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Nulidade de Cláusula em Contrato de Consórcio: Receita Federal e Abuso de Poder, Trabalhos de Direito Civil

Uma ação judicial proposta por uma pessoa física (suplicante) para declarar nula uma cláusula específica (nº 46) de um contrato de consórcio, que dispõe sobre a não incidência de correção monetária na devolução de parcelas pagas. O caso se refere a um veículo adquirido em 1990, cujas parcelas aumentaram astronomicamente, forçando a suplicante a abandonar o grupo e solicitar a devolução dos pagamentos anteriores. O documento discute os motivos legais e factuais que justificam a nulidade da cláusula, incluindo a desproporção entre os aumentos de parcelas e os rendimentos do solicitante, a intenção potestativa da cláusula e a impossibilidade de se obrigar a pagar e receber cotas sem juros ou correção monetária no brasil. O documento também cita dispositivos legais relevantes, como o código civil brasileiro e a portaria nº 330 do ministério da fazenda.

Tipologia: Trabalhos

Antes de 2010

Compartilhado em 05/01/2024

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aparecida-batista-2 🇧🇷

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AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA E
RESTITUIÇÃO DE CRÉDITO
O autor se retirou do grupo de consórcio e requer a
declaração de nulidade de cláusula que dispõe sobre a não
incidência de correção monetária na devolução das parcelas
pagas.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .... ª
VARA DA COMARCA DE ....
...................................., (qualificação), residente e domiciliado na
Rua .... nº ...., por seu procurador e advogado ........., (qualificação),
com escritório profissional na Rua .... nº ...., onde habitualmente
poderá receber intimações e notificações, com fundamento no artigo
275, inciso I, do Código de Processo Civil Brasileiro, vem à presença
de Vossa Excelência para propor como de fato propõe:
AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL
CUMULADA COM RESTITUIÇÃO DE CRÉDITO
contra ......................................, (qualificação), com sede na Rua .... nº
...., na pessoa de seu representante legal, pelos seguintes motivos de
fato e de direito a seguir expostos:
DOS FATOS
1. Através dos inclusos documentos constituídos da proposta de
Adesão ao contrato Padrão sob o nº ...., a Suplicante ingressou como
consorciada no grupo ...., cota .... em .... de .... de ...., que prevê a
entrega de objeto do consórcio, um veículo, marca ...., modelo ....,
tipo ...., sob administração da ...., conforme o contrato formulário de
adesão.
2. Durante alguns meses a Requerente efetuou os pagamentos
concernentes as parcelas do grupo em que estava sem nenhum
problema.
3. Acontece, porém, que os valores das parcelas a partir do mês de
setembro de 1990, aumentaram astronomicamente, impossibilitando
a Suplicante de continuar efetuando os pagamentos das cotas.
4. Até a presente data, a Requerente efetuou pagamento de .... cotas
do grupo, mais os reajustes de caixa, totalizando a importância supra
de R$ ...., estando amortizado até o presente momento o equivalente
a ....
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AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA E

RESTITUIÇÃO DE CRÉDITO

O autor se retirou do grupo de consórcio e requer a declaração de nulidade de cláusula que dispõe sobre a não incidência de correção monetária na devolução das parcelas pagas. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA .... ª VARA DA COMARCA DE .... ...................................., (qualificação), residente e domiciliado na Rua .... nº ...., por seu procurador e advogado ........., (qualificação), com escritório profissional na Rua .... nº ...., onde habitualmente poderá receber intimações e notificações, com fundamento no artigo 275, inciso I, do Código de Processo Civil Brasileiro, vem à presença de Vossa Excelência para propor como de fato propõe: AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONTRATUAL CUMULADA COM RESTITUIÇÃO DE CRÉDITO contra ......................................, (qualificação), com sede na Rua .... nº ...., na pessoa de seu representante legal, pelos seguintes motivos de fato e de direito a seguir expostos: DOS FATOS

  1. Através dos inclusos documentos constituídos da proposta de Adesão ao contrato Padrão sob o nº ...., a Suplicante ingressou como consorciada no grupo ...., cota .... em .... de .... de ...., que prevê a entrega de objeto do consórcio, um veículo, marca ...., modelo ...., tipo ...., sob administração da ...., conforme o contrato formulário de adesão.
  2. Durante alguns meses a Requerente efetuou os pagamentos concernentes as parcelas do grupo em que estava sem nenhum problema.
  3. Acontece, porém, que os valores das parcelas a partir do mês de setembro de 1990, aumentaram astronomicamente, impossibilitando a Suplicante de continuar efetuando os pagamentos das cotas.
  4. Até a presente data, a Requerente efetuou pagamento de .... cotas do grupo, mais os reajustes de caixa, totalizando a importância supra de R$ ...., estando amortizado até o presente momento o equivalente a ....

5.Entretanto, em face da desproporção entre os aumentos das parcelas e os seus rendimentos, a Autora, não possuindo mais condições de manter em dia os pagamentos do seu grupo, foi forçada a comunicar à Suplicada a sua desistência do grupo em virtude dos elevados aumentos dos valores das cotas, que seriam pagas mensalmente.

  1. A referida desproporção supra aludida pode facilmente ser comprovada através do extrato fornecido pela suplicada.
  2. A Requerente após sua desistência do grupo solicitou a devolução das cotas e os reajustes de caixa pagos ao preço do dia ou equivalente ao percentual pago, sob pena de ficar o requerido sujeito às medidas judiciais.
  3. Em resposta o Réu negou-se efetuar a dita devolução atualizada, pois se a fizesse infringiria a cláusula 46º do contrato formulário de adesão firmado entre as partes contratantes.
  4. A respeito, reza a cláusula 46º do contrato formulário de adesão: O participante que desistir do consórcio, ou que dele for excluído, inclusive seus herdeiros ou sucessores, receberão de volta as quantias já pagas, sem juros ou correção monetária, dentro de 30 (trinta) dias do encerramento das operações do grupo, deduzida a taxa de administração e acrescida do saldo remanescente no fundo de reserva, proporcionalmente às contribuições recolhidas.
  5. No caso em tela, trata-se de consorciado não contemplado e o grupo a que pertence já encerrou a sua operação.
  6. A negativa da devolução devidamente atualizada do total amortizado é que obrigou a Suplicante a procurar abrigo no Poder Judiciário: DOS MOTIVOS E FUNDAMENTOS QUE GUARNECEM O PEDIDO DO AUTOR.
  7. Diz o artigo 115 do Código Civil Brasileiro vigente: "São lícitas, em geral, todas as condições que a lei não vedar expressamente. Entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o ato, ou o sujeitarem ao arbítrio de uma das partes."
  8. Por outro lado, é inegável que a condição imposta pela cláusula 46º do contrato formulário de adesão o foi com intuito puramente potestativo, impedindo a vontade séria de se obrigar por parte do

pela inflação astronômica, que girava em torno de 15% ao mês, caracterizando um locupletamento indevido e sem causa por parte da administradora, que usou a importância pecuniária paga pelo Suplicante, para a aquisição dos bens do consórcio e, além do mais, com o fundo de reserva que todos pagam, faz aplicação no mercado financeiro, percebendo de tais aplicações a correção monetária. Este rendimento não é repassado aos consorciados.

  1. Vale a pena ressaltar que as quotas dos desistentes são revendidas a terceiros que continuam pagando as cotas normalmente e as que já foram pagas pelos desistentes serão pagas no final do plano por quem substituir o desistente, pelo valor da última quota que automaticamente está corrigida diante do valor atualizado do bem. Tal fato demonstra que não ocorrerá nenhum prejuízo à administradora. Há que se salientar, ainda, que no contrato formulário de adesão dos consorciados, não se lê em nenhuma de suas cláusulas, linha ou entrelinhas, qualquer cláusula penal, fato este, só vem a favorecer o direito do consorciado em receber os valores pagos, descontando a taxa de administração, sem juros e correção monetária.
  2. Acerca dos abusos existentes dos contratos formulário de adesão, mister é lembrar a lição de ARNOLDO WALD In Estudo e Pareceres do Direito Comercial, Ed. RT. 1970: a) "As peculiaridades do contrato de adesão ensejam uma desigualdade entre os contratantes, que cabe ao Poder Judiciário, sempre que possível, interpretando o contrato em favor do aderente nas cláusulas ambíguas e impedindo as distorções abusivas, oriundas de condições impostas ao aderente." b) "Assim, em vez de admitir a presumida igualdade das partes contratantes, é preciso, em relação ao contrato de adesão, atender a situação peculiar do aderente, ao qual não é oferecido o ensejo de discutir as cláusulas contratuais, devendo, pois o mesmo contar com a proteção especial do legislador e do Poder Judiciário. A doutrina do eminente Magistrado ARNALDO RIZZARDO" (In Contrato de Consórcio, Seleções Jurídicas ADV/COAD, Março de 1988, p. 07) bem dimensiona o caso em tela: RT. 675/192 e 670/97. "Em suma, de uma parte a administradora impõe cláusula autorizando-a a fazer a devolução só depois de certo tempo, sem qualquer autorização, de outra, ela efetua a revenda pelo preço faltante e atualizado. Como ressalta, as partes não são consideradas em igualdade de condições. Ademais, a forma de agir da patrocinadora, se contrato com tais cláusulas, cria uma situação totalmente injusta, eis que

impõe estipulação favorável unicamente a ela, infringindo o artigo 115 do Código Civil. Retendo o valor por ela determinado período, e devolvendo de modo incompleto, pois defasado pela inflação, está se locupletando indevidamente ou sem causa."

  1. Assim, bem claro, está a potestavidade da cláusula em questão, sendo evidente a sua nulidade. Na verdade a atualização do valor pago não importa ônus ao Requerido visto que objetiva tão somente corrigir os valores pagos; DO PEDIDO Diante do exposto, decalcado nos dispositivos legais mencionados, bem como nos demais aplicáveis na espécie a Suplicante solicita de Vossa Excelência: REQUER: a) Que seja designado dia e hora para realização da audiência de instrução e julgamento; b) Feita a designação supra, deverá o suplicado ser citado para nela comparecer, querendo, "ex vi" do disposto no artigo 278 do Código de Processo Civil Brasileiro, podendo oferecer, na mesma, defesa escrita ou oral e produzir as provas que tiver, naturalmente que se dentre elas houver depoimento de testemunhas, o rol desta deverá ser depositada em Cartório 48 horas antes do dia designado para a audiência de instrução e julgamento; c) Pede que a citação seja feita por carta do Sr. escrivão, nos termos do artigo 222 do Código de Processo Civil Brasileiro; d) Seja declarada a nulidade da cláusula nº 46 (quarenta e seis); e) Seja condenado o Réu ao pagamento de 04 (quatro) quotas e mais os reajustes de caixa ao preço do dia correspondente a .... % do veículo .... f) Não sendo este o entendimento de Vossa Excelência, concernente ao pedido supra, seja condenado o Suplicado na devolução das quantias pagas acrescidas de juros moratório à taxa legal, desde da data dos pagamentos e correção monetária, contadas das datas dos pagamentos efetuados; g) Prova-se o alegado por todos os meios em direito admitidos, notadamente pela documentação inclusa e depoimento pessoal do Requerido sob pena de confesso, bem como pelos demais meios que