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Rodrigo sancarlo apresenta seu ep de música popular intitulado 'pós-operatório'. Este documento reflete sobre a interpretação crua dos sentimentos retratados nas canções compostas durante a pandemia de covid-19. O autor aborda temas como a relação entre o passado e o presente, a identidade, o poder da música e a comunicação.
Tipologia: Notas de estudo
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Rodrigo dos Santos Carlosso
Porto Alegre 2022
Rodrigo dos Santos Carlosso
Projeto de Graduação em Música Popular apresentado ao Departamento de Música do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Música. Orientadora: Profa. Dra. Luciana Prass Porto Alegre 2022
Às pessoas amadas que partiram cedo demais… Vocês não serão esquecidas...
A vida é marcada por uma série de improbabilidades que nem o mais perito dos improvisadores pode entender. Agradeço todos os dias pelo universo ter me presenteado com a família mais incrível que eu poderia querer. À minha mãe, Ivana, que, desejando ou não, é sempre a primeira pessoa a ouvir meu trabalho. Teu amor amplifica a força da minha voz. Aos meus irmãos e cunhadas que, de alguma forma, seguem me apoiando incondicionalmente. E a meu amado pai, Ariovaldo, onde quer que estejas, te sinto presente toda vez que canto. Amo vocês para sempre. Aos melhores amigos que um homossexual poderia ter, Joselaine, Victória, Gaia e Bruno. Considero-me um sujeito de sorte, vocês deixam a vida mais leve. Sempre digo que espero poder ser recíproco em integralidade à amizade que me é confiada, então vou continuar me esforçando “pra” deixar vocês orgulhosos. Ainda vou dar muito orgulho pra vocês, “velhas”! À minha orientadora e uma das inspirações profissionais, Profª. Drª Luciana Prass, obrigado pela paciência e pelo amor que dedicas à profissão. O mundo precisa de mais professores assim.
Este Projeto de Graduação em Música Popular consiste na gravação do EP “Pós-Operatório”, com seis canções de minha autoria, e no memorial descritivo de sua produção. O EP e o material reflexivo sobre sua feitura buscam a interpretação crua dos sentimentos aos quais os diversos “eu-líricos”, retratados nas canções que compus, foram submetidos durante o período conhecido como “ Coronavirus disease (COVID-19) pandemic”. Os temas que permeiam as líricas das canções são: a tragédia, o luto, a alienação e a reação, uma vez que entendo que a Sars-Cov , sozinha, não seria responsável pela morte de mais de 660.000 brasileiros, e que houve um conjunto de fatores potencializadores e influenciados pela execução plena de um planejamento necropolítico, bem como pela alienação dos cidadãos. Palavras-chave: Música Popular; Música e pandemia de COVID-19; Canção popular, Composição de canção.
Quando eu te vi, Eu tirei o meu capuz. Agora com você perguntando o meu nome, Vou te dizer o meu sobrenome: ” Como eu não lembrava direito da música, pois nunca havia assistido à essa novela, já que preferia ficar assistindo cartoons e animes que passavam no cartoon network , improvisei esses versos em ritmo e melodia quaisquer até que cheguei às frases seguintes: “Santos, meu sobrenome é Santos! (Santos), e com você eu vou pro canto” E com você eu vou pro canto! E a minha vida é tão feliz! Quando eu faço pipi, As árvores começam a voar! É o milagre de uma vida, Eu começar a viver, Com você e eu: Nada pode nos separar (tudududum )” Afinal, por que árvores estariam voando? Não seria melhor “as aves”? Só sei que eu deveria estar feliz e risonho, pois o que vem a seguir é uma brincadeira rítmica com a tentativa de imitar a canção anteriormente citada: “o-o-o o meu nome é Rodrigo, Meu so-so-so sobrenome é Rodrigo, E-e-e não esqueça nunca: É pra você meu coração! É pra você meu coração É pra você meu coraçãããão!” O que procuro trazer com esse caso são minhas influências primárias durante o período de formação da minha personalidade: aberturas de programas infantis são parte de um gênero musical bem presente na minha memória, principalmente no
aspecto aberturas de animes que, dependendo do gênero da animação japonesa, podem falar sobre querer se tornar o melhor que se pode ser ( Temos que Pegar – Pokémon ), sobre mudar o mundo com nossas ações ( Mudar o Mundo – Inuyasha ), iluminar espaços escuros com o pulsar de nossos corações durante lembranças de uma pessoa amada ( Sorriso Resplandecente – Dragon Ball GT ) e um tema que gira em torno de quase todos os desenhos que amo: autoaceitação e esforço para superar obstáculos, antes enormes muralhas, hoje, pacíficas planícies. Consigo entender o porquê de me encantar com essas temáticas atualmente: a criança LGBTQIA+, quando não contemplada em sua integralidade, pode se sentir solitária, excluída e, não se entendendo pertencente a um mundo que possa devolver todo o potencial de amor que ela tem, desejar a morte, não querer mais fazer parte do espaço onde habita. Ter, nem que seja em formato de canção, uma voz que vá contra esses pensamentos tão violentos é, sobretudo, uma força de sobrevivência que artistas são capazes de passar para as novas gerações que os escutam. Eu tenho certeza que um dos pilares que sustentam a minha arte diz respeito à resiliência e inclusão, pois aprendi que quando nos tornamos versões melhores de nós mesmos podemos resgatar pessoas queridas que, por algum motivo, estão perdidas ( Pelo Mundo – Cavaleiros do Zodíaco ). 1.1 A família Meus pais, através de suas próprias vivências, construíram amplos horizontes para meu pensamento. Se meu pai era a “alma da festa” onde quer que estivesse, minha mãe, também muito risonha e amorosa era (e é), por sua vez, mais contida. Não por ser tímida, mas por querer preservar sua imagem. Ambos sempre foram muito verdadeiros em suas relações com a sociedade e me ensinaram a não ter medo do trabalho, desde que fosse honesto. Sempre ouvi que: “é preferível conseguir deitar e dormir à noite sabendo que não se está fazendo mal a ninguém, do que conquistar grande riqueza roubando outras pessoas”. Meu pai tentou se candidatar a vereador da cidade de Canoas, mas ao se deparar com um bastidor corrupto em seu partido, decidiu que não queria compactuar com aquilo e abandonou a breve carreira política, deixando claro em mim que não é porque uma parcela da sociedade te requer ilegalidades, que tu deves concordar e acatar a elas. Minha mãe, irmã mais velha de outros seis irmãos, todos homens, conta a nós, seus filhos, os sacrifícios que meus avós faziam para manter as necessidades básicas da
onde tocava violão e alegrava todos a seu redor, assim como recebia cuidado das empregadas domésticas, Iara, Lu, Teka e Liege, o próprio bar (que já não existe mais) onde eu auxiliava minha madrinha com o atendimento ao público e enxergava minha dinda limpando até uma da madrugada para abrir novamente às seis da manhã do dia seguinte; e o período nos anos finais da infância, pré-adolescência e adolescência, onde eu ficava sozinho em casa, atento às informações inestimáveis que a internet poderia fornecer a um pré-adolescente ( Youtube^6 e Orkut^7 ). Cada uma dessas esferas tempo-espaciais, com certeza, influenciaram o meu modo de tratar com o público - uma vez que eu mesmo não me considero uma pessoa que, ainda que seja extrovertida, goste de viver em grande sociedade, preferindo estar na companhia de poucos, seletos e verdadeiros amigos ou no isolamento de um quarto ou em fones de ouvido - pois evidenciaram como eram as relações intra e interpessoais num ambiente social, íntimo-afetivo e comercial. Enxergar como as pessoas se tornam mais receptivas a comunicar e receber informações quando estão confortáveis, recebendo afeto ou buscando um produto de uma pessoa “xis”, fez-me perceber o poder da música, principalmente da canção, em facilitar a transmissão de uma mensagem e “conversar” com qualquer pessoa, principalmente com aquelas que estão isoladas em algum lugar. Creio que a minha maior alegria em compor é poder ter esse diálogo com as pessoas que escutarem minhas músicas, e o Pós-Operatório, EP que está sendo desenvolvido e material de pesquisa deste Projeto de Graduação em Música Popular, ainda que em uma linguagem mais direta e afiada, tem essa função de provocar, minimamente, alguma reflexão nos ouvintes. 1.2 O Pós-Operatório O “Pós-Operatório” surge da palavra “operação”, a qual é definida por dicionários como “um substantivo feminino que explica a ação de um poder, de uma faculdade ou de um agente que venha a produzir um efeito específico; o conjunto de meios que se combinam para obter um resultado^8 ”. Transformada pelo prefixo “pós”, “exprime a noção de momento posterior” ou “exprime a noção de localização ou (^8) Disponível em: https://brasilturis.com.br/operacao-o-que-e-o-que-e/. Acesso em: 15 mai. 2021. (^7) Rede social filiada ao Google, criada em 24 de janeiro de 2004 e desativada em 30 de Setembro de 2014 (^6) Plataforma de compartilhamento de vídeos com sede em San Bruno , Califórnia, criada em fevereiro de 2005.
espaço posterior^9 ”. Fica definido assim que: “o pós-operatório é o período em que o paciente necessita de cuidados especiais até a sua total reabilitação^10 ” (grifos meu). Busca-se, então, dentre outros cuidados, o repouso e o controle da dor. O EP, com esse nome, busca a interpretação crua dos sentimentos aos quais os diversos “eu-líricos”, retratados nas canções que compus, foram submetidos durante o período conhecido como “ Coronavirus disease (COVID-19) pandemic” , como declara a Organização Mundial da Saúde (who.int). Conta com 6 canções autorais. Os temas que permeiam as líricas deste trabalho são: a tragédia, o luto, a alienação - uma vez que entendo que a Sars-Cov , sozinha, não seria responsável pela morte de mais de 660 mil brasileiros, e que houve um conjunto de fatores potencializadores e influenciados pela execução plena de um planejamento necropolítico (Mbembe, 2003), bem como pela alienação dos cidadãos - e a reação. As canções sofrem influências do Pop mundial, da Música Popular Brasileira, no que tange à chamada “música de protesto”, do Rock, da balada - gêneros musicais cuja audição foi primariamente possibilitada por meus pais e irmãos - e do trabalho de canto coral, prática musical que me é de profundo interesse. Para a gravação das canções, optei pelo uso de timbre de grand piano no teclado que captei por intermédio do Reaper e estudarei a criação de conjuntos de cordas para serem incluídos em algumas baladas, se o resultado for plenamente satisfatório. Ao ser questionada por mim, por correio eletrônico, sobre a definição de “eu-lírico”, a cantora e professora Caroline Soares de Abreu^11 disse que: [...] o conceito de “eu-lírico” é tão largamente utilizado em literatura, que nem me ocorre primeiramente quem cunhou esse conceito. Eu-lírico é a persona que dá voz a um poema, e, extensivamente, à canção, e não necessariamente representa o que sente; pensa; diz o autor ou compositor. [...] Para a análise da canção, se usa assim como na literatura (Caroline Abreu, comunicação pessoal via email em 15/10/2021). Fica acordado, assim, o conceito de eu-lírico buscando elucidar principalmente o capítulo 2 deste estudo, no qual abordarei, dentre outros aspectos, minha visão a respeito do sentido poético das canções. (^11) Caroline Abreu, cantora, é professora no Departamento de Música do Instituto de Artes da UFRGS desde 2007. Atua principalmente nas disciplinas do curso de Bacharelado em Música Popular, como Prática Musical Coletiva e Análise da Canção. Possui graduação em Letras - Licenciatura em Inglês e Música - Bacharelado em Canto, mestrado em Letras - Linguística e doutorado em Literatura Brasileira, com ênfase em Canção Popular Brasileira, todos os graus obtidos na UFRGS. (^10) Disponível em: http://blanchospital.com.br/blog/5-cuidados-para-o-seu-pos-operatorio. Acesso em: 15 mai. 2021. (^9) Disponível em: https://dicionario.priberam.org/p%C3%B3s. Acesso em 15 mai. 2021.
denominações desses povos, impondo-os uma denominação generalizada, estavam tentando quebrar as suas identidades com o intuito de os coisificar/desumanizar”. Nego Bispo ainda afirma em seu livro que os processos denominados por ele, no segundo capítulo, como “guerras da colonização”, nunca cessaram no território nacional. Ao contextualizar Caldeirões (p. 56), Canudos (p. 58) e Pau de Colher (p.
demonstrou ter força para tal, e, como Nina Simone lembrou a todos: “no que me diz respeito, o dever de um artista é o de refletir os tempos”^14 (tradução minha). (^14) Nina Simone: An Artist's Duty. Acessado em 26 de fevereiro de 2022 através do link: < https://www.youtube.com/watch?v=99V0mMNf5fo>.
escrevo esse trabalho de conclusão de curso, terem morrido mais de 660 mil pessoas amadas que deixaram aproximadamente 5.500.000 enlutados^15. Sempre pensei que se eu fizesse um show e apenas uma mosca comparecesse, essa mosca teria o maior espetáculo que eu pudesse oferecer a ela. Esse pensamento está inteiramente conectado ao meu fazer artístico, e assim enxergo também este EP: se eu puder ter esse diálogo com ao menos uma pessoa, e essas músicas puderem provocar algum tipo de movimento interno nela, creio que estarei exercendo meu dever enquanto artista. Obviamente, se mais pessoas ouvirem, ficarei até mais feliz! Se eu puder pagar minhas contas com meu trabalho, então, será o suprassumo! Brincadeiras (com pinceladas de verdade) à parte, quero falar sobre dores, potencializar curas e, principalmente, não deixar que genocídios como este sejam esquecidos, a fim de que não repitamos esses erros no futuro. 2.1. Pós-Operatório^16 Bm Deu na televisão, F#/Bb A morte do João, D/A E/B Um inocente, o desespero pra comprar o pão... G/B C# F#/A# Bm Você não percebeu? Sua mente adormeceu... Bm E pra quem disse não: F#m/A Mas que decepção… D#°/A E/B Os olhos secos transtornados, Em negação. G/B O azar foi meu, C# F#/A# Bm O tempo já correu.. (^16) Disponível em https://drive.google.com/file/d/1emRo-qyQIOqAhnp1Mhp8nPSG066NGjvG/view?usp=sharing. (^15) Conforme informações disponibilizadas pelo site Em Luta, através do endereço emluta.org.br, acessado em 06/11/2021 às 14:49.
Bm D/A É pra quem tem dinheiro não desorientar, G Se estamos no mesmo barco, G#° Quão imenso é o mar? Bm7 Bm(7M) Bm Quem é que vai remar? Quem vai te segurar? Bm Usando tuas vendas, D/A Nesse contrapor, G G#° Nesse Pós-operatório retirar o tumor, Bm Quem é que vai morrer? Bm(7M) Bm Quem finge que não vê? Improvisação I ||: Bm | Bm/A | Bm/G | Bm/F# :|: Bm/D | Bm/E | Bm/F | Bm/F# :|| 2x Bm Deu na televisão: F#/A# Maria não vem não! D/A E/B A vida sob um fio: entubada no salão. G/B Cristina chora: C# F#/A# Bm Matou a mãe que tanto adora. Bm Tu não percebe, “tchê”? F#m/A Nesse jogo de “quem não vê”? D#°/A E/B Vivendo da mentira que encaminham pra você!