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A contaminação de alimentos por micotoxinas, explorando as vias de exposição, os fatores que influenciam a produção dessas toxinas e os métodos de prevenção e controlo. A dissertação detalha a importância da avaliação de risco para a saúde do consumidor e o estabelecimento de limites legais para a presença de contaminantes em alimentos. Além disso, discute a necessidade de uma abordagem comum entre países produtores e importadores para garantir a segurança alimentar e evitar barreiras comerciais. O texto também aborda a detecção, quantificação e identificação de fungos em alimentos, bem como os métodos analíticos para o controlo oficial dos níveis de micotoxinas. A dissertação oferece uma visão abrangente sobre os desafios e as estratégias para mitigar a contaminação por micotoxinas na cadeia alimentar, visando a proteção da saúde pública e a segurança dos alimentos consumidos.
Tipologia: Exercícios
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Micotoxinas são metabolitos secundários produzidos por fungos filamentosos que ocorrem naturalmente como contaminantes de produtos agrícolas e que demonstram toxicidade quando administrados por uma via natural, essencialmente por via oral. Não são essenciais para o crescimento e sobrevivência do organismo produtor.
A exposição a micotoxinas pode afetar muitos órgãos e sistemas, principalmente o fígado, rins e sistema nervoso, endócrino e imunitário.
A principal via de exposição dos animais a micotoxinas é através da ingestão de alimentos contaminados, embora existam casos esporádicos de inalação e contato dérmico.
O ergotismo é uma micotoxicose causada pela ingestão de cereais contaminados com esclerócios do fungo Claviceps purpurea. Na Idade Média, os sintomas como sensação de fogo nas extremidades e alucinações eram interpretados como bruxaria.
A Aleukia Tóxica Alimentar (ATA) foi uma doença causada pela ingestão de cereais que foram deixados nos campos após o Inverno, afetando principalmente a população russa entre 1942 e 1947.
A descoberta da penicilina demonstrou o potencial dos metabolitos secundários produzidos por fungos como agentes terapêuticos, abrindo caminho para a exploração de outros compostos com propriedades benéficas, embora a micotoxicologia se concentre nos efeitos tóxicos.
A doença X dos perús, que vitimou milhares de aves, atraiu a atenção para as micotoxinas e suas implicações na saúde animal e humana, impulsionando a pesquisa e o desenvolvimento da área da micotoxicologia.
A estimativa de 1,5 milhões de espécies fúngicas, com uma média de dois metabolitos únicos por espécie, sugere a existência de cerca de 3 milhões de metabolitos secundários produzidos por fungos. Assumindo que uma percentagem desses metabolitos é tóxica, o número potencial de micotoxinas é vasto, embora apenas um número limitado seja frequentemente detectado em alimentos.
Em termos de exposição e severidade de lesões crónicas, em particular cancro, estima-se que as micotoxinas apresentem um risco maior que os contaminantes antropogénicos, pesticidas e aditivos.
O reconhecimento da etiologia fúngica de doenças transmitidas por alimentos contaminados, como demonstrado no caso do beri-beri cardíaco no Japão, é crucial para a identificação de riscos à saúde pública e para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e controle da contaminação por micotoxinas. A identificação do Penicillium citreonigrum e seu metabolito tóxico como causadores do beri-beri cardíaco permitiu a implementação de medidas para reduzir a contaminação do arroz.
A 'Doença do Peru X' na Inglaterra foi causada pela ingestão de rações contaminadas com um metabolito tóxico produzido pelo fungo Aspergillus flavus. A substância tóxica identificada foi a aflatoxina.
Após a descoberta das aflatoxinas, houve um aumento significativo nos trabalhos e na literatura científica sobre a ocorrência, toxicologia e produção de micotoxinas.
Os principais efeitos tóxicos observados associados à ocratoxina A (OTA) foram danos no fígado e nos rins.
A Ingestão Diária Tolerável Provisória (PTDI) é geralmente determinada dividindo-se o 'nível de efeito adverso não observado' (NOAEL) por um fator de segurança de 100. A PTDI representa uma estimativa de uma dose segura de micotoxina que pode ser ingerida diariamente sem causar riscos significativos para a saúde, sendo crucial para o estabelecimento de limites legais em alimentos e para a proteção do consumidor.
A TDI (Dose Diária Tolerável) é uma estimativa da quantidade de uma substância, como uma micotoxina, que pode ser ingerida diariamente ao longo da vida sem apresentar um risco apreciável à saúde. Ela é derivada de dados toxicológicos de animais, extrapolados para humanos, com a aplicação de fatores de incerteza para considerar diferenças entre espécies e variabilidade intra-humana. Para carcinogênicos genotóxicos, uma TDI não pode ser determinada, e outras abordagens, como modelos matemáticos para estimar doses com risco negligenciável, são utilizadas.
A exposição humana a micotoxinas é influenciada pelo nível de contaminação dos alimentos, pela ingestão desses alimentos pela população, pelos hábitos alimentares (que variam regionalmente e nacionalmente), e pelo processamento dos alimentos (tanto industrial quanto doméstico). A idade também é um fator, com crianças geralmente mais expostas a certos alimentos como o leite.
A caracterização do risco é a estimativa qualitativa ou quantitativa da gravidade e probabilidade de efeitos adversos à saúde em uma população exposta a micotoxinas. Ela se baseia na identificação e caracterização do perigo (a micotoxina) e na avaliação da exposição. A caracterização do risco permite estabelecer níveis de exposição diários em que o risco seja insignificante durante a vida. Também considera grupos mais vulneráveis, como crianças e idosos, e avalia se os fatores de incerteza utilizados são adequados para englobar as diferenças na suscetibilidade humana.
As micotoxinas consideradas mais relevantes para a saúde humana atualmente são as aflatoxinas, o deoxinivalenol (DON), a OTA (ocratoxina A), a zearalenona, as fumonisinas e a toxina T-2. A patulina, embora seja uma micotoxina, não suscita tantas preocupações devido à sua ocorrência limitada e à existência de medidas de controle eficazes.
A Comissão Codex Alimentarius, estabelecida pela FAO e WHO, é um organismo intergovernamental que visa proteger a saúde dos consumidores e assegurar boas práticas no mercado alimentar. Ela desenvolve diretrizes e recomendações para facilitar o comércio internacional de alimentos, incluindo limites para a concentração de micotoxinas. Os textos adotados pelo Codex são vistos como representativos do consenso internacional quanto aos requisitos de saúde e segurança dos alimentos e, embora voluntários, podem ser adotados pelos países membros da OMC.
A ocratoxina A (OTA) foi detectada em cereais e seus derivados (trigo, cevada, aveia e milho), feijões desidratados, amendoins com bolor, queijo, tecidos porcinos, café, passas, uvas, frutos secos, azeite, cacau e chocolate, e cerveja.
As aflatoxinas podem causar hepatoxidade, hiperplasia dos ductos biliares, hemorragia renal e do trato intestinal, e carcinogênese (tumores no fígado).
A presença de micotoxinas em alimentos é monitorada através de rastreios realizados ao longo de vários anos, com o objetivo de reunir dados sobre os níveis de contaminação a que as populações estão expostas. Estudos da exposição também podem ser conduzidos avaliando os níveis de micotoxinas presentes no sangue ou outros fluidos da população.
A avaliação da exposição a micotoxinas deve ser específica para cada país devido às grandes diferenças nacionais e regionais na ingestão de alimentos, que são influenciadas por hábitos alimentares distintos. Essas diferenças na dieta afetam diretamente a quantidade de micotoxinas a que a população está exposta, tornando necessário um monitoramento e avaliação individualizados para cada contexto geográfico e cultural.
Os tricotecenos podem causar perturbações digestivas (emesia, diarreia, recusa de alimentos), hemorragias (estômago, coração, intestinos, pulmões, bexiga e rins), efeitos estrogênicos (edema da vulva, prolapse da vagina, alargamento do útero), atrofia dos testículos, atrofia dos ovários, aumento das glândulas mamárias, leucoencefalomalacia e edema pulmonar, e carcinogênese (cancro do esófago).
Na UE, a responsabilidade do estabelecimento toxicológico do contaminante para a saúde humana e ambiente cabe ao Comité Científico dos Alimentos (SCF). De seguida, vários grupos de trabalho e comités de peritos com delegados de todos os estados membros preparam propostas. Após consultas detalhadas, é entregue uma proposta ao SCF para uma avaliação final, após a qual a Comissão Europeia estabelece uma Comissão Executiva com representantes de todos os estados membros, o que conduz à adopção da directiva ou regulamentação resultante.
Conforme a tabela fornecida, aflatoxinas e OTA têm níveis máximos admissíveis regulamentados na UE em diversos produtos alimentares. Patulina também tem níveis máximos admissíveis em sumos de frutas (exceto uvas), maçãs e seus derivados.
Em Portugal, a autoridade responsável pela análise dos alimentos é a Direcção Geral de Fiscalização e Controlo de Qualidade Alimentar.
Além da avaliação científica do risco, as decisões de gestão de risco devem incluir considerações económicas, sociais e políticas (fatores de não-risco).
O CCFAC tenta desenvolver limites máximos (MLs) de micotoxinas em certos alimentos. O sucesso desta iniciativa no caso da aflatoxina foi limitado, visto que os países adotaram diferentes níveis nos alimentos. Na ausência de dados de confiança e consenso científico, há desacordos frequentes entre os países importadores e exportadores quanto ao estabelecimento de níveis regulatórios com base na sua percepção de que níveis são conseguidos por boas práticas agrícolas e de fabrico.
ALAR significa 'tão baixo quanto seja razoável'. Refere-se à prática de reduzir os níveis de micotoxinas nos alimentos ao nível mais baixo que seja razoavelmente alcançável, considerando fatores como custo, tecnologia disponível e benefícios para a saúde.
Os sete princípios do HACCP são: 1. Identificar todos os perigos possíveis desde a entrada das matérias-primas até ao produto final; 2. Identificar os pontos críticos de controlo (PCCs) para cada perigo; 3. Definir os limites críticos para cada perigo em cada PCC; 4. Definir o procedimento de monitorização dos PCCs; 5. Estabelecer o plano de ação (ações corretivas) a adotar quando os limites críticos são ultrapassados; 6. Implementar um sistema de verificação do funcionamento do plano; 7. Implementar um sistema efetivo de registo dos resultados dos testes efetuados em cada PCC.
A análise do produto final não é suficiente porque é impossível testar 100% dos produtos. O HACCP parte do princípio de que boas práticas de higiene, fabrico e armazenamento resultam em produtos finais com perigos controlados, sendo uma abordagem proativa baseada nos processos de fabrico.
A contaminação por fungos toxigénicos pode ocorrer em várias etapas da produção de alimentos, incluindo durante o cultivo, colheita, armazenamento, transporte e processamento.
É difícil generalizar estratégias de controlo devido à diversidade de fungos produtores de micotoxinas e às suas diferentes características ecológicas, bioquímicas e nichos ecológicos. Cada fungo e cada cultura podem exigir abordagens específicas.
Os três pré-requisitos essenciais são: i) presença de estirpes toxigénicas, ii) susceptibilidade do hospedeiro (planta) e iii) nicho agroclimático favorável.
A distribuição mundial e a incidência das espécies de fungos (micogeografia) varia de acordo com fatores bioclimáticos e com o tipo de alimento. Conhecer a micoflora de um dado produto num local possibilita prever os riscos de contaminação e restringir as pesquisas às eventuais micotoxinas presentes.
A fermentação destrói a micotoxina patulina, que é detectada em sumos de frutas, mas não em bebidas alcoólicas. A cocção durante 3 horas de milho fermentado contribui para a redução de 80% nos níveis de aflatoxina B1 e G1.
A amostragem é difícil devido à distribuição não homogénea das micotoxinas na colheita. A contaminação é variável e nem todos os grãos infectados apresentam níveis detectáveis de aflatoxina.
Estratégias bem-sucedidas incluem boas práticas agronómicas que maximizem o desempenho da planta e minimizem o estresse, bem como o cultivo de variedades resistentes aos fungos produtores.
Estirpes não-aflatoxigénicas competem com as estirpes toxigénicas por recursos e excluem-nas espacialmente, reduzindo assim a produção de aflatoxinas.
As principais medidas incluem práticas adequadas de colheita e armazenamento, uma decisão cuidada do momento de fazer a colheita, secagem imediata das culturas após a colheita, limpeza do material em contacto com a cultura e controlo da humidade durante o armazenamento.
A co-ocorrência de micotoxinas refere-se à presença de múltiplas micotoxinas no mesmo alimento. Isso é uma preocupação porque os efeitos das interações entre esses compostos são desconhecidos, podendo levar a efeitos sinérgicos ou aditivos na toxicidade.
Vantagens: Potencial para reduzir os níveis de micotoxinas em alimentos já contaminados. Desvantagens: Muitos tratamentos não são economicamente viáveis, a maioria das micotoxinas é quimicamente estável e resiste às condições de processamento, e alguns processos podem gerar subprodutos tóxicos. A prevenção é geralmente uma abordagem mais desejável.
Os três principais gêneros de fungos filamentosos são Aspergillus, Fusarium e Penicillium.
Aspergillus flavus e Aspergillus parasiticus são duas espécies que produzem aflatoxinas.
Os principais fatores são: atividade de água, pH, temperatura, tensão de O e CO2, consistência, composição nutricional do substrato, solutos específicos e conservantes.
Fungos de campo requerem alta atividade de água (acima de 0,90 aw) e são relevantes antes da colheita, como Fusarium. Fungos de armazenamento conseguem crescer com baixa atividade de água e são relevantes no armazenamento de produtos agrícolas secos, como Aspergillus e Penicillium.
No Norte da Europa e Canadá, Penicillium verrucosum é frequentemente encontrado em cereais e produz ocratoxina A (OTA).
A composição do meio de cultura afeta grandemente a produção de micotoxinas. Micotoxinas produzidas em cultura pura podem não ser as mesmas produzidas em substratos naturais. Por exemplo, cepas de P. expansum podem produzir citrinina em meio agarizado de extrato de levedura e sacarose (YES), mas não em meio de extrato de uva, e vice-versa para a patulina.
A espécie produtora de OTA varia conforme a localização geográfica e o alimento. Por exemplo, em derivados de milho na Nigéria, Aspergillus ochraceus é comum, enquanto em uvas, Aspergillus carbonarius é mais frequentemente encontrado.
A variabilidade morfológica das estirpes de Fusarium foi reduzida com a concepção de meios de cultura e condições de incubação padronizados. Recomenda-se inclusive que as culturas sejam feitas a partir de um único esporo.
Anamorfos referem-se ao estado de reprodução assexual de um fungo, enquanto teleomorfos referem-se ao estado de reprodução sexual. A confusão entre os dois estados, especialmente na atribuição de nomes diferentes para o mesmo fungo em diferentes estados de reprodução, resultou em grande confusão na taxonomia, dificultando a ligação entre as diferentes formas do mesmo organismo e complicando a identificação e classificação corretas.
O manual de Raper e Fennell (1965) é o manual de referência para Aspergillus e seus teleomorfos. Apesar de apresentar problemas, os conceitos genéricos e de espécie estão consideravelmente bem circunscritos.
As soluções propostas incluem a padronização de meios de cultura e condições de incubação para reduzir a variabilidade morfológica, o uso de programas de análise de imagem e ensaios interlaboratoriais para reduzir a subjetividade na observação das características morfológicas, a inclusão de parâmetros fisiológicos como a temperatura e a atividade de água na classificação, e o desenvolvimento de meios de cultura seletivos para espécies produtoras de micotoxinas.
A taxonomia de Penicillium é considerada mais problemática devido ao conceito de espécie aberto a interpretações variáveis, levando a más identificações e confusão sobre as espécies presentes nos alimentos. Isso prejudicou o estabelecimento das micotoxinas produzidas por cada espécie e os estudos dos requisitos ecofisiológicos para o crescimento e produção de micotoxinas.
Um sistema de classificação baseado principalmente em características morfológicas pode não refletir a biologia das espécies e ser inadequado para prever características fisiológicas importantes, como a produção de
micotoxinas. As diferenças morfológicas entre espécies irmãs podem surgir lentamente por deriva genética, e espécies ecologicamente distintas podem apresentar diferenças morfológicas sutis. Além disso, observa-se frequentemente sobreposição nas características quantitativas mais usadas, como o tamanho dos esporos, tornando a identificação precisa desafiadora.
A identificação de estirpes é crucial para reduzir as alterações em cultura e para compreender as relações filogenéticas entre os diferentes grupos de fungos, auxiliando na taxonomia e na criação de novos taxa.
Foram desenvolvidos e aplicados estudos de ADN, ARN, proteínas e, particularmente, metabolitos secundários. Técnicas estatísticas multivariadas também facilitam a análise dos dados resultantes dessas ferramentas.
O aspergillum é a estrutura especializada do gênero Aspergillus onde ocorre a produção de esporos assexuais. Existem dois tipos: unisseriado e bisseriado. O bisseriado possui uma paliçada de células designadas metulae entre a vesícula e as fiálides, ausente no unisseriado.
As características microscópicas mais importantes são o tipo de aspergillum (unisseriado ou bisseriado), a forma e ornamentação dos esporos, e a cor dos esporos. Para teleomorfos, a natureza da parede do ascocarpo, tamanho, forma, ornamentação e cor dos ascósporos são parâmetros importantes.
A ICPAS, criada em 1985, contribuiu para a estabilidade e clarificação da taxonomia de Penicillium e Aspergillus através de trabalhos internacionais de peritos.
Células de Hulle são células de paredes muito espessas e refringentes produzidas por algumas espécies de Aspergillus. Sua função é desconhecida.
A identificação morfológica baseia-se em características visíveis, como a estrutura do conidióforo e a cor dos esporos, sendo adequada para
A classificação e identificação das espécies de Penicillium baseiam-se em caracteres microscópicos e culturais. Nos caracteres microscópicos, são importantes o tipo de penicilli, a forma e tamanho das fiálides (em particular das collulae), a forma, tamanho, cor e ornamentação dos conídios, e a textura do estipe, ramos e métulas. Nos caracteres culturais, são importantes o tamanho das colónias, a textura, cor, presença de exudado, pigmento solúvel, e presença, tamanho e cor de esclerócios.
Os teleomorfos de Penicillium pertencem a dois gêneros: Eupenicillium, com reprodução sexuada em cleistotécios, e Talaromyces, com reprodução sexuada em gimnotécios.
Os meios de cultura de propósitos generalistas devem: inibir o crescimento bacteriano sem afetar o crescimento fúngico; serem nutricionalmente adequados e suportarem fungos de crescimento lento; suprimirem o crescimento de fungos de crescimento rápido (v.g. Mucorales), sem o suprimirem completamente, para que possam ser detectados; e abrandar o crescimento dos fungos, de forma a permitir uma contagem razoável de colónias por placa, sem inibir a germinação dos esporos.
A amostragem é um aspecto crucial de qualquer método de análise de alimentos e comodidades agrícolas. Métodos de amostragem adequados são essenciais para garantir que a amostra analisada seja representativa do lote total, permitindo uma avaliação precisa da contaminação fúngica. Os métodos de amostragem para fungos são semelhantes aos usados para propósitos bacteriológicos.
Os fungos filamentosos podem estar presentes nos alimentos de três formas: i) no estado vegetativo (micélio sem estruturas de reprodução); ii) no estado reprodutivo (com formação de esporos); iii) sob a forma de esporos ou estruturas de resistência. Nos dois primeiros casos, o fungo está a crescer no substrato, podendo produzir enzimas de degradação e/ou micotoxinas. No terceiro caso, podem colonizar o substrato, mas não estão metabolicamente ativos.
A taxonomia de Penicillium é complexa devido à variabilidade inerente do gênero. A classificação baseia-se nos conceitos de Raper e Thom (1949), com revisões posteriores, como a de John Pitt em 1979. A classificação subgenérica e a tipificação das espécies são utilizadas. A classificação segue o esquema dos manuais de 1979 e 1988, dividindo os teleomorfos em Eupenicillium e Talaromyces e as espécies anamórficas em subgêneros com diversas secções, de acordo com o tipo de estruturas conidiogénicas e forma de esporos.
No plaqueamento direto, fragmentos do alimento são colocados diretamente em placas de meio de cultura. Após a incubação, avalia-se o número ou a porcentagem de partículas colonizadas ou infectadas por fungos. Diferentemente do plaqueamento por diluição, que envolve a diluição da amostra e a contagem de colônias formadas a partir de propágulos fúngicos viáveis, o plaqueamento direto permite avaliar a contaminação fúngica diretamente nas partículas do alimento, sendo mais adequado para alimentos particulados.
Os dois principais aspectos são: a avaliação da capacidade micotoxigênica das estirpes fúngicas e a determinação das micotoxinas em alimentos.
No TLC, cilindros de agar contendo a cultura fúngica são pressionados contra a placa de TLC. Após secagem, a placa é submetida à fase móvel, separando os compostos de acordo com suas afinidades. A identificação é feita pelo fator de retenção (Rf) e pela cor dos metabolitos sob diferentes comprimentos de onda, comparando com bases de dados e padrões.
As principais vantagens do TLC são o seu baixo custo e a sua rapidez. As principais limitações são o limite de detecção relativamente elevado, a falta de precisão e quantificação limitada.
Os três passos principais são: amostragem, preparação da amostra e análise da micotoxina.
Colunas de imunoafinidade (IAC) são um tipo de coluna SPE que utiliza anticorpos ligados a um material inerte. Estes anticorpos são específicos para o analito de interesse, neste caso, micotoxinas. A aplicação das IACs na análise de micotoxinas reside na sua capacidade de isolar e concentrar seletivamente a micotoxina de interesse a partir de uma matriz complexa, removendo impurezas. O analito é posteriormente eluído da coluna com um solvente que desnatura o anticorpo. IACs estão disponíveis para aflatoxinas, OTA, fumonisinas, zearelanona e DON.
Os dois tipos principais de métodos de determinação de micotoxinas são os métodos de rastreio e os métodos confirmatórios. Os métodos de rastreio são rápidos, mas menos rigorosos na quantificação, sendo os kits de ELISA um exemplo. Os métodos confirmatórios, como HPLC ou GC, permitem uma quantificação mais exata e a confirmação da identidade do analito.
A identidade presuntiva de um analito é confirmada por comparação com um padrão. Em caso de dúvida ou face a uma situação não descrita, a identidade do analito pode ser confirmada por recurso a processos de derivatização do analito, que lhe alterem as propriedades (v.g. tamanho do pico e tempo de retenção em HPLC; cor da banda em TLC), ou por análise do espectro (UV, fluorescência ou espectro de massa).
A validação de métodos é um processo que, através de critérios objetivos, demonstra que os métodos conduzem a resultados credíveis e adequados à qualidade pretendida. Na análise de micotoxinas, a validação é crucial para garantir a confiabilidade dos resultados, assegurando que os métodos utilizados são precisos, exatos e adequados para a finalidade a que se destinam, como o controlo oficial dos níveis de micotoxinas em alimentos.
Precisão é a concordância entre os resultados obtidos por aplicação do mesmo procedimento de ensaio várias vezes em materiais idênticos, em condições definidas. Repetibilidade refere-se à precisão obtida nas mesmas condições (mesmo laboratório, mesmo operador e equipamento, durante um curto intervalo de tempo). Reprodutibilidade refere-se à precisão obtida
fazendo variar as condições (diferentes laboratórios, operadores, equipamentos e/ou tempos).
Um Material de Referência Certificado (MRC) é um material certificado para valores de uma ou mais propriedades certificadas por um procedimento técnico válido, acompanhado de um certificado emitido pela entidade certificadora. Estes materiais têm níveis de micotoxinas rigorosamente definidos. A sua importância reside no facto de serem utilizados como valor convencionalmente verdadeiro para avaliar a exatidão de um método analítico, permitindo comparar os resultados obtidos com o valor certificado do MRC.
De acordo com as diretivas da UE, os métodos de análise para o controlo oficial de micotoxinas devem, regra geral, ter uma taxa de recuperação entre 70 a 110% e valores de RSDr (desvio padrão relativo em condições de repetibilidade) e RSDR (desvio padrão relativo em condições de reprodutibilidade) menor ou igual a 20 e 30%, respetivamente.