



Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Prepare-se para as provas
Estude fácil! Tem muito documento disponível na Docsity
Prepare-se para as provas com trabalhos de outros alunos como você, aqui na Docsity
Os melhores documentos à venda: Trabalhos de alunos formados
Prepare-se com as videoaulas e exercícios resolvidos criados a partir da grade da sua Universidade
Responda perguntas de provas passadas e avalie sua preparação.
Ganhe pontos para baixar
Ganhe pontos ajudando outros esrudantes ou compre um plano Premium
Comunidade
Peça ajuda à comunidade e tire suas dúvidas relacionadas ao estudo
Descubra as melhores universidades em seu país de acordo com os usuários da Docsity
Guias grátis
Baixe gratuitamente nossos guias de estudo, métodos para diminuir a ansiedade, dicas de TCC preparadas pelos professores da Docsity
instrumentos cirúrgicos curetas
Tipologia: Esquemas
1 / 5
Esta página não é visível na pré-visualização
Não perca as partes importantes!
Renato de Vasconcelos Alves* Saulo Cabral dos Santos** Ianne Alencar de Araújo*** Cácio Lopes Mendes*** Maria Leonor Reis Costa*** Luana Costa Villas-Bôas***
*Professor adjunto da Disciplina de Periodontia – Faculdade de Odontologia de Pernambuco, FOP-UPE; Coordenador do Curso de Especialização em Periodontia – ABO/PE. **Professor do Curso de Odontologia – Universidade Federal de Pernambuco, UFPE; Professor convidado do Curso de Especialização em Periodontia – ABO/PE. ***Especialistas em Periodontia e membros do Corpo Docente Clínico do Curso de Especialização em Periodontia – ABO/PE.
A comprovação da relação direta entre o acúmulo do biofilme e a instalação de gengivite em humanos^1 foi marco decisivo para o conceito de terapia periodontal que seguimos até os dias de hoje, focado no combate aos mi- crorganismos envolvidos nos processos de saúde e doença periodontal. Vários estudos clínicos controlados têm demonstra- do que a instrumentação periodontal reduz a inflamação gengival e a profundidade de sondagem e resulta em ga- nho de inserção clínica em pacientes com periodontite2-^. Sobre este tema, uma importante revisão^4 sobre o assunto estimou que a média de redução da profundidade de son- dagem para bolsas periodontais rasas (1 mm a 3 mm), mo- deradas (4 mm a 6 mm) e profundas (> 7 mm) seria, respec- tivamente, 0,03 mm, 1,29 mm e 2,16 mm. Já com relação ao nível de inserção clínico, para os sítios com profundidade de sondagem inicial considerada moderada e profunda, ocorre um ganho médio de 0,55 mm e 1,29 mm, respectivamente. Assim, a terapia não cirúrgica resulta na manutenção dos níveis ósseos, ocorrendo limitado preenchimento em de- feitos intraósseos. Tem-se demonstrado que a raspagem e o alisamento radicular são efetivos na alteração da micro- biota subgengival tanto qualitativamente (anaeróbios para
aeróbios, Gram-negativo para Gram-positivo, espiroquetas e bastonetes móveis para cocos) quanto quantitativamen- te 5. Por outro lado, também está documentado que a ma- nutenção periódica com controle profissional do biofilme resulta em retorno das bactérias periodontopatogênicas em níveis elevados em um curto espaço de tempo, ocasio- nando recidiva da doença periodontal6-^. A raspagem e o alisamento radicular podem ser reali- zados com uma variada gama de instrumentos, tais como: manuais, sônicos, ultrassônicos, rotatórios e de movimen- to alternado, sendo as curetas e os aparelhos ultrassôni- cos os de uso mais rotineiro na prática clínica. As curetas, instrumentos que possuem uma lâmina como ponta ativa, em forma de colher, apresentam diferentes angulações e comprimentos de haste, de acordo com seu modelo. Há, inclusive, curetas com hastes mais alongadas e pontas ativas de menor diâmetro destinadas especialmente à instrumen- tação de bolsas mais estreitas e profundas (curetas MiniFi- ve, HuFriedy, Chicago, IL, EUA). Atualmente, também foram desenvolvidas pontas especiais para aparelhos ultrassônicos com o mesmo objetivo das curetas MiniFive^9 (Figuras 1 e 2). Os instrumentos ultrassônicos caracterizam-se por re- moverem os depósitos bacterianos do ambiente subgengi- val por meio da vibração de sua ponta ativa, decorrente de expansão e contração do inserto causada pelo campo eletro-
magnético. Em geral, a vibração da ponta ativa de um apare- lho ultrassônico varia entre 18.000 e 45.000 Hz (Figuras 3 e 4). Os estudos clínicos clássicos, que documentaram a efi- cácia da terapia periodontal, foram desenvolvidos com ins- trumentos manuais10-11. Contudo, a partir dos anos 1990, alguns autores12-13^ demonstraram que o tempo gasto na ins- trumentação ultrassônica pode ser reduzido em relação ao uso de instrumentos manuais para a mesma finalidade, bem como o acesso em bolsas profundas e áreas de furca^14. Des- te modo, a maioria dos periodontistas lança mão de instru-
mentos ultrassônicos também para a raspagem subgengival, refinando o procedimento com instrumentos manuais, que notadamente possibilitam maior sensibilidade táctil. O entendimento dos princípios biológicos da terapia mecânica e das características dos instrumentos manuais e ultrassônicos é essencial para que se possa comparar os dois tipos de instrumentação, em relação a efetividade da instrumentação, perda de estrutura dental, efeitos sobre a superfície radicular, acesso às áreas de furca e perda de in- serção imediata.
Figura 4 – Raspagem subgengival feita sob refrigeração e preferencialmente sem que a ponta do inserto seja aplicada perpendicularmente à superfície radicular, devendo o posicionamento ser similar ao adotado na raspagem manual.
Figura 1 – Instrumentação com cureta Gracey 5-6. Importante obedecer sempre o preceito de inserir o instrumento com a porção terminal da haste estando paralela ao longo eixo do dente.
Figura 2 – Diferenças entre as dimensões das pontas ativas da cureta tipo Gracey 5-6 convencional e minicureta tipo Gracey 5-6 (MiniFive).
Figura 3 – Aparelho ultrassônico com inserto para instrumentação periodontal. A raspagem com ultrassom deve ser feita sempre sob refrigeração, como visto na figura.
Outro fator relacionado às diferenças de acesso em áreas de furca diz respeito à profundidade de sondagem. Comparando o uso das curetas manuais e do aparelho ul- trassônico com pontas convencionais e com pontas espe- cífi cas para regiões de furca, foi detectado que, para bolsas com profundidade de sondagem de até 2 mm, os três mo- delos de raspadores foram igualmente eficazes, mas quan- do a bolsa ultrapassa os 2 mm, a ponta modifi cada para furcas apresentou melhores resultados^35. Deste modo, pa- rece razoável considerar que, de modo a se conseguir uma raspagem adequada nos defeitos de furca, as duas modali- dades de instrumentação (manual e ultrassônica) devem ser utilizadas em conjunto^36.
Apesar de os trabalhos longitudinais terem sempre revelado bons resultados da instrumentação periodontal, independente do tipo de instrumento utilizado, com um trabalho clássico^37 surgiu uma informação importante para o estudo do tratamento da doença periodontal. Neste estudo, os pacientes selecionados foram submetidos à instrumen- tação periodontal com acesso cirúrgico em um quadrante, enquanto que, no quadrante contralateral, a instrumenta- ção periodontal foi feita sem afastamento de um retalho. O principal detalhe é que a terapia periodontal foi realizada independente das medidas de profundidade de sondagem ou nível clínico de inserção. Os resultados revelaram que o tratamento resultou em perda de inserção clínica em bol- sas inicialmente rasas; já os sítios com bolsas inicialmente mais profundas apresentaram ganho de inserção clínica, isto é, bolsas com profundidades de sondagem menores que 2,9 mm, em média, apresentaram perda de inserção ao lon- go do tempo de avaliação; quando foi realizada a cirurgia para descontaminação radicular, o limite de profundidade de sondagem para que houvesse ganho foi de 4,2 mm, em média. Estes valores médios de 2,9 mm e 4,2 mm são consi- derados os valores de “profundidade crítica de sondagem”. Esta informação suscitou uma dúvida: a instrumen- tação periodontal pode ser traumática em algumas situa- ções? Em outro estudo, foram examinadas as alterações histológicas produzidas por repetidas sessões de raspagem e alisamento radicular em sítios com baixas profundidades de sondagem em macacos. Os resultados revelaram que repetidas sessões de raspagem resultaram em uma perda
média de inserção conjuntiva de 0,39 mm e em reabsorção da crista óssea alveolar^38. Sabendo-se que o procedimento de instrumentação periodontal pode ser prejudicial em sítios de pouca profun- didade de sondagem (provavelmente por uma ação trau- mática de desinserção das fibras) e que o tecido periodontal inflamado pode permitir a entrada do instrumento raspa- dor em uma posição mais apical, faltava apenas determi- nar se a instrumentação periodontal em áreas com doença periodontal poderia ser capaz de produzir algum tipo de trauma no fundo da bolsa periodontal. Posteriormente, ou- tro grupo de pesquisadores constatou que um episódio iso- lado de raspagem subgengival com aparelho ultrassônico pode produzir uma perda de inserção imediata de 0,5 mm a 0,6 mm, em média, e estas injúrias poderiam ser resultado da instrumentação propriamente dita^39. Estudos subsequentes compararam tanto o trauma de instrumentação produzido por diferentes instrumentos manuais, como aquele produzido pelas curetas ou pelo ul- trassom. De fato, ocorre um trauma de instrumentação que varia entre 0,76 mm e 1,06 mm, em média, após raspagem dental realizada com diferentes instrumentos manuais, sem vantagem para qualquer dos instrumentos avaliados. De modo similar, o trauma de instrumentação produzido por curetas ou ultrassom não diferiu significativamente40-42. Apesar de não ter como objetivo detectar a perda de inserção imediata produzida pela raspagem, outros estudos constataram que a ponta do ultrassom penetrou mais pro- fundamente que a cureta43-44.
Em que pese o fato de o periodontista ter ao seu dis- por um vasto número de instrumentos para a descontami- nação do ambiente subgengival, mais importante do que o tipo de instrumento utilizado para a raspagem subgengival (manuais ou ultrassônicos), é a eficácia do procedimento destinado à remoção mecânica do biofilme presente no ambiente subgengival e, principalmente, é a conscientiza- ção do paciente com relação às medidas corretas de higiene bucal, como forma de manter a saúde dos tecidos perio- dontais ao longo do tempo. Merece ainda ser considerado que periodontistas mais treinados e experientes são geralmente mais capacitados
Alves RV • dos Santos SC • de Araújo IA • Mendes CL • Costa MLR • Villas-Bôas LC
para raspar de maneira eficaz em bolsas moderadas ou pro- fundas e em áreas de furca, e que a combinação das melho- res características da instrumentação manual e ultrassônica
deve ser buscada, com vistas à obtenção da melhor descon- taminação possível das superfícies radiculares periodontal- mente envolvidas.
REFERÊNCIAS
GE, Brecx M, Willershausen B et al. Non-surgical periodontal treatment with a new ultrasonic device (VectorTM - ultrasonic system) or hand instruments. A prospective, controlled clinical study. J Clin Periodonto. 2004;31:428-33.
texture after different scaling modalities. Scand J Dent Res 1994;102:156-60.