereciam aos

colaboradores. Conforme Hair Jr et al., (2005, p. 159), “o questionário é um conjunto

predeterminado de perguntas criadas para coletar dados dos respondentes. É um

instrumento cientificamente desenvolvido para medir características importantes de

indivíduos, empresas, e outros fenômenos”.

Para a análise, foram escolhidas vinte e quatro empresas da mesorregião

central do Paraná, sendo doze do setor de serviços e doze do setor do comércio. Os

dados foram tabulados com auxílio do software MS. Excel, dos quais foram extraídas

as médias das respostas obtidas com os gestores das empresas e posteriormente

analisadas.

A distribuição dos questionários, a instrução de respostas e a coleta dos

mesmos ocorreram entre os meses abril e maio de 2013. Ainda foi realizada uma

entrevista por telefone com o responsável pelo Sindicato Patronal, com perguntas

semiestruturadas, visando conhecer, quais são as práticas de benefícios sociais

utilizadas pelas empresas da cidade.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1 PERFIL DAS EMPRESAS ANALISADAS

Para alcançar os objetivos propostos foram analisadas vinte e quatro

organizações sendo doze do setor de serviços e doze do setor de comércio, todas

elas localizadas na mesorregião central do Paraná. Consideradas como de pequeno e

78 Práticas de benefícios sociais nas organizações: desafios na gestão de pessoas

médio porte, a tabela 1 traz a caracterização conforme a quantidade de colaboradores,

tempo de atuação e dados relativos. Pode ser observado que, no que se refere ao

tópico Recursos Humanos Terceirizado, não houve grande incidência, uma vez que

a grande maioria das empresas pesquisadas é considerada como empresas familiares

e a parte burocrática de gestão de pessoas é realizada na própria empresa.

Tabela 1. Caracterização das empresas estudadas

Setor Serviços Setor Comércio Número de Funcionários Número de Empresas Número de Funcionários Número de Empresas Até 10 3 Até 10 7 De 11 a 19 6 De 11 a 19 5 De 20 a 49 1 De 20 a 49 0 De 50 a 99 2 De 50 a 99 0 Tempo de atuação da Empresa Tempo de atuação da Empresa Até 3 anos 5 Até 3 anos 2 Até 6 anos 2 Até 6 anos 4 Até 9 anos 2 Até 9 anos 2 Até 12 anos 1 Até 12 anos 0 Acima de 15 anos 2 Acima de 15 anos 4 Rh Terceirizado Rh Terceirizado Sim 3 Sim 2 Não 9 Não 10 Fonte: Dados da Pesquisa (2013).

Com base na tabela 1, observa-se que, quando analisado o tempo de atuação

das empresas pesquisadas, uma minoria possui mais de 5 anos de atuação. Isso logo

sinaliza um volume maior de empresas que se instalaram na cidade e que utilizam da

mão de obra local para compor seu quadro funcional, essas empresas normalmente

trazem consigo características culturais de suas matrizes. Nesse sentido, na busca

por atrair a mão de obra local, frequentemente elas dispõem de mais benefícios

sociais a oferecer para atrair colaboradores.

80 Práticas de benefícios sociais nas organizações: desafios na gestão de pessoas

odontológica, lazer, confraternização, subsídios, seguro de vida, educação, moradia),

as empresas 1, 2, 3, 4, 8 e 10 apontaram oferecer seis benefícios, a empresa 5 e a

empresa 9 declararam oferecem quatro benefícios, a empresa 6 declarou oferecer

sete benefícios e a empresa 7 e a 11 declararam oferecer cinco benefícios, e a empresa

12 declarou oferecer três benefícios, conforme pode ser observado na tabela 3.

Tabela 3. Número de benefícios oferecidos pelas empresas dos setores comércio e serviços

Empresas Setor Serviços Setor Comércio Nº de benefícios oferecidos Empresa 1 6 3 Empresa 2 6 3 Empresa 3 6 6 Empresa 4 6 4 Empresa 5 4 3 Empresa 6 7 3 Empresa 7 5 4 Empresa 8 6 4 Empresa 9 4 6 Empresa 10 6 5 Empresa 11 5 5 Empresa 12 3 4 Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Com base na tabela 2, pode ser observado que as empresas pesquisadas

concedem os benefícios que as leis trabalhistas estipulam e ainda concedem alguns

benefícios considerados como espontâneos. Há baixa incidência nos benefícios:

planos de saúde, seguros de vida. Isso se deve em relação ao baixo risco que ambos

os setores oferecem, porém são benefícios que devem ser levados em consideração

na gestão estratégica das empresas. Ocasionalmente, nos setores investigados e

na região esses benefícios não costumam ser praticados pelas empresas, visto que

seguem somente o que é estipulado por lei e pelo sindicato que rege a categoria.

No que se refere aos benefícios: flexibilidade de horários infere-se que essa

prática de concessão de benefícios seja comum em um número elevado de empresas.

Nos dois blocos setoriais pesquisados, seja decorrente da comunidade acadêmica da

Stefano, Campos e Christ 81

região que estudam, seja em nível superior, cursos técnicos entre outros, a eles

normalmente é deliberado um tempo flexível para conciliar trabalho e estudos.

Contrariamente ao estudo de Grzeszczeszyn e Huzek (2008), em que foi

abordado que há a prática em que os colaboradores trabalham mais tempo durante

a semana para completar as horas a fim de não haver expediente no final de semana.

No estudo com os setores do comércio, por exemplo, é uma prática recorrente

em um número menor de empresas, pelo fato que o esse setor durante o final de

semana tende a ter um maior movimento e expediente.

Com relação ao benefício adiantamento de salários, praticamente todas as

empresas oferecem essa opção aos seus colaboradores; é uma prática comum na

região e os mesmos optam por aceitar ou não o recebimento de parte do salário no

meio do mês.

Em relação aos benefícios: subsídios, educação e moradia que não

apareceram listados, é decorrente do perfil da mão de obra local que é jovem e

é característico destes buscarem o conhecimento, sendo por meio de cursos de

aperfeiçoamento ou o próprio ensino superior. No que se refere à moradia não

pontuar, infere-se que seja justificado pelo porte da região pesquisada, e as empresas

dos setores pesquisados costumeiramente recrutam mão de obra na própria cidade,

não demandando profissionais de outras regiões. Além disso, essa realidade não

pode ser considerada para outros setores.

De acordo com dados obtidos junto ao Sindicado Patronal, mediante

entrevista em relação aos benefícios repassados aos colaboradores, não há um

padrão de benefícios que são concedidos pelas empresas da cidade. O que é certo é

que as organizações costumeiramente cumprem o que é estipulado por lei, ficando

a critério dos empresários a concessão de benefícios conforme o que é praticado

pelas demais. Porém, as empresas de outros setores, indústria, por exemplo, tem

uma gama maior de benefícios.

4.3 ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS DA GESTÃO DE PESSOAS NA PERCEPÇÃO

DOS GESTORES

A tabela 4 traz o agrupamento das respostas obtidas junto aos gestores das

empresas dos dois setores (Serviços e Comércio). Inicialmente o tópico Competências

Stefano, Campos e Christ 83

na visão dos gestores. Percebe-se um empate, de respostas; isso é atribuído aos

setores pesquisados, visto que na busca pela gestão de pessoas o departamento

frequentemente se posiciona seguindo princípios que visem à integridade não

apenas do colaborador como também da organização.

Com base na tabela 4, pode ser observado na média geral que as vinte

e quatro empresas consideram que, dentro das competências do profissional de

recursos humanos, este deve ser conhecedor de todos os processos organizacionais

que melhor fornece subsídios para gestão de pessoas.

Tabela 5. Médias Atribuições do RH

Médias Setor Serviços Setor Comércio Participa Ativamente Trabalha para Participa Ativamente Trabalha para Empresa 1 2,75 3,5 3,75 4 Empresa 2 4,25 4,5 4,5 4 Empresa 3 5 5 4 3, Empresa 4 4 4 3,75 5 Empresa 5 3,75 3 3,75 4 Empresa 6 5 5 4 3, Empresa 7 3 3 4,25 4, Empresa 8 4,75 4 4 3 Empresa 9 4,75 5 4,75 4 Empresa 10 2,5 3,5 4,25 4, Empresa 11 4,75 5 2,5 2 Empresa 12 4 4 2,25 3, Média Total 4,04 4,13 3,81 3, Fonte: Dados da pesquisa (2013). Legenda: Escala das Variáveis: 1- Menos Importância até 5 - Máxima Importância.

Conforme a tabela 5, na análise do grupo de variáveis o RH participa

ativamente em, foram consideradas as seguintes alternativas: a) planejamento

empresarial; b) conceber e facilitar a execução dos processos do setor de RH; c)

ouvir e responder aos funcionários; e d) renovação, mudança ou transformação da

organização. Nesse grupo de variáveis, quanto mais próximo de 5 pontos, maior era

84 Práticas de benefícios sociais nas organizações: desafios na gestão de pessoas

considerado o nível de importância, na percepção dos gestores de recursos humanos

que foram os respondentes. Na média geral, as empresas do setor de serviços foi

quem teve maior pontuação. Isso se justifica pela força que o departamento de

gestão de pessoas representa na gestão estratégica de pessoas. No setor de comércio

atingiu-se uma pontuação próxima a do setor de serviços, infere-se que houve essa

pequena diferença pelo foco de concentração estar mais voltado para a gestão

burocrática de recursos humanos e não na visão do departamento de gestão de

pessoas na visão transformacional.

No grupo de variáveis: O RH trabalha para, foram consideradas duas

alternativas: a) ajustar as estratégias de RH à estratégia empresarial; e b) monitorar

os processos administrativos. Nesse grupo, quanto mais próximo de 5 pontos, maior

era o nível de importância, na percepção do gestor de recursos humanos. Pode

ser observado, na média geral, que também o setor de serviços apresentou maior

pontuação. Infere-se que, na gestão de pessoas, há de se levar em consideração tanto

aspectos relacionados às estratégias empresariais assim como deve ser balanceada

a monitoração dos processos administrativos, visto que um depende do outro e

ambos colaboram na gestão eficiente dos recursos humanos.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando vários fatores, dentre eles o importante papel das pessoas

serem reconhecidas como o capital intelectual para as organizações, a importância

de mantê-las como ativo gerador de conhecimento e de vantagens competitivas, a

gestão de pessoas deve posicionar-se de forma a gerir estrategicamente e na condição

de mediador, com vistas a manter essas pessoas motivadas nas organizações, mas não

apenas oferecendo salário. E nesse sentido é importante não apenas atribuir salários

pela função desempenhada, mas a oferta e a concessão de benefícios a estes, de

modo que tais benefícios sejam flexíveis e consigam proporcionar maior qualidade

de vida para o indivíduo.

Com uma amostra de doze empresas dos setores de serviços e doze do setor

de comércio, da mesorregião central do Paraná, o objetivo principal deste estudo foi