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Dedico este trabalho aos meus pais, Celise Mattiuci e João Carlos ... Figura 15: Acordes maiores e menores . ... CECI: Gosto de Pintinho amarelinho.
Tipologia: Notas de estudo
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Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Música da Universidade Federal da Paraíba como requisito parcial para obtenção do título de mestre em Música. Área de concentração Educação Musical. Orientadora: Dra. Maria Guiomar de Carvalho Ribas
Dedico este trabalho aos meus pais, Celise Mattiuci e João Carlos Mattiuci e a minha irmã Ana Carolina Mattiuci que sempre me incentivaram e me apoiaram em todos os momentos da minha vida.
“Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba E que ninguém a tente complicar Porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer”
(Oswaldo Montenegro)
O presente estudo trata de uma pesquisa de mestrado na área da educação musical no campo temático da aprendizagem musical em família. A pesquisa tem por objetivo geral compreender o processo de aprendizagem musical em família envolvendo mãe e filha, tendo por locus a aula particular de violão realizada na própria casa das participantes. O método adotado foi um estudo de caso em uma abordagem qualitativa por entender que esse método é próprio quando se quer interpretar um determinado contexto na sua complexidade e singularidade. Esta pesquisa tem como alicerce a sociologia da educação musical referindo-se as práticas musicais presentes neste estudo como um fato social, onde a música não deve ser descontextualizada do seu meio sociocultural. Além disso, esse estudo foi construído entendendo a família como um espaço potencial de aprendizagem musical. Assim, investiga questões referentes ao processo de aprendizagem musical no ambiente familiar, bem como o ensino de música em família em um contexto de aula particular de violão. O estudo revelou a forte existência da música neste ambiente familiar, articuladas aos diversos espaços sociais e culturais frequentados pelas alunas. Em relação à aula de violão, a pesquisa revelou que essa aula proporciona grandes influências musicais a todos os membros dessa família, por meio de uma aprendizagem silenciosa. Ademais, a aprendizagem musical também se revelou nos momentos de integração entre mãe e filhas, através das brincadeiras musicais realizadas durante as aulas, acentuando a presença da música nessa família.
Palavras-chave : aprendizagem musical em família; aula particular de violão; educação musical na família.
14 A pesquisa foi construída entendendo a família como um espaço potencial de aprendizagens musicais (GOMES, 2006, 2009; BOZZETTO, 2012, KRAEMER, 2000; SOUZA, 2004), bem como a primeira instituição de formação musical do indivíduo (FUCCI- AMATO, 2008; ILARI, 2013). Além disso, compreendendo o cenário da aula particular em casa como um espaço afetivo e desafiador para ensinar e aprender música (BOZZETTO, 2004). De abordagem qualitativa, o método adotado para realizar essa pesquisa foi o estudo de caso, haja vista que possibilita investigar um fenômeno contemporâneo visando atingir certa densidade compreensiva e analítica e por apresentar uma rica descrição de acontecimentos, pessoas e locais. Para a obtenção dos dados foram utilizadas observações das aulas e entrevista semiestruturada. Tais dados foram analisados a partir de categorias que foram surgindo ao longo do processo analítico, resultando na estrutura deste trabalho. O estudo teve como objetivo central compreender o processo de aprendizagem musical em família, no universo da aula particular de violão, envolvendo mãe e filhas. Para isso, teve como objetivos específicos: (i) identificar as práticas musicais presentes no espaço estudado; (ii) compreender em que medida o fato da aula de música ser em família, particulariza ou não esse processo de aprendizagem musical e (iii) entender as relações entre o espaço estudado e outros espaços das participantes. Para a realização dessa pesquisa a revisão de literatura consiste em estudos no campo da Educação Musical e da Educação, localizados através de sites acadêmicos como: Banco de Dissertações e Teses disponíveis na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Anais da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) e Revista da ABEM; Anais da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM) e Revista Opus da ANPPOM; Anais do site da Associação Nacional de Pós- Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED) e na Revista Brasileira de Educação. Essa consulta foi feita através das palavras-chave: aprendizagem musical em família; aprendizagem em família; aula em família; ensino particular (de música); aula particular (de música); aula em casa; aprendizagem em casa. Saliento que as buscas realizadas no campo da Educação Musical estão subdivididas em: Aprendizagem Musical em Família e Aula Particular de Música em Casa. Os trabalhos no campo da educação consultados trataram sobre a aula particular em casa e educação em família. Os estudos em educação musical que tratam sobre a temática aprendizagem musical em família estão mais voltados para a transmissão musical familiar, relativa às pessoas que já
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nascem em uma família onde a música é a principal atividade exercida por parte significativa de seus membros. Nesse sentido a tese de Gomes (2009) “Educação musical na família: as lógicas do invisível” revela práticas de transmissão e reprodução musical que se sustentaram em uma família de músicos ao longo de quatro gerações – a família Fonseca. De acordo com o autor, o conceito de prática educativo-musical não se restringe somente a apropriação e transmissão de conhecimentos musicais, mas também produz e reproduz os elementos culturais promovendo a continuidade ou descontinuidade da tradição musical familiar. Os resultados revelados nessa pesquisa de Gomes (2009) apontaram que a transmissão de aprendizagem musical familiar por ele pesquisada se dá por meio da prática musical e momentos de interação social. A maneira sutil de aprender, reveladas nas brincadeiras, nos momentos de lazer, observando os mais velhos tocar, supostamente acontecendo de modo “natural”, e também como uma construção social. De acordo com Gomes (2009), existia também uma variedade de estilos musicais presentes no ambiente familiar, sendo alguns estilos apreciados por uns e rejeitados por outros como, por exemplo, óperas que eram do gosto musical dos mais velhos, consideradas monótonas pelos jovens, já as músicas da mídia trazida por estes tendiam a ser rejeitadas pelos mais velhos. Entretanto, a pesquisa revelou que as músicas dessa família ouvidas em casa, foram, ao longo do tempo, tornando parte do gosto de cada um, mesmo aquelas que antes eram desprezadas. Assim como Gomes (2009), Fucci-Amato (2008) em seu artigo ressalta a família como “primeiro ambiente de musicalização do indivíduo”. Também baseada na sociologia da educação, a autora discute acerca da transmissão de saberes culturais na família e tem como objetivo analisar a “constituição cultural do ambiente familiar de oito músicos brasileiros” sendo eles: Almeida Prado, Carlos Gomes, Chico Buarque, João Bosco, Magdalena Tagliaferro, Milton Nascimento, Tom Jobim e Villa-Lobos. A análise é feita a partir da visão de Pierre Bourdieu sobre o conceito de “capital cultural”. De acordo com a autora, “a visão bourdieuniana considera que a posição do indivíduo com relação à cultura é condicionada pelo meio familiar” (p.407). Assim, as habilidades musicais são desenvolvidas originariamente na família contrariando a perspectiva do senso comum que considera essas habilidades como um “dom inato” a esses músicos. Os resultados revelaram que todos os músicos tiveram sua iniciação musical no seio familiar. Em sua maioria, os membros da família eram músicos e os principais influenciadores da iniciação musical dos músicos
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seu contexto socioeconômico, o envolvimento de outras pessoas além da família de origem nessa aprendizagem, as oportunidades e aprendizagens vividas em família e por fim a atuação profissional da dupla. A pesquisa de Bólico (2014) vai de encontro ao que Gomes (2006) discute em relação às oportunidades e aprendizagens vividas em família. Considerando que a aprendizagem musical acontece em diversos contextos sociais, essa autora buscou compreender as influências musicais, os processos de ensino e aprendizagem e as práticas musicais desenvolvidas pelos irmãos Bólico. A pesquisa revela um ambiente familiar carregado de influências musicais e de oportunidades para os membros dessa família quando crianças. Aqui não se fala da transmissão de aprendizagem de uma geração a outra, mas da prática musical a partir do incentivo dos pais. De acordo com Bólico (2014), os conhecimentos podem ser adquiridos espontaneamente no dia a dia. Neste trabalho, três modelos de aprendizagens musicais entre os irmãos Bólico foram mencionados: a autoaprendizagem, ocorrida através da observação de outros músicos e na troca de conhecimentos com o irmão; as mídias, onde o rádio era o meio de comunicação utilizado por eles quando sentiam a necessidade de escutar uma música para depois tocá-la; e por fim, a prática de conjunto, por meio de ensaios da banda realizada em suas casas, sendo os pais um dos principais apreciadores de música e incentivadores das práticas musicais dos filhos. Na literatura internacional, os trabalhos parecem estar mais voltados para a influência e o papel dos pais na aprendizagem musical dos filhos. A norte americana Andrea Creech (2010) em seu artigo Learning a musical instrument: the case for parental support busca identificar as maneiras construtivas pelos quais os pais apoiam seus filhos em relação à aprendizagem musical, para isso, verifica os tipos de pais e professores, a interação de pais e alunos e o envolvimento dos pais na aprendizagem de seus filhos no contexto de aula individual de violino. Através de uma abordagem quanti-qualitativa, trezentos e trinta e sete pais, professores e alunos fizeram parte desta pesquisa. Segundo a autora, os pais podem oferecer apoio comportamental na forma de acompanhamento e participação nas aulas, bem como adotar o papel de professor em casa. Nesta pesquisa o suporte parental se revelou nos estímulos e acompanhamento das atividades musicais dos filhos, como por exemplo, na organização das aulas de violino, assistir concertos, além de ouvir e discutir música em casa. De modo semelhante à Creech (2010), o artigo do norte americano McPherson (2009), intitulado The role of parents in children’s musical development discute acerca das interações entre pais e filhos e sua relação com a aprendizagem musical. Com base na
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psicologia da música, para este autor, estudar as interações entre pais e filhos é fundamental por entender que os pais desempenham um papel fundamental no desenvolvimento musical de seus filhos. O autor afirma que práticas parentais como, por exemplo, estar presente nas aulas de música auxiliando na prática e assistir concertos tem se revelados influências diretas sobre o desempenho musical das crianças. Outras práticas como falar e questionar sobre as aulas com seus filhos, assistir os estudos realizados em casa e comprar CDs e DVDs também são considerados importantes na aprendizagem musical das crianças. Para este autor, todo envolvimento dos pais na aprendizagem de seus filhos os torna mais competentes e autônomos. Conforme ele afirma, caso contrário, um envolvimento autoritário e a baixa participação dos pais podem produzir sentimentos de incompetência nas crianças. Alguns estudos que tratam sobre aulas particulares de música tem seu foco na atuação de professores de música, como a pesquisa de Requião (2001) que a partir da análise de enunciados e propagandas de “escolas alternativas” 2 , encontrou grandes semelhanças de anúncios com aulas particulares. Para a autora, aula particular é aquela em que há uma maior proximidade entre o professor e o aluno que definem juntos o local, o conteúdo, a carga horária e preço das aulas. Os resultados apontaram que os anúncios explicitam os perfis desses profissionais, delineados pelo tipo de repertório, conteúdo, metodologia e flexibilidades (horário, local, idade, dentre outros). Indo de encontro à discussão de Requião (2001) acerca da atuação profissional dos músicos, Oliveira, Santos e Hentschke (2009) apresenta uma survey realizada com cento e quatro professores de piano da cidade de Porto Alegre/RS que revela que os locais de atuação mais destacados pelos professores são: suas próprias casas (62%), escolas de música (48%) e a casa dos alunos (43%). De acordo com as autoras, os números apresentados revelam que tais espaços de ensino e aprendizagem ditos informais são bastante significativos, além disso, para alguns professores entrevistados, essa procura por aulas particulares se dá em função da escassez de escolas de música nesta cidade, além de, em sua maioria, ter um preço mais acessível. Sobre as práticas de atuação nesse campo, Bozzetto (2004) em sua pesquisa analisa o ensino particular de música – especificamente o piano – tendo como foco as histórias e percursos realizados por professores desse instrumento, centrado na profissão “professor particular”. Como a autora coloca, o ensino particular de música é responsável por uma parte
(^2) Para esta autora, “escolas alternativas” são todas as escolas cujos professores não necessitam ser concursados, pois seu mérito docente é justificado pela atuação como músico.