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Introdução de reportagem jornalística sobre a ascensão do funk e do hip-hop como cultura brasileira
Tipologia: Trabalhos
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Acadêmica: Lidia Diniz Fleming
“Sempre fui sonhador, é isso que me mantém vivo. Quando pivete, meu sonho era ser jogador de futebol, mas o sistema limita nossa vida de tal forma que tive que fazer minha escolha: sonhar ou sobreviver. Os anos se passaram e eu fui me esquivando do ciclo vicioso, porém, o capitalismo me obrigou a ser bem sucedido. Acredito que o sonho de todo pobre é ser rico. Em busca do meu sonho de consumo, procurei dar uma solução rápida e fácil pros meus problemas: o crime.” Assim é o início de “A vida é um desafio” do grupo de rap Racionais Mc´s. Em 2024, a canção alcançou quase 44 milhões de visualizações no Youtube e confirmou um dos maiores sucessos do rap brasileiro. Basta esse trecho para compreender a realidade de como os jovens de periferia convivem entre duas realidades distintas: a desigualdade social e a pobreza discrepante, e por outro lado, a ascensão oferecida pelo crime. Estilos musicais como o próprio rap, o funk e o samba, advindos de cultura negra, são frequentemente banalizados, criminalizados e discriminados por suas origens. Em 2017, o Senado rejeitou um projeto de lei que tinha como objetivo a criminalização do funk, mas ainda assim, teve um total de 21.985 assinaturas de apoio. A música periférica se trata de uma forma de expressão cultural e social, em que traz a representatividade de uma realidade e sentimentos de pessoas moradoras dessas regiões. É uma forma de demonstrar resistência e combater as desigualdades sociais tanto enfrentadas, além de ter um papel importante na transmissão dos valores, tradições e histórias que fortalecem a cultura da periferia. “Trabalhei em uma comunidade que era regida pelos comandantes do tráfico de drogas, lá os funks ostentação expressavam os sonhos daqueles meninos e meninas da periferia que só almejavam por uma vida melhor, assim como os funks chamados ‘proibidão’, em que as letras expõem a realidade do tráfico e almejo de estar em uma posição de visibilidade.” diz Elaine Cristina, assistente social. Atualmente, é possível perceber uma crescente popularização das batalhas de rimas, que atraem principalmente os jovens de periferia, pois encontram na arte de rimar uma forma de se expressar. “O jovem vai para a rua procurando algo, e lá ele encontra o hip-hop, a batalha de rima, o funk, o graffiti. Muita gente acha que ele vai procurar o ‘rolêzinho’, a
diversão, mas a verdade é que procuram algo que os acolham” diz Ana Luiza Wagner, mestre de cerimônia de batalhas de rap em Blumenau e fundadora do Podcast de Hip-Hop “De Mente Aberta”. O descaso governamental, a realidade da juventude que não consegue estudar por ser obrigada a trabalhar, a violência do Estado, a falta de condição de moradia e saneamento básico, além da realidade do racismo sofrido pelos jovens da periferia, são vivências diárias de um povo que não cansa de lutar para sobreviver, e a música veio para combater e resistir a toda essa negligência sofrida. "A batalha de rima, por exemplo, surgiu no objetivo de parar de morrer e começar a escrever. A batalha é uma escola, você aprende a se portar diante da sociedade, coisa que muita gente não recebe dentro de casa. Então, a cultura desses movimentos periféricos tem como princípio a educação comunitária e o combate às injustiças sociais que tanto sofrem" diz Ramon Lima, integrante do grupo blumenauense de rap “Quarto Cômodo”. Para transformar ainda mais esse estigma, é importante que possamos olhar ao redor e interpretar essa realidade que assombra tantas pessoas, e assim, começar a visualizar a música como uma oportunidade de impulsionar e dar voz a esses indivíduos que são diariamente calados por um sistema falho e preconceituoso. Conexão Lado Leste, Homicídio Verbal, Stellar MC e Paulo Drama são artistas blumenauenses que fazem esse papel de transformar a dor de uma realidade regional em funk, rap, trap e hip-hop. A música, independente do estilo, é arte, é história, é reinvindicação, é luta.