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portugues LINGUA PORTUGUESA TEXTOS INTERPRETAÇAO, Notas de estudo de Língua Portuguesa

interpretaçao de texto AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA AA A AAAAAAAAA AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA BBBBBBBB B B B BB B B B JAJ ajajkhiahciUUFAHGGS\H VHV\HJFSAJHJ ABMabjahuieuYRI

Tipologia: Notas de estudo

2020

Compartilhado em 10/02/2020

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Prof.ª MSc. ZILDA MARIA FANTIN MOREIRA
APOSTILA
DE
LÍNGUA PORTUGUESA II
2º PERÍODO DE PEDAGOGIA
LINHARES
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Prof.ª MSc. ZILDA MARIA FANTIN MOREIRA

APOSTILA

DE

LÍNGUA PORTUGUESA II

2º PERÍODO DE PEDAGOGIA

LINHARES

Caro(a) aluno(a),

Este material foi elaborado para que você, caro(a) aluno(a), possa estudar o assunto

dentro de uma sequência que lhe permitirá atingir o objetivo proposto, pois nele estarão

os caminhos por que deverá trilhar para que isso ocorra.

Espero que nós possamos caminhar juntos em busca deste mesmo objetivo: o seu

crescimento intelectual, moral e pessoal.

Professora Zilda Fantin

E-mail: zildafantin@gmail.com

1 FATORES DE TEXTUALIDADE E O ESTUDO DO TEXTO

1.1 CONCEITO DE TEXTO E DISCURSO

“O termo texto é proveniente de textus , vinculado ao verbo latino texere com o sentido de tecer, enlaçar, entrelaçar. O autor de um texto tece as ideias, enlaça as palavras e vai construindo com habilidade um enunciado (oral ou escrito) capaz de transmitir uma mensagem, por constituir um todo significativo com intenção comunicativa, colocando o emissor em contato com o receptor. Texto é também qualquer imagem – charges, quadrinhos, figuras e desenhos que transmitem uma mensagem” (DAMIÃO; HENRIQUES, 2000, p. 99).

“O texto é mais que a soma dos enunciados que o compõem – sua produção e compreensão derivam de uma competência específica do falante: a competência textual. O termo texto em sentido amplo é toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano (uma música, um filme, uma escultura, um poema etc.) e, em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso , atividade comunicativa de um sujeito, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto de enunciados produzidos pelo locutor e o evento de sua enunciação”. Discurso = texto no sentido restrito (FÁVERO, 2003, p. 6-7).

Segundo Costa Val (1999), pode-se definir texto ou discurso como ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa (em uso e tem papel determinante uma série de fatores pragmáticos tais como as intenções do produtor; o jogo de imagens mentais que cada um dos interlocutores faz de si, do outro e do outro com relação a si mesmo e ao tema do discurso; e o espaço de perceptibilidade visual e acústica comum, na comunicação face a face), semântica (precisa ser percebida pelo recebedor como um todo significativo, deve ter coerência) e formal (porque seus constituintes linguísticos devem se mostrar reconhecidamente integrados, de modo a permitir que ele seja percebido como um todo coeso).

“De acordo com a forma que os textos podem assumir, eles costumam ser organizados em dois grandes grupos: os textos em verso e os textos em prosa. Além dessa divisão, há outras classificações que procuram organizar e hierarquizar os textos literários” (CEREJA & MAGALHÃES, 1999, p. 14).

Quanto à forma , os textos podem ser em:

Prosa  As linhas ocupam toda a extensão horizontal da página e o texto divide-se em parágrafos.

Versospoema  As linhas não ocupam toda a extensão horizontal da página e o texto divide-se em blocos chamados estrofes, cada linha do poema é denominada verso.

1.2 FATORES DE TEXTUALIDADE OU DA CONSTRUÇÃO DO SENTIDO

A linguagem é um processo de interação social, um processo discursivo e uma atividade cognitiva que envolve o autor, o texto e o leitor. O sentido não está exclusivamente no autor; nem apenas no texto; ou somente no leitor, mas está na interação entre esses elementos. O objetivo do autor é transformar ideias em texto. O objetivo do leitor é buscar respostas para suas perguntas.

Para construir o sentido do texto é necessário saber: Para quem? Onde o texto vai circular? Quais as expectativas de quem vai ler? Que conhecimentos o leitor tem? Além disso, o contexto em sentido estrito (circunstâncias imediatas do ato do discurso) e o contexto em sentido lato (determinações histórico-sociais e ideológicas em que o discurso é produzido - a família, a escola, a igreja, o sindicato, a política, a informação, a língua) devem ser levados em consideração.

Segundo Costa Val (1999), citando Beaugrande e Dressler, há sete princípios ou padrões de textualidade em que ancoram os textos e estes são os responsáveis pela intertextualidade de um discurso. Textualidade é um conjunto de características que fazem com que um texto seja realmente um texto e não uma sequência de frases.

É preciso ressaltar que a coerência é o componente decisivo da textualidade. A coerência e a coesão se relacionam com o material conceitual linguístico do texto; a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade, a informatividade e a intertextualidade são centrados nos usuários e estão relacionados com os fatores pragmáticos envolvidos no processo sociocomunicativo.

1.2.1 Fatores de Textualidade Centrados no Texto

Segundo Costa Val (1999), a coesão é a manifestação linguística da coerência; advém da maneira como os conceitos e relações subjacentes são expressos na superfície textual. Constrói-se por meio de mecanismos gramaticais e lexicais. Entre os primeiros, encontram-se os pronomes anafóricos os artigos, a elipse, a concordância, a correlação entre os tempos verbais, as conjunções etc. Entre os mecanismos lexicais, estão a reiteração, substituição e associação.

comunicativa. A meta pode ser informar, ou impressionar, ou alarmar, ou convencer, ou pedir, ou ofender etc., e é ela que vai orientar a confecção do texto (COSTA VAL, 1999, p. 10-11). De acordo com Cereja e Magalhães (1999, p. 18), a intencionalidade discursiva “[...] são as intenções, explícitas ou implícitas, existentes na linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa”.

A aceitabilidade relaciona-se ao recebedor, ao que ele espera: “um texto coerente coeso, útil e relevante, capaz de levá-lo a adquirir conhecimentos ou a cooperar com os objetivos do emissor” (COSTA VAL, 1999, p. 11).

A informatividade está relacionada ao grau de informações que o texto veicula. Um discurso menos previsível é mais informativo e se torna mais interessante para o recebedor, mas um texto completamente inusitado pode ser repudiado por ele, pois não conseguirá entendê-lo. Assim, diz Costa Val (1999, p. 14), “[...] o ideal é o texto se manter num nível mediano de informatividade, no qual se alternam ocorrências de processamento imediato, com ocorrências de processamento mais trabalhoso”.

A intertextualidade refere-se às relações que os textos mantêm entre si, isto é, um texto cita outro, por isso a sua interpretação depende do conhecimento de outro(s) texto(s).

A situacionalidade refere-se à pertinência do texto em relação ao contexto. Diz Costa Val (1999, p. 12): “O contexto pode, realmente, definir o sentido do discurso e, orienta tanto a produção quanto a produção”.

Além desses aspectos, outros fatores são necessários para a interpretação de um texto:

conhecimento das formas discursivas e textuais ,  inferências ,  argumentatividadefocalização , que têm a ver com os fatores pragmáticos envolvidos no processo sociocomunicativo.

Conhecimento das Formas Discursivas e Textuais: conhecer os gêneros textuais, como carta, e-mail, blog, receita de bolo, editorial, anúncio, bula de remédio, charge, telegrama etc. “[...] facilita as previsões e os esforços interpretativos, uma vez que sabemos o que esperar deles” (ASSUNÇÃO, 2008, p. 31).

Assim também, conhecer os tipos textuais (descritivo, narrativo etc.) também contribui para a interpretação.

Pressupostos e Inferências: quando deduzimos algo que não foi escrito ou falado, mas que está implícito. “Os procedimentos de leitura nos exigem o trânsito não apenas pelos ditos do texto, mas também pelos não-ditos, por aquilo que está implícito, subentendido (já explicado anteriormente), mas possível de apreensão” (ASSUNÇÃO, 2008, p. 31). É preciso reconhecer a intenção de quem produz a mensagem, perceber a força ilocutória (a intenção) para que a comunicação se concretize.

Argumentatividade: Defesa dos pontos de vista, visando a convencer o interlocutor. Para a realização de suas intenções, o texto precisa de argumentos consistentes, relevantes. São eles

  • e também as suas pistas – que orientarão os enunciados para determinadas conclusões. “[...] os usos que fazemos das diversas formas de linguagem e de suas manifestações nos textos imbricam com os nossos anseios de agir sobre os outros, mudar-lhes o comportamento, fazê- los partilhar de nossos pontos de vista, alterar-lhes a percepção da vida, das pessoas, das relações, do mundo...” (ASSUNÇÃO, 2008, p. 33).

Focalização: Refere-se ao foco principal da abordagem do assunto, segundo Assunção (2008), ou seja, a escolha que o autor faz para expor o que pretende, quando reconhecida e compreendida pelo leitor, ajuda-o a interpretar o texto.

Enfim, é de fundamental importância conhecer as pistas do mundo linguístico e extralinguístico para a compreensão e interpretação da diversidade de gêneros textuais que circulam à nossa volta, condição para uma interação eficiente e eficaz com o mundo que nos cerca.

2 DOMÍNIOS DISCURSIVOS, TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

2.1 DOMÍNIOS DISCURSIVOS E GÊNEROS TEXTUAIS

Para Marcuschi (2003), a comunicação verbal só é possível por algum gênero textual – opinião da maioria dos autores que tratam a língua e seus aspectos discursivos e enunciativos.

Gênero textual é empregado “[...] como uma noção propositalmente vaga para referir os textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio- comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica” (MARCUSCHI, 2003, p. 22-23).

Gêneros textuais são tipos específicos de texto de qualquer natureza, literários ou não. Tanto na forma oral como na escrita, os gêneros textuais são caracterizados por funções específicas

2.2.1 Texto Descritivo

É o discurso que apresenta as características do objeto descrito, permite ao leitor ver o que está sendo descrito. A sequência descritiva é largamente empregada na comunicação oral cotidiana para identificar e caracterizar uma pessoa, uma paisagem, por exemplo, e em diferentes gêneros textuais escritos como enciclopédias, obras científicas e técnicas, anúncios publicitários, artigos de revistas e jornais, poemas e histórias de ficção.

A Natureza da Descrição

Descrever é usar a linguagem para construir verbalmente imagens de seres (animados ou inanimados), de cenas ou processos, a partir de determinado ângulo de visão. A descrição coloca, em primeiro plano, a existência dos seres com seus atributos permanentes ou transitórios. Se o objeto é focalizado fixamente (coisa, pessoa, paisagem, ambiente), o efeito é a criação de um quadro estático. Se o objeto é visualizado em seus deslocamentos no espaço e em suas transformações no tempo, o efeito é dinâmico. Recorte da realidade captada pelos sentidos, o texto descritivo é produto de um ato de observação de um locutor-descritor que vê e quer fazer ver e que submete o objeto descrito a operações muito próximas da fotografia e do cinema.

Sequências textuais descritivas são usadas em diferentes situações comunicativas: na caracterização de personagens e do espaço narrativo, em relatos de experiências e de pesquisas, em reportagens, guias turísticos, catálogos, anúncios. O objetivo comunicativo da sequência descritiva , sua delimitação, ordem e forma de inserção dependerão do gênero de texto.

Organização do Discurso Descritivo

A organização da sequência descritiva envolve três elementos: o objeto, representado no texto como tema nuclear da descrição; o observador-descritor, com seu ângulo de visão e predisposição em relação ao objeto; os dados pertinentes ao tema-núcleo, que o locutor seleciona em função de seus conhecimentos de mundo e de linguagem, dos conhecimentos que pressupõe em seu destinatário e dos efeitos de sentido pretendidos.

Sobre a organização do texto descritivo, ainda podemos distinguir:

 Tema-núcleo: geralmente está no título ou no início da sequência, corresponde a um nome

que designa o objeto da descrição e funciona como tópico discursivo organizador do texto.

 Ancoragem: processo de introdução do tema-núcleo; pode incluir a delimitação e

localização do objeto no espaço e sua distinção em relação a outros da mesma classe ou de classes similares.

 Expansão do tópico discursivo: são destacados dados pertinentes ao tema núcleo, como

aspectos, propriedades e qualidades do objeto. Esse processo pode determinar a decomposição do tópico em dois ou mais subtópicos. Na operação de expansão, o tópico discursivo é sucessivamente retomado por repetição ou por substituição lexical (anáforas nominais), resultando na manutenção temática e, ao mesmo tempo, o destaque de novos ângulos do objeto descrito.

O objetivo comunicativo e o gênero do texto orientam o olhar do locutor, determinando os aspectos a serem selecionados e o grau de objetividade ou subjetividade , tendo importância não só o anglo de visão (de longe e de fora, de perto ou de dentro etc.), mas também o efeito de sentido. Nas descrições técnicas e científicas , busca-se o efeito da objetividade , assim o locutor tende a não se representar no texto e a privilegiar as propriedades baseadas na percepção convencional.

Nas descrições publicitárias , o locutor tende a deixar marcas de subjetividade no texto, como o uso de primeira pessoa, as modalidalizações afetivas e avaliativas, expressas pela seleção lexical, por expressões qualificadoras e intensificadoras e operadores argumentativos. Nos textos literários , cujo objetivo é criar uma visão particular do objeto, são frequentes palavras e imagens que sugerem impressões subjetivas e percepções sensoriais : ruídos, cheiros, sensações de frio, calor, associações, lembranças.

Marcas Linguísticas do Discurso Descritivo

 Presença de organizadores textuais que situam o objeto-tema e suas partes no espaço

ou em relação a outros que estão próximos ou pertencem a classes ou categorias afins.

 Nas descrições estáticas, frequência de verbos de ligação, de verbos indicadores de

situação no espaço ou de propriedades, atitudes, qualidade; nas descrições dinâmicas, verbos que expressam transformação ou movimento.

 Uso de frases nominais (frases sem verbo) ou apenas com verbos em formas nominais,

especialmente no gerúndio ou particípio e de sintagmas adjetivos (adjetivos, locuções, expressões e orações adjetivas desenvolvidas e reduzidas de gerúndio e particípio), modificando substantivos como adjuntos ou predicativos.

 Frequência de substantivos denotativos de qualidades.

 Emprego frequente de substantivos em oposição para retomar outros substantivos.

acontecimentos, reais ou inventados. O hábito de narrar é muito antigo. As narrativas têm sido transmitidas por diversas linguagens: pela imagem (linguagem visual), pela palavra (linguagem verbal: oral ou escrita), pelos gestos (linguagem gestual), pelos sons (linguagem musical). A Narração refere-se a um tipo de texto escrito onde se conta uma história envolvendo personagens que, diante de determinados acontecimentos, agem, reagem, pensam, falam, sentem. Narrar é contar o que se passou com certos seres, em determinado local (espaço) e época. Uma narração não deve ser um amontoado de fatos; deve ser uma sequência de acontecimentos significativos inter-relacionados. Na narração, sempre há ideias que dão o sentido da história – esse sentido é o Tema.

Motivos para contar ou narrar: informar sobre temas comuns, fazer fofoca, convencer ou seduzir com um caso exemplar, entreter com uma história ou transmissão esportiva, fazer rir com uma piada ou anedota.

De acordo com o tipo de narrativa, encontram-se presentes estes ou aqueles elementos, podendo estar, assim, todos ou alguns deles, mas sempre há a necessidade de permitir ao leitor ter um registro da cena. Também, é de se notar a presença do ponto de vista. Dependendo da postura temática do narrador, irá ele evidenciar certos acontecimentos em detrimento de outros, sendo a seleção dos dados, portanto, uma tarefa dissertativa.

Considerando a diferença entre o acontecido e o fictício, costuma-se reservar a denominação:  Relato para gêneros midiáticos (cujo objetivo básico é informar sobre fatos realmente acontecidos)  Narrativa para gêneros ficcionais, como o conto ou o romance. O relato e a narrativa podem ser empregados de forma indistinta dentro do texto.

São elementos estruturais da narrativa: o quê  o fato que se pretende contar; quem  as partes envolvidas; como  o modo como o fato aconteceu; quando  a época, o momento, o tempo do fato; onde  o registro espacial do fato, o lugar; porque  a causa ou motivo do fato; por isso  resultado ou consequência do fato. Há aqueles que respondem a só uma ou duas dessas perguntas, contanto com a ativa participação do leitor.

O discurso narrativo está presente em texto de vários gêneros: domínio ficcional (contos, romances, cordéis, canções ficcionais), domínio jornalístico (nas notícias e reportagens), domínio jurídico (atas, textos do domínio jurídico que relatam decisões tomadas em reunião), relatórios de projetos e atividades escolares, acadêmicas e de trabalho. Enfim, o discurso narrativo serve a diferentes objetivos comunicativos , dependendo gênero do texto, intencionalidade do locutor e situação comunicativa.

 A Natureza do Discurso Narrativo

 Tempos verbais de Ação: presente, pretérito perfeito, pretérito imperfeito ou pretérito

mais que perfeito.

 Enunciados declarativos com entoação assertiva.

 Advérbios, locuções adverbiais e orações adverbiais.

 Ordenação temporal: linear (sem um tempo definido), cronológica (ordenação crescente

ou decrescente dos fatos), retrospecção (citando fatos passados), prospecção (projetando acontecimentos futuros).

 As Narrativas Ficcionais mostram conflitos, cria expectativas e suspense por um

desfecho. As Narrativas Reais não criam suspenses e nem desfechos inesperados.

 O locutor-narrador narra como: protagonista (fala na 1ª pessoa, submete os fatos

relatados às suas próprias percepções); observador externo (sabe dos fatos apenas em seus aspectos perceptíveis externamente); onisciente (sabe tudo o que está acontecendo com todas as personagens e pode penetrar em seu mundo interior); onisciente seletivo (narra sob o ponto de vista de uma das personagens); introdutor de fala alheia (recorre a outras sequências discursivas como discurso direto, indireto e indireto livre).

 Emprego de discursos: discurso direto com marcas gráficas (aspas, travessões,

mudança de parágrafo) ou com expressões dicendis (segundo fulano, de acordo com beltrano, explica siclano...); discurso indireto, paráfrase da fala de outrem ou expressões dicendis (disse que, perguntou se, indagou se...); discurso indireto livre com marcas do narrador e marcas do discurso do personagem e discurso direto com o destinador , quando o locutor narrador, “conversa” diretamente com o seu leitor virtual.

 Organização do Discurso Narrativo

 Locutor narrador: Aquele que narra, sob um foco narrativo ou ponto de vista. Ele é o

intermediário entre o Plano da Narrativa (Enunciado) e Plano da Narração (Enunciação).

 Plano da narrativa/enunciado: É o produto da enunciação, o “mundo” espacial e

temporal onde os personagens e fatos são narrados.

 Plano da narração/enunciação: Ato que originará a interlocução (a troca) entre o

locutor-narrador e o destinatário (leitor/ouvinte).

 História: É o conjunto de eventos que constitui o conteúdo narrado. Desenvolve-se pela

ação dos personagens em determinado tempo e espaço.

 Enredo ou Trama: É a forma como os eventos são interligados e apresentados ao

receptor/destinador/ ouvinte/leitor.

2.2.3 Texto Injuntivo

Injunção é imposição, ordem formal, exigência. Assim, o discurso injuntivo é aquele usado para orientar pessoas na realização de tarefas ou para regulamentar práticas sociais.

Funções do texto injuntivo: orientar, aconselhar, advertir, convidar, ameaçar, sugerir, convencer (persuadir), instruir regulamentar práticas sociais, indicar o que fazer, como fazer e/ou por que fazer.

 Características do Texto Injuntivo

 O locutor enunciador parece estar em nível superior ao do alocutário, mas dele se

aproxima para alcançar um objetivo maior.

 Parece que o locutor enunciador sabe fazer o que ele aconselha, ensina, orienta,

prescreve, aconselha...

 Comandos imperativos;

 Gêneros Textuais Normativos ou Prescritivos: leis, regimentos, estatutos, resoluções,

portarias...

 Gêneros Instrucionais: regras de jogos, receitas de saúde, de beleza de culinária,

manuais de uso, de montagem, de instalação, operação ou confecção;

 Gênero de Aconselhamento: comportamento para se ter salvação, saúde, beleza....

 O foco desse tipo de discurso recai sobre o destinatário, representado como 2ª pessoa,

indicando o que fazer , como fazer e por que fazer.

As três etapas da injunção:

 O que fazer : indicação de um macrobjetivo acional (ação maior que o alocutário deve

realizar – ação desejada) a ser atingido. O macrobjetivo acional não precisa estar claro, pois pode ser inferido. Exemplos: convites, horóscopo, sermões, discursos...

 Como fazer : apresentação de um plano de execução, de comandos para se atingir o

macrobjetivo. Em gêneros instrucionais , os comandos têm de obedecer a uma ordem cronológica, uma sequência lógica (receitas, manuais de instruções...); em gêneros prescritivos , os comandos precisam ser todos atendidos simultaneamente, para que o macrobjetivo seja atingido. (leis, estatutos, regimentos...); em gêneros de aconselhamento , os comandos dependem da interação entre o locutor-enunciador e o alocutário (conselhos sobre beleza, saúde, comportamento...).

 Por que fazer : justificativa do macrobjetivo ou dos comandos apresentados para se

atingir o macrobjetivo acional. Justificar é convencer o alocutário com argumentos lógicos,

ou persuadi-lo, seduzi-lo, mediante apelos emocionais, premiação e/ou brindes. Às vezes a justificativa é apenas implícita (argumentos de autoridades, depoimentos pessoais, indicadores percentuais ou de quantidades...)

Estratégias do discurso injuntivo: utilizar o gerúndio para ensinar o modo de realização; explicar usando palavras como: “pois”, “dois pontos”, ou o pronome relativo “que” ou “o qual”; concluir usando: “portanto”, “pois”, “assim”; formular uma condição usando explícita ou implicitamente o “se”; formular finalidade, propósito ou intenção usando a preposição “para” ou palavras como “finalidade”, “projeto”, “desejo”, “meta”, “alvo”; “objetivo”, “aspiração” ou verbos como “desejar”, “pretender”; ameaçar ou admoestar, usando expressões de alternância como “ou” ou “ora...ora”.

 Marcas Linguísticas Injuntivas

 Verbos de ação no imperativo.

 Elipse do imperativo com formas de expressão como: cuidado, é proibido, quero ver você

sorrindo, é proibido pisar a grama, você deve fazer assim etc.

 Verbos no infinitivo, gerúndio ou presente do indicativo.

 Uso de modalizadores como: dever, ter de, ser preciso, ser aconselhável, ser bom, ser

necessário etc.

2.2.4 Texto Dissertativo

Dissertar é debater, discutir, questionar. É desenvolver um raciocínio; desenvolver argumentos que fundamentem nossa posição; polemizar, inclusive, com opiniões e com argumentos contrários aos nossos; estabelecer relações de causa e consequência” (AMARAL; ANTÔNIO; PATROCÍNIO, 1994, p. 50).

O texto dissertativo “Exige do redator um posicionamento diante de determinado assunto, quer expressando sua opinião quer postulando uma tese. Existe a possibilidade dissertativa na descrição e também na narração” (DAMIÃO; HENRIQUES, 2000, p. 153).

A dissertação pode ser:

 Expositiva ou informativa  discussão de uma ideia, cuja intenção é a de expor um

assunto, comentando-o; apresentação de determinadas informações ou problemas, explicação de assuntos ou fatos. Não há defesa de um ponto de vista, apesar de estar

desenvolvimento e não pode conter ideias conclusivas. Na dissertação , o exórdio propõe: estabelecer a ideia geral, situar o assunto no contexto, motivar o destinatário, apresentar a proposta temática” (DAMIÃO; HENRIQUES, 2000, p. 135).

 Proposição da opinião ou tese: o locutor apresenta sua opinião (proposta ou tese) a

respeito do tema ou questão polêmica, apresentando também as razões.

 Comprovação da tese: o locutor apresenta argumentos e provas que sustentam seu

ponto de vista ao mesmo tempo em que procura invalidar argumentos e provas que possam sustentar pontos de vista diferentes.

 Conclusão: etapa final; pode conter uma recapitulação do que foi dito. Conclusão é o

fecho redacional; deve terminar de forma incisiva, dando ao leitor a sensação de ter sido esgotado o plano do autor. Não há necessidade de uma conclusão explícita com expressões do tipo concluindo, finalmente, em suma e outras. Tal recurso é mais frequente nas dissertações e no discurso jurídico, porque prepara o espírito do leitor para assimilar as conclusões do autor. Na dissertação , a peroração é o fecho, é a última oportunidade de convencer.

Resumindo:

Estrutura do discurso expositivo: apresentação do tema; desenvolvimento do tema (explicação, demonstração e estabelecimento lógico entre os dados enunciados); e conclusão (síntese do exposto).

Estrutura do discurso argumentativo (modelo 1): indicação do tema ou objeto de argumentação; formulação da tese defendida; demonstração, por meios de argumentos, de que é verdadeira; conclusão (tenta-se convencer ou persuadir).

Estrutura dos textos argumentativos (modelo 2): formulação da tese a refutar; consideração do ponto de vista adverso; refutação por meio de contra-argumentos; conclusão por ridicularização (ironia) ou por meio da razão.

Marcas Linguísticas do Texto Dissertativo

 Argumentos: em sentido amplo, recurso ou estratégia usada para ajudar a defender ou

refutar opiniões; em sentido restrito, um conjunto de afirmações ou suposições de tal forma encadeadas que uma delas, chamada conclusão, decorre das demais, chamadas razões ou premissas; conclusão e raciocínio de causalidade podem ser expressos pelos paradigmas como  então, ou se  então.

 Para marcar essa relação e identificar uma razão, uma suposição ou uma conclusão,

usamos frequentemente palavras e expressões conhecidas como indicadores de raciocínio ou inferência: como (razão), então (conclusão), se (suposição), mas (oposição) etc.

 Verbos no presente do indicativo quase sempre.

 Verbos na 3ª pessoa, geralmente.

Exemplo: Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. Não me lembro por que exatamente eu o disse, e com sinceridade. Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva. Não estou me referindo muito a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase impossível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada... lembro-me agora com saudade da dor de escrever livros (Clarice Lispector).

2.3 ESTRATÉGIAS PARA A PRODUÇÃO DE TEXTOS

Para produzir um texto dissertativo, deve-se ter, também, o conhecimento de estratégias que podem orientar na sua criação.

Parágrafo : um minitexto. Parágrafo é o texto (ou parte de um texto) formado por uma ou por um conjunto de sentenças que, relacionadas semântica e/ou sintaticamente entre si, tratam de uma ideia central. Um bom parágrafo, assim como um texto formado por mais de um parágrafo, deve ter: unidade de sentido (todas as sentenças devem convergir para uma ideia central); coerência (as frases devem atender aos princípios de um discurso lógico, com informações em quantidade e em qualidade suficientes para o interesse do leitor); coesão (as sentenças precisam de elementos linguísticos adequados como conjunções, pronomes, preposições etc.). A maioria dos parágrafos se estrutura em introdução, desenvolvimento e conclusão (macroestrutura do texto).

Exemplo: (Não há cidadania sem efetivo acesso à Justiça). Não há acesso à Justiça se esta apenas atende à parcela da população que consegue desfrutar os recursos mal distribuídos da sociedade de consumo. Não há acesso à Justiça se grande parte da população não detém os meios concretos para exercê-lo, e socorre-se de mecanismos primitivos de justiça privada, em que a violência converte-se no cenário do cotidiano. Não há acesso à Justiça quando o Estado se revela impotente para responder às demandas reais da sociedade, inclusive através de seu poder competente: o Judiciário (José Roberto Batochio, Folha de S. Paulo, 20/5/93).

O tópico contém a ideia-chave, apresentada de forma genérica; a seguir, especifica-se pela repetição da mesma frase "não há acesso à Justiça", por três vezes.